sábado, 15 de junho de 2024

Primeira Prata!


No primeiro dia de Finais, o Pimenta conquista a medalha de Prata no K1 500m, nestes Europeus de Canoagem, que este ano, servem de preparação para os Jogos!
Vamos esperar pelo Ouro no K1 1000, a prova-rainha!

A desgraçada da Comissão!!!

Não podendo estar na AG, deixo aqui o que seria o meu voto no Orçamento


"1. O futebol feminino, que contribuía com um deficit de cerca de 2,5 milhões de euros para as contas do clube, passou para a SAD. Mais do que aliviar o clube desse encargo, penso que a medida é especialmente positiva para o desenvolvimento de um projeto de sucesso que todos desejamos que continue a dar passos em frente.
2. Aponta-se para um crescimento nas receitas comerciais. É um ponto importante na medida em que é desejável que o clube possa vir a estar cada vez menos dependente dos royalties que as empresas do grupo lhe pagam - 4% das receitas -, já que estes mais não são do que transferências internas de dinheiro.
3. Estranho que a receita de quotização tenha um crescimento praticamente residual, já que a subida do numero de sócios tem sido amplamente referenciada. Gostava de ver esta questão mais desenvolvida: número de sócios ativos, quantos pagantes, etc.
4. Há uma previsão de redução de cerca de 5% nos fornecimentos e serviços externos das áreas não desportivas, isto é, uma intenção, que se espera venha a ser rigorosamente concretizada, de um maior controlo de custos.
5. O ecletismo é caríssimo: as modalidades, que custam 28,0 milhões e geram receitas de apenas 5,9 milhões, têm que ser repensadas a prazo. Acresce que a quota especial das modalidades apresenta valores irrisórios. O que querem os sócios das modalidades para além dos festejos quando se ganha? Para já, seria um bom começo descriminar os valores, caso a caso, no orçamento. Bem sei que se pretende esconder isso da concorrência, mas toda a informação e toda a transparência são desejadas - os outros que se lixem! Aliás, no futebol é tudo declarado nos relatórios e contas da SAD. E não é por isso que se ganha ou se perde.
6. Um orçamento é tanto mais credível quanto mais o orçamento anterior tenha batido certo. O Benfica deveria apresentar a comparação do orçamentado com o realizado relativamente, pelo menos, ao exercício anterior, no caso o de 2023-24.
7. É um orçamento conservador, logo sem grandes riscos de não ser cumprido. E aponta para um lucro no exercício de 2024-25.
8. Considero que se deve votar um orçamento em função do valor próprio do orçamento, não do momento bom ou mau por que passa uma direção. Assim sendo, abstraindo-me, como defendo, de tudo o resto, votaria "sim" o orçamento para 2024-25, acompanhado das principais notas que aqui deixei.
9. Sobre os outros assuntos da nossa atualidade, exprimir-me-ei, mas só depois da AG. Incluindo a questão dos estatutos, amanhã só se discutirá a forma como vão ser posteriormente discutidos.
VIVA O BENFICA!!!"

Na luta pela revalidação do título


"Esta edição da BNews é dedicada a vários temas da atualidade benfiquista.

1. Auditoria Forense
Está disponível para consulta, no Site Oficial do Sport Lisboa e Benfica, o Relatório de Conclusões Consolidadas da Auditoria Forense realizada pela EY.

2. Assembleias Gerais
Amanhã, dia 15, realizam-se duas Assembleias Gerais do Sport Lisboa e Benfica, ambas no Pavilhão n.º 2.
Às 10h30, a reunião magna tem como ponto 1 a apresentação, discussão e votação da proposta de metodologia para discussão e votação das propostas de alteração dos Estatutos do Sport Lisboa e Benfica, e, como ponto 2, a admissão das propostas de alteração.
Às 15h00, os temas são a aprovação das atas e deliberar sobre o orçamento ordinário de exploração, o orçamento de investimentos e o plano de atividades, elaborados pela Direção, para o exercício de 2024/2025.
Podem participar nas Assembleias Gerais referidas os sócios do Sport Lisboa e Benfica com a quota de abril regularizada.

3. Apuramento para a final
No quinto e derradeiro jogo das meias-finais do Campeonato Nacional de hóquei em patins, o Benfica ganhou, por 6-1, frente à Oliveirense, e tem agora a oportunidade de revalidar o título nacional na final a disputar com o FC Porto.
Nuno Resende elogia a equipa e os adeptos: "Beneficiámos do fator casa com um pavilhão extraordinário. Foi uma excelente prestação. Os rapazes têm trabalhado de forma excelente."
O primeiro jogo da final é no domingo, às 15h00, no Dragão Arena.

4. Manto Sagrado 2024/25
Já é conhecida a camisola principal para 2024/25. O modelo escolhido homenageia os primeiros Campeões em Liberdade em 1974/75.

5. Históricas
Veja a reportagem sobre o pleno e a presença inédita nos quartos de final da Liga dos Campeões da equipa feminina de futebol do Benfica.

6. Tricampeonato em análise
Em entrevista à BTV, Norberto Alves, treinador da equipa de basquetebol do Benfica que recentemente celebrou o tricampeonato, revela as bases do sucesso obtido.
Hoje, às 19h00, há sessão de autógrafos dos tricampeões na Benfica Official Store do Estádio da Luz.

7. Europeus de atletismo
Foram 20 os atletas do Benfica em ação. Destaque para Pedro Pichardo, que conseguiu a prata no triplo salto e estabeleceu o novo recorde nacional, e Agate Sousa, bronze no salto em comprimento.

8. Campeonato da Europa de velocidade
Acompanhe a prestação dos canoístas do Benfica. Fernando Pimenta e Pedro Casinha estão apurados para finais.

9. Sub-19: balanço
Luís Araújo, treinador dos Sub-19 de futebol do Benfica, analisa a temporada.

10. Quarta tripleta
António Machado e Ana Beatriz Jardim, respetivamente treinador e central das pentacampeãs nacionais de polo aquático, em entrevista à BTV.

11. Casa Benfica Golegã
A equipa de futsal desta embaixada do benfiquismo sagrou-se campeã distrital."

Benfica: depender de a bola entrar


"A saída de Luís Mendes mostrou que Rui Costa tem uma tarefa ainda maior, porque veio a público que não era apenas entre bancada e treinador que havia coisas a sarar.

RUI COSTA não ficou sozinho, mas ficou ainda mais agarrado a Roger Schmidt. Os recentes eventos na SAD do Benfica levaram à saída de um homem muito próximo do presidente dos encarnados, o que poderia não ter nada de anormal, não fossem as razões pelas quais se soube que saía. Os dedos apontados não atingiram apenas os visados, atingiram a liderança de Rui Costa que tem, agora, um desafio ainda maior do aquele a que se propunha para 2024/25.
O ambiente tenso entre adeptos e treinador no final da época era uma ferida que o presidente acreditava que podia sarar com o tempo e, assim, unir o universo Benfica com a equipa de futebol no epicentro das coisas.
A saída de Luís Mendes mostrou que Rui Costa tem uma tarefa ainda maior, porque veio a público que não era apenas entre bancada e treinador que havia coisas a sarar.
O líder encarnado foi apoiado por vários diretores, mas mais do que eventuais palmadinhas nas costas, o presidente precisaria das palmas de uma maioria de sócios nas duas AG de amanhã. Não se adivinha um ambiente fácil, mas esta é a primeira etapa que Rui Costa tem de ultrapassar. Depois, olhando para o futuro, não se prevê outra estratégia que não seja a de chegar até às próximas eleições e recandidatar-se com uma lista manifestamente diferente da que foi eleita — essa é uma das consequências a longo prazo da saída de Luís Mendes, que revelou uma estrutura que se encontra dividida por dentro, entre os que vieram da gestão de Luís Filipe Vieira e outros que (ainda) acreditam (?) em novos métodos e processos. Dois mundos contrários que pela visão de Luís Mendes não podem coabitar debaixo de uma mesma liderança e que, previa-se antes e percebe-se agora, é uma ideia difícil de funcionar.
O desafio de Rui Costa agiganta-se também porque perspetiva-se que surja uma oposição mais organizada e visível e não meramente em alguns grupos ou movimentos mais soltos, com o intuito de preparar terreno para as eleições de 2025. Uma oposição que lhe irá recordar que se propôs, no seu compromisso eleitoral, a que o Benfica entre 2021 e 2025 fosse um clube não só «focado na afirmação e liderança desportiva, com atitude, valorização da formação e sustentabilidade», como também um clube «do rigor, da clareza e de uma vivência democrática sem polémicas, unido na diversidade». A saída de Mendes mostrou que este último ponto está longe de ser cumprido e a gestão do maestro tem menos tempo para o atingir.
Assim, no momento em que estamos, parece claro que Rui Costa vai precisar de algo que nenhum presidente de clube devia estar dependente de: se a bola entra ou não.
Onde houver resultados poder-se-á sempre apelar ao que de mais vulnerável têm os adeptos: um coração movido a um sentimento de vitória."

Benfica: um dilema simples


"RUI COSTA ama o Benfica e não começou mal o mandato como presidente. Estou à-vontade para o dizer: antes da sua eleição escrevi que os benfiquistas estariam a desvalorizar o futuro do clube em nome do sonho de elevar a presidente o poster que, anos antes, tinham pendurado na porta do quarto. Mas Rui Costa sabe de futebol e foi campeão nacional.
Desde então, duas coisas importantes estão a acontecer.
A primeira, natural, é a dimensão do Sport Lisboa e Benfica. O clube fatura mais de 66 milhões de euros por ano sem vendas de jogadores. É uma empresa grande, intensa, que exige uma gestão profissional e capaz. Sabe-se que um dos principais problemas que explica os frágeis resultados das empresas portuguesas é a gestão: quando ganham dimensão, chegam desafios para os quais o conhecimento do meio, a intuição e o saber fazer já não são suficientes. A comparação com este Benfica é evidente: Rui Costa sabe de futebol, não de gestão.
O segundo problema decorre deste: os empresários que melhor contornam este difícil desafio são aqueles que chamam para o seu lado gestores profissionais. Rui Costa ainda chamou Luís Mendes, para as contas, e Lourenço Pereira Coelho, para o futebol, mas deixou na administração da SAD do Benfica muitos resquícios de bolor do Vieirismo. Neste último ano este bolor conquistou as paredes e os fóruns de decisão, aproveitando-se da incapacidade de decisão enquanto gestor que, já ninguém esconde, caracteriza o próprio Rui Costa.
Atrás dele, Nuno Costa, inefável chefe de gabinete que trabalhou com Isaltino na Câmara de Oeiras, controla o que o presidente sabe e não sabe. Rui Pedro Braz, responsável pelas contratações, diz a tudo que sim e vai gerindo a sua vida por aquilo que consegue publicar nos jornais, que fingem não saber que o treinador Roger Schmidt não lhe dirige sequer a palavra. Jaime Antunes, que gere com mestria a liturgia de conselhos de administração, sempre preparado para quaisquer cenários.
No meio disto, Rui Costa: o que não decide, não antecipa e não se convence que a dimensão do Benfica exige outro tipo de gestores. Isto é tanto mais evidente quanto os nossos rivais desportivos parecem não hesitar nesse caminho: o Sporting de Varandas é um músculo de gestão competente, Villas-Boas parece querer implantar no FC Porto o mesmo princípio.
Os Benfiquistas que estarão na Assembleia Geral de sábado, e todos os benfiquistas que amam este clube, precisam de se convencer que os desafios do futuro vão ser maiores, não menores.
Um clube da dimensão do Benfica só terá sucesso se liderar a transformação do futebol português num dos mais competitivos e sustentáveis da Europa. Essa liderança (como é óbvio para um bom gestor profissional) só será possível se o Benfica assumir a rédea de discussões chave, de que é bom exemplo a centralização dos direitos televisivos em Portugal. O Benfica tem de ser a chama do futebol português, não uma fagulha.
E isso, esse futuro, joga-se na qualidade dos seus corpos sociais. É um dilema, mas é um dilema simples que os sócios sabem como resolver."

Tornem a Itália bela novamente!


"Quatro estrategas entram num bar para debater ideias sobre o jogo e o ‘calcio’ volta de novo a ser interessante mais de três décadas depois

Lembro-me bem. O Pelusa era o Sol inesgotável – e ainda o é, anos depois de se tornar Supernova - e à sua sombra e talvez também da do Vesúvio, à beira de Nápoles, aparecia Careca. Völler, Berthold, Hässler, Aldair, Cafú e Falcão são romanos em Roma, revezando-se. Gladiadores esgotados e feridos, profundamente orgulhosos, a deixar o Coliseu.
O farto bigode de Cerezo tomara o lugar do de Souness, o tal que mais tarde defenderia as big balls de Michael Thomas (que não vêm ao caso), e também Trevor Francis deixara de morar na cidade-estado. República marítima de Génova, terra de marinheiros e mercadores, gravados no escudo da Samp. O velejador com o seu cachimbo, a olhar para o mar, numa calma eterna que não chegou para Mikhaijlichenko. O russo falha aí as suas maiores promessas.
Kaiser Passarella, doutor Sócrates e el Petete Bertoni vestiam-se de violeta, a cor da Fiorentina, que Rui Costa, Batigol e animal Edmundo também passearam com orgulho tão monumental quanto Santa Maria del Fiore, o Duomo de Florença.
De Duomo para Duomo. Hateley era inglês como Herbert Kliplin, que nos últimos suspiros do século XIX fundou o Milan Foot-Ball and Cricket Club, porém em campo os maiores pilares são trasladados da Holanda. Rijkaard, Van Basten e Gullit tornam-se alicerces de um Milan avassalador. Boban e Savicevic fundir-se-iam depois no primeiro 10 composto, decalcado anos depois, noutros terrenos, por Xavi e Iniesta.
Mais linear é o rival Inter. Karl-Heinz, o Rummenigge, abre caminho para os compatriotas Matthäus, Brehme e Cataklinsmann e para o argentino Ramón Díaz no lado azul listado da Lombardia. Corta aí a linha de meta, em 1997, Ronaldo Fenômeno, provavelmente ainda perseguido por defesas do Valência ou do Compostela.
Platini faz panelinha com Boniek e puxa os cordelinhos no Piemonte, onde também cresce uma predileção por alemães: Kohler, Reuter e Möller. Guardiães do tempo da Velha Senhora. Zico leva a folha-seca para Udine, antes de Balbo e Sensini começarem a fazer das suas. Um a dar, outro a tirar. Dirceu ainda grita um ou outro golo pelo Verona, porém é Pressen Elkjaer o espantoso comboio desgovernado, capaz de saltar e voltar aos carris - será que em Copenhaga ainda existe o célebre grafitti «O que faremos se Jesus voltar? Colocamos Pressen numa das alas!»? -, com Briegel a tentar acompanhar.
O mais velho dos Laudrup, Gazza e mais um Karl-Heinz, o Riedle, vestiram o azul laziale, tal como Nedved, Mihajlovic e Salas. Platt aparece no Bari. Cannigia e Strömberg incendeiam Bérgamo e a Atalanta. Thuram, Crespo, Verón, Asprilla, Brolin e Couto transpiram a camisola copinho de leite do Parma. Futre chega tarde e cheio de azar a Reggio Emilia. É fintado pelo próprio sonho num arranque pela direita, estilhaçando-se em fragmentos de vermelho-sangue no chão.
E os da casa? Vialli. Mancini. Carnevale. Maldini. Baresi. Baggio, Dino e il divino codino Roberto. Zola. Costacurta. Lombardo. Ferrara. Serena. Giannini. Ah, Giannini, que classe! Antognoni, outro. Conti. Donadoni. Scirea. Cabrini. Tardelli. Rossi. Colovatti. Vierchowod. Ancelotti. Ainda vi don Carletto recuperar muitas bolas no meio-campo de Parma, Roma e Milan. Graziani. Altobelli. Signori. Buffon. Nesta. Cannavaro. Totti. Fuser. Conte, já tremendamente calvo e parcialmente descabelado. Já não o é. E tantos outros.
Nos bancos, agigantavam-se generais como Capello, Lippi e Trapattoni, revolucionários como Sacchi ou Scala, cavalheiros como Eriksson ou Bearzot, excêntricos como Zeman. Itália, a bela Itália, foi o centro do mundo. Um mundo romântico.
No calcio, não há meios-termos. A emoção transborda das expressões, conversas, de todas as situações, é oito ou oitenta. Os oriundi entranham-se na história até que se decide fechar a porta aos estrangeiros e de novo escancará-la outra vez. Os escândalos nunca são menores, abanam as fundações de todo o país. Criam fissuras que demoram décadas a reparar. Algumas são mesmo irrecuperáveis. Primeiro, o Totonero, depois o Calciopoli, que na verdade foi mais um Calciocaos. Bosman virou lei e foi o último prego no caixão. A capital do jogo mudou-se para Espanha e a seguir para Inglaterra.
Quem viveu a adolescência e início da vida adulta entre os anos 80 e 90 tem saudades dessa liga barroca, superlativa, recheada de jogadores grandiosos, os melhores que havia. Um verdadeiro Olimpo terrestre para números 10, que no seu tempo não tinham rival, fora ou dentro das respetivas equipas. O calcio era arrebatador, um futebol de super-heróis para decalcar na vida real.
Nunca mais teremos algo parecido. Inglaterra é Inglaterra, é o resultado de uma cozinha de fusão que virou moda. É o futebol-gourmet, feito pelos melhores com os melhores ingredientes, todavia, por vezes falta-lhe tempero. A Itália de 80 e 90 é irrecuperável. O espaço que havia já não existe e com este desapareceram os 10, a elegância e a arte de criar. O fantasista já não respira. No entanto, persiste aquilo que nos pode devolver a curiosidade: a estratégia.
Paulo Fonseca vai levar o ataque posicional para um Milan que há anos só está bem a contra-atacar. Simone Inzaghi olha para os demais com o ar desafiador de quem atingiu o ponto certo de maturação da ideia. Thiago Motta promete revolução em Turim e Conte já dança para que o Vesúvio entre em erupção. Que riqueza, amigos!"

O puzzle português


"Será esta a melhor seleção de todos os tempos? A resposta tradicional seria: "Os resultados o dirão." Mas será mesmo assim? Nem sempre ter os melhores jogadores garante a vitória. Da mesma forma, a melhor tática, o melhor modelo de jogo, ou ser a equipa que mais corre etc, não são garantias de sucesso por si só. Certamente ajudam, mas o futebol é um jogo de decisões, tanto pequenas quanto grandes. O somatório de muitas pequenas más decisões pode ser catastrófico, assim como uma grande decisão mal tomada frequentemente resulta em derrota.
Para mim, no entanto, esta é a melhor seleção de todos os tempos. E explico porquê. Nunca houve uma oportunidade de reunir numa mesma seleção um NÚMERO tão grande de jogadores de qualidade tão alta. Outras gerações contaram com nomes como Figo, Rui Costa, Futre, Chalana, Eusébio, entre outros, mas nunca tiveram ao seu lado pelo menos mais 20 jogadores muitos deles de perfis DIFERENTES igualmente talentosos. E, claro, a enorme COMPLEMENTARIDADE e capacidade de se conectarem que existe entre eles. A riqueza desta equipa está precisamente aí: é praticamente um puzzle perfeito, onde todas as peças existem no número certo e se encaixam, mesmo mudando o quadro (formação), ou pintura de base (estilo de jogo adotado) mais ou menos complexo, com mais ou menos simetrias ou assimetrias e variabilidades.
Se observarmos e estudarmos uma equipa de futebol numa dimensão 3D ou até 4D, em análise teremos a Altura, Largura, Profundidade e a junção de vários espaços tridimensionais numa linha. Com estes jogadores podemos criar um puzzle que evidencie toda a profundidade da Ponte Vasco da Gama, com gente capaz de atacar e defender a profundidade. Que mantenha a distância entre linhas que cada momento do jogo nos exige. Mas ao mesmo tempo um puzzle que demonstre toda a largura do nosso Mosteiro dos Jerónimos, neste caso normalmente dada pela excelência dos nossos laterais. A altura vista sobre vários prismas que vão desde utilizarmos mais o passe longo ou curto, mais centros ou menos centros, em suma a bola rolar mais junto á relva ou não. Mas também estarmos à altura do acontecimento. Imaginem um puzzle com a força do Padrão dos Descobrimentos em Lisboa ou da Torre dos Clérigos no Porto. Quando temos a bola temos condições para 'jogar' no Campo Grande, o talento é tanto que podemos ocupar cada canto da Avenida dos Aliados no Porto, mas o mais impressionante é que quando não temos bola podemos criar um puzzle reduzindo os espaços com uma tela do Campo Pequeno, a famosa praça de touros em Lisboa.
Portugal pode jogar em qualquer sistema usando os mesmos princípios. A competição interna em cada posição será uma arma poderosa. Mas após lerem todas estas palavras, muitos de vocês devem estar a pensar: porque raio precisamos então de um treinador ? Pois bem, acreditem que mais que nunca precisamos de treinador. Eu gosto muito do que temos.
Manter tantos jogadores talentosos motivados ao longo de um campeonato como o Europeu será um desafio árduo, mas crucial. Manter tantos bons jogadores com 'sangue nos dentes' durante todo o Europeu será uma tarefa árdua, mas acreditem que será a sua segunda grande tarefa, porque a primeira será, independentemente dos nomes e forças de apoio que cada um dos jogadores venha a ter, encontrar as 'conexões nervosas' entre todas as peças do puzzle, quer na defesa quer no ataque. Quanto mais fortes forem essas conexões mais fortes seremos. Só assim seremos cognitivamente superiores. Será o cognitivo que fará a diferença nos pequenos e grandes detalhes, no somatório das pequenas e grandes decisões. A nossa competência cognitiva, que diferencia os seres humanos dos outros animais, vai permitir que sejamos o que considero ser mais marcante no futebol atual. A HARMONIA. As grandes equipas da atualidade são incrivelmente harmoniosas.
Frequentemente, lá fora, questionam-me como um pequeno país como Portugal consegue produzir tantos bons jogadores. Acreditem que não é pelo numero de duelos que ganhamos ou pela quantidade de remates à baliza. Também não é por causa da altura ou envergadura dos nossos jogadores, nem por causa do numero de quilómetros percorridos. Na minha opinião, o que diferencia o jogador português é o seu conhecimento de jogo. Muito ligado às competências cognitivas. Tudo começa com o controlo da bola (aspeto aparentemente básico mas decisivo para dar continuidade a cada ação). Sabemos quando acelerar e travar (pausar) o jogo, não somos quadrados, sabemos variar o jogo. Tanto vamos pela a esquerda, como vamos pela direita ou penetramos pelo centro, vamos por onde o jogo nos vai pedindo. Sabemos que se tratarmos bem a bola, a iremos perder menos vezes e por consequência os adversários terão menos oportunidades de poder fazer-nos mal. Sabemos ser malandros no uso do corpo. Sabemos que jogar em equipa nos torna mais fortes.
E claro, beneficiamos todos do grande legado que o Cristiano Ronaldo nos deixa e que não são só golos e que ele está a transmitir tão bem a estas gerações mais jovens. Se trabalhares muito e bem, podes ganhar. Trabalhar compensa."