sexta-feira, 7 de junho de 2024

Ácaro, por onde andas?!!!

Na frente


"O Benfica comanda a final dos play-offs de basquetebol e tem vantagem nas meias-finais do Campeonato Nacional de hóquei em patins. Estes são os temas em destaque na BNews.

1. Conquistado o fator casa
No primeiro jogo da final dos play-offs de basquetebol, o Benfica venceu, por 66-89, no reduto do FC Porto. Norberto Alves aponta a defesa como chave da vitória e lança a partida seguinte, agendada para sexta-feira, às 19h00, no Dragão Arena: "Quando se defende bem, também no ataque as coisas são mais tranquilas. Temos de estar focados para sexta-feira, encararmos isto como um 0-0 e ganharmos o segundo jogo."

2. Em vantagem na eliminatória
Em novo jogo de grande intensidade, o Benfica ganhou, por 4-2, frente à Oliveirense, passando a liderar as meias-finais do Campeonato Nacional por 2-1 em vitórias. Nuno Resende elogia os jogadores e os adeptos: "A resposta do pavilhão e da equipa mostraram que encaramos a Oliveirense como um adversário de altíssimo nível. Fizemos um jogo de qualidade. Agora, é repousar e trabalhar para que nos apresentemos bem para mais um enorme desafio."

3. Contributo para as seleções
Bah foi titular na vitória da Dinamarca ante a Suécia, e Schjelderup estreou-se na seleção A norueguesa na partida com o Kosovo.

4. Europeu Sub-17
A Seleção Nacional Sub-17 sagrou-se vice-campeã europeia com a participação de quatro jogadores do Benfica: Diogo Ferreira, Duarte Soares, Eduardo Fernandes e Rui Silva.

5. Sétimo título consecutivo em análise
Fifó, futsalista do Benfica, falou à BTV sobre o heptacampeonato recentemente conquistado.

6. Em busca do pleno
A equipa feminina de polo aquático do Benfica, que na presente época se sagrou pentacampeã nacional e venceu a Supertaça, disputa, com o Fluvial Portuense, a final da Taça de Portugal no domingo, às 14h00, na Guarda."

FIFA e o papel da mulher no futebol


"As mulheres não podem ser tratadas ou vistas da mesma forma que os homens

O Último mês trouxe algumas boas notícias, provenientes da FIFA, no que diz respeito ao futebol feminino. Foram divulgadas as novas medidas de apoio à carreira das jogadoras e treinadoras, envolvendo temas tão sensíveis como o período de maternidade e o bem-estar das mulheres no desporto. Vieram reforçar e reconhecer as dimensões físicas, psicológicas e sociais que poderão impossibilitar jogadoras e atletas de se apresentarem ao trabalho devido a complicações na gravidez ou por menstruação intensa.
São temas que, por cá, pouco ou nada são abordados, mas que assumem uma importância vital para a jogadora ou treinadora. Diz a diretora executiva do futebol feminino da FIFA, Sarai Bareman, que esta nova regulamentação permitirá valorizar o lado pessoal das jogadoras. «Quando se trabalha no desporto, num contexto profissional, devemos ter em consideração que o ciclo menstrual poderá impactar a capacidade das profissionais, podendo trazer riscos para o seu emprego no clube e, consequentemente, a capacidade de ganhar dinheiro», sublinhando Bareman que as novas medidas entram já em vigor a partir deste mês de junho - inseridas no Regulamento sobre o Estatuto e Transferência de Jogadores - e são um complemento às introduzidas em 2020, quando foi apresentado o período mínimo de licença de maternidade de 14 semanas para as jogadoras, agora alargado para treinadoras, período que abrange agora também as situações de adoção.
Também em maio, a FIFA aprovou o calendário internacional feminino 2026-2029, que proporcionará às jogadoras mais oportunidades de descanso e repouso, encurtando de seis para cinco as datas internacionais, com o intuito de reduzir as interrupções das ligas nacionais e as deslocações ao serviço das seleções. Foi, igualmente, apresentada a primeira edição da Taça do Mundo Feminina de Clubes FIFA, que irá realizar-se em janeiro/fevereiro de 2026 com a participação de 16 equipas.
Tudo isto reflete a forma como os organismos competentes estão a adaptar-se ao rápido impacto que o futebol feminino tem provocado a nível desportivo e social, sentindo a necessidade de regular um desporto que apesar de ser o mesmo - futebol - tem especificidades que no masculino não se colocam. As mulheres não podem ser tratadas ou vistas da mesma forma que os homens; o desporto feminino necessita, por isso, dos seus próprios deveres e direitos. E por isso a FIFA tem feito regulamentos de forma a adaptar o treino, o descanso, a alimentação, a sobrecarga, no fundo adaptar o jogo à realidade da mulher.
Mas enquanto lá por fora se fazem estes avanços, por cá ainda nem um contrato coletivo de trabalho conseguimos alcançar. O que obriga um grande número de jogadoras a jogarem totalmente desprotegidas dos seus direitos."

Um jogador para 15 minutos


"A chamada de Pedro Neto à Seleção e algumas semelhanças com o caso de Éder em 2016

«Tenho de definir o que é que preciso de um avançado: se levo um jogador que em alguns momentos vai ser importante quando eu precisar de pôr gente na área, como era aqui com a Bulgária, para despejar mais a bola; ou se não vale a pena levar um jogador deste tipo e então levo outro tipo de avançado... Esta pergunta tenho feito a mim várias vezes e até maio vou decidir»
Fernando Santos, selecionador de Portugal, em março de 2016, sobre levar ou não Éder à fase final do Campeonato da Europa

O nome menos consensual da convocatória de Roberto Martínez para o Europeu é provavelmente o de Pedro Neto. Acho que parte disso é a falta de perceção do que pode fazer em campo – porque joga no Wolverhampton, que está longe de ser uma potência; por só ter feito três jogos na Liga Portuguesa, num total de 57 minutos, em 2017 e quando tinha 17 anos; ou por só ter seis internacionalizações, espalhadas por três anos e meio, e nunca ter estado numa fase final.
Mas quem vir com regularidade o Wolverhampton e o apanhe a jogar (o que nem sempre é fácil) perceberá que, não fossem as lesões, e seria há uns anos indiscutível na Seleção, mesmo que não no onze.
Só que também não podemos ignorar as lesões. Esta época fez apenas 24 jogos e não chegou aos 1800 minutos. Antes do anúncio da convocatória, tinha um jogo e 12 minutos nos dois meses anteriores. Dificilmente chegará ao Euro com 90 minutos nas pernas. Não faria sentido, então, chamar outro jogador?
Provavelmente, não. O outro jogador que fosse chamado (Ricardo Horta ou Pedro Gonçalves, por exemplo), realisticamente, faria quantos minutos no Europeu, com a fartura de opções que Martínez tem? Talvez 15? Bom, Pedro Neto tem 15 minutos nas pernas, até mais. E para jogar 15’ por jogo, é provável que acrescente mais, ou seja mais desequilibrador, que qualquer outra opção que o selecionador pudesse tomar.
Por motivos diferentes, a chamada faz lembrar a de Éder para o Euro-2016. Há oito anos escrevia, em março, que acreditava que Fernando Santos ia concluir que 15 minutos de Éder valeriam mais que 15 de Pizzi ou Varela, talvez melhores jogadores mas que não dariam nada de muito substancialmente diferente em relação a outros que tinham à frente, como Ronaldo, Nani, Quaresma ou Rafa. Ainda bem que assim foi."

Esta tem de ser a Seleção dos... Conquistadores


"Esta é mesmo a melhor geração de sempre do futebol português. Nunca a Seleção Nacional teve tanta qualidade em quantidade

Portugal ganha e recomenda-se. Depois de ter limpo a fase de grupos, a Seleção Nacional já aquece para o Euro 2024 e, com toda a naturalidade, somou mais uma vitória no primeiro de três jogos de preparação - o teste com a Croácia já será mais exigente, mas considero que falhou no calendário um embate com uma seleção de topo. Contra a Finlândia, mais uma vitória. Para não variar. É assim, com hábitos ganhadores, que começam as grandes conquistas.
No dia da conferência de imprensa do anúncio dos 26 convocados, e quando confrontado com o hábito bem português de dar uma alcunha à equipa de todos nós antes de uma grande competição, Roberto Martínez admitiu o nome de Sonhadores, mas não o subscreveu. «Gostava de estar mais perto, de controlar o sonho... Vou esperar para decidir», disse. Fez bem o selecionador. Portugal não tem Seleção para sonhar, tem Seleção para ganhar o Euro. E o cognome bem poderia ser... Conquistadores.
Considero que esta é mesmo a melhor geração de sempre do futebol português e desta equação só posso excluir os Magriços, já que não era nascido em 1966. Nunca a Seleção Nacional teve tanta qualidade em quantidade. A substituição de Otávio por Matheus Nunes é só um bom exemplo. Pessoalmente, até considero que Portugal ficou a ganhar, porque o jogador do Manchester City é diferente de todos os outros médios que o espanhol tinha chamado. Tem transporte de bola invulgar e é um jogador muito intenso e rotativo, o que dá sempre muito jeito, principalmente numa prova tão curta e disputada no final de épocas cada vez mais desgastantes.
Voltando a esta geração que parte à conquista da Alemanha, registe-se o facto de grande parte dos eleitos jogarem nos principais campeonatos europeus, o que desde logo lhes dá outro traquejo. De resto, quase todos estão habituados a ganhar. Muito. Época após época. Tanto que, por exemplo, apenas quatro ainda não tem no currículo um título de campeão nacional, seja em Portugal, Espanha, Inglagterra ou mesmo Arábia Saudita: Rui Patrício, Pedro Neto, Diogo Jota e Bruno Fernandes. O que mais do que curioso é um excelente indicador, até porque o primeiro foi só o titular na maior conquista de sempre do futebol português, o Euro 2016, e o último é para mim o melhor jogador português da atualidade..."

Dinâmicas, Bruno e Vitinha


"Grande diversidade de opções faz crescer responsabilidade da Seleção para o Euro

A caminhada começou. A Finlândia saiu melhor do que a encomenda, com dois golos que irão certamente obrigar Roberto Martínez a rever com os jogadores o momento da pressão sobre o portador e o posicionamento de uma linha defensiva em que a expetativa é que englobe poucas unidades e mantenha o distanciamento correto entre todas estas para que não se torne permeável. O sinal de alerta surge num setor já sido exposto pelo exagerar no risco por parte do próprio selecionador, mas a permeabilidade lembra jogos do passado recente, e deve ser desconstruída, a fim de que não se torne mais do que isso quando for realmente importante.
Numa partida sem grandes ideias ou fio condutor para lá do que Bruno Fernandes trouxe após o intervalo, não deixa de parecer crescer a responsabilidade de cada vez que se contam as opções para cada posição. Basta olhar para as laterais, por exemplo, onde antes havia lacunas. Nélson Semedo pode ser um defesa direito mais conservador ou uma adaptação à esquerda, Dalot e Cancelo medem-se pela profundidade que oferecem em cada uma das faixas – o do Man. United equilibrado entre abordagens defensiva e ofensiva, e o do Barcelona com capacidade de pisar terrenos mais próximos da baliza; o primeiro mais para uma ideia de construção, o segundo para superioridades numéricas e finalização – e Nuno Mendes, além da tendência natural para alargar a frente de ataque pela esquerda, também se mostrou preocupado em apanhar desprevenidos os rivais na grande área em momentos sem bola e em atrair por dentro, com Leão aberto para o 1x1. Opções válidas e até divergentes que dão dinâmicas específicas a quem não tem muito tempo para trabalhá-las em contexto Seleção. E estamos só a falar de uma função específica.
Além disso, há semanas que o futebol português olha com elevada expetativa para um eventual espaço no onze para Vitinha, o único português entretanto eleito para a equipa ideal da Liga dos Campeões. Roberto Martínez parece ter ouvido as preces ou sentido ele próprio essa necessidade, ao mesmo tempo que ainda tentou perceber como João Neves reagiria à primeira titularidade, se Francisco Conceição conseguiria ou não transportar a irreverência do Dragão para a equipa das quinas e como se apresentava fisicamente Diogo Jota. Os três deram respostas positivas, tal como o médio do PSG.
O espanhol tirou facilmente o elefante da sala e nem foi preciso puxar muito pelo cabedal. Manteve Palhinha, recuando-o para central, e entregou a batuta ao médio do PSG, com Neves ao lado. A decisão poderá ter antecipado uma decisão futura seja para o arranque – é preciso perceber se há continuidade, ou se foi experiência ou fruto das circunstâncias – ou no desenrolar do Euro, sobretudo perante equipas que vão naturalmente defender baixo.
O ensaio não deu para muito mais nem era naturalmente aquilo que se pretendia. Importante era apenas aquecer os motores, nem que seja porque a Croácia promete, já no sábado, fazer disparar o grau de exigência."

A profecia de Bocage sobre o Vitória de Setúbal


"Se fosse místico, haveria de jurar que Bocage previu a queda do Vitória de Setúbal no soneto 'Meu ser evaporei em lida insana'

Lembrei-me logo do Fernando Tomé quando li a notícia de que o Vitória Futebol Clube, de Setúbal, não vai participar na Liga 3, escalão ao qual foi promovido desportivamente, por impossibilidade de cumprir os requisitos, financeiros e outros, inerentes à competição. Há quatro anos, o Fernando Tomé ligou-me em choro convulsivo pela despromoção do Vitória da primeira divisão para o Campeonato de Portugal por falhar no cumprimento dos requisitos na inscrição da equipa na Liga.
O Fernando Tomé é o fiel depositário da história e da alma vitoriana, com a sapiência de um arquivista, colecionador de histórias e memórias. Ele que fez parte da melhor geração de futebolistas do Vitória (pelo meio, seis épocas a jogar no Sporting), com Jacinto João (JJ) à cabeça, não elencando mais ninguém para não cometer o pecado de ficar alguém de fora. Um clube com 77 presenças na primeira divisão, três taças de Portugal ganhas, uma Taça da Liga ou até uma Mini Copa do Mundo de 1970, na Venezuela, frente a Santos, Chelsea e Werder Bremen.
O Fernando Tomé é das melhores pessoas que conheci na vida. E ajudou-me muito profissionalmente, foram muitas dezenas de grandes histórias que contei no jornal A BOLA graças à memória prodigiosa ou arquivo imenso que foi juntando. E ainda hoje, o Tomé é um embaixador do Vitória, um poço de histórias que partilha nas redes sociais.

Choco frito na ementa do meu desassossego
Foi a partir de 1995 que comecei a ir a Setúbal como jornalista de A BOLA. Foram anos a chegar ao Bonfim e ser carinhosamente recebido pela dona Ester, onde bebia um café e comia um bolo enquanto ouvia as histórias do marido, o senhor Machado, que se empolgava quando contava como ele e muitos outros carregavam baldes de cimento ou tijolos para a construção do Estádio do Bonfim. Ir a Setúbal era também juntar o útil ao agradável, fazer o meu trabalho para A BOLA e render-me aos recantos da cidade e, acima de tudo, ao choco frito, ao carapau manteiga ou o buffet de peixe grelhado. E aprendi, aos poucos, a gostar muito do Vitória, clube de pescadores, de trabalhadores braçais, de gente para quem o Vitória sempre foi o orgulho maior da cidade. Como dizem os vitorianos, com sotaque carregado, «o Vitórria não é grrande, é enorrrme».
Não cabe neste texto elencar as razões para a queda do Vitória. Resultado de tiros nos pés de diversos presidentes, de um estado de quase guerra civil que boicotou direções, como a de Fernando Oliveira, o último presidente a garantir estabilidade e permanências consecutivas na Liga. Hoje fico pela revolta que sinto por ver assim este agora também meu Vitória.

A profecia de Bocage sobre o Vitória
Setúbal é também conhecido por um dos maiores vultos da literatura lusófona: o poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805). Inconformado, apetece-me declamar o Soneto do Membro Monstruoso. Mas contenho-me. Aliás, se fosse místico, poderia até jurar que o soneto
Meu Ser Evaporei na Lida Insanada era uma provisão da queda do Vitória:

Meu ser evaporei na luda insana
Do tropel de paixões, que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe a Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos. Deus, oh Deus!…

Quando a morte a luz me roube,
Ganhe num momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.

Tenho saudades do Vitória, que marcou a minha carreira e a minha vida. Não nasci vitoriano, aprendei a amar o Vitória. E sonho com o dia em que todos os vitorianos, e todas as forças vivas da região de Setúbal recriem o grito dado em 1910 por Joaquim Venâncio, Henrique Santos e Manuel Gregório: «A vitória será nossa»."