quinta-feira, 28 de março de 2024

Orgulho...

Lyon 4 - 1 Benfica


Marcador muito pesado, para mais um excelente jogo das nossas Campeãs, que na minha opinião até jogaram melhor do que na Luz, mas os dois golos sofridos já nos descontos, acabaram por penalizar, mais um esforço gigantesco... Uma eliminatória onde deixámos tudo em campo, e onde na minha opinião só fomos inferiores no aspecto físico e na 2.ª parte da Luz!

Sempre a jogar no risco, a confiar nas nossas jogadoras, faltou um pouquinho mais discernimento no momento da recuperação... a Nycole fez falta!

Hoje, também, voltámos a ser violentamente roubados! O penalty sobre a Chandra é daquelas coisas, completamente indesculpáveis na era do VAR! E logo a seguir, a falta sobre a Faria, na minha opinião era para Vermelho (nada foi marcado, e só não sofremos golo, porque a Pauels fez uma grande defesa)! E no 3.º golo sofrido, no 1.º cruzamento parece-me claramente ter existido fora-de-jogo, o Benfica afasta, e na ressaca novo cruzamento... e a equipa fora de posição!

O Lyon e o Barça são as melhores equipas Europeias, e o Benfica provou esta época, estar muito perto... com 2 ou 3 reforços, cirúrgicos, poderemos discutir o título máximo europeu, mas o mais provável é até perder algumas das nossas melhores jogadoras!!!

Agora, na descompressão Europeia, com a equipa obviamente cansada, temos jogo da Taça com as Lagartas! Muito cuidado para o próximo fim-de-semana!

O melhor discurso da noite

"ESTE HOMEM RESPIRA BENFICA POR TODOS OS POROS!

1. Não preciso elencar aqui o curriculum do Toni enquanto jogador do Benfica. Não há quem não o considere um dos maiores da nossa história.
2. É como treinador que nem sempre reconhecem a Toni o devido valor. Foi sempre chamado, qual bombeiro, em alturas de aflição, mas das duas únicas vezes que treinou a equipa do princípio ao fim da época foi campeão: em 1988-89 (com mais 13 que o Porto se a vitória valesse 3 pontos) e em 1993-94, depois do dramático verão quente de 1993.
3. Mesmo quando foi chamado a meio das épocas para safar problemas, conseguiu obter resultados: substituiu Skovdahl e atingiu a final da Taça dos Campeões (atual Liga dos Campeões) em 1987-88; substituiu Ivic e ganhou a Taça de Portugal em 1992-93.
4. O benfiquismo de Toni fê-lo até aceitar - coisa impensável! - passar de treinador principal a treinador adjunto depois de se sagrar campeão: aconteceu quando aceitou fazer parte da equipa técnica de Erikson para a época 1988-89.
5. Mário Wilson tratava Toni como "o meu filho branco". E Toni não fez a coisa por menos - fez ontem um discurso como só o "pai" Mário Wilson era capaz de fazer: cheio de sentimento, cheio de garra, cheio de emoção, cheio de benfiquismo. E não se esqueceu de fazer uma justíssima referência àqueles que são o mais valioso e mais insubstituível património do Sport Lisboa e Benfica: os seus adeptos! (ver vídeo)
6. Homens como Toni deviam ser chamados a transmitir as suas úteis experiências e o seu enorme benfiquismo a todos os que trabalham no futebol - e não só! - do clube: da formação ao plantel principal - jogadores, técnicos e staff - todos têm muito a aprender com o seu exemplo.
7. Agradeço ao Toni ser seu amigo. Que delícia e que privilégio é ouvi-lo desfiar as suas incríveis memórias do Benfica, as suas incríveis memórias do futebol, as suas incríveis memórias da vida. Parabéns pelo prémio e um forte abraço com Saudações Benfiquistas, meu caro Toni."

Uma grande Gala


"O destaque desta edição da BNews é a Gala dos 120 anos do Sport Lisboa e Benfica, na qual foram entregues os Galardões Cosme Damião.

1. Mensagens importantes
Na intervenção inicial, o Presidente do Sport Lisboa e Benfica enalteceu a gloriosa história do Clube ao longo dos 120 anos de vida, motivo de orgulho e inspiração para as conquistas vindouras.
Rui Costa referiu a honra, responsabilidade e ambição inerentes a quem representa e defende o Benfica, vincando a necessidade de união de todos os Benfiquistas e lembrando que, com união, as várias equipas do Clube estão sempre mais próximas das vitórias.
Veja ou reveja no Site Oficial.

2. Distinções merecidas
As escolhas foram difíceis, tantos foram os nomeados em função do muito sucesso alcançado na pretérita temporada e no início da presente.
Os Benfiquistas votaram em Roger Schmidt para Treinador do ano, elegeram António Silva como Futebolista e João Neves como Revelação. A Otamendi coube o Galardão Liderança.
No feminino, as distinções foram para Francisca Nazareth (Futebolista) e Andreia Faria (Revelação), além da equipa de futebol ter sido eleita Modalidade do ano.
O Atleta de Alta Competição mais votado pelos Benfiquistas foi Diogo Ribeiro.
Saiba quem foram os restantes galardoados no Site Oficial.

3. Justas homenagens
Toni foi agraciado com o Galardão Carreira, Pietra foi lembrado com o Galardão Mérito e Dedicação e a Eriksson foi entregue o Galardão Homenagem.
Instituído nesta edição da Gala, o Galardão Fundação foi entregue ao projeto "Benfica Faz Bem". A BTV Experience, uma parceria da BTV e da NOS, mereceu o Galardão Inovação. A Casa do Benfica em Genève também foi distinguida. A Emirates é o Parceiro do ano e a primeira Casa do Benfica 2.0, em Santarém, o Projeto do ano.

4. Atividade das seleções
Foram 8 os futebolistas do plantel da equipa principal do Benfica em representação, ontem, de várias seleções.

5. Um treino diferente
Os comandados de Roger Schmidt contaram com a presença de muitos colaboradores e familiares destes na sessão de treino realizada ontem de manhã.

6. Ambição
O Benfica disputa hoje, às 17h45 em Lyon, a 2.ª mão dos quartos de final da Liga dos Campeões de futebol no feminino. Filipa Patão dá conta da mentalidade competitiva da equipa, que acredita poder reverter a desvantagem na eliminatória (1-2 na Luz): "Impossíveis não existem, muito menos no futebol. Só são impossíveis até alguém as tornar possíveis. Temos o nosso valor, também somos uma equipa com qualidade, temos tudo a ganhar e nada a perder. Portanto, vamos com esse espírito para Lyon."

7. Agenda do dia
Hoje há outro jogo. A equipa feminina de andebol recebe, na Luz, a Academia São Pedro do Sul. O apito inicial está marcado para as 19h30.

8. Benfica 1 Minuto
A atividade benfiquista dos últimos dias em 60 segundos.

9. Casa Benfica Belmonte
Esta embaixada do benfiquismo celebrou 20 anos."

'Os homens do futebol'


"Já não é apenas a questão do exemplo, talvez Conceição tenha de parar e pensar um pouco na aprendizagem e no crescimento pessoal

«Nós, como atletas de alto nível, temos que entender o lugar que ocupamos, qual é o nosso papel, entender que temos o poder de influenciar, positiva ou negativamente. Está na hora de entendermos melhor que o nosso papel é, sim, jogar futebol, representar os nossos clubes e a nossa seleção, mas também é servir de exemplo de comportamento fora de campo para a juventude.»
Em 2024, não deveria ser preciso Danilo, defesa da Juventus que passou pelo FC Porto de 2011 a 2015, vir a público lembrar que ser jogador no patamar mais alto do futebol não é só ser jogador. A frase não é nova nem devia merecer destaque, porque simplesmente já devia ser banal. Mas em 2024, já bem para lá do advento da sociedade de informação, há ainda quem não tenha percebido bem que o papel que desempenha no futebol vai bem para lá das quatro linhas.
«Procuro, muitas vezes, desassociar-me da figura de jogador de futebol, porque a vida continua. Ser jogador é parte da minha vida, mas tenho outra parcela de vida, que também é importante. E, dentro dessa parcela, cabem a aprendizagem e o crescimento pessoal.» 
 explicação de Danilo veio a propósito do caso de Daniel Alves, agora em liberdade condicional depois de condenado a 4 anos e seis meses de prisão por um delito de agressão sexual. Um caso de extrema gravidade e que não serve de comparação para mais nenhum. Danilo foi questionado sobre um caso em concreto e, bem, respondeu sem se refugiar no infelizmente comum isso são assuntos extra futebol. Não são! Porque se o futebol é bem mais do que um jogo, porque os jogadores são os ídolos (e a este nível principescamente pagos) de quem ainda está a formar a personalidade, então é preciso que os maiores e mais mediáticos agentes tenham a noção de que, hoje, não se vê apenas o jogo, vê-se muito antes e bem depois dele.
Danilo acabou por fazer uma reflexão sobre a forma de estar daqueles que às vezes muitos gostam de se referir (porque se consideram um deles) como homens do futebol - seja lá o que isso for. Danilo foi mais além do exemplo, o brasileiro falou em aprendizagem e crescimento pessoal.
E a propósito vem Sérgio Conceição. Não me vou debruçar sobre quem agrediu quem, ou se realmente alguém agrediu alguém. Não sei, vi apenas o que todos viram no vídeo que é público, ouvi apenas as versões que o treinador tem para contar e a do alcaide que se desdobra em entrevistas como que à procura de minutos de fama a apregoar eu é que sou presidente da junta! Mas, como Danilo, não é apenas o exemplo - esse, Sérgio Conceição já sabe que não tem dado o melhor, basta ver que o filho Moisés o seguiu como se fosse normal segui-lo para dentro de campo como se fosse separar as águas para dar passagem a uma qualquer justiça que tenha ficado por fazer num jogo de infantis… Como diz Danilo, já não é apenas a questão do exemplo, talvez Sérgio Conceição tenha de parar um pouco para pensar na aprendizagem e no crescimento pessoal que todos devemos fazer até ao final da vida."

Futebol e sociedade: é hora de assobiar para a frente e não para o lado


"O Mundo ameaça voltar à Idade Média; o futebol mantém dificuldades para sair dela

Uma das mais perigosas e sinistras características do ser humano é a capacidade de não querer ver o que se passa à sua volta.
Sucedem-se exemplos de racismo, intolerância, xenofobia, misoginia e falta de civismo e boa parte de nós assobia para o lado, até porque há sempre um exemplo pior que o nosso nas notícias de todos os dias.
Felizmente há quem não se cale perante o descambar de um Mundo marcado pela guerra, pela destruição do planeta, pela desigualdade e pela ascensão totalitarista das extremas direitas, devidamente acompanhadas pelo retomar de uma influência dogmático-religiosa que faz lembrar a Idade Média, aka das Trevas.
Felizmente há quem traga os assuntos a público. A boa notícia é que tal papel não cabe apenas a políticos, jovens entusiastas, professores fechados em torres dos sábios ou pregadores de esquina.
Danilo, lateral da seleção brasileira que passou pelo FC Porto, foi absolutamente exemplar quando desafiado a abordar a polémica de dois antigos companheiros condenados por violação. Não os atacou, mas dispensou a defesa bacoca e corporativista que caracteriza os grupos intolerantes, neste caso o dos homens.
«As mulheres vivem provações e pensamentos que nós, enquanto homens, não vivemos. Pensar com que roupa vão sair ou não, por julgamento dos outros, ou por supostamente abrir um precedente para qualquer coisa.»
Poucos dias depois, um compatriota corajoso, homem feito apesar dos tenros 23 anos, chorou em público quando confrontado com um problema que o afeta há meses e ele, em boa verdade, nunca calou: a cor da pele. Vinícius Jr., craque do Real Madrid, confessou ter cada vez menos vontade de jogar futebol por ser alvo de atos próprios da Idade das Trevas, mas é precisamente nesta luta contra o racismo que encontra forças para continuar. Acontece em Espanha, é aqui ao lado mas ainda fica longe. Ah, espera! Também acontece por cá... Se calhar o mais confortável é assobiarmos para o lado.
Outras coisas que acontecem por cá, e pelos vistos também em Espanha, são exemplos de pais, familiares e amigos que assistem a jogos de crianças como se a vitória num jogo de futebol fosse tão importante quanto a resistência de povos fracos perante invasores tirânicos.
O caso de Sérgio Conceição terá sido empolado. O que se sabe, dois dias depois, indica que o treinador do FC Porto tem razão na essência da história. Mas ela, a história, não deixa de ficar marcada pelo erro de princípio de um pai confrontar um árbitro a propósito de alegado erro num jogo de sub-9.
Por via torta, porém, esta história chama a atenção para um problema grave de violência — verbal, física e psicológica — vivida semanalmente por crianças, treinadores e árbitros em muitos campos deste País.
O futebol e o desporto não diferem de outras atividades, pelo que serão sempre espelhos da(s) sociedade(s) e dos tempos que vivemos.
E estes tempos não estão fáceis. Quase 80 anos depois da Segunda Guerra Mundial vive-se sob a ameaça de uma terceira, que seria certamente a última. Se não vier a Grande Guerra, o próprio Homem encarregar-se-á de destruir o que ainda resta do Planeta.
Cenários catastrofistas à parte, há algo que todos podemos fazer. Assobiar para a frente, por exemplo, em vez de assobiar para o lado.
Enquanto pactuarmos com a intolerância, o racismo, o abuso e a violência continuaremos a caminhar e a assobiar na direção errada."

‘Neemy’, o embaixador


"Neemias está na melhor liga mundial, num clube histórico e candidato ao título, mas não mudou

Até agora tinha tido duas oportunidades de estar com Neemias Queta nos Estados Unidos: na primeira vez que o poste português participou, como jogador de Utah State, no Draft Combine 2019, em Chicago, espécie de campo de observação para candidatos ao draft da Liga, mais dedicado a basquetebolistas que atuam na NCAA; e há um ano, durante o Fim de Semana All-Star da NBA em Salt Lake City, no qual disputou o Jogo das Estrelas da G League como elemento dos Stockton Kings. Mas desde que Neemias entrara para a Liga no draft de 2021, nunca tivera a chance de o ver, tanto ao serviço dos Sacramento Kings, como dos Boston Celtics.
Tal hipótese foi-me proporcionada na passada semana, quando, juntamente com outros 20 portugueses, desfrutei de um convite irrecusável da Betclic para assistir a dois jogos dos Celtics. Com Neemy a ficar no banco contra os Detroit Pistons e a não fazer parte da convocatória frente aos Milwaukee Bucks, na realidade ainda não foi desta que o vi em ação numa partida oficial, mas tal não significa que não tenha concretizado um sonho que há muito mantinha: ver o primeiro português na NBA, nem que fosse junto da sua equipa.
Sair uma vez mais do enorme elevador monta-cargas que fica junto à entrada da imprensa do TD Garden e depois entrar diretamente no court esteve longe de ser uma nova experiência. Agora, olhar para o campo e ver Queta no aquecimento que habitualmente realiza antes das portas serem abertas ao público foi… algo até emocionante. Quase como quando nos beliscarmo-nos para concluirmos: sim, é mesmo verdade, ele está na NBA.
Foi mais de uma hora de treino individual e com outros colegas que terminou com observação de vídeos de jogadas dos Celtics e do adversário que só confirmaram o comprometimento de Neemias nos Celtics e que se estendeu ao que responsáveis da formação de Boston e sobretudo adeptos falaram dele. Alguém que, quando tem hipótese de atuar entra para dar tudo e é igualmente visto como uma aposta em desenvolvimento.
E depois há a humildade que por todos é reconhecida e foi reconfirmada. Não só no pavilhão ao falar após o aquecimento e depois do jogo, como no final de um dia de folga em que esteve com o grupo que se deslocara a Boston e durante algumas horas conviveu e jantou com alguém que admiram. Neemias nunca colocou barreiras ou entraves na confraternização e conversas — algumas de cariz bem pessoal —, nem mostrou pressa em ir embora. Da mesma forma que é um embaixador do basquete nacional na NBA, foi também dele próprio e de quem representa. Algo que nem sempre acontece quando se atingem patamares mais elevados.
Só espero que, já que tem realizado o sonho de muitos, consiga igualmente tudo o que também ambiciona. Quem sabe se na próxima vez que nos encontrarmos não será já como campeão da NBA."

A grande tramóia dos paraguaios fugitivos


"Em Junho de 1932, o Atlanta abriu as portas a um grupelho de 17 jogadores estrangeiros e inconvenientes.

Nascido em Buenos Aires, a 18 de outubro de 1835, Manuel Pedro de la Quintana Sáenz Gaona chegou à Presidência da República Argentina no ano de 1904. Experiência curta. Dois anos depois dava o lugar a Alejo Julio Argentino Roca Paz, não por vontade própria, não por vontade popular, mas apenas porque a morte, essa incansável Senhora da Gadanha, resolveu levá-lo consigo. A cerimónia de transferência de poderes foi bisonha mas mereceu um gesto amigável dos Estados Unidos que enviaram um navio de estadão de nome Atlanta em representação do seu presidente. O nome caiu bem numa série de moços, na sua maioria estudantes e interessados na política, que logo aí resolveram fundar um clube de futebol com o mesmo nome, o Club Atlético Atlanta. Enfim, na Argentina desse tempo qualquer motivo era bom para se fundar um clube de futebol, mesmo que metesse a morte de um presidente ao barulho.
O Atlanta – que acabaria por se tornar num persistente frequentador da I Divisão (64 épocas, ao todo) – não perdeu a aura de clube de rapazolas. Tanto assim que não tardou a ganhar uma alcunha convincente: Bohemios. Mas vamos dar um salto no tempo e entremos em 1931, o ano em que o futebol argentino entrou prodigamente no profissionalismo. Pelo caminho, a boémia e a estúrdia que era característica dos que dirigiam o clube, acabara por ter custos e os resultados podiam ser simpáticos para boémios de pai e mãe mas pouco interessantes para os adeptos. É então que uma ideia peregrina entrou pelas portas escancaradas do descontentamento: comprar um camião de estrangeiros, quase todos paraguaios e fugitivos da eminente Guerra del Chaco, um conflito bélico entre a Bolívia e o Paraguai, que se estendeu de 1932 a 1935 e originado pela disputa da região do Chaco Boreal, sendo uma das causas a descoberta de petróleo no sopé dos Andes. No mês de junho de 1932, dezassete jogadores estrangeiros, treze deles paraguaios, passaram a vestir a camisola do Atlanta. Um autêntico bacanal!
Antonio Sturla, o presidente do Atlanta, estava com craques argentinos pelas orelhas. Ou, melhor dizendo, pseudo-craques argentinos. Tinha adquirido no princípio da época gente com nome feito, o guarda-redes Octavio Díaz, Juan González, Pascual Molinas, José Bussano e Marcelo Tamalet, todos eles recebidos com um entusiasmo heroico rapidamente levado pelo vento das esperanças vãs à custa de cinco derrotas consecutivas. Resolveu dizer: «Basta!». E vai de trazer o tal contentor de paraguaios fugidos à guerra. Na verdade, Sturla não queria aquela tralha toda de uma vez mas, quando começou a negociar com os chefes de grupo, ouviu o ultimato: «O viajan todos o nadie!». Pensou dois minutos e respondeu: «Que vengan todos!». Foi já com toda aquela malta instalada numa quinta, La Quinta de Merlo, que algumas verdades inconvenientes começaram a vir a lume. Quatro deles, que se diziam jogadores do Atlético Posadas, tinham pouco ou nada de jogadores: eram missionários que encontraram refúgio atrás de uma bola, mesmo não sabendo muito bem o que fazer com ela. O mais conhecido do grupo, o defesa Romildo Etcheverry, não tardou a fugir para os braços do bem mais apetitoso Boca Juniors. Mesmo assim, no primeiro jogo em que os paraguaios vestiram a camisola do Atlanta, frente ao River Plate, cerca de 40 mil pessoas demandaram o estádio para ver os malabaristas trânsfugas. Não viram nenhum e o River ganhou fácil por 3-0. Na jornada seguinte, frente ao Boca Juniors (1-2), assistiram a um espetáculo ainda mais grotesco: além de não lhe darem nem de bico, como gosta de dizer o povoléu, os paraguaios abandonaram o campo a meio da segunda parte acusando o árbitro de estar a roubar o Atlanta por puro racismo. Antonio Sturla não teve outro remédio se não tratar de começar a despachar paraguaios pela borda fora tal como os deixara entrar às pazadas. Espalhou quatro ou cinco por clubes menores, três regressaram a casa, e ficaram apenas Tranquilino Garcete, Porfirio Sosa Largo e Aurelio Munt, ou seja, os que não enganavam ninguém e eram, na verdade, jogadores no autêntico sentido da palavra. Mas a confusão instalara-se como as raízes de um carvalho-roble: durante essa época, o Atlanta utilizou nada menos de 66 jogadores e, mesmo assim, não se safou de ter de jogar a liguilha pela manutenção. Dos que voltaram para o Paraguai pouco ou nada se sabe. Não conseguiram conservar as carreiras. Provavelmente esperavam por eles uma farda e um fuzil. Talvez revelassem mais pontaria com ele do que com os pés."