quinta-feira, 25 de julho de 2024
Deixem o Diogo Ribeiro sonhar
"Passaram vários meses desde o ouro de Diogo Ribeiro no Mundial, mas alguns continuam a ver a natação para uns Jogos como se fosse o pontapé na bola. Essa não é a realidade
Deixem o Diogo Ribeiro nadar. Desde que, em fevereiro, Diogo Ribeiro se sagrou, por duas vezes campeão do Mundo em Doha, nos 50 e 100 mariposa, que leio, oiço comentadores na televisão e dizem-me que Portugal vai ganhar, pela primeira vez, uma medalha na natação nos Jogos Olímpicos de Paris-2024.
Ótimo, pessoas que nem ligavam nenhuma à modalidade ou sabiam quem eram os seus atletas passaram a dedicar alguma atenção, nem que seja quase procurando em exclusivo notícias sobre o nadador do Benfica.
Com o tempo pensei que iam perceber melhor a realidade e olhar para algo que se rege por tempos que cada um tem capacidade de alcançar e onde a luta começa entre cada atleta na sua pista, tentando superar-se antes de ter de bater os adversários mais próximos. Que até podem ir noutra série ou na pista do lado completamente oposto, que não vêm. E os apuramentos apenas se fazem pelas marcas e não começam pelos melhores classificados em cada série como acontece, por exemplo, no atletismo.
Mas não. Muitos continuam a olhar para as provas como se elas dependessem de um remate e da bola, depois de bater na trave, entrar ou não na baliza. Pior, alguns ainda nem descobriram que os 50 mariposa não fazem parte do programa olímpico.
E não é por culpa do Diogo, que também irá aos 50 e 100 crawl, pois, desde início, que ele e o seu treinador, Alberto Silva, vão avisando que o objetivo é chegar à final e melhorar o recorde. E depois, logo se vê o que pode acontecer se conseguir integrar o lote dos oito melhores que disputarão as medalhas. E aí sim, tudo pode acontecer, como em Doha. Ribeiro, aliás, só gosta mesmo de falar em medalhas quando se refere aos Jogos de Los Angeles-2028.
Quem o conheça minimamente, sabe bem que a ambição de vencer e voar na piscina faz parte do seu ADN. Não é uma coisa que lhe apareceu nos últimos três anos, mas algo que vive dentro dele e o alimenta diariamente nos treinos, o obriga a ir aperfeiçoando todos os detalhes técnicos, e, normalmente, o torna gigante nas provas ao lado de adversários com mais palmo e meio apesar dos seus 1,84m.
Só que Diogo também sabe a realidade dos números e o tempo que, ao nível a que chegou, necessita para ir retirando milésimos aos recordes. Agora, nunca, até porque isso iria contra a natureza de um vencedor, o irão ouvir a diminuir-se em relação àquilo que ambiciona, mas também não insistam e queiram que diga o que não sabe se é possível.
Para quem continua a ver as coisas na ótica do pontapé na bola, e são muitos, mesmo na área do desporto, digamos que o recorde nacional que conseguiu no Mundial de Doha, 51,17s, e lhe deu o ouro, na final dos 100 mariposa nos Jogos de Tóquio, há três anos, o deixaria no 8.º lugar, atrás do guatemalteco Luís Martínez (51.09), e numa prova ganha com recorde mundial pelo americano Caeleb Dressel (49,95). Há três anos! Significa que, desde então, os outros também terão evoluído ou alguns surgido.
Mais, neste momento, entre os 40 apurados para a distância na capital francesa, Diogo surge com o 15.º melhor tempo de inscrição. Todos acreditamos que o conimbricense já terá capacidade para fazer melhor que o máximo luso, mas, pelo meio, e ainda antes de poder ser o segundo português finalista nuns Jogos depois de Alexandre Yokochi em Los Angeles-1984, aos 200 bruços, há eliminatórias e meias-finais. E logo aí tudo já terá de estar próximo da perfeição porque os adversários também esperam que aconteça com eles.
Face a esta realidade, não pressionem. Deixem-no nadar, mas não estejam à espera de cobrar algo que nunca disse que realizaria — ainda que na sua mente queira ser o melhor —, porque irá transportar-nos no seu sonho."
Ioannidis vs Gyokeres vs Pavlidis
"Seja qual for o preço que o Sporting venha a pagar pelo internacional grego, haverá sempre um olhar para outros jogadores
Viktor Gyokeres está de volta no Sporting. Aquilo que parecia certo no decorrer da época passada deixou de o ser, o sueco continua (o fecho do mercado está longe para se ter garantias) e, até ver, essa é a melhor notícia de pré-época para o universo leonino. Há outra, provavelmente, pela qual os adeptos suspiram: a contratação de Fotis Ioannidis.
Nem tanto pelo conhecimento do avançado internacional grego, mas mais, diria, pela insistência na contratação do ponta de lança do Panathinaikos e, outro ponto igualmente relevante, porque a essa insistência está associada uma equipa que, na época passada, também foi perseverante na busca do seu alvo. No fundo, os adeptos confiarão que aquilo que o Sporting fez com Gyokeres resultará com Fotis Ioannidis, quer no desfecho do negócio, quer na qualidade e rendimento.
A gestão de expectativas é sempre difícil no desporto. Faz-se fé no passado para achar que o futuro será idêntico, seja isso bom ou não. O mesmo se pode passar com Fotis Ioannidis. Seja qual for o preço final que o Sporting possa vir a acordar com o Panathinaikos é impossível escapar ao entusiasmo dos adeptos e às comparações, a começar dentro do próprio plantel.
Ioannidis será sempre olhado pelo preço com Gyokeres. O que talvez seja até injusto com o grego, com o sueco e até para a direção de Frederico Varandas. O Sporting pode estar absolutamente certo na aquisição do internacional helénico, mas se ele custar mais e não render como o sueco, isso cairá em cima da estrutura.
Para além disso, a Portugal chegou um compatriota de Ioannidis, precisamente para o rival Benfica. O exercício é o mesmo relativamente a Gyokeres, mas se o rendimento não se equivaler, neste caso, isso será lembrado por alguns adeptos da casa, mas seguramente reforçado em cada momento pelos rivais.
Seja como for, se chegar a Alvalade, Ioannidis será sempre comparado com ambos - o mesmo é válido para o homem do Benfica, já agora. O fator preço acima de Gyokeres ou Pavlidis pode ser de algum modo inibitório para a gestão, mas o que os adeptos também devem pensar é que esse é, também, o preço a pagar pelo que de bom foi bem feito no verão passado.
Em suma, quem lidera deve perguntar-se: e se corre bem? Quem segue não fazer disso o fim do mundo se não suceder. As últimas épocas leões dão mostras de que, apesar do montante poder ser fora do habitual, o clube está mais preparado para dar a volta. Claro que aí virá outra comparação. Não de jogador para jogador, mas de clube para clube. Ou, para bom entendedor, de um lado da estrada para outro. Há uns poucos anos não seria assim."
Toni entrevista Roger Schmidt
"O destaque desta edição da BNews é a conversa entre Toni e Roger Schmidt, para ver no BPlay e no Site Oficial.
1. Mística a dois
A glória do Benfica, Toni, e o treinador Roger Schmidt conversam sobre a grandeza do Clube e a honra de servi-lo, a paixão e a exigência dos Benfiquistas, as conquistas, os momentos difíceis e as expectativas para a nova temporada. Um conteúdo imperdível com a marca BPlay.
2. Próximos jogos de preparação
O Benfica tem dois jogos no Estádio da Luz agendados nos próximos dias. A 25 recebe o Brentford, da Premier League. A 28, no âmbito da Eusébio Cup, é anfitrião do Feyenoord, da Eredivisie.
3. Sou Benfica
Conheça o novo projeto do Benfica, dirigido aos Benfiquistas que não são associados do Clube.
4. Renovação de contrato
Trey Drechsel, que na final dos play-offs da época passada, em que o Benfica se sagrou tricampeão nacional de basquetebol, marcou 18,3 pontos por jogo, vai continuar de águia ao peito na nova temporada.
5. Convocados
Quatro jovens andebolistas do Benfica vão marcar presença no Europeu Sub-18 em representação de Portugal.
6. Benfica 1 Minuto
A atividade benfiquista dos últimos dias."
Em terras de '6' quem tem um '10' é rei
"O futebol mudou. É uma das frases mais ouvidas, senão a mais ouvida, nos dias de hoje. A velocidade de jogo aumentou, o que obriga a tomadas de decisão em frações de microsegundos. Há cada vez menos espaços fruto de uma maior preocupação defensiva, que leva a uma maior compactação entre setores e também isso obriga a que as decisões sejam tomadas em microsegundos. A intensidade, esse termo mítico e místico, também aumentou fruto da conjugação dos factores já enunciados e de uma nova abordagem no que ao lado físico/atlético do jogo diz respeito, levando a que a tomada de decisão tenha de ser supersónica.
Somemos a isso o «importante é ganhar, não importa como» em detrimento da preocupação com a qualidade de jogo apresentada e da valorização do espetáculo (sim, o futebol ainda que seja um negócio não pode deixar de ser um espetáculo) e eis que chegamos a uma era em que o '6' é mais vezes alvo de marcação individual do que um '10'. Porque a construção ganhou outra preponderância na organização ofensiva de muitas equipas (e ainda bem, a meu ver) e porque o '10' primeiramente foi ostracizado para os corredores laterais e ultimamente já nem nos flancos são uma peça fácil de encaixar no puzzle tático das equipas.
Não faltam exemplos que ajudam a corroborar este argumento. O que poderá faltar são argumentos que justifiquem o porquê de os treinadores não quererem apostar convictamente no '10' dentro das suas ideias e dos seus modelos de jogo - o zerozero publicou AQUI uma reportagem sobre o tema.
Especialmente quando outra das frases mais ouvidas nos dias de hoje, tantas vezes proferidas pelos treinadores que se «queixam» da mecanização e da falta de magia e criatividade no futebol, é «o futebol está cada vez menos criativo e mecanizado».
Desde os meus tempos de iniciação ao futebol que ouço dizer que «quem ganha o meio-campo ganha jogos», que «o meio-campo é o motor de uma equipa» e que «um meio-campo equilibrado é meio caminho andado para a vitória». Num futebol cada vez mais coletivo e em que a interação intersectorial se assume como fundamental nos momentos de organização e transição, penso que estas afirmações ganham ainda mais relevo, pois uma equipa «sem meio-campo» é uma equipa desligada entre si no momento ofensivo e sem qualquer tipo de proteção no momento defensivo.
O que me leva ao último Campeonato da Europa de Futebol. Um campeonato ganho pela seleção com melhor ideia e modelo de jogo. Um campeonato ganho pela seleção com melhor gestão de recursos humanos por parte do seu selecionador. Um campeonato ganho pela seleção cujo '6' foi mais marcado e mais determinante (daí ter sido o melhor jogador do torneio) do que qualquer outro jogador que participou no Euro 2024. Um campeonato ganho graças à entrada de um '10' para a posição '10' em detrimento (por lesão) de um '8' (ou 8,5, se quiserem) que em momentos de organização ofensiva desempenhava as funções de '10'.
Sem qualquer tipo de crítica ao talento e à qualidade de Pedri, um dos médios que pode vir a marcar uma geração nos próximos 15 anos de futebol mundial, foi com a entrada de Dani Olmo que a Espanha passou a ser mais completa.
Foi com a entrada de Olmo que o último terço espanhol ganhou dinâmicas e gerou imprevisibilidades até então não apresentadas.
Foi com a entrada de Olmo que Williams e Yamal passaram a ter mais soluções de associação sobre o corredor central próximo da grande área adversária, que Morata passou a ter uma opção segura a quem passar sempre que fazia o papel de pivot ofensivo e alguém capaz de atacar os espaços criados pelas diagonais do capitão espanhol. Foi com a entrada de Olmo que a Espanha passou a caminhar de forma ainda mais segura e afirmativa rumo à consagração final.
Não deixa de ser curioso, no entanto, que foi preciso Pedri lesionar-se para Dani Olmo entrar definitivamente no onze inicial espanhol. Não é uma crítica ao excelente trabalho desenvolvido por Luis De La Fuente, é a constatação de um facto.
Tal como são os casos de Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Phil Foden e Wirtz, por exemplo. Todos eles são diferentes, mas todos eles são, na minha opinião, excelentes opções para qualquer treinador que queira jogar com um '10' na sua equipa. Infelizmente não tiveram a sorte de ter um enquadramento técnico-táctico que lhes permitisse explanar o melhor das suas características ofensivas em prol do coletivo.
Podemos alegar que o futebol é dinâmico e não é por não partir da zona '10' que um jogador com características de '10' não sobressai. Podemos apontar que um '10' que joga sobre os flancos e tende a derivar para terrenos mais interiores pode sobressair e destacar-se. Podemos, claro que podemos. Mas a realidade da competição mostra-nos outra coisa...
Mostra-nos que De La Fuente não subverteu Olmo a um papel cujas tarefas não favoreciam as características do craque do RB Leipizg. Mostra-nos que o meio-campo espanhol ficou ainda mais forte com entrada de Olmo, pois passou a ter um 6, um 8 e um 10. Mostra-nos que o equilíbrio de que tanto se fala não pode ser analisado apenas do ponto de vista defensivo, pois uma equipa equilibrada é aquela que consegue ser igualmente forte e competente a atacar e a defender.
O futebol mudou, é um facto. Há menos espaços, o jogo é mais rápido e a organização defensiva passou a ser mais importante do que a organização ofensiva. Impossível discordar disso. Então se assim é, haverá alguém mais capacitado para encontrar espaços onde eles aparentam não existir do que um '10'? Haverá alguém mais capacitado para decidir de forma rápida sob pressão do que um '10'? Haverá alguém mais capacitado para desmontar uma boa organização defensiva com um passe, um movimento de rotura ou uma simulação de corpo do que um '10'?
A terminar: se a organização defensiva é cada vez mais competente, se há cada vez menos espaços e menos tempo para uma tomada de decisão com qualidade, se há cada vez menos magia e criatividade no futebol, porque razão permitimos que o '10' seja um jogador em vias de extinção?"
Grupos internacionais de clubes de futebol em Portugal
"Uma das tendências da última década é a criação de grupos de clubes de futebol (multi-club ownership - MCO) em ligas de diferentes países.
Um relatório da SportBusiness, de novembro de 2023, descobriu que um total de 301 clubes em todo o mundo faziam parte de 124 grupos MCO; destes, 197 clubes na Europa pertencem agora a um grupo multiclubes.
Em fevereiro de 2024, a CIES Sports Intelligence informava que o número já está próximo de 350, dos quais 221 na Europa (UEFA) e 58 na América do Norte e Central (CONCACAF).
O número vai aumentando, estes grupos MCO continuam a expandir-se e mais investidores estão a entrar neste campo. Ainda de acordo com a CIES Sports Intelligence, os EUA (36), a Inglaterra (35) e a Espanha (30) são os países com maior número de clubes na MCO. Mas o número de clubes envolvidos em MCO também está a crescer noutras ligas europeias de futebol.
Por vezes a holding controlando os grupos MCO pertence a entidades públicas (ex: o Qatar Sports Investments - QSI) ou parapúblicas (como é o caso do City Football Group, do xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan, de Abu Dhabi) que investem para efeitos de nation branding, soft power e diplomacia desportiva.
Na maioria dos casos, o controlo de grupos MCO pertence a entidades privadas, sejam elas financeiras (é o caso da 777 Partners, do Fenway Sports Group, da NewCity Capital ou do Kroenke Sports & Entertainment) ou não (Red Bull), bem como a magnatas (ex: Todd Boehly, John Textor, Wes Edens, Gino Pozzo, Peter Lim) que investem para obterem retorno financeiro.
Em vários casos, o grupo MCO tem clubes em diferentes ligas desportivas, não apenas nas de futebol.
Dos quatro principais clubes portugueses, apenas o SC Braga faz parte de um grupo MCO - 29% do capital da sua SAD pertence à QSI. A AG extraordinária de 3 de fevereiro mostrou que a maioria dos sócios do Braga mantém uma “mentalidade proprietária” do clube. Alguém acredita que a QSI vai investir mais num clube que não controla?
O mesmo sentimento parece existir nos sócios dos outros três grandes. Sentimento que permite que os atuais administradores vão mantendo as rédeas de controlo dos [negócios dos] clubes.
As principais receitas dos grandes clubes portugueses estão dependentes de fatores incertos, como os montantes dos direitos televisivos e multimédia - dependentes do novo modelo de comercialização centralizada (a ter início em 2027) - e as mais-valias de vendas de jovens jogadores por eles formados.
Há ainda muito a fazer na gestão da dívida, na redução de custos, na criação de novas receitas com eventos nos estádios, em esports, na economia digital; o que faz com que estes clubes permaneçam ativos com potencial. Mas sem o abandono da “mentalidade proprietária” ninguém injetará capital nestes clubes."
The Olympics are coming…
"Os Jogos Olímpicos são o palco perfeito para as melhores histórias, pelo que para as marcas é este o potencial e estando os fãs tão ávidos de storytelling esta é a oportunidade certa.
2024 poderá ficar marcado, para mim, como um ano dedicado ao desporto. É certo que adoro futebol e foi ano de Euro – mas sobre isso já escrevi e a passagem de Portugal não foi propriamente a mais feliz, tirando a prestação do meu querido herói Diogo Costa – mas vai além disto. Este ano fui Júri no Festival de Criatividade em Cannes e a categoria foi Entertainment for Sports e nos cerca de mais de 500 casos que vi, bebi desporto e senti a verdadeira emoção de cada caso.
Se eu já era apaixonada pela vibração que a competição, a superação, a rivalidade saudável, as vitórias e as derrotas trazem a cada jogo, fiquei ainda mais fascinada pelo poder do desporto.
O poder que tem na sociedade e na relação entre as pessoas, o poder que tem sobre o nosso estado de espírito, memórias e vivências, o poder de transformar o indivíduo e a sua saúde – física e mental -, o poder sobre o outro, o poder da empatia e de mudar o mundo, o poder da inclusão, o poder da emoção, o poder da partilha, o poder da identidade e da globalidade, o poder de construir marcas e conteúdos que enriquecem, o poder do entretenimento, o poder do humor, da palavra, da música, o poder da imagem o poder da equipa… o Poder das Pessoas.
E todo este poder atinge o ponto máximo em cada edição dos Jogos Olímpicos.
Ainda que seja sabido que a minha grande paixão no desporto é o futebol, os Jogos Olímpicos – e Paralímpicos – são, desde logo, um evento único porque congregam várias modalidades, chegando assim a vários públicos, conferindo uma magia que não encontramos em mais nenhum acontecimento desportivo.
Este ano em Paris, que se converte de cidade do amor para cidade do amor pelo desporto, há nos Jogos Olímpicos um sentimento diferente, porque temos vários contextos num só, mas sempre unidos pelo país e pela comunidade que os segue. Há um orgulho nacional que é exacerbado, mas há também a junção de todos os países do mundo em torno de algo que os une: o querer ganhar, mas acima de tudo o querer representar o seu país da melhor forma possível.
É este sentimento que confere a este evento um ADN muito particular – um evento que se espera que tenha biliões de espectadores e, como tal, um importante ponto de associação e ativação das marcas que devem criar experiências memoráveis em torno de algo que, só por si, já garante este caráter especial.
Os Jogos Olímpicos são para as marcas um momento extremamente desafiante dadas as regras apertadas existentes, como, por exemplo, a regra 40 que, para evitar marketing de guerrilha, só permite a patrocinadores globais ou locais (obviamente a diferentes níveis) ativar a sua comunicação. Um atleta que seja, por exemplo, patrocinado por uma marca não patrocinadora do evento, não pode comunicá-la associada aos Jogos Olímpicos, o que se torna assim um desafio desde logo criativo, porque, se eu patrocino um atleta, obviamente vou querer falar da minha marca quando ele ganhar uma medalha.
É assim essencial conhecer bem as regras e usar a criatividade, para que se consiga sempre construir algo interessante e alinhado com o momento desportivo e de grande emoção que os diferentes países estão a viver.
Por outro lado, a grandiosidade e abrangência de possibilidades nos Jogos Olímpico faz com que o mesmo evento não conte a mesma história, nem o faça às mesmas pessoas… a energia é a mesma, mas cada marca pode escrever e traçar uma história diferente consoante os seus objetivos e a sua própria missão. É esta a grande oportunidade dos Jogos Olímpicos: um contexto mais do que propício para fazer crescer e explodir uma boa ideia.
É também um evento que ilustra bem o poder da comunidade e este pode ser o segredo para que uma marca de facto consiga sobressair: saber olhar para o que os seus fãs são e querem e construir em cima disso. Até porque sabemos que muitos podem estar a ver os Jogos Olímpicos, mas nem todos os vemos da mesma maneira – e atenção que os paralímpicos seguem a mesma linha de raciocínio – porque uns querem saber do atletismo, outros da ginástica, outros ainda da natação e alguns de tudo um pouco.
Parece complexo e é seguramente uma grande empreitada, mas isto devolve-me ao poder do desporto. É na concretização e entendimento deste poder que as marcas vão poder afirmar-se e mostrar que têm uma palavra a dizer e que fazem parte da vida das pessoas, nos momentos mais importantes.
Marcas como a Coca-Cola, que estão há décadas com os Jogos Olímpicos, são a prova máxima de que esta relação duradoura que se revoga de 4 em 4 anos é uma neverending story de sucesso e de histórias que se contam na preparação para os Jogos Olímpicos, no transporte da tocha, no porta-estandarte do nosso país ou naquele record batido que ninguém esperava. Marcas que não estão só nas vitórias, que estão também nas derrotas que fazem parte de um caminho de heróis. Os Jogos Olímpicos são o palco perfeito para as melhores histórias, pelo que para as marcas é este o potencial e estando os fãs tão ávidos de storytelling esta é a oportunidade certa.
E depois nada como o Futebol Clube do Porto entrar novamente em campo para eu perceber que, na verdade, para mim todos os anos são anos do Desporto.
E, por isso, anos de verdadeira emoção, partilha e comoção…como todo o desporto deve ser!"
Jogos Olímpicos das marcas
"Para além das façanhas desportivas, vamos também poder assistir a uns verdadeiros Jogos Olímpicos das Marcas com alguns anúncios, conteúdos, ativações, promoções do melhor que se faz no mundo.
Os Jogos Olímpicos, para além de serem o maior evento desportivo do mundo, são também um grande momento para as marcas que se associam a este evento tão popular em todas as geografias. Os Jogos Olímpicos, que se realizam de quatro em quatro anos, atraem milhões de telespectadores e assumem-se como o palco perfeito para as marcas se alinharem com os principais valores do desporto como a camaradagem, esforço, respeito, cordialidade ou fair play.
O local selecionado para os Jogos deste ano é a mítica cidade de Paris. A capital francesa acolherá mais de 10.500 atletas de mais de 206 Comités Olímpicos Nacionais e da Equipa Olímpica de Refugiados do COI, que vão competir em 32 modalidades desportivas.
Segundo dados revelados pelo Comité Olímpico Internacional, a última edição dos Jogos, realizada em Tóquio, atraiu mais de 3 mil milhões de telespectadores que acompanharam a competição através das plataformas digitais ou das transmissões televisivas.
Além disso, a cobertura oficial nas plataformas de transmissão dos Jogos gerou 28 mil milhões de visualizações de vídeos, mais 139% do que a edição anterior realizada no Rio de Janeiro em 2016.
Além disso, as plataformas web e as aplicações olímpicas utilizadas em Tóquio conseguiram atrair mais de 196 milhões de utilizadores únicos, o que representou três vezes a quantidade de tráfego online em comparação com os Jogos do Rio de Janeiro em 2016.
Ainda segundo os dados do COI, os Jogos Olímpicos de Tóquio geraram 3,9 mil milhões de euros em receitas totais, dos quais 835 milhões foram obtidos graças aos patrocínios onde várias das maiores marcas mais populares do mundo se associaram.
Dada a magnitude e escala dos Jogos Olímpicos, estes têm diversas categorias de patrocínio, sendo as duas principais os chamados Parceiros Globais e os Parceiros Nacionais. Estas empresas colaboram com o COI através de diversas formas de apoio, como o financiamento e a prestação de serviços e produtos técnicos.
Os Global Partners pertencem ao programa de patrocínio TOP do COI, que é o nível de patrocínio mais elevado e estabelece acordos de longo prazo, com uma duração mínima de quatro anos, entre as marcas e o comité organizador olímpico.
As empresas beneficiam desta parceria construindo o seu negócio e imagem, conectando-se com o público e desenvolvendo relações com os seus consumidores, entre outras vantagens. Além disso, o COI beneficia das campanhas globais que promovem e transmitem os valores olímpicos e da criação de experiências inovadoras em torno da competição para o público.
Para esta edição em Paris, são 15 os Parceiros Globais dos Jogos: Airbnb, Alibaba, Allianz, Atos, Bridgestone, Coca-Cola, Deloitte, Intel, Omega, Panasonic, P&G, Samsung, Toyota e Visa. Para além das façanhas desportivas, vamos também poder assistir a uns verdadeiros Jogos Olímpicos das Marcas com alguns anúncios, conteúdos, ativações, promoções do melhor que se faz no mundo. Divirtam-se."
Revisões regulamentares
"O legislador pretendeu introduzir uma certa estabilidade nas regras aplicáveis durante a época desportiva
De acordo com o Regime Jurídico das Federações Desportivas, é à Direção – órgão colegial de administração das federações desportivas, integrada pelo Presidente e pelos membros eleitos – que cabe a competência, nos termos do artigo 41.º, n.º 2, alínea a), de «Aprovar os regulamentos e publicitá-los, nos termos do artigo 8.º».
Porém, é no artigo relativo às competências da Assembleia Geral - órgão deliberativo da federação desportiva –, concretamente, no artigo 34.º, n.º 4 que encontramos uma regra relativa à revisão de regulamentos federativos, que dispõe do seguinte modo: «A aprovação de alterações a qualquer regulamento federativo só pode produzir efeitos a partir do início da época desportiva seguinte, salvo quando decorrer de imposição legal, judicial ou administrativa»
Isto significa que o legislador pretendeu introduzir uma certa estabilidade nas regras aplicáveis durante a época desportiva, facilitando igualmente a perceção de eventuais alterações a normas regulamentares para a época seguinte, por parte dos seus destinatários.
Assim, é importante que todos os clubes e agentes desportivos estejam cientes desta regra e se informem sobre eventuais alterações regulamentares em vigor na nova época desportiva.
Recordemos que, de acordo com o mesmo diploma acima citado, concretamente conforme previsto no artigo 8.º, n.º 1, al. a) “As federações desportivas devem publicitar na respetiva página na Internet, no prazo de 15 dias, todos os dados relevantes e atualizados da sua atividade, em especial: a) Dos estatutos e regulamentos, em versão consolidada e actualizada, com menção expressa das deliberações que aprovaram as diferentes redacções das normas neles constantes”."