terça-feira, 23 de julho de 2024

Maioria quase absoluta


"Com o Nacional de Clubes de Atletismo e a final da Taça de Portugal de hóquei em patins feminino, pode dizer-se que a temporada desportiva de 2023/24 terminou. É, pois, a altura certa para fazer um balanço aos resultados do Benfica, que vá para além da prestação da equipa principal de futebol - a qual, não se sagrando campeã nacional, ficou naturalmente aquém do desejado.
Nas restantes modalidades, em todos os escalões de formação, e, sobretudo, no sector feminino, o ano foi, pelo contrário, bastante frutuoso.
Entre as mulheres, o Benfica mostrou um domínio absolutamente esmagador, arrecadando 36 competições (mais de metade dos 64), face a quatro do Sporting, duas do SC Braga e somente um do FC Porto - os outros clubes levaram à melhor em 21 provas.
Mas mesmo no sector masculino, apesar de um maior equilíbrio, o Benfica também foi triunfador. Dos 70 troféus disputados por homens e rapazes, os encarnados arrecadaram 23, os leões 18, os dragões nove, os guerreiros três e os restantes clubes 17.
Globalmente, considerando um universo de 15 modalidades em ambos os sectores e nos vários escalões, de um total de 134 provas conseguimos somar 59 títulos para o Sport Lisboa e Benfica, número incomparavelmente maior ao de qualquer um dos nossos rivais: o Sporting venceu 22 desses troféus, o FC Porto 10 e o SC Braga cinco, enquanto as restantes 38 conquistas ficaram para clubes mais modestos.
Podem argumentar que participaram em menos competições, que praticam menos modalidades, ou até confessar que desprezam o desporto feminino, e que a formação lhes interessa pouco. Temos pena. O Benfica cumpre o seu dever que é jogar para ganhar em todas as frentes. Os números não mentem, e, se dúvidas houvesse, fica aqui demonstrado qual é, de facto, a maior potência desportiva portuguesa."

Luís Fialho, in O Benfica

Estás convocad@!


"São as duas palavras mágicas que todos querem ouvir nas reuniões de avaliação final do projeto 'Para ti Se não faltares!'. O momento especial é de encher o peito porque o suspende-se é quebrado em público com a chamada dos nomes e de fotos projetadas para reconhecimento e aplauso pelas dezenas e colegas, famílias e professores. Juntam-se aqui duas performances a confirmar que os melhores são os que garantem um bom desempenho desportivo sem comprometer a qualidade do seu desempenho escolar. Quer isto dizer que ser convocado é demonstrar publicamente liderança dentro e fora do campo, ajudando colegas e sendo por eles admirado. Porque é que isto é importante? Se alguém houvesse que não conhecesse a resposta ficaria agora a saber que nada é mais valioso para um adolescente, seja de que género for, que o reconhecimento pelos seus pares. E nós, na Fundação Benfica, sabemos bem como celebrar o sucesso dos nossos jovens, por isso criamos estes momentos inesquecíveis que gravam para a vida nas doces memórias da sua juventude."

Jorge Miranda, in O Benfica

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"7
Nos primeiros 2 jogos de pré-época 2024/25, foram 7 as estrelas absolutas pela equipa de honra do Benfica: André Gomes, Bajrami, Leandro Barreiro, Leandro Santos, Pavlidis, Pedro Santos e Tiago Parente;

8
Nos Campeonatos Nacionais de regatas em linha, foram 8 as medalhas para canoísta do Benfica: 6 de ouro (Fernando Pimenta, K1 1000 metros; João Ribeiro, K1 500 metros; Teresa Portela, K1 500 metros; Messias Baptista, K1 200 metros; João Ribeiro e Messias Baptista, K2 500 metros; Fernando Pimenta, João Ribeiro, Messias Baptista e Pedro Casinha, K4 500 metros);

10
O Benfica venceu, pela 10.ª vez, a Taça de Portugal de hóquei em patins no feminino;

14
O Benfica é tetradecacampeão nacional de atletismo;

23
No conjunto das 5 modalidades de pavilhão, masculinos e femininos, o Benfica conquistou 22 títulos e troféus em 2023/24 (mais o oficioso Futsal Women's European Champions). Ou seja, ganhou quase 60% de todas as competências nacionais existentes, claramente acima de todos os outros clubes em conjunto;

28
O Benfica conquistou, em seniores, divisão cimeira, 28 Campeonatos Nacionais em 2023/24. Nos masculinos: atletismo (ar livre, pista coberta, corta-mato longo e curto, estrada, milha em estrada, estrada 5 Km), basquetebol, natação e voleibol. Nos femininos: futebol, andebol, aquatlo, atletismo em pista coberta, basquetebol, futsal, hóquei em patins, luta, minitrampolim, natação, marcha (10, 15 e 20 Km), polo aquático, râguebi (15 e Sevens). Mistos: judo, triatlo (estafetas);

42
Os nadadores benfiquistas ganharam 42 medalhas (22 de ouro) nos Campeonatos Nacionais de natação seniores, juniores e juvenis; em seniores foram 23 (9 de ouro, 13 de prata e 1 de bronze)."

João Tomaz, in O Benfica

Benfica: deixar Rui Costa no banco


"O Benfica que recomeçar do zero e esteve a trabalhar para Roger Schmidt que não se pode queixar

O Benfica quer fazer reset. Das palavras de Rui Costa às de Roger Schmidt entende-se que na Luz todos queiram deixar 2023/24 onde está: no passado. Não será bem assim na realidade, pois presidente e treinador não vão convencer toda a gente. Mas há coisas no discurso de Schmidt que vale a pena analisar. Por exemplo: o treinador falou com Toni, um homem que sabe tudo do Benfica. Do campo, do treino, do dirigismo. Se há personalidade que conhece o clube desde os anos 60, que conhece as histórias dentro da História, que celebrou com os adeptos e sofreu com eles, esse homem é António José da Conceição Oliveira. Não é à toa que lhe chamam Toni 'do Benfica'. Portanto, foi uma conversa entre um homem que sabia tudo do clube da Luz e outro que ainda anda a entendê-lo. Nesse aspeto, Toni é o professor perfeito.
Roger Schmidt admitiu, às páginas tantas. «Acho que para mim foi importante passar por esta situação, porque se se quer mesmo entender o Benfica há que passar pelos bons momentos, mas também pelos momentos mais difíceis.» Toni ensinar-lhe-ia isso em dois minutos com um episódio do passado... Ainda assim, as palavras de Schmidt dão a entender que o treinador aprendeu alguma coisa, nem que seja para, eventualmente, falar de um outro modo com os adeptos - o que não quer dizer que não tivesse a sua razão no final da época passada.
Este é um primeiro passo dos encarnados para reconectar Schmidt e adeptos. Apesar de serem os resultados, e a qualidade de futebol jogado, que vão fazer a diferença, é preciso abrir caminho à paz. Ou, pelo menos, dar o benefício da dúvida ao responsável técnico. Ora, o que sai das palavras de Roger Schmidt também é que já lhe deram qualquer coisa para 2024/25. Nas palavras do treinador, o Benfica foi ao mercado e bem. Claro que é cedo para perceber se Pavlidis, Leandro Barreiro ou Jan-Niklas Beste vão render na equipa, mas pelo menos as declarações do técnico vinculam-no às decisões tomadas até agora.
Pelo que disse a Toni, Roger Schmidt não se pode queixar. Pelo que lhe afirmou de Di María, que continuará de encarnado, muito menos. Cabe-lhe, agora, fazer a gestão do plantel à disposição. E, talvez, também aí tivesse alguma coisa a falar com Toni, que naquele 14 de maio de 1994, no José Alvalade, tomou uma decisão e deixou Rui Costa no banco."

A «regra do capitão»


"A «regra» passará a ser aplicada em Portugal a partir da próxima época, medida condizente com a que tomaram muitas outras federações e ligas internacionais

Tem sido assim designada a mais recente recomendação da UEFA, estreada oficialmente no último Campeonato da Europa, que decorreu na Alemanha: a «regra do capitão».
A sua definição é simples de entender na prática: só o capitão de equipa está autorizado a dirigir-se ao árbitro para lhe solicitar esclarecimentos sobre algumas decisões tomados no decurso do jogo. Por outro lado, o árbitro está autorizado a concedê-los (não confundir explicar com justificar), se a abordagem daquele for respeitosa/educada e o momento o justificar.
Soubemos por estes dias que a «regra» passará a ser aplicada em Portugal a partir da próxima época, medida condizente com a que tomaram muitas outras federações e ligas internacionais (será também assim nas competições europeias a partir de 2024/25).
Hoje gostava de tentar esclarecer de onde nasceu a ideia e qual o objetivo que pretende prosseguir.
Em 2016, numa entrevista à BBC, Van Basten (então Chefe do Desenvolvimento Técnico da FIFA) dizia que era necessário fazer algo para proteger os árbitros de protestos intimidatórios promovidos por alguns jogadores. É que, apesar do que dispõe a lei 5: «As decisões dos árbitros são tomadas de acordo com as leis e espírito do jogo (...) e devem ser respeitadas a todo o tempo», esse tipo de contestação tem aumentado exponencialmente nos últimos tempos, contribuindo para um clima crescente de intolerância dentro e fora das quatro linhas.
Foi exatamente para tentar travar essa tendência que o IFAB aprovou um período de testes com protocolo bem definido, a que chamou de «zona de acesso exclusivo do capitão em redor do árbitro». O ensaio funcionava mais ou menos assim: o árbitro iniciava o processo com o apito, permitindo a proximidade do respetivo capitão em lances determinantes do jogo; a indicação pública de que iria haver essa explicação seria dada quando o árbitro erguia os dois braços sobre a cabeça e cruzava os punhos; o passo seguinte seria esticar os dois braços para a frente, na horizontal, com as palmas das mãos abertas, definindo uma espécie de zona de segurança, que nenhum outro jogador poderia violar; a zona exclusiva do capitão tinha um raio definido de 4 metros (quem não o respeitasse, seria de imediato advertido); se vários jogadores violassem esse espaço, seria exibido o cartão amarelo ao primeiro ou ao que manifestasse de forma mais ativa ou efusiva; terminada a conversa, o árbitro recomeçaria a partida em conformidade. Conforme referido, o teste só foi aceite em provas não profissionais, com o compromisso assumido pelos respetivos organizadores de que o protocolo seria cumprido integralmente.
A evolução da ideia veio a culminar naquilo que hoje chamamos de «regra do capitão».
É importante perceber que o caráter sancionatório que a medida agora sugere (para quem não o respeite, haverá sempre punição disciplinar) só acontece depois de muitas tentativas de sensibilização ao longo do tempo, no sentido de todos respeitarem as decisões das equipas de arbitragem."

Mística...

Benfica não quis seguir exemplo do Sporting


"Apesar de alguns bons sinais na pré-época, os encarnados pouco fizeram para resolver uma das principais lacunas da última temporada, algo a que ainda não foram expostos nos particulares

A pré-época prossegue. O Sporting tentou ser tão cirúrgico no mercado quanto nas épocas anteriores, mas esbarrou na resistência ateniense na venda de Ioannidis. Apesar disso, tudo parece novamente, desde a chegada de Amorim, bem estudado e planeado, e mesmo a inesperada saída do capitão Coates abre perspetivas de melhoria do setor, em contraciclo com a afinação das principais armas dos rivais. Se a primeira fase de construção dos campeões já tinha sido difícil de travar por parte de Benfica e FC Porto, a troca do uruguaio pelo belga Debast, com St. Juste e Quaresma ainda na sombra, facilitará até a saída pelo meio das ondas de pressão contrária.
Já na situação do ponta de lança e no reforçar do grupo com um extremo-esquerdo destro, as coisas apresentam-se mais demoradas, sobretudo numa perspetiva de aumento profundidade do plantel, ainda mais necessário desde a venda de Paulinho. Se o 11 habitual não está em perigo, nas últimas semanas voltou-se a falar de Gyokeres e é esse o perigo que obriga o Sporting a não desistir do grego, seja numa perspetiva de segurança imediata ou mesmo na do fortalecimento durante pelo menos os próximos meses, em busca de um ataque ainda mais demolidor. Em número ou até na frescura dada por eventual rotação.
Depois de um título que eleva o clube ao estatuto de maior favorito a nova conquista ainda sem a bola rolar, nada se poderá apontar ao caminho traçado, que até parecia dar à equipa maior segurança no ataque às diversas frentes. Falta-lhe apenas fechar os negócios em curso ou então encontrar situações alternativas.
Do lado de Benfica e FC Porto, existem bons sinais, embora, na verdade, não tenham sido realmente testados. Nos encarnados, num contexto mais exigente, apertaram-se as malhas da pressão e reação à perda, e aumentou-se o poder de fogo. Daí, Pavlidis, Marcos Leonardo como segundo avançado, Aursnes a interior e Florentino e Leandro Barreiro juntos.
Ainda há situações que derivam da falta de confiança, como na eliminação do espaço atrás dos médios, com uma última linha mais subida ou através de encurtamentos, que deverão chegar com os jogos. Todavia, à exceção da boa resposta, ainda por falta de comparência de António Silva e Otamendi, dada por Tomás Araújo, as águias não seguiram os passos do rival de Alvalade e permanecem, em teoria, pressionáveis e ainda lentos na cobertura da profundidade. E os próximos adversários poderão expô-lo. Aguardemos."

Vitória e muito apoio


"Em França, perante milhares de Benfiquistas que apoiaram fervorosamente a equipa em novo jogo de preparação, o Benfica venceu, por 3-1, frente ao Almería. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Triunfo consistente
No embate com o Almería, Roger Schmidt utilizou 22 jogadores, 11 em cada parte. Pavlidis, Arthur Cabral e João Mário foram os autores dos golos benfiquistas.
O próximo encontro é com o Brentford, da Premier League, no Estádio da Luz (quinta-feira, dia 25, às 20h00).

2. Estreia com uma assistência
Beste, lateral-esquerdo que chegou ao Benfica há uma semana, fez o seu primeiro jogo de águia ao peito e assistiu João Mário para golo. O jogador alemão sente-se bem recebido: "Tem sido especial. O clube todo, o staff e os meus companheiros são todos simpáticos. Tem sido muito fácil a adaptação. Falei com o treinador antes de vir para o Benfica, conheço as suas ideias. Jogar no lado esquerdo da defesa é natural para mim. Estou contente por estar aqui e espero manter-me bem."

3. Os golos do Benfica de um ângulo diferente
Para ver na conta oficial Instagram do SL Benfica.

4. Pré-época da Equipa B
Depois de, no dia anterior, a equipa B do Benfica ter vencido o Académico de Viseu, ontem foi derrotada pelo Tondela (1-0).

5. Sub-17 e Sub-15 arrancam
Estes escalões de formação de futebol do Benfica já iniciaram a pré-temporada.

6. Andebol 2024/25
Jota González perspetiva uma temporada de evolução e apela ao apoio à equipa: "Espero que neste ano sejamos mais competitivos e nos possamos aproximar um pouco mais dos rivais. Este é um projeto que está a começar, e acredito que, com o tempo, vamos melhorar, sobretudo com o apoio dos adeptos."

7. Contributo importante
Os Sub-20 de Portugal são vice-campeões da Europa de andebol e contaram com três jogadores do Benfica nas suas fileiras."

Só para compensar o fervor dos adeptos já valeu a pena


"Benfica 3 - 1 Almeria

> Muito bom o Benfica poder levar a equipa ao encontro dos seus grandiosos adeptos fora de Portugal. O seu imenso fervor clubístico bem merece. Pena que a preparação não permita que mais jogos destes sejam feitos na pré época para compensar tanto amor ao clube.
> Relvado complicado, adversário que caiu na segunda divisão, não é, portanto, muito forte, mas é assim mesmo na pré-época. O nível de exigência vai subir nos próximos jogos.
> Gosto de ver o Benfica com DOIS PONTAS DE LANÇA. Deseja-se que seja assim na grande maioria dos jogos na nossa liga.
> MARCOS LEONARDO vai mostrando cada vez mais serviço numa linha avançada a dois: a criar espaços, a rematar, a desbloquear, a assistir. Merecia o golo também.
> PAVLIDIS não engana, tem os olhos sempre na baliza adversária, movimenta-se para estar no sítio certo, trabalha em prol do coletivo. E, claro, faz o que mais se pede a um ponta de lança: marca golos! E vão 4 em três meias partes. Hoje a concluir uma magnífica jogada.
> O que a equipa ganha com AURSNES na posição de médio esquerdo!
> LEANDRO BARREIRO parece mais uma alternativa a Florentino do que o seu complemento. A rever no futuro.
> Segunda parte: vamos lá ver o nosso BESTE pela primeira vez! Poucas oportunidades para se mostrar, mesmo assim uma assistência.
> ARTHUR CABRAL é homem de golos espetaculares. Que chapéu!!! Se é para vender, aí está mais um grande golo para meterem no vídeo promocional.
> PRESTIANNI continua a surpreender positivamente. Via-o na equipa B e convenci-me de que era inevitável o empréstimo para rodar esta época.
> DIOGO SPENCER a mostrar-se ofensivamente. Esteve melhor do que Tiago Gouveia.
> Bela jogada coletiva para um golo de JOÃO MÁRIO com remate forte de fora da área, com alguma "colaboração" do guarda redes do Almeria.
> Volto a dar nota positiva a GUSTAVO MARQUES, bom porte físico, bem a defender, veloz, com bons lançamentos longos.
> As vitórias fazem sempre bem, mesmo em jogos de preparação, no mínimo evitam que comecem já as "depressões"."

Vamos, Benfica! 🔴⚪️

Um autocarro aberto ao Mundo


"Enzo Fernández mostrou mais do que queria na festa da Argentina; de Messi, nem uma palavra; do presidente Javier Milei, as ações erradas

Enzo Fernández mostrava, num direto no Instagram, a festa no autocarro após a vitória da Argentina na Copa América. Mas de repente o júbilo rapidamente deu lugar a precipitação. Surgiu entre os jogadores um cântico racista dirigido às ascendências dos jogadores franceses. Fora ‘inventado’ por adeptos durante o Mundial 2022, e fez o seu caminho até aos jogadores, mesmo quando a festa nada tem a ver com a França. E dois anos depois ainda lá está. Enzo desligou o direto, mas era tarde de mais. No dia a seguir já toda gente sabia e rapidamente se publicou uma lista dos jogadores que não estavam no autocarro – Otamendi, Emiliano Martínez, por exemplo, e, de forma conveniente, Messi.
Wesley Fofana, colega no Chelsea, falou, e bem, em «racismo desinibido» mas depois caíram naquela coisa que só pune os influencers: ele e outros colegas deixaram de o seguir nas redes sociais. O equivalente a um castigo, a uma manifestação, hoje em dia. Como será o ambiente quando Enzo voltar a Londres? O Chelsea e a FIFA abriram um inquérito. A França queixou-se. Enzo, que não estava sozinho no autocarro (desses jogadores e seus clubes apenas silêncio), pediu desculpa em inglês, mas que dizer do conteúdo? « Bato-me contra a discriminação de todas as formas e peço desculpa por ter sido apanhado na euforia das nossas celebrações.» De todas as formas, claramente, não.
De Paul, companheiro de Enzo na seleção, disse não perceber «o show», que os incomodados falassem diretamente com Enzo. Desinibido, de facto. Se calhar por isso acham que podem cantar qualquer coisa no autocarro. De Messi, nem uma palavra; do presidente Javier Milei, as ações erradas: demitiu o subsecretário do Desporto, Julio Garro, que defendeu que o capitão deveria vir a público pedir desculpas, mesmo não tendo estado presente. Devia, pois. Mas a Argentina pós-II Guerra Mundial terá normalizado muita coisa, o que faz com que num autocarro cheio de adultos – e ainda que talvez com umas cervejas a mais – seja considerado normal tal cântico. E nem uma foto de Enzo a brincar com um menino negro consegue apagar isso."

Cristiano, o capitão dos dias bons


"Harry Kane, capitão da seleção de Inglaterra, depois da derrota na final do Euro24. «Perder um jogo destes é muito duro. Depois do 1-1 não conseguimos ter bola e fomos punidos.»
Kylian Mbappé, capitão de França, após ser eliminado contra Espanha. «Foi um fracasso! Queria muito ser campeão europeu. Não vale a pena complicar o futebol. Ou és bom ou não és... não fui bom e vamos para casa.»
Virgil van Dijk, capitão dos Países Baixos, na derrota contra Inglaterra. «É muito difícil aceitar isto. Estou cheio de emoções. Foi um ano longo e duro, tínhamos um sonho grande e sentíamos que o podíamos alcançar.»
Ilkay Gundogan, capitão da Alemanha, na queda contra Espanha. «Estou a digerir isto. A minha continuidade na seleção? Não posso dizer nada ainda, vou precisar de alguns dias para pensar e anunciarei uma decisão.»
Hakan Çalhanoglu, capitão da Turquia, seleção afastada pelos Países Baixos. «Neste Europeu, as equipas que estiveram a ganhar 1-0 decidiram baixar o bloco e defender. Hoje fizemos o mesmo, acho que o fizemos de forma exagerada.»
Granit Xhaka, capitão da Suíça, depois de perder contra Inglaterra nos penáltis. «O Akanji falhou, mas vai voltar mais forte. Eu também falhei um penálti contra a Polónia, sei bem o que ele está a sentir. Não o vamos deixar cair.»
Podia ir mais atrás e recuperar as palavras, mais ou menos fortes, mais ou menos sinceras, de todos os capitães no dia das respetivas eliminações no Euro24. Da Bélgica à Itália, da Eslovénia à Dinamarca.
Fico-me por estes, os que disputaram os quartos-de-final e chegaram mais longe no torneio germânico.
Faltam aqui dois nomes, das oito melhores seleções. O capitão de Espanha, porque não teve de lidar com o insucesso, e o de Portugal.
Cristiano Ronaldo foi o único incapaz de responder às perguntas da comunicação social, de endereçar explicações e um pedido de desculpas (se assim o entendesse) aos portugueses, de mostrar que é um capitão da cabeça aos pés, nos bons e nos maus momentos.
Esperei 17 dias por uma reação do capitão da Seleção Nacional. Nada, a não ser, claro, um post numa rede social pejado de lugares comuns, estilo auto-ajuda, digno de um qualquer curso rápido de coaching.
A aura salvífica já não se ajusta a Cristiano. É a lei da vida, natural e pacífica. Não era essa capacidade heroica, monstruosa, que eu esperaria dele em 2024. Esperava, sim, uma liderança serena, unificadora. A indicar caminhos através do bom exemplo.
Dentro e fora do campo.
Cristiano falhou em ambas. A um rendimento desportivo medíocre, o melhor português de sempre juntou um conjunto de ações/reações impróprias a um profissional de quase 40 anos, e a elas uns pozinhos de um silêncio ensurdecedor. E tanto lhe havia para perguntar.
Falar nos dias bons, de vitórias sonantes, é o mais fácil.
A verve nunca foi particularmente estimulante em Cristiano, mas um líder natural impõe-se apenas pela simples presença. O discurso, mais ou menos trabalhado, vem a seguir.
Dois anos depois da crise saída do Mundial do Catar – Cristiano no banco, Cristiano de relação cortada com Fernando Santos, Fernando Santos afastado, lembram-se? -, aí está mais uma era de duvidosa harmonia, germinada em silêncios inaceitáveis.
As luminárias da gratidão farão o favor de repetir os incensos mais do que gastos e acrescentarão, tonitruantes e ameaçadoras, que Cristiano não tem nada de dar justificações. Está, para elas, acima de todo e qualquer dever levemente associado a um ser humano.
Como lia num brilhante artigo do The Guardian, a federação tem a obrigação de impedir que o ego de um homem esmague todo o talento ao seu redor. E comprometa, assim, o desígnio de uma geração portuguesa inigualável.

PS: o zerozero não faz o tratamento noticioso de modalidades que não estejam (ainda) acopladas à nossa maravilhosa base de dados, mas não posso deixar passar em claro os resultados brilhantes de João Almeida (quarto lugar no Tour) e de Nuno Borges (vencedor do 250 de Bastad, com o sagrado Rafa Nadal do outro lado da rede). Dois campeões portugueses."

João Almeida e Nuno Borges


"Fernando, responde aí de cima: com Pogacar, Vingegaard e Evenepoel, entre outros, pode João Almeida ganhar Giro, Tour ou Vuelta? Aguardo resposta.

Se tiver mais um filho, chamar-lhe-ei Jorge ou Júlio. A razão, inspirada pelos êxitos de portugueses na Volta a França, é simples de explicar e de entender. Joaquim Agostinho ficou oito vezes no top ten do Tour: 1969,1971, 1972, 1973, 1974, 1978, 1979 e 1980. José Azevedo conseguiu-o por duas: 2002 e 2004. João Almeida chegou lá por uma: 2024. Se ainda tivesse dúvidas, olharia para um dos recordistas de vitórias na Grand Boucle: Jacques Anquetil ganhou em 1957, 1961, 1962, 1963 e 1964. Assim, Jorge ou Júlio parece-me um bom nome.
Falemos de João Almeida. É o primeiro português a ficar no top-5 das três maiores Voltas do Mundo: França (2024), Espanha (2022) e Itália (2020 e 2023). Este facto, por si só, coloca-o no pódio dos melhores portugueses de sempre, com permissão dos enormes Rui Costa, Sérgio Paulinho e Acácio da Silva. Não se sabe o que o futuro reserva a João Almeida, sobretudo porque integra a geração dos fantásticos Pogacar, Vingegaard e Evenepoel. Muito complicado, pois, vencer uma das três maiores Voltas. Talvez só o grande Fernando Emílio, especialista de ciclismo de A BOLA e falecido a 11 de maio deste ano, pudesse desfazer a minha dúvida. Fernando, responde aí de cima: com Pogacar, Vingegaard e Evenepoel, entre outros, pode João Almeida ganhar Giro, Tour ou Vuelta? Aguardo resposta.
Por fim, Tadej Pogacar. Tentei encontrar em alguns dicionários a palavra exata que definisse a Volta a França do esloveno. Não encontrei alguma que me satisfizesse por completo. Talvez canibalesco, herdada do cognome do enormíssimo Eddy Merckx, seja a mais aproximada. Ou sádico. Ou devorador. Mas canibal, sim, é muito boa: devora adversários com a facilidade de um predador insaciável. Acaba cada etapa sem, aparentemente, suar e, minutos depois, está com a pulsação de um comum mortal deitado num sofá. Que dizer mais? Nada. A não ser, claro: aguardar.
Por fim (agora sim), Nuno Borges. Nadal é Nadal, tenha o espanhol 20 anos ou 38, fosse o maiorquino o 261.º do ranking ATP e o maiato o 51.º. Vencer um título ATP é fantástico e inesquecível. Só três portugueses tinham chegado a uma final (João Sousa, Pedro Sousa e Frederico Gil), só um tinha vencido (João Sousa: Pune 2022, Estoril 2018, Valência 2015 e Kuala Lumpur 2013). Agora, Nuno Borges. No dia em que João Almeida carimba o 4.º lugar, Nuno Borges vence uma final de ATP e Rafa Nadal por 2-0. «Uma parte de mim também gostava que Nadal ganhasse, mas alguma coisa ainda maior dentro de mim, ajudou-me a conseguir vencer», disse, humilde. Bater Rafa Nadal é como fazer uma cueca a Cristiano Ronaldo."