quinta-feira, 28 de março de 2024

'Os homens do futebol'


"Já não é apenas a questão do exemplo, talvez Conceição tenha de parar e pensar um pouco na aprendizagem e no crescimento pessoal

«Nós, como atletas de alto nível, temos que entender o lugar que ocupamos, qual é o nosso papel, entender que temos o poder de influenciar, positiva ou negativamente. Está na hora de entendermos melhor que o nosso papel é, sim, jogar futebol, representar os nossos clubes e a nossa seleção, mas também é servir de exemplo de comportamento fora de campo para a juventude.»
Em 2024, não deveria ser preciso Danilo, defesa da Juventus que passou pelo FC Porto de 2011 a 2015, vir a público lembrar que ser jogador no patamar mais alto do futebol não é só ser jogador. A frase não é nova nem devia merecer destaque, porque simplesmente já devia ser banal. Mas em 2024, já bem para lá do advento da sociedade de informação, há ainda quem não tenha percebido bem que o papel que desempenha no futebol vai bem para lá das quatro linhas.
«Procuro, muitas vezes, desassociar-me da figura de jogador de futebol, porque a vida continua. Ser jogador é parte da minha vida, mas tenho outra parcela de vida, que também é importante. E, dentro dessa parcela, cabem a aprendizagem e o crescimento pessoal.» 
 explicação de Danilo veio a propósito do caso de Daniel Alves, agora em liberdade condicional depois de condenado a 4 anos e seis meses de prisão por um delito de agressão sexual. Um caso de extrema gravidade e que não serve de comparação para mais nenhum. Danilo foi questionado sobre um caso em concreto e, bem, respondeu sem se refugiar no infelizmente comum isso são assuntos extra futebol. Não são! Porque se o futebol é bem mais do que um jogo, porque os jogadores são os ídolos (e a este nível principescamente pagos) de quem ainda está a formar a personalidade, então é preciso que os maiores e mais mediáticos agentes tenham a noção de que, hoje, não se vê apenas o jogo, vê-se muito antes e bem depois dele.
Danilo acabou por fazer uma reflexão sobre a forma de estar daqueles que às vezes muitos gostam de se referir (porque se consideram um deles) como homens do futebol - seja lá o que isso for. Danilo foi mais além do exemplo, o brasileiro falou em aprendizagem e crescimento pessoal.
E a propósito vem Sérgio Conceição. Não me vou debruçar sobre quem agrediu quem, ou se realmente alguém agrediu alguém. Não sei, vi apenas o que todos viram no vídeo que é público, ouvi apenas as versões que o treinador tem para contar e a do alcaide que se desdobra em entrevistas como que à procura de minutos de fama a apregoar eu é que sou presidente da junta! Mas, como Danilo, não é apenas o exemplo - esse, Sérgio Conceição já sabe que não tem dado o melhor, basta ver que o filho Moisés o seguiu como se fosse normal segui-lo para dentro de campo como se fosse separar as águas para dar passagem a uma qualquer justiça que tenha ficado por fazer num jogo de infantis… Como diz Danilo, já não é apenas a questão do exemplo, talvez Sérgio Conceição tenha de parar um pouco para pensar na aprendizagem e no crescimento pessoal que todos devemos fazer até ao final da vida."

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