quarta-feira, 3 de abril de 2024

Vermelhão: Muito injusto...

Benfica 2 - 2 Sporting


Eliminação no melhor jogo da época, com muita agressividade, muita atitude, muito suor, onde fomos traídos pela ineficácia ofensiva... e mais uma vez, pelos apitadeiros!

Numa eliminatória de dois jogos, com 4 partes, só fomos inferiores nos primeiros 45 minutos do 1.º jogo; onde marcámos mais dois golos legais posteriormente anulados (Di Maria, 1.º jogo, e Rafa hoje, quando a passe de Hjmuland foi-lhe assinalado fora-de-jogo... com o apito a ser soprado antes da bola ter entrado na baliza, para impedir a intervenção do VAR!) e ainda ficou um penalty descarado por marcar sobre o Rafa! Com a expulsão do Inácio perdoada pelo meio, quando derrubou o Casper, quando este ficaria isolado, só com o guarda-redes pela frente!!!

O Benfica não está a fazer uma grande época, a equipa tem problemas de base evidentes, mas mesmo assim, não temos sido inferiores aos nossos adversários (a exceção foi o jogo do Dragay....), mas ao jogar 'menos', a margem de 'erro' é suficientemente pequena, para os resultados serem influenciados pelos árbitros!


Hoje, conseguimos pressionar, com o Tino, o Neves, o Bah e o Aursnes, a anteciparem-se muitas vezes, a arriscarem... Conseguimos impedir na maior parte do tempo, as mudanças de flanco do Sporting, e ofensivamente tivemos melhor critério. Continuamos a ter alguns problemas, mas a linha defensiva do Sporting, sem bola, abre buracos nas costas, e soubemos aproveitar... Além disso, a nossa pressão alta com o Casper, é muito mais eficaz! Pena as recuperações altas, não terem dado em golo... Repito as nossas deficiências não desapareceram, mas com esta atitude, soubemos disfarçar!

Um reparo: continuamos a desguarnecer o 2.º poste nos Cantos defensivos!

Mesmo assim, foi preciso o Neres ir duas vezes à Direita, para o Benfica marcar! Sofremos golos completamente contra corrente, mas a equipa não desaminou... o Estádio no 2.º golo ficou abatido, mas os jogadores continuaram a acreditar!

Tino foi um gigante! Ler e ouvir criticas ao Tino fazem doer as entranhas! Tem demonstrado que os jogos que passou pelo banco foram totalmente injustificados! E provou mais uma vez, que a não convocação para a Seleção Nacional é crime!!! Mas hoje, ninguém jogou mal... Talvez, o Neres na esquerda onde se sente menos à vontade, terá sido a exibição menos boa... mas quando apareceu noutras zonas, foi decisivo!


O ambiente na Luz foi também o melhor da época, a equipa no final foi aplaudida, e espero que os níveis de confiança, não sejam afetados para o jogo de Sábado. Na partida do campeonato, as dinâmicas vão ser diferentes, o Amorim vai mudar a equipa, provavelmente o Morita e o Edwards(ou o Pote) serão titulares, no Benfica pouco mudará... e o jogo de hoje, vai deixar marcas físicas, mas espero níveis de agressividade iguais! E nem o 'medo' do Soares Dias no apito poderá mudar a mentalidade!

Já falei do Pinheiro, que aparentemente já entendeu o 'segredo' para ter uma carreira descansada: não marcar nada a favor do Benfica! É curioso perceber toda a polémica que houve no início da época, com o Godinho na Supertaça e com o Pinheiro na Luz com os Corruptos, e com as boas decisões que tomaram, que acabaram por beneficiar o Benfica... Aprenderam a lição, nunca mais vão cometer o mesmo erro!!!
Hoje, perdi a conta aos Livres nos últimos 30 metros que não marcou a favor do Benfica! Foi ostensivo na forma como 'marcou' o Di Maria, chegando a marcar falta ao Angel, quando este era derrubado!
No penalty, é o Coates que estica a perna, invadido a linha de corrida do Rafa... tem a perna na relva no momento do contacto, mas o Rafa não dá qualquer passada lateral, como é habitual em muitas ocasiões! O facto do Macron ter sido nomeado para VAR só por si é escandaloso (depois do que se passou no início da época, em Rio Maior, se tivessem um pouquinho de vergonha, nunca mais seria nomeado para um jogo do Sporting)... o facto do 4.º árbitro, ter sido o Verdíssimo depois do que se passou no 1.º jogo, foi só gozar o prato!!!
No golo anulado ao Rafa, o toque para é feito pelo Hjmuland, o Di Maria não toca na bola...
Existe outro lance sobre o Tengstedt na área, onde apesar de aparentemente não existir repetição com um ângulo 'fechado' fica a ideia que existe toque nas pernas do Casper, quando Coates dá um saltinho!
O Vermelho ao Inácio é evidente, o Coates está atrás do Casper... só não seria Vermelho, se tivesse sido penalty!
Já nos descontos, o António foi empurrado pelo Inácio, no Estádio não me pareceu falta, mas na televisão a falta é evidente: os dois braços nas costas, só com o Toni a tocar na bola...

O Benfica pode despedir o treinador, pode eleger uma Direção nova, pode trocar o plantel todo, pode comprar os jogadores do City ou do Madrid, enquanto continuar a ser bom para a carreira dos apitadeiros roubar o Benfica, nada vai mudar... e vamos continuar a falhar títulos! O Pintinho está a dar as últimas, mesmo se ganhar as eleições não vai durar muito mais tempo, mas o Luís André é igual... e a Lagartada aproveitou a boleia do Bruno de Carvalho e no futebol e nas modalidades, encheu os Conselhos de Arbitragem e de Disciplina de militantes fanáticos, que roubam o Benfica institivamente, nem sequer precisam de ser comprados!!!

Empatas!

Benfica 1 - 1 Sporting
Melro


Numa partida sem grande interesse competitivo, voltámos a não vencer, num jogo onde até fomos melhores, mas mais uma vez sofremos um golo às 'tabelas'!

Só agora?!

A sério!

Muitos olham mas poucos vêem


"Neste episódio de "Por águas nunca dantes navegadas" pretendo falar e prestar homenagem a um grupo de jovens guerreiros que me habituei a respeitar e a admirar. São o símbolo vivo da raça e garra lusitana. Cada um deles, individualmente e em grupo, merecem a nossa homenagem. Incluo também e por mérito nesta menção, toda a estrutura federativa o seu Presidente Miguel Laranjeiro, e tão importantes, os clubes. O FC Porto, o Sporting, o Benfica, o ABC, o Francisco de Holanda, o Belenenses o Vitória de Setubal, só para dar alguns exemplos e todos e tantos que contribuíram e contribuem para este percurso tão extraordinário desta modalidade. Falo do Andebol e da nossa selecção nacional masculina presente no recente torneio pré-Olímpico de qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris 2024!
Importa também e com inteira justiça referir um homem que neste grupo e caso de sucesso, revolucionou o Andebol em Portugal. Paulo Jorge Pereira, formado pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, estudioso do jogo, um líder com capacidades inatas. Conseguiu as classificações históricas no Campeonato da Europa 2020 (6º), Campeonato do Mundo 2021 (10º), classificando Portugal para os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Todos nos habituamos a ver os feitos destes rapazes, louvores, homenagens, prestações memoráveis, momentos épicos. Quem não se lembra do golo do Capitão Rui Silva no último segundo com a França que possibilitou a ida aos Jogos Olímpicos de Tóquio? Vivíamos a ressaca de um grande Mundial e o país preparava-se para jogar um torneio pré-Olímpico decisivo valendo um lugar em Tóquio 2020. Vitória frente à Tunísia, derrota contra a Croácia. Tudo por decidir em França. A resposta dos jogadores foi perfeita: vitória por 29-28 graças a intervenções decisivas do guarda redes, Gustavo Capdeville, seis golos do ponta António Areia... e a jogada mais épica da história do Andebol português: intercepção do capitão Rui Silva na defesa, roubo de bola, contra-ataque perfeito e golo a cinco segundos do final! Precisamente num país extraordinariamente focado em resultados, esquecemo-nos rapidamente do trajecto destes bravos, porque muitos olham mas poucos vêem!
Recentemente envolvidos no torneio de qualificação pré-Olímpica para os Jogos Olímpicos de Paris, com os colossos Noruega, Hungria e Tunísia, bateram-se de igual para igual, e de uma forma especialmente consistente estiveram presentes no momento da decisão. Conseguir chegar a esta fase decisiva que nos deveria encher a todos de orgulho é por si só já um feito. No entanto, o que lemos e ouvimos da parte dos muitos que olham? "Selecção de Andebol FALHA qualificação..., Selecção de Andebol CAI na qualificação..., Selecção de Andebol AFASTADA do acesso aos Jogos Olímpicos, Selecção nacional ESBARRA…" e por aí fora… Já todos nós ouvimos seguramente falar do copo meio cheio ou meio vazio e nós somos um povo que culturalmente e por tendência vê o copo quase sempre meio vazio. E, apesar de estarmos a crescer no panorama desportivo internacional, temos a obstinação quase que compulsiva de querermos sempre a coroa, a medalha o Olímpo!. Porque essencialmente e mais uma vez muitos olham e poucos vêem!
Para contextualizar, esta é uma geração de ouro do Andebol nacional. 5º lugar no Campeonato europeu sub 20, 9º lugar no Campeonato do Mundo sub 21. No Campeonato da Europa 6º lugar em 2020, 10º em 2021, 7º em 2024 e no Campeonato do Mundo 10º em 2021, 13º em 2023, 7º em 2024 um percurso de elite, dos melhores entre os melhores, de consistência e trabalho estruturado, de planeamento!
Recordo que somos um país em que ainda hoje se debate ou não, a necessidade de um plano estratégico para o desporto nacional. Um país em que raramente se vê a intervenção da sociedade civil a debater os grandes temas do desporto, um pais em que a solução de todas as panaceias é o dinheiro, e a falta de financiamento a razão para todos os problemas, um pais em que a inactividade fisica ronda os 74%. Somos um país em que muitos dos que olham querem resultados de topo, em contraponto com aqueles, poucos, que vêm a imperiosa necessidade de um alinhamento estratégico para o desporto nacional, englobando a actividade fisica, o desporto escolar, o desporto de competição, o alto rendimento e, junto com a sociedade civil, a criação de uma visão e missão para o desporto nacional, para aumentar a cultura desportiva e despertar a nação.
Conheço de perto a simpatia e a força que transpira este grupo e a valia destes infantes. São daquele tipo de mais quebrar do que torcer, com amizade excelência e respeito, são uma equipa e funcionam como uma equipa. Vale a pena recordar o nome de cada um e prestar-lhes esta singela homenagem: Humberto Gomes, Gustavo Capdeville, Diogo Branquinho, António Areia, Pedro Portela, Alexandre Cavalcanti, André Gomes, Fábio Magalhães, João Ferraz, Miguel Martins, Rui Silva, Alexis Borges, Daymaro Salina, Luís Frade, Victor Iturriza, Manuel Gaspar, Leonel Fernandes, Diogo Rêma, Gilberto Duarte, Gonçalo Vieira, Martim Costa, Salvador Salvador, Francisco Costa e Joaquim Nazaré, a todos MUITO OBRIGADO! Uma mensagem final que explica a tenacidade e querer destes bravos, nas palavras do ponta Diogo Branquinho disse após este torneio pré olímpico "foi duro mas não apaga o que fizemos, havemos de voltar". E estaremos todos confiantes que sim porque, tão importante como o resultado, interessa o percurso. E que seja em Los Angeles 2028 para que aí, com uma população portuguesa inteira a apoiar, todos estejamos a olhar e todos a ver!"

Chegar à final


"Benfica e Sporting jogam nesta noite na Luz (20h30) a 2.ª mão da meia-final da Taça de Portugal. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Lutar pelo apuramento
Roger Schmidt salienta o caráter decisivo da partida: "Estamos com um golo de desvantagem e temos 90 minutos para jogar bom futebol e dar a volta. Temos muita motivação para chegar à final da Taça, já o mostrámos nas rondas anteriores. Agora, cabe-nos aproveitar o nosso estádio para fazer um jogo de topo."

2. Apoie a Fundação Benfica
Ao consignar parte do IRS à Fundação Benfica (NIF: 509 259740) está a ajudar, sem custos, quem mais precisa.

3. Na frente da meia-final
O Benfica ganhou, por 1-0, frente ao Sporting na 1.ª mão da meia-final da Taça de Portugal de futebol no feminino.
Filipa Patão elogia a equipa num contexto difícil no que respeita ao calendário competitivo: "Estou orgulhosa das nossas jogadoras pelo que fizeram, e pela capacidade que tiveram de continuar a jogar à Benfica, independentemente do desgaste."

4. Equipa B
O Benfica B empatou com o Académico de Viseu (1-1) no Benfica Campus.

5. Outro dérbi
É às 15h00 que as equipas Sub-23 de Benfica e Sporting se encontram no Benfica Campus em mais uma jornada da fase de apuramento do campeão da Liga Revelação.

6. Em bom plano
Lucas Ordoñez, autor de dois golos, esteve em evidência na final da Taça das Nações de hóquei em patins, na qual a Argentina foi superior a Portugal.

7. Corrida Benfica António Leitão
A 16.ª edição é já no próximo fim de semana. Ana Oliveira revela todos os pormenores.

8. Benfica 1 Minuto
A atividade benfiquista dos últimos dias em 60 segundos.

9. Casas do Benfica
Eis as embaixadas do benfiquismo que celebraram o aniversário durante março passado."

Só há um Porto


"Pinto da Costa e Villas-Boas, com mais ou menos regionalismo, com mais ou menos hostilidade nas palavras, validam comportamentos como aqueles a que nos habituámos a assistir

Somos todos guiados por manipuladores racionais. De pouco importa se estamos dispostos a admitir que somos os fiéis recipientes e tradutores da propaganda que nos vai sendo entregue. Será assim ao longo das nossas vidas e será especialmente o caso durante uma campanha eleitoral, como aquela que neste momento opõe Pinto da Costa a André Villas-Boas.
De um lado, uma ideia de continuidade tornada combativa através da aversão ao aventureirismo dos oportunistas que agem segundo interesses ocultos e apostam no insucesso da organização à qual se candidatam. Do lado oposto, as ideias novas, saídas de um molde não demasiado distinto, por forma a garantir legitimidade para a sucessão no trono.
A primeira candidatura, do incumbente, fala em «defender o Futebol Clube do Porto», uma narrativa típica que estabelece a necessidade de proteção face aos ataques: dos adeptos portistas que pretendem o poder a qualquer custo, ou dos outros clubes, face aos quais o FC Porto sempre se constituiu numa lógica adversarial de grande hostilidade, articulada nos últimos anos no slogan «contra tudo e contra todos». A segunda candidatura opta pela tradição agregadora. Prefere comunicar união, ideais comuns, uma espécie de kumbaya regional. É aqui que a coisa se torna interessante. Não tendo interesse na vitória de um ou de outro candidato, ando há semanas a pensar no timing involuntário do slogan de André Villas-Boas: «Só há um Porto.» A realidade com que me vou deparando, semana após semana, a cada rodinha que cerca os árbitros para arrancar três pontos à força, obriga-me a falar do assunto.
Eu concordo com o slogan de André Villas-Boas, mas não pelas mesmas razões que levará um portista a votar nesta candidatura. Aliás, o slogan mostra-nos que os dois candidatos à presidência do FC Porto estão muito mais próximos do que afastados, por força da história. A tese é relativamente fácil de explicar. Sim, nos dias que correm só há de facto um Porto. É aquele que se cristalizou ao longo de décadas no espaço público por via da intimidação e da violência física ou verbal, e que nenhum dos candidatos rejeitou até hoje. Antes pelo contrário, cada um, à sua maneira, com mais ou menos regionalismo à mistura, com mais ou menos hostilidade nas palavras, valida comportamentos como aqueles a que nos habituámos a assistir. De Pinto da Costa não esperaria outra coisa, mas aqueles que nesta eleição representam a suposta mudança tinham aqui uma oportunidade. Ora, à hora em que escrevo este texto, está por descobrir uma reação de André Villas-Boas a condenar a cultura de ódio e permanente hostilidade que caracteriza os protagonistas do seu clube, exceto, note-se, quando essa mesma cultura o teve a ele como alvo. Os atos de que André Villas-Boas ou os seus apoiantes foram vítimas nos últimos meses, no Porto ou naquela lamentável assembleia geral, são absolutamente execráveis, do pior que já vi no futebol em Portugal. Mas o clube que foi berço para essa cultura é o mesmo a que André Villas-Boas se candidata hoje. Nas suas demais intervenções, perante múltiplos outros comportamentos nascidos da mesma semente, André Villas-Boas tem as mesmas palavras de sempre sobre erros de arbitragem que sonegaram pontos ao FC Porto, reconhecendo que não foi só isso, mas tirando muito ligeiramente o pé do acelerador da negação. O problema é dos outros e, pelo caminho, fica a ideia de que há uma violência má e uma violência socialmente aceitável.
É complicado fazer campanhas eleitorais. Há mais matemática envolvida na coisa do que parece a quem vê de fora. E a matemática é que manda. Olhe-se para os diferentes segmentos de eleitorado no FC Porto e será difícil chegar a outra conclusão: não existe margem suficiente na população eleitoral do clube para alguém ser outra coisa fundamentalmente distinta de Pinto da Costa. Nenhuma maioria de votantes estará disposta a comprar esse produto, até porque, em 42 anos, está por demonstrar que algum outro produto tenha garantido sucesso ao clube. Esta arena eleitoral convoca muito mais pontos de paridade do que pontos de diferenciação. Os portistas nunca conheceram outra forma de ganhar que não a de Pinto da Costa, com tudo o que teve de destrutivo para a credibilidade do futebol em Portugal. Quem se quiser diferenciar disso deve pensar muito bem e fazer as contas. No final de contas, como dizia o outro, evitará. Tem família.
Ainda assim, a campanha profissional montada por André Villas-Boas tem de mostrar um propósito nestas eleições e representar alguma espécie de diferença, daí passar tanto tempo a discutir a sustentabilidade financeira, a competência das primeiras linhas atuais do clube, e o que mais houver à mão de chão firme para estabelecer que André Villas-Boas representa uma nova geração de ideias, com fórmulas e métodos à prova de bala que darão mundo ao clube, e Pinto da Costa representa uma solução caduca sem grande urbanidade. Mas, em relação ao fundamental da cultura que vimos representada há poucos dias frente ao Estoril, nem uma palavra. No essencial, é preciso mudar, mas está tudo bem exatamente como está.
Eu percebo. Um candidato à presidência deste FC Porto sabe que não pode hostilizar os consócios que reconhecem validade à postura demonstrada semanalmente por treinadores, por dirigentes e pelos jogadores de cada vez que a equipa dá por si em desvantagem. Há muito que a propaganda convenceu os adeptos de que é assim que os jogos começam a ser ganhos. A matemática eleitoral mandará sempre: qualquer candidato tem de manter capital intacto junto de pessoas genuinamente convencidas de que os 23 pontos perdidos no campeonato não se devem à pobreza do futebol apresentado. Começa aí a validação de tudo o que vem depois e nada tem a ver com futebol. Depois admirem-se quando as pessoas acham que só existe este Porto e mais nenhum."

A dificuldade em controlar emoções


"Só quem nunca viveu de perto o fenómeno é que não percebe a imensidão de emoções dos treinadores de topo durante um jogo

Ouvi com atenção as palavras de Rúben Amorim na antevisão ao dérbi de esta noite na Luz. Como sempre, o treinador do Sporting sabe o que diz e como diz. Tem discurso fácil e credível. Não é à toa que o seu posicionamento público é elogiado por quase todos aqueles que acompanham o fenómeno de perto.
A dado momento e a propósito das reações mais acaloradas de alguns técnicos (em relação às arbitragens), Rúben disse: «Fazemos todos o mesmo. Todos se queixam, todos têm certos comportamentos, faz parte do jogo, podíamos ser melhores, mas envolve tanta coisa, é tão importante que às vezes perdemos um bocado a noção».
Tem razão. Só quem nunca viveu de perto o fenómeno é que não percebe a imensidão de emoções que os treinadores de topo experienciam durante um jogo de futebol. Eles têm, de facto, uma função muito, muito desgastante, sobretudo a esse nível, onde o seu futuro está tantas vezes ligado ao sucesso do jogo que se segue.
Mas o que o técnico lisboeta não disse (nem tinha que dizer) é que do outro lado da barricada a pressão é igual ou maior. E a esses, aos árbitros, não é permitido perder um bocado a noção. Quem arbitra está sempre a ouvir o que não quer. Está sempre a ser assobiado, insultado e atingido com tudo e mais alguma coisa, mas nunca pode desabafar, soltar um impropério ou dar resposta à letra a quem os trata com desrespeito.
Ou seja, os mais amadores, aqueles a quem cabe a função mais exigente e solitária do jogo, estão condenados ao eterno come e cala. Todos os outros não. A esses o desabafo proibido é, digamos, compreensível. No futebol, há uns que são mais humanos do que outros e essa é que é a verdade, por muito que achem que a tirada é corporativista (não é).
Querem um exemplo? Aqui há uns anos, um árbitro (por sinal, um dos melhores que já vi arbitrar em Portugal) teve um momento de descuido, em que disse o que não devia a um jogador de futebol. Resultado? Foi crucificado em praça pública, alvo de ameaças durante semanas e castigado com três jogos de suspensão. Na verdade, o crime que cometeu uma única vez numa carreira de décadas foi exatamente igual àquele que jogadores, treinadores, delegados e diretores cometem vezes sem conta num único jogo.
Sejamos sinceros: quantas vezes é que qualquer um deles é ou foi sancionado com três jogos de castigo (?) por proferir palavras inapropriadas? E sim, eu sei a diferença: a um árbitro exige-se o dever especial de recato e contenção. A função tem responsabilidades acrescidas que pressupõem outros cuidados, mas em última instância estamos a falar de pessoas que coabitam no mesmo espaço físico e que estão sujeitas a pressões inenarráveis.
Há ainda outro pormenor sobre o qual convém refletir e que tem a ver com regra e exceção. Todos nós já nos excedemos em situações difíceis, dizendo ou fazendo coisas que não nos definem. Coisas das quais nos arrependemos logo de seguida. Eu já. Mas o desvario só passa a ser problema quando a escorregadela pontual passa a prática habitual. Quando a raridade torna-se frequente.
O futebol de primeira água, que é seguido por milhões, o tal que é referência para tantos jovens aspirantes ao sucesso, acarreta grandes responsabilidades. O saber estar é uma das mais importantes.
Ao nível mais alto, o que se espera e exige é educação, elevação e respeito. O que se espera e exige é que aqueles que têm perfil mais intempestivo aprendam com os erros e passem a adotar condutas diferenciadas.
Quando um mau resultado ou uma (alegada) má arbitragem continuam a abrir portas à má-educação, insulto e calúnia constantes, percebe-se que há ainda um longo caminho a percorrer para ensinar quem teima em não mudar. É isso ou então afastar quem reiteradamente dá provas de não ter equilíbrio emocional.
O dano que causam à imagem da indústria é bem mais irreparável do que qualquer penálti mal assinalado."

Um ego do tamanho do mundo para quem nunca marcou um golo


"Posadas, que jogou mo Estudiantes, defendia a teoria de que os extraterrestres eram camaradas comunistas.

Dizia-se pelos corredores do Kremlin que Estaline tinha um tal ódio por Liev Davidovich Bronstein que reservara três andares da Praça Lubianka, sede do KGB, para recolher todo o material possível contra o seu figadal inimigo que ficou para a posteridade com o nome de Leon Trótski. Tendo ambos combatido pela sucessão de Lenine, Trótski acabou depurado, como os membros do PCUS (Partido Comunista da União Soviética) gostavam de dizer, obrigado a exilar-se no México, onde nem aí fugiu à saga persecutória do seu inimigo Josef Vissariónovitch Stalin e se viu assassinado por uma besta de 128 patas, Ramón Mercader, que lhe enfiou à falsa fé o bico de uma picareta no alto do cocuruto, no local de Coyoacán, arredores da cidade do México. Tróstky ainda teve tempo para suplicar que não condenassem o animal à morte, gritando: Safou-se. Jaime Ramón Mercader del Río Hernández, também conhecido pelos nomes de Jacques Monard ou Frank Jacson, acabaria por regressar à União Soviética e ser condecorado como Herói do Povo. Nestas coisas não há tergiversações: cada um tem os heróis que merece e ponto final.
Quando a picareta do pulha atingiu o crânio de Liev Davidovich Bronstein, já um argentino, Homero Rómulo Cristalli Frasnelli, que preferia utilizar o pseudónimo de J.Posadas ou «Não o matem! Esse homem tem uma história para contar!». Juan Posadas, tinha 38 anos e passara como um furacão pela equipa do Estudiantes de La Plata durante os anos 20. Era um fulano que conhecera bem a fome e podia, até tratá-la por irmã, tantas tinham sido as fases da sua vida em que viveram sob o mesmo teto, até mesmo quando o teto era o céu e ambos dormiam nas ruas de La Plata, sobretudo nas calles do Barrio de Matera, a zona onde se juntavam os imigrantes italianos como ele e cujo nome de família não enganava ninguém. Não se sabe grande coisa sobre os irmãos Frasnelli, que eram pelo menos nove, e os mais novos se dedicavam a engraxar os sapatos dos senhores mais endinheirados, andando descalços de um lado para o outro com uma caixa de madeira às costas com graxa e escovas lá dentro.
Juan Posadas, como ficou conhecido no mundo do futebol, era um jogador habilidoso mas sem físico para um confronto onde valia tudo, até pontapear os adversários desde que fosse das amígdalas para baixo. Ou seja, um universo não muito aconselhado a um garoto famélico que, por causa da sua debilidade mal nutrida, terá talvez falhado uma grande carreira mas, por outro lado, lhe deixou tempo de sobra para pensar nas injustiças que se acumulavam sob a vontade de um Deus omnipotente que havia feito o homem à sua imagem e semelhança, ou pelo menos assim o ensinaram as suas avós extremamente católicas.
A sua primeira ação, que o aproximou do pensamento comunista, deu-se em Córdoba onde organizou uma união de sapateiros e de trabalhadores das fábricas de curtumes. Juntou-se ao Partido de la Revolución Socialista, que durou pouco tempo, e em 1947, na companhia do seu camarada Dante Minazoli, fundou o Grupo Cuarta Internacional, com forte influência das ideias trotstkistas. Mas não se ficou por aí aquele cérebro que absorvia informações como uma esponja. Ao ler a descrição feita por Julius Obsequens, um romano que terá vivido em meados do quarto século antes de Cristo, sobre testemunhas que se entretinham a observar tudo de estranho que se passava no céu, desde auroras boreais a cometas a outros fenómenos sem explicação, material que ficou reunido num volume que levou o título de De Prodigiis Liber, avançou para uma linha de pensamento próprio, o Posadismo, que defendia, à partida, que uma III Grande Guerra era não apenas desejável como até inevitável para que, no final, se criassem condições para o estabelecimento de Estados de Trabalhadores. Em 1968, depois de se ter visto expulso de Cuba, onde quis criar um movimento popular para a ocupação da base americana de Guantánamo, a sua filosofia tornou-se mais confusa. Publicou um opúsculo – Flying Saucers, the Process of Matter and Energy, Science and Socialism – no qual defendia com unhas e dentes uma ligação fraternal entre a vida extraterrestre e o comunismo. Atingira um estado de egocentrismo irreversível. E terminava todas as intervenções com um grito: «Viva el camarada Posadas!». Nada mal para quem nunca tinha marcado um golo."