quinta-feira, 11 de abril de 2024

Outros tempos... em francês!

A vertigem da loucura!


"Não me tenho debruçado muito sobre o Benfica atual, contingências da vida e um maior desapego pelo futebol levaram-me a colocar um pouco de lado a escrita rudimentar pejada de erros e falhas mas com alguns laivos de brilhantismo tal e qual como sucede na vida de tudo e de todos, a uns mais a espaços a outros com maior frequência.
Pegando naquilo que me levou a esta escrita, a loucura que reveste todo o Benfiquista que se preze, dei por mim a avaliar a vertigem que tem sido estes últimos anos, como se conseguiu destruir uma hegemonia que não era aparente, mas sim consistente que apesar de não colhermos muitos frutos disso, permite a que nos últimos 11 anos o nosso principal rival da atualidade apenas tenha ganho 3 campeonatos contra 6 nossos e aparentemente 2 do Novo Banco (até ao lavar dos cestos é vindima portanto não se ponham já a deitar foguetes)…
Dentro desta vertigem tivemos diversa etapas, tumultos internos e um alinhar de agulhas concertado externo que ainda hoje em dia faz mossa, principalmente nesta era digital onde os influenceres tomaram as rédeas da comunicação e com isso moldam as opiniões a seu belo prazer.
Nestes 11 anos tivemos 4 treinadores campeões, todos com o mesmo ciclo…ilusão e paixão arrebatadora, rapidamente substituída por uma vontade férrea de destruição, ódio e perseguição.
Começamos com Jorge Jesus, o treinador mais titulado da nossa história, cujo projeto permitiu um recuperar da mística adormecida, o regresso do inferno da Luz e o regresso às finais europeias, se bem que da liga Europa, um regresso é um regresso, um treinador cujas falhas foram sempre escrutinadas ao pintelho, cujas táticas foram escalpelizadas ao pormenor cujos erros de português foram sempre colocados num pedestal superior à sua capacidade de treino e construção de equipas, destruído pelo próprio ego e pela massa adepta, saiu pela porta pequena para voltar mais tarde e ser completamente arrasado dia sim dia sim…sina de treinador mais titulado da nossa história…
Se fizemos isto a quem mais ganhou, como é que alguém que vence um mero campeonato é um taça da Liga pode estar a salvo do que quer que seja…
O seu substituto, Rui Vitória, antes de chegar era amado por ser um gentleman, bem falante, comedido, até visto como um treinador moderno…nada que não muda-se com uma assinatura num contrato com o clube de Eusébio, a partir desse momento, mesmo ganhando tudo, com momentos de brilhantismo, com momentos de sofrimento e de dar o corpo as balas ao maior ataque concertado da história do futebol nacional, saiu, também ele vergado a uma massa adepta que ignora os triunfos ao primeiro deslize ou mau resultado que trucida tudo e todos para ver algo que viram ninguém sabe muito bem onde, isto porque num ano o projeto certo é o do Ajax, no ano seguinte é o do Leipzig, a seguir o da Atalanta, depois o do Salzburg “and so on”…quais cata-ventos que apenas dão valor ao que não tem…
Vergado a resultados menos bons com o menor investimento da nossa história recente, e que mesmo assim só sucumbe com a lesão de Jonas e um pontapé milagroso de Herrera, é escorraçado como um cão, para o seu lugar…
LAGEBALL, o ídolo, o bem amado, o bem falante o prodígio lançador de miúdos , que devora um campeonato já entregue em bandeja aos azuis mas que mesmo nesse ano não escapa à fúria dos seus…dar 10-0 ao Nacional da Madeira…uma afronta ao futebol moderno…outra dessas é estás a treinar o Picheleira…
6 meses de Olimpo, para quase um ano de MerdaBall…perdoem a expressão, a destruição total por tudo e todos que não lhe perdoavam nada, o milagre estava lá atrás e nem as 5 batatas na Supertaca serviram para o que quer que seja…os treinadores da moda eram os Pepas ou os Amorins e companhias…Lage de bestial a besta o rumo normal…
O regresso do mal amado em ato de auto destruição abriu caminho a “Ir you love football, you love Benfica”…
6 meses de paixão ardente, 6 meses assim assim, um campeonato e uma Supertaça depois é “Herr Schmidt” já tem o mesmo destino dos seus antecessores traçado pelos de sempre, um beijo e um queijo, vai e não voltes…
É hora de quebrar este ciclo!!!
Isto não pode continuar, na base do Tetra estiveram 4 anos de sofrimento, 4 anos que deram origem a 4 anos a ganhar quase tudo, é preciso estabilidade e continuidade, não se pode mudar porque os adeptos não gostam e assobiam, porque os adeptos não gostam e assobiam sempre por dá cá aquela palha, se nem um treinador como Trappatonni escapou ao tribunal da Luz mesmo com o seu palmarés invejável, quanto mais qualquer outro…e quem vier sujeita-se ao mesmo ciclo, um ciclo que tem de ser quebrado de alguma forma para voltarmos a meter medos aos rivais que esfregam as mãos com a nossa instabilidade, eles que tanto contribuíram anos a fio para ela com todas as fantochadas que tem sido desmanteladas em tribunal julgamento após julgamento!
É hora de travar a loucura!
Roger Schmidt deve continuar ponto final e se os jogadores não gostam ponham-se nas Caldas da Rainha a apreciar loiça local!
Não está a salvo de escrutínio tem de fazer regressar o patamar exibicional daqueles 6 meses, mas há que apostar na continuidade."

Mourinho e o Benfica


"De tempos a tempos parece haver a necessidade de um acerto com o passado

«Sei que um dia voltarei a treinar o Benfica». Foi assim, de forma desabrida, no longínquo ano de 2001, que um jovem José Mourinho revelou a um ainda mais jovem repórter qual das estradas por onde caminharia novamente. Fê-lo numa daquelas conversas que seriam impossíveis nos tempos atuais: ele em pleno balneário no Estádio Municipal da Marinha Grande, onde o UD Leiria se treinava, eu de bloco e caneta em riste, sem quaisquer intermediários, cada um nas suas funções, onde a palavra e o respeito pelo que se podia dizer ou não dizer obedecia a acordos tácitos que são hoje difíceis de explicar a quem não está ser habituado ao contraditório saudável.
Aquela entrevista tinha um motivo: havia indícios claros de que o Benfica se tinha arrependido de o mandar embora uns meses antes e tentava emendar a decisão, pelo que quisemos perceber, em primeiro lugar, o que havia de concreto e, de seguida, qual seria a sua recetividade em voltar. Mesmo com a pouca experiência no terreno recordo-me de perceber, quase na hora, que aquelas palavras consubstanciavam uma espécie de fundo de poupança e que o seu futuro imediato não iria passar pelo regresso à cadeira onde se sentou pela primeira vez para dirigir uma equipa. Até porque durante a conversa também lhe perguntei se já tinha sido contactado pelo FC Porto, ao que me respondeu com não tão redondo quanto o seu sorriso. Há coisas que só se confirmam formalmente depois, mas que parecem já escritas nas nuvens.
A verdade é que logo no princípio da carreira José Mourinho mostrou estar muito à frente dos outros na forma como utilizava as palavras (e muito mais tarde, os silêncios). Era, em certa medida, um três em um: treinador, diretor desportivo (porque definia o perfil de jogadores a contratar) e diretor de comunicação, muito antes, sequer, de o termo surgir no léxico do futebol nacional.
Deixar janelas em aberto sempre foi uma das suas estratégias e mesmo quando surgiram convites como aquele que Luís Filipe Vieira lhe fez em 2019, encontrou uma forma de nunca beliscar nem dirigentes, nem adeptos, nem o clube. Mesmo que em bom português a justificação da recusa fosse um simples ‘Isso é pouco para mim’.
Cinco anos depois, eis que Benfica e José Mourinho voltam a entrar na mesma frase, mesmo que os verbos (ou os seus tempos verbais) variem consoante a hora do dia. É uma espécie de sebastianismo ao qual os encarnados parecem estar fadados, como se houvesse um acerto obrigatório com o destino.
Rui Costa (ele próprio um produto do programa Regressar) será sensível a isso e nenhum presidente de um clube português fecharia a porta à possibilidade de, pelo menos, estudar a possibilidade de contar com Mourinho, caso os astros assim o determinassem.
A questão de fundo, porém, não é de casos mal resolvidos no passado ou mesmo temas de ordem financeira: é que se porventura este cenário avançasse (estamos, apenas, no capítulo das hipóteses, mas o futebol é um campo cheio de possibilidades) era todo um futebol diferente que se poderia esperar dos encarnados, obrigando a outros perfis de jogadores. Seria, no fundo, a confirmação de uma gestão desportiva assente em golpes de asa. À boa maneira antiga. Às vezes resulta…"

Direitos televisivos: a força da lei nunca terá a força da vontade


"A centralização de direitos televisivos vai ser imposta, contra o interesse dos maiores

A centralização de direitos televisivos do futebol profissional em Portugal tem força de lei desde fevereiro de 2021, com aplicação obrigatória a partir da época 2028/2029 (por força de compromissos pré-estabelecidos unilateralmente pelos clubes que duram, alguns, até final da temporada anterior) e apresentação de um plano à Autoridade da Concorrência até junho de 2026. Dois anos antes, portanto, da entrada em vigor do decreto-lei e do que se acredita poder vir a constituir uma nova era no futebol português.
O assunto tem sido timidamente referido ao longo dos anos pelas instâncias que regulam o futebol nacional (com maior insistência por parte da Liga) e foi entretanto formada, ainda no final de 2021, a Liga Portugal Centralização, empresa encarregada de obter acordo entre todos os clubes profissionais e elaborar o caderno de encargos a entregar dentro de dois anos.
Entre 2021 e 2024, valha a verdade, poucas novidades tem havido sobre o tema. Anteontem, em entrevista ao ECO e à BTV, o responsável pela área financeira da SAD do Benfica (e representante da mesma na Liga Centralização) ajudou involuntariamente a explicar porquê: a centralização, no fundo, não interessa aos clubes hegemónicos, sobretudo ao que maiores receitas gera. «O Benfica vale mais sozinho do que integrado num processo de centralização», afirmou Luís Mendes, administrador executivo e 1.º vice-presidente da SAD, bem como vice-presidente do clube da Luz.
Do lado dos outros dois maiores clubes portugueses ninguém é tão taxativo — porque nenhum deles tem tanto valor de mercado, convenhamos —, mas parece claro que também não se sentiriam desconfortáveis se se mantivesse uma diferença de 1/15 de receitas TV entre o menos bem e o mais bem pago dos clubes, em vez dos 1/1,5 ou 1/2,5 que se verificam nas maiores (e centralizadas) ligas europeias.
Percebe-se a estratégia do Benfica? Claro que sim, do ponto de vista capitalista e mercantilista. É a que melhor serve o futebol português? Decididamente não. Portugal é o único país europeu, entre os que têm campeonatos relevantes, que ainda não centralizou os direitos de televisão.
As queixas sobre os problemas financeiros e a falta de competitividade da nossa Liga são recorrentes. Abrem-se bocas escandalizadas com a existência de ordenados em atraso ou com a não eficácia de regras de não inscrição de jogadores. E logo saltam exemplos de grandes ligas onde equipas perdem pontos por incumprimentos e sociedades ficam impedidas de registar novos contratos. Justamente: são ligas onde estão criadas condições de relativa igualdade de oportunidades, aumentando a justeza da aplicação de regras rigorosas. É uma espécie de princípio da proporcionalidade
Quando, em Portugal, chega a hora de encontrar uma solução, cada um prefere continuar a olhar para o próprio quintal. Nada de muito diferente (lá estou eu) do que se passa na sociedade, onde a distribuição equitativa de riqueza não é propriamente imagem de marca e dificilmente se verá, da parte dos mais ricos, vontade de mudar muito o estado das coisas.
A centralização de direitos televisivos vai avançar porque um Governo assim o determinou. Mas a força de uma lei nunca terá a mesma força de uma vontade."

‘Sprint’ de Telma


"Não deixa de ser curioso que para alguém que tem tido uma carreira desportiva que é uma maratona, de sucesso, esta parte final acabe por ser um 'sprint'.

Quando, há cerca de um semana, saiu a convocatória da federação de judo da Seleção para o Campeonato da Europa de Zagreb, entre 25 e 28 de abril, e entre os 16 nomes encontrava-se o de Telma Monteiro, as notícias e expectativas não podiam ser melhores.
Ainda que seja preciso confirmar a presença na Croácia, tal só podia significar que, depois de ter sido operada a uma rotura do ligamento cruzado do joelho esquerdo e os consequentes seis meses de ausência, a judoca do Benfica está pronta para iniciar a corrida final a que está obrigada para concretizar aquele que será um dos seus últimos grandes objetivos, como atleta: competir nos Jogos de Paris-2024. E digo um dos últimos porque o último deve ser mesmo acabar medalhada. Se for de ouro ainda melhor. Não seria igual a ela própria se não pensar assim, esteja em que condições estiver.
Serão, aos 38 anos, os seus sextos Jogos, algo que nunca ninguém conseguiu no judo desde que a modalidade se tornou olímpica em Tóquio-1964 e fixou-se definitivamente em Munique-1972.
Não deixa de ser curioso que para alguém que tem tido uma carreira desportiva que é uma maratona, de sucesso, esta parte final acabe por ser um sprint — faltam quatro provas de qualificação - para pontuar e se manter nos lugares de apuramento no ranking olímpico da federação internacional.
Mas, para alguém como Telma Monteiro, esse será apenas mais um obstáculo que, certamente, a tem motivado depois de já ter sido obrigada a uma recuperação do joelho, tentando não perder qualidades de treino técnico e físico, para se manter em tal desafio. Afinal, já lhe aconteceu algo semelhante na caminhada para os Jogos do Rio-2016, ainda que nessa altura estivesse bastantes posições mais acima no ranking. Tirando na estreia em Atenas-2004, aos 18 anos, pela primeira vez chegou aos Jogos sem ser cabeça de série devido a outra operação ao joelho que só ela saberá como lhe saiu da pele estar pronta a tempo. E no Brasil acabou medalhada de bronze.
Coincidentemente este regresso à competição acontecerá num Europeu, evento no qual, em novembro, sofreu a grave lesão em Montpellier que quase lhe matara o sonho, mas também numa das provas onde mais vezes terá deixado a marca da excelência ao conquistar seis títulos num total de 15 pódios (6+2+7) em 16 participações. A que há a ainda a juntar uma prata, em 2019, em equipas mistas. Será a 18.ª presença num Euro, um recorde que tão cedo ninguém da Seleção poderá bater e isto sem colocar o peso das medalhas que estão associadas.
Um mês mais tarde será o Mundial de Abu Dhabi, campeonato no qual tem mais cinco pódios (0+5+1) e jogará a cartada final para garantir o visto olímpico e também aí deverá ser a última participação.
Independentemente da concretização do objetivo final, Telma não é apenas uma dos maiores atletas de Portugal do início do século XXI mas da história do País, mantendo-se no top da modalidade há mais de 20 anos. Chegar depois de tudo a Paris-2024 será por si uma vitória, mas se não acontecer figurará apenas uma nota de rodapé da carreira."

O custo do TAD


"Quem perde no TAD uma ação suporta cerca de seis mil euros de custas

A Portaria n.º 301/2015, de 22 de setembro, fixa as custas da arbitragem necessária junto do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD). Ou seja, fixa o valor que a parte tem de suportar para aceder ao TAD, ou para se defender no âmbito de um processo no qual seja demandada, tendo por base o valor da ação.
Mas, em concreto, que valores de taxa de arbitragem e de custas processuais estamos a falar?
Recordemos, antes de mais, que o recurso ao TAD não é uma opção para que pretende dirimir litígios do foro desportivo - é uma obrigatoriedade, imposta por lei, no âmbito da chamada «arbitragem necessária».
Naturalmente, o acesso ao TAD, assim como o acesso a qualquer outro tribunal, não é gratuito.
Anteriormente, intentar ou contestar uma ação nos Tribunais Administrativos implicava o pagamento de uma taxa de justiça a rondar os €600 (na maior parte dos casos, atendendo ao facto de aos litígios ser dado um valor indeterminável). Atualmente, e de acordo com a Portaria a que acima aludimos, a tabela prevê um valor de €900 para uma ação com o mesmo valor indeterminável. Se for necessário deduzir um pedido de decretamento de providência cautelar - até porque a entrada da ação arbitral não tem efeito suspensivo - acrescem mais €450 aos €900 já referidos - €1350. O mesmo para a parte que se defende.
Quem perde, no TAD, uma ação deste género, suporta cerca de seis mil euros de custas. Nos tribunais administrativos tal não acontece.
A justiça desportiva é, objetivamente, cara, o que pode dissuadir aqueles com parcos meios financeiros (por exemplo, atletas amadores ou clubes de pequena dimensão) de fazer valer os seus direitos junto do Tribunal - sendo certo que o apoio judiciário, infelizmente, não dá resposta a todos os casos."