domingo, 24 de março de 2024

3.ª Taça de Portugal

Benfica 3 - 2 Colégio Efanor
25-22, 25-18, 21-25, 13-25, 15-12


Só podia ser de forma épica, o regresso aos títulos 'grandes' do voleibol feminino do Benfica, após praticamente 50 anos!!!

Uma época repleta de peripécias, com contratações falhadas, mas também com muitas lesões, deixando a equipa praticamente sem 'banco' útil, a vencer por 2-0, mas a fazer somente 13 pontos no 4.º Set, quando as jogadoras pareciam estar de rastos, com o treinador ser obrigado a 'inventar' posições para algumas das jogadoras que estavam no banco, em desvantagem 'grande' (3 pontos) perto do final da 'negra', e mesmo assim, demos a volta, e voltámos a erguer a Taça de Portugal, tantas décadas depois!!!

Uma nota especial para a Mariana, que com 18 anos, além da capacidade técnica, demonstra um espirito competitivo, muita acima da média! Ainda por cima, no difícil papel de Distribuidora.  Para quem nem sequer era 'opção' no início da época, para MVP em quase todas as partidas!!!

Passo gigante...

Benfica 4 - 1 Braga


Resultado 'enganador', não porque o Benfica não foi muito superior, mas porque a vantagem só foi conseguida na ponta final, com muita injustiça e muito desperdício pelo meio!!!

3 pontos importantíssimos para o objetivo Campeonato, mantendo assim a vantagem, e deixando margem de erro para o jogo com o Sporting. Com os jogos da Champions, e as lesões (e afins) a equipa está a precisar de alguma 'folga'!!!

O Braga de Canto na única vez que chegou à nossa área, na fase inicial, marcou, mas depois só deu Benfica... o 1-1 surgiu relativamente cedo, mas o 2-1 foi só aos 71'!!!

Regresso às vitórias...

Ovarense 79 - 87 Benfica
20-25, 24-20, 16-21, 19-21


Vitória, em mais um jogo nivelado por baixo, com o Broussard afinado, com uns 'estranhos' 95% da linha de lance livre, e com a principal novidade, a ser o regresso do Ivan após mais de 1 mês de ausência!

13 da sorte!!!

Benfica 13 - 1 Carvalhos

Jogo com pouca história, com os golos a sucederem-se em catadupa...

Eliminação na Taça...

Sporting 3 - 1 Benfica
25-21, 20-25, 25-20, 25-20


Os indicadores estão cá todos e não começou hoje! A equipa está a precisar de sangue novo, eu diria nas últimas 2/3 épocas, mas a competência do treinador, o vicio de ganhar dos veteranos, e a incompetência dos adversários, permitiu à equipa continuar a ganhar, mesmo com os problemas visíveis! Esta época, o Sporting está mais forte, e as perspectivas para o campeonato também não são as melhores...
Com o regresso do Lobo, poderemos rodar os Centrais, mas o grande problema continua a ser os Opostos... devemos ser a única equipa, onde raramente, o Oposto é o principal pontuador!

É como no cinema


"O distanciamento custa e custa sobretudo na Seleção Nacional; não é apenas feitio, também é defeito

Foi muito bom ver a Seleção vencer na quinta-feira, de forma tão natural, com tanta qualidade individual e coletiva, a Suécia, que não é uma equipa qualquer; mas também não é assim tão forte que tenha significado a prova dos nove para a seleção orientada por Roberto Martínez — Portugal tem feito percurso fantástico com este selecionador, com 11 vitórias em 11 jogos, mas ainda não jogou contra uma seleção verdadeiramente impressionante.
Menos boa é esta sensação com que fico de que vi um filme bom e agora vou à minha vida.
Passo a explicar: o fosso entre a Seleção Nacional e os adeptos, entre os adeptos e os clubes, continua muito grande e o futebol agora é quase como ir ao cinema ver um filme, que às vezes é mau e outras vezes é bom. Os jogadores e os treinadores são artistas que vivem num planeta à parte, sujeitos ao escrutínio muitas vezes injusto e moldados por estratégias de comunicação perversas.
Se percebo que se trata de uma inevitabilidade tendo em conta o que cresceu esta indústria e a profissionalização ao mais alto nível da mesma? Percebo. Se tenho de aceitar que os clubes optem pelo fecho de portas e janelas e comuniquem pouco (e muitas vezes mal)? Claro que tenho. Mas custa. E custa principalmente e muito mais quando se trata da Seleção Nacional, que entendo ter o dever maior de envolver os portugueses no que está a ser feito, de fazer com que estes sintam a equipa como sendo deles nos vários momentos e não apenas nas fases finais, e mesmo assim, não raramente, apenas quando as coisas correm bem.
Não tenhamos ilusões, não é só feitio, também é defeito.
Pode ter-me passado, mas não me lembro da última vez que a Seleção abriu um treino. E acredito que um aceno do Bernardo Silva, do Rúben Dias, do Bruno Fernandes, um piscar de olhos do Cristiano Ronaldo, um autógrafo do Rafael Leão ou uma fotografia com o João Neves podem representar a conquista de uma criança e levar a uma interpretação completamente diferente nesta relação.
O mesmo nos clubes. Pode ter-me passado, mas não me recordo do último treino que foi aberto aos adeptos do Benfica, Sporting ou FC Porto. Pior, nem aos do SC Braga, Vitória de Guimarães, Moreirense, Arouca, Famalicão, Gil Vicente, Boavista, Casa Pia, Farense, E. Amadora, Estoril, Rio Ave, Portimonense, Vizela ou Chaves.
Pode ser uma realidade transversal na Europa, mas, quando a ideia é chamar adeptos ao futebol, aos estádios, este distanciamento só pode ter consequências. Ou então chega perfeitamente a rotina de comprar bilhete e pipocas e esperar pela sequela.
Correndo o risco de excesso de romantismo, não era suposto ser assim."

Melhor seleção portuguesa de sempre


"Uma seleção assim, que quer sempre ganhar sem abdicar de se divertir no jogo, precisava de um líder de sensibilidade especial como Martínez

A opinião é sempre subjetiva e só os factos são objetivos e indesmentíveis. Pelo resultado histórico de um título de campeão europeu, a Seleção portuguesa de 2016 ainda é a nossa melhor seleção de sempre. Porém, todos aqueles que amam o futebol, para lá dos números frios e conjunturais dos resultados, admitem que essa Seleção de Fernando Santos, tendo grandes talentos e um evidente espírito pragmático, era uma equipa demasiado taticista, refreada na enorme criatividade de alguns dos seus jogadores, alérgica à ideia de que o brilho do espetáculo era compatível com o desejo de vitória e o objetivo de conquista.
Além dessa Seleção campeã europeia, que irá para sempre marcar a história do futebol português, tivemos outras grandes equipas que, por mais diversas razões, perdeu oportunidades de grandes conquistas internacionais. A começar pela célebre Seleção de 1966, que chegou ao pódio no Mundial de Inglaterra e que tinha uma linha avançada (como então se chamava) a todos os títulos memorável, no melhor período do inigualável Eusébio, passando pela Seleção do Euro-2000, treinada por Humberto Coelho, com Vítor Baía, Jorge Costa, Rui Costa, Luís Figo, João Vieira Pinto e Nuno Gomes, e acabando na grande Seleção de Scolari, no Euro-2004 e no Mundial de 2006, na Alemanha, que tinha jogadores como Costinha, Deco, Figo, Simão Sabrosa, Pauleta e, claro, Cristiano Ronaldo. Todas elas grandes equipas, sim, mas nunca completamente diferenciadoras e com um assinalável equilíbrio na mais alta qualidade em todos os setores.
A verdade é que esta Seleção que na era de Roberto Martínez mantém a impressionante contabilidade de uma vitória por jogo jogado, não é, apenas, uma soma invulgar de talentos. É uma equipa que além de adorar ganhar, adora também o jogo, em si, e sente uma imensa felicidade no espetáculo que proporciona ao público.
Uma equipa assim, que quer sempre ganhar, mas nunca abdica de se divertir no jogo, precisava, de facto, de um treinador que tivesse uma sensibilidade especial, capaz de ser ambicioso nos resultados, mas sem roubar a felicidade que cada um dos seus jogadores retira de cada jogo. E mais do que isso, capaz de gerar um forte sentimento de grupo que envolve solidariedade, responsabilidade, comunidade. Uma equipa que se junta numa constelação de estrelas, mas onde nenhuma delas inveja o brilho das outras.
É isto uma garantia de um grande Europeu no próximo verão, na Alemanha? Todos sabemos que, no desporto, e em especial no futebol, ninguém ganha de véspera. Mas será, porém, a garantia de que esta Seleção tem todas as condições para ser admirada na Europa e no mundo, o que, não sendo tudo, talvez mesmo, não sendo o essencial, será sempre motivo de orgulho para um povo ainda demasiado marcado pela velha cultura do pobrezinho, mas limpinho, que não raras vezes lhe compromete futuros mais radiosos.
Há muitos anos, felizmente, que o futebol português se conseguiu libertar da amarra do pessimismo e da insuficiência congénita. Esta Seleção será, aliás, uma das expressões maiores da capacidade e da qualidade humana dos portugueses. Dirão, alguns, que é pena que seja só no futebol. Em primeiro lugar, não é só no futebol. Acontece, apenas, que o sucesso vende mal numa sociedade mais interessada em mexericos mesquinhos. Na verdade, em todos os setores temos brilhantes desconhecidos, personalidades que se distinguem além deste nosso retângulo atlântico. Mas mesmo que fosse só no futebol, sempre seria importante que Portugal tivesse uma referência no topo do mundo."

Futebol com Todos: portugueses são assim mesmo, que se há de fazer?


"Sou do tempo em que a Seleção festejava um apuramento internacional com quase tanto entusiasmo como festejou em 2016 a conquista do Campeonato da Europa.
Na altura Portugal era uma equipa «fraca, sem obrigações».
A partir de 1996 tudo mudou, e ainda bem. Só falhámos mais um apuramento (Mundial-1998) e fomos cumprindo umas fases finais engraçadas, bem acima das apostas e com qualidade indiscutível.
Foi neste processo que passámos, no ideário do adepto português, a ser favoritos a tudo e a ter obrigação de vencer toda a gente menos Espanha, Alemanha, França, Itália, Brasil e Argentina (à Inglaterra fomos ganhando com regularidade).
Anteontem goleámos a Suécia e, de repente, já todos nos veem de novo campeões da Europa. Sendo que quando o conseguimos ser «jogávamos mal».
É o português no seu melhor: 8 ou 80. Eu diria que estamos num 65/70 – na segunda linha de candidatos ao título, mas sem qualquer «obrigação» de estar na final do Euro-2024.

De chorar por mais
O Benfica-Lyon da Liga dos Campeões Feminina foi visto na Luz por quase 20 mil espectadores. Há caminhos que não têm volta.

No ponto
Interessante, quase épico, o percurso da Geórgia até ao jogo que decidirá, com a Grécia, quem vai estar no Europeu. O mundo avança.

Insosso
Num bom período do futebol feminino benfiquista, cai a nódoa de um conflito entre a treinadora e a jogadora mais entusiasmante. Pena.

Incomestível
A pirataria nas transmissões televisivas de futebol tira 200 milhões à economia portuguesa. Portugueses são assim mesmo..."

Portugal: talvez esteja enganado


"Olho para a Argentina dos últimos anos, e não só a do Mundial, e sinto alguma inveja

Talvez seja de mim, talvez seja apenas eu, mas há algum tempo que o perceciono e sinto. Talvez seja pelo facto de uma boa parte do meu crescimento tenha sido a ver a Seleção a lutar para estar em fases finais e não o conseguir; talvez seja por, nessa altura, haver uma espécie de união nacional em volta desse fatalismo.
Talvez seja pelo Euro-2000, com o nosso sexy football no qual Abel Xavier meteu a mão. Talvez seja por todas as injustiças futebolísticas que vi a Seleção passar. Desde a ausência nos EUA 1994 — presença merecida só por aquele golo de Futre à Estónia —, à expulsão de Rui Costa frente à Alemanha de Marc Batta (eu sei que é nome de árbitro francês), à eliminação no Mundial-2002 — aqui a injustiça foi para a esperança dos adeptos —, à final com os gregos e à quantidade de vezes que a França foi melhor do que nós. Talvez tenha sido por aquilo que acontecia no país ao mesmo tempo. Mas a Seleção deixou de ser aquilo, passou a vencer, passou a ser uma potência mundial e, já agora, o país também já não é o mesmo.
Portugal é, hoje, uma das grandes seleções do planeta. Isso é mérito do nosso futebol, da nossa organização federativa cujo poder vai da Cidade do Futebol até ao mais alto nível na UEFA (ninguém aqui é coitadinho), e da nossa formação. Atrever-me-ia a dizer que a formação é, neste momento, o melhor que o futebol português tem. Mas o que me faz vir aqui falar da Seleção é sentimento. É ter a veia da garganta inflamada de gritar Portugal, de cantar um povo, de vestir Portugal com orgulho e com a arte de um azulejo. Talvez seja de mim, mas parece-me que esse batimento cardíaco baixou ritmo e o orgulho foi com ele. Não me chamem de saudosista, porque não sou. Em matéria de Seleção, estamos muito melhor do que nos anos 90. O que falo aqui é de nós, povo, como parece que não nos conseguimos exprimir em união através da Seleção. Talvez estejamos demasiado fragmentados por clubes, crenças, norte e sul, litoral e interior, país e diáspora.
Olho para o que a Argentina fez nos últimos anos — e não só quando foi campeã mundial — e há ali uma identidade, uma união em torno de uma equipa representativa de um povo, de «um país levantado do chão» por Maradona — palavras dele — e liderado por Lionel Messi e sinto alguma inveja. Na expressão, no sentimento popular, da festa, de River e Boca abraçados de albiceleste. Talvez seja porque num país em dificuldades tremendas, a seleção seja o único motivo de embriaguez nacional.
Portugal, felizmente, é um país melhor e não desejo que piore só para nos unirmos numa emoção. Quero que o país prospere como esta seleção de Martinez é: talentosa, vitoriosa, poderosa, unida e a jogar bem como não via a Seleção jogar mesmo em anos de títulos.
Como equipa estamos a fazer tudo bem, até porque ela já não é «Ronaldocêntrica», no sentido que já não é apenas ele quem tem a ambição de ganhar o universo. Mas talvez ainda nos falte alguma coisa. Talvez nos falte a bancada, a rua, a de nos celebrarmos. Ainda não vejo e sinto isso, apesar de vitórias e exibições. Talvez eu esteja enganado. Oxalá seja só isso."

Deixa-nos sonhar, Roberto!


"A Seleção Nacional soma e segue. Vitórias e exibições dinâmicas. Nos particulares, tal como na qualificação. A três meses do Europeu, quem se atreve a não sonhar com a glória?

A primeira vez de Portugal num Campeonato da Europa foi há 40 anos. Quem viu não esquece!
Aquele penálti de Chalana (marcado por Jordão) contra a URSS a dar o apuramento; aquela fase final brilhante, de uma equipa tão talentosa que nos fez sonhar, depois de surpreender a Europa – e quase fazer o mesmo à França de Platini, Tigana, Giresse…
Foram loucos os anos 80 do futebol português!
Clubes que se agigantaram (as finais de Benfica e FC Porto na UEFA, a conquista dos ‘Dragões’ em Viena!) e uma seleção que tentava aproveitar essa qualidade, mas que acabou por ser vítima do caos, da desorganização e do amadorismo reinantes.
A caminho do Mundial do México – para regressar a uma fase final 20 anos depois da epopeia de Eusébio e companhia em Inglaterra – o também ’Magriço’ José Torres, então selecionador nacional, pedia que o deixassem sonhar, «só um bocadinho», quando a qualificação dependia do ‘milagre’ de ganhar na Alemanha Ocidental.
O histórico golo de Carlos Manuel em Estugarda permitiu-lhe realizar o sonho. Já a presença na fase final, essa, foi outra história, de pesadelo…
Passaram quatro décadas e tudo mudou.
Os mais novos não terão noção de que só íamos a uma fase final ‘quando o rei fazia anos’. Que isso já era uma proeza. Que mesmo a tal ‘geração de ouro’ dos campeões do mundo de sub-20 falhou várias qualificações.
Agora, sonhamos com a conquista do ouro, exigimos ganhar, perguntamos mil vezes se nos assumimos como favoritos…
O que mudou?
A qualidade da formação, a quantidade de jogadores, a organização, o profissionalismo, a mentalidade. Sim, tudo isso. Mas também a ‘intensidade’. Aquele hábito de jogar ao mais alto nível todas as semanas. Duas ou três vezes por semana. Entrar em campo e ser temido, respeitado, no mínimo. Sem tremer. Respirar sem aflição nem sobressalto quando se está neste patamar.
Roberto Martínez diz que há seis ou sete seleções candidatas e coloca Portugal no grupo – mau era se não o fizesse! E que, depois, tudo se decide em detalhes, por isso não faz sentido falar em favoritismo.
Martínez sabe do que fala. Afinal, como selecionador da Bélgica também fez um apuramento perfeito (Euro 2020) colocou o país no topo do ranking da FIFA, ganhando exatamente zero títulos. Por detalhes? Talvez.
Como preparar esses detalhes?
O técnico quer qualidade, intensidade, frescura – física e mental - e o apoio do país para que a equipa saiba ganhar aos grandes.
Da forma como Portugal joga (e ganha!) os adeptos estarão com a seleção. O resto, compete à equipa e ao selecionador. Que tem conseguido seguir o rumo certo.
A comunicação externa é boa, com as escolhas a serem explicadas sem tabus. A comunicação interna parece funcionar, a gestão de grupo (e do esforço, neste estágio) parece agradar aos atletas.
Que falta, então?
Alguma sorte, claro. Não perder jogadores-chave por lesão. E ser eficaz quando chegar a hora da verdade.
Portugal já passou ao lado da glória, apesar de encantar (lembram-se das ‘vitórias morais’, do «jogar como nunca e perder como sempre»?) e já conquistou a Europa a jogar mal (recordam-se do «não importa, não importa…»?).
Agora pode fazer o pleno. Podemos, pelo menos, acreditar que que é possível. E sonhar.
Porque isso, nem a abordagem cautelosa de Roberto Martínez (cautelosa, realista, não medrosa!) nos impede de fazer."

Equipa ou Seleção?


"Discussão semântica sobre as escolhas de Dorival Junior (liberais a mais e conservadoras a menos) que se estreia este sábado à frente do Brasil

A reflexão que aí vem pode ser vista por muitos como mais semântica do que futebolística — e talvez seja mesmo. Mas aqui vai ela mesmo assim. A seleção francesa autodenomina-se Équipe de France, a italiana é conhecida como Squadra Azzurra, a inglesa chama-se English Team e a alemã é a National Mannschaft. Ou seja, todas elas são nomeadas, nas respetivas línguas, de equipa (équipe, squadra, team, mannschaft) e não de seleção, como é tradição nos países de língua espanhola ou portuguesa.
Não há nada de errado nisso, claro. São só palavras. Mas, sobretudo no caso brasileiro, pode ir além e tornar-se um conceito, uma ideia.
Como o Brasil foi abençoado — ou amaldiçoado? — com 60 ou 70 atletas de ótimo nível, as novidades nas convocações da seleção nacional são sempre vistas como um elogiável ato de coragem do selecionador. Já quando uma convocação inclui muitos jogadores do costume, chamam-na, na imprensa, de burocrática e, no boteco, de viciada. Como o Brasil foi abençoado — ou amaldiçoado? — com 60 ou 70 atletas de ótimo nível, os jogadores nucleares por aqui não são tão nucleares assim. Por isso, usa-se muito a expressão, na imprensa e no boteco, futebol é momento, que serve para contestar a presença de um atleta nuclear em má forma e exigir a presença de outro, ainda que inexperiente.
No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Ciência de Lisboa, seleção é «a ação de escolher objetos ou indivíduos». Já uma equipa é «um conjunto de pessoas unidas na realização de uma tarefa comum».
Ao chamar um generoso grupo de oito estreantes mas apenas oito sobreviventes do Mundial de há um ano e meio, Dorival Júnior preferiu reunir uma seleção do momento a começar a construir uma equipa com bases sólidas e conhecimento mútuo.
E as seleções costumam perder para as equipas, como no Catar a seleção brasileira perdeu para a equipa croata, construída pacientemente por Zlatko Dalic, um treinador que, como não tem um lote de 60 ou 70 jogadores de ótimo nível, não está nem aí para essa frescura do futebol é momento – vão sempre estes, em forma ou não, e acabou.
Aliás: na última vez que foi campeão do mundo, o Brasil abdicou de uma seleção com o craque Romário, em ótimo momento, em benefício da construção de uma equipa. Mais: em benefício da construção de uma família, a famosa por aqui família Scolari."