Empate em condições adversas


"O Benfica não conseguiu a oitava vitória consecutiva no Campeonato Nacional na visita ao Vitória de Guimarães, empatando a duas bolas. E o atletismo encarnado está de parabéns pelas conquistas dos Campeonatos Nacionais em pista coberta, masculino e feminino. Estes são os destaques na BNews.

1. Embate difícil
Na opinião de Roger Schmidt, “o jogo foi completamente afetado pelas circunstâncias do relvado. E acrescenta: “Os meus jogadores tentaram de tudo.”
Sobre o andamento do Campeonato Nacional, o treinador do Benfica lembra que “o nosso objetivo é sempre vencer” e refere que “tínhamos ganho muitos jogos antes e agora temos de continuar a ganhar muitos jogos no futuro."

2. Regressar às vitórias
Autor de duas assistências para golo, Di María lamenta o empate e mostra motivação redobrada: "O campo não estava em boas condições, era difícil conseguir controlar a bola. Merecíamos mais pelo que jogámos. Há que continuar a lutar, a trabalhar, que ainda há muito caminho pela frente. Seguimos a lutar, fortes."

3. Campeões nacionais
As equipas masculina e feminina de atletismo do Benfica sagraram-se campeãs nacionais em pista coberta, o que já não acontecia, em simultâneo, desde 1994.

4. Triunfo no dérbi
O Benfica venceu o Sporting, por 6-1, em hóquei em patins. Nuno Resende elogia os Benfiquistas: "Os adeptos têm sido fantásticos. As vitórias são para eles. São apenas mais três pontos."

5. Outros resultados
As Inspiradoras apuraram-se para as meias-finais da Taça de Portugal ao vencerem, por 4-0, ante o Valadares Gaia. Em voleibol, a equipa masculina ganhou, por 3-0, ao Vitória SC, e a feminina obteve o mesmo resultado frente ao Leixões. A equipa feminina de andebol bateu o Colégio de Gaia por 42-25.

6. Na final
Decorre, em Doha, o Campeonato do Mundo de desportos aquáticos. Diogo Ribeiro participa, nesta tarde, na final dos 50 metros mariposa.

7. Agenda
Amanhã, terça-feira, os Sub-23 atuam em Famalicão às 11h00. Às 15h00, o Benfica recebe o Académico em hóquei em patins no feminino. E, às 17h00, a equipa feminina de futsal joga no reduto do Santa Luzia.
Na quarta-feira, a equipa feminina de futebol visita o Valadares Gaia em partida da 2.ª mão das meias-finais da Taça da Liga, e, no basquetebol, há receção ao Esgueira para a Taça Hugo dos Santos."

Como chegámos aqui?


"Madrugada de 12 de fevereiro de 2024, pós empate no Afonso Henriques, jogo emotivo desde a homenagem ao malogrado Fehér a todas as incidências durante os 90 minutos. O sono não existe, as inquietações são várias.
A pergunta que me vai na cabeça é só uma: como chegámos aqui?
O aqui, para que fique claro, não é o mandar a toalha ao chão ou o sentimento da época perdida.
O aqui é o sentimento de desilusão.
O sentimento de em pouco mais de um ano passarmos do sonho da Champions ao reconhecer as dificuldades em que nos encontramos desportivamente.
O sentimento de se começar uma época com expectativas elevadíssimas, com investimento, com riqueza de plantel, com continuidade e verificar objetivos desperdiçados e outros a complicarem-se.
O sentimento, não tão comum assim mas também não inédito, de sentir um imenso potencial e talento desperdiçado.
Olho aos nomes e vejo talvez um dos plantéis mais fortes que tenho memória no Benfica.
Olho ao futebol praticado e pouco o diferencia das épocas de Fernando Santos ou Quique Flores.
Mais do que isso. O sentimento de desilusão é exacerbado por aquilo que vivemos no passado recente. Esquecendo até, como se pudesse esquecer, a conquista do 38.
O prazer. O prazer que dava no passado recente ver o Benfica jogar futebol.
As exibições de gala, que às vezes até tornavam as segundas partes aborrecidas, tão decidido que estavam os jogos ao intervalo.
Este prazer, esta confiança neste momento são apenas memórias.
E isso é que dói. Dói saber que temos mais armas para fazer pelo menos o mesmo que fizemos com menos armas, e neste momento fazemos francamente menos.
No que me toca, pouco me interessa se joga o X ou Y.
Interessa-me que faça sentido.
Interessa-me que jogue X ou jogue Y, a equipa funcione como coletivo.
Interessa-me ganhar primeiramente. E jogar bem logo a seguir. Jogar à Benfica.
Jogar à Benfica é jogar com alma, com raça, mas jogar bem.
É o que não temos tido.
Decisões com pouco sentido.
Coletivo que não funciona.
Ganhar muito menos que o que queremos. E menos menos jogos bem conseguidos.
Um Benfica pálido.
Há condições para ser melhor? Há.
Há tempo para corrigir? Sim.
Muita da confiança que tínhamos já se evaporou? Admiro quem ainda a tenha.
Melhores dias virão certamente.
Quinta feira frente ao Toulouse parece-me ótimo para ser um desses dias, para começar a melhorar.
A margem de erro acabou literalmente. O caminho vai ser árduo. Os de sempre, que lá estão independentemente de jogadores, treinadores e presidentes, continuarão a lá estar.
Só espero uma coisa de todo e qualquer funcionário no futebol do Benfica. Foco naquilo que podemos controlar. Foco em melhorar aquilo que podemos controlar.
Porque há muita coisa que podemos controlar em que há muito a melhorar.
Têm a palavra os protagonistas."

E a nossa Liga não presta?


"Analisando ligas Europa fora, concluímos não ser tão maus quanto pensamos

O atual líder do campeonato — matemática e rigor obligent — marcou em cima do minuto 90 e segurou o posto. Logo se verá o que vem a seguir.
O anterior líder, com um jogo a menos, vingou a derrota na meia-final da Taça da Liga e aplicou ao quarto classificado o terceiro 5-0 em três visitas a Alvalade. Mas isso não faz do SC Braga menos quarto classificado, entretanto apanhado na classificação pelo rival Vitória de Guimarães.
Oh, Diabo! Os dois comandantes da classificação têm 12 pontos de avanço sobre o quarto e o quinto. Como vamos vender esta Liga? Mesmo que o terceiro jogue hoje e possa ficar, caso ganhe, a quatro pontos dos comandantes.
Acontece que na Alemanha há, nesta altura, 12 pontos a separar o primeiro do terceiro (e pasme-se, o primeiro nem sequer é o Bayern Munique, como nos últimos 11 anos — sim, 11 anos).
Em França, um dos apelidados campeonatos Big 5, o PSG tem 11 pontos de vantagem sobre o segundo e 12 sobre o terceiro. Foi campeão nove vezes nos últimos 11 anos. E novidades?
Em Espanha o Real Madrid só tem cinco pontos de vantagem sobre o Girona, mas já tem 10 sobre o Barcelona, que é quem nos últimos 18 anos (com duas exceções do Atlético Madrid e uma do Valência) tem discutido o título com os merengues.
Em Itália o Inter tem sete pontos à maior sobre a Juventus e oito sobre o Milan. O quarto classificado vai a 18 pontos da liderança. Um bocadinho mais longe do topo que SC Braga e V. Guimarães.
Inglaterra — ah, Inglaterra! Este é que é mesmo outro campeonato. Sempre foi, mesmo quando só jogavam o famigerado kick and rush. Se formos ver jogos das divisões secundárias ele ainda se joga. Mas é fascinante na mesma.
Aqui sim, há emoção. Se o Manchester City vencer o jogo que leva em atraso, o fosso entre primeiro e terceiro será de três pontos, oito para o quarto. Se não vencer será ainda menor, à luz dos dados hoje disponíveis.
Vamos à segunda divisão? OK. Nos Países Baixos o PSV lidera com dez pontos sobre o Feyenoord e 15 sobre o Twente.
Na Bélgica o líder leva oito à maior sobre o segundo e 15 sobre os terceiro e quarto classificados.
Creio não ser necessário percorrer muito mais ligas europeias para perceber o ponto essencial: ao contrário do que de forma meio masoquista gostamos de apregoar, e por vezes dá jeito apregoar, a Liga portuguesa é competitiva.
Com dois terços jogados (quase jogados, pronto, falta aquele Famalicão-Sporting que tem relevância extrema), a luta pelo título está bem acesa e tem três candidatos claros e firmes.
Se usarmos a bitola europeia de diferença pontual entre primeiro e quarto, até podemos achar que temos cinco candidatos.
Talvez seja boa altura para nos deixarmos de lamentos e começarmos a defender o que de bom tem a nossa Liga."

A polícia foi a jogo


"Os polícias portugueses podem ter impossibilitado um jogo de futebol, mas asseguram todos os outros.

O jogo que opunha o Famalicão ao Sporting, da 20.ª jornada da Liga, foi adiado por não estarem reunidas as condições de segurança necessárias. Tudo porque 13 dos agentes destacados para o policiamento do jogo não compareceram no estádio por motivo de doença, aferida por baixa médica. Há quem afirme que foi uma greve, o que daria análise para outros fóruns, mas aqui falamos sobre leis e desporto.
Vejamos: porque não se pode realizar um jogo de futebol sem policiamento? Quais são as regras que se aplicam? O que diz a lei, a FPF e a FIFA? O Decreto-Lei 216/2012, que «define o Regime de policiamento dos espetáculos desportivos», diz, no seu artigo 2º, que «é obrigatório o policiamento nos espetáculos desportivos integrados em competições desportivas de natureza profissional».
Percebe-se, com tantos ânimos exaltados pode haver confrontos, o que tendo em conta os milhares de espectadores pode acabar facilmente em tragédia, como já aconteceu. E quem paga? A lei responde, no artigo 4, que «(...) o encargo com o policiamento (..) é suportado pelos respetivos promotores». Mais, o policiamento tem de ser prestado de acordo com a lei, ou seja, o número de efetivos policiais, tem de respeitar o art.º 8, nº 1, alínea a): «(...) na categoria sénior, a relação policial/espetadores deve, em jogos de risco elevado, ser na ordem de 1/200». O estádio de Famalicão tem 5.307 lugares, portanto teriam de estar pelo menos 26 policias. Não estavam, e o jogo não se realizou. Já em jogos de risco normal a relação policial/espetadores pode ser de 1/600.
A FIFA diz também, no ponto 4.7 das Regras dos Estádios de Futebol, que «a segurança é a consideração mais importante para a operação de um estádio». Dizendo mesmo que «segurança significa proteger (as pessoas) de tudo o que lhes possa fazer mal» e que os clubes e organizadores «não podem trabalhar isolados das autoridades públicas relevantes», ou seja, têm de colaborar com elas. Obriga também à nomeação de um «gestor de segurança» (ponto 4.7.1). E quando o jogo é adiado, como aconteceu, o Regulamento das competições da Liga Portugal permite, no artigo 46, nº 1, da alínea a), que os clubes acordem em nova data para o jogo. Tal ainda não aconteceu devido ao calendário apertado do Sporting, que era líder à entrada dessa jornada, que deixou de ser líder tendo sido ultrapassado pelo Benfica, passando esse jogo a ser o líder das teorias da conspiração.
Líderes e teorias à parte, os policias portugueses trabalham todos os dias para garantir a nossa segurança coletiva, muitas vezes com pouco ou nenhum reconhecimento e respeito, e com salários baixos para o risco da profissão. Os polícias portugueses podem ter impossibilitado um jogo de futebol, mas asseguram todos os outros, por isso o Direito ao Golo vai para eles."

Quando adiar é correr para o abismo


"Com o novo modelo das competições europeias, e esfumado o sonho da ‘Champions dos 100 milhões’, ou os nossos clubes têm juízo, ou o futuro não será risonho.

A partir do momento em que se soube que a UEFA, para contrariar o canto da sereia da Superliga, ia aumentar em quase mil milhões de euros os prémios da Liga dos Campeões, foi crescendo, qual bola de neve, na comunidade do futebol em Portugal, a ideia de que uma ida à Champions no triénio 2024/27 iria resultar num encaixe que seria muito superior àquele obtido em temporadas anteriores, o que faria sentido se em Nyon tivessem mantido os mesmos parâmetros de distribuição de dinheiro.
Porém, não foi isso que aconteceu, e apesar de o prémio de entrada na fase de grupos ter subido quase quatro milhões de euros, a variável relativa aos posicionamento nos últimos cinco anos, que beneficiava as equipas portuguesas, foi substituída por um novo pilar, o Value, que, grosso modo, mistura, em percentagens diferentes, os rankings de cinco e dez anos com o market pool, onde somos residuais, e não só não vai dar mais dinheiro às equipas nacionais, como, a prazo pode, até, revelar-se dramático.
A lógica da UEFA passa, sobretudo, por dar mais dinheiro (e lugares entre os 36 finalistas) aos maiores países, vulgo Big Five, tornando, através de um novo modelo competitivo, que prevê um mínimo de oito jogos, mas que terá uma classificação não em cada grupo, mas englobando os 36 participantes, a vida ainda mais incerta para a equipa (ou equipas, duas no máximo) portuguesa, na medida em que os últimos 12 desses 36 acabam a participação europeia em dezembro e só os primeiros oito têm garantido o acesso aos oitavos-de-final, enquanto que os clubes posicionados nos 16 lugares do meio da tabela vão ter de disputar um play-off a duas mãos, onde serão encontrados os restantes oitavos-finalistas.
Sendo que a Liga Europa e a Liga Conferência vão seguir este mesmo modelo, qual será o futuro de Portugal no ranking de clubes da UEFA? A chave vai continuar a estar naquilo que conseguirmos na Liga Conferência na qual, até agora, em três edições, nunca conseguimos meter uma equipa na fase de grupos. Se não houver um esforço concertado para revitalizar a classe média do nosso futebol, não serão apenas os clubes desse patamar a sofrer as consequências, serão todos, quiçá com consequências mais gravosas para os que jogam para a Champions. É que, se assim continuarmos, um dia destes perdemos o direito, sequer, a meter qualquer clube, diretamente, na fase grupo da Liga dos Campeões. Pensem nisso, por favor...

ÁS
Rúben Amorim: Para já, ganhou pontos ao Benfica, e hoje se saberá o que o FC Porto vai conseguir. Mas este ÁS para o treinador do Sporting tem sobretudo a ver com a qualidade do futebol que a sua equipa apresentou ontem em Alvalade, na vitória por KO sobre o SC Braga. Foram cinco, podiam ter sido mais, numa noite que nem a chuva estragou.
Pedro Proença: Depois de eleito para a presidência da Associação das Ligas Europeias, o líder da Liga Portugal ganhou agora assento no Comité Executivo da UEFA, alargando o seu espetro de contactos, e ganhando uma nova força, interna e externamente. Até ao fim do ano saber-se à qual o rumo que Pedro Proença quer dar à sua vida...

Duque
Pinto da Costa: O presidente do FC Porto vive tempos difíceis e tem tido algumas intervenções, como aquela sobre os capitais positivos que teve de ser corrigida em comunicado à CMVM, ou o abraço solidário ao amigo que está em prisão preventiva por factos que têm a ver com o FC Porto, que só atrapalharam. E que dizer da antecipação das receitas TV?"

Joguem à bola!!!

47%

Mas o Di María mentiu?

Verdade...

Luís Godinho e os descontos


"O jogo de ontem teve um total de 8 minutos de compensação (2+6) e um tempo útil de 46:29min(!!!). Ou seja, só se jogou meia parte.
Mas Luís Godinho é sempre assim ou era porque o Benfica estava empatado?
Vamos ver.
Luís Godinho arbitrou, também, o Braga-Benfica. Neste jogo, até há pouco tempo recordista de tempo útil na Liga (66:49min - mais de 20min úteis que no jogo de ontem) e com o Benfica a ganhar por 1 desde o minuto 3, Godinho presenteou-nos com 10min de compensação (3+7).
E sim, Godinho arbitrou um 3º jogo esta época do Benfica, o Vizela-Benfica. Com mais de 60min de tempo útil (60:39min) e o Benfica a ganhar por 1 golo, Godinho deu 12min(!) de compensação na 2ª parte, num total de 15 (3min na primeira).
A titulo de curiosidade, deixamos dados de 2 jogos do seu clube do coração:
. Braga – Sporting, 1-1 (59:50min de tempo útil, 12 min de compensação – 5 + 7);
. Farense – Sporting, 2-3 (52:23min de tempo útil, 14min de compensação – 6+8).
Neste último, para nem falar da questão do tempo, Godinho expulsa mal um jogador do Farense, não expulsa indevidamente um jogador do Sporting e consegue, ainda, nos descontos, inventar um penalty a favor do seu Sporting.
É, talvez, o MVP do Campeonato. É premeditado.
Uma vez JuveLeo. Sempre JuveLeo."

Nem os cartilheiros são unânimes !!!

Macaquices!


"Acabaram com 10 jogadores. Mas podiam ter acabado com menos... Mas o que é importante, para a comunicação do FC Porto, é que o Benfica não perdeu porque foi beneficiado.
Se se preocupassem mais com quem frequenta os camarotes dos seus recintos desportivos é que faziam bem. Podiam era justificar aos seus sócios e adeptos, o que fazia o advogado de Fernando Madureira junto de Pinto da Costa, este fim de semana, no pavilhão.
Não me digam que a defesa do "Macaco" é mais importante que o bem estar dos sócios que estavam na AG..."

Em Guimarães, um treinador gabou a “mentalidade de campeão” dos seus jogadores. Não foi o do Benfica


"Num jogo debaixo de água, que tinha de ser jogado como era possível jogá-lo, o Vitória e os seus ‘Silvas’, o endiabrado Jota e o avançado André, foi a equipa que melhor se adaptou ao pesado relvado. Durante muito tempo, o Benfica pareceu ignorar a chuva e as condições e só tarde adequou a sua forma de fazer as coisas para resgatar um empate (2-2). No topo do campeonato, foi apanhado por um Sporting com tem um jogo a menos

Quando Anatoly Trubin lançou o seu pesado corpo, todo esticado com os braços além da cabeça, para a direita, a cara do ucraniano já se maquilhava de desânimo e no instante seguinte de molhada resignação por de nada ter valido submeter o equipamento à lama. Ainda a relva fazia o ucraniano deslizar na queda e rugia o D. Afonso Henriques, não o rei morto nem a sua póstuma estátua em Guimarães, mas um ruidoso estádio cheio de gente inamovível perante a forte molha punha o jogo debaixo de água e o guarda-redes do Benfica, em questão de 50 ou 60 segundos, com pingos de lama na cara. Um ápice sem piedade para Trubin.
Cães, gatos e muitos mais animais choviam sem a mínima mostra de cessação no momento que atiçou a cadeia de visitas do ucraniano ao tapete: ao longe, viu a classe de Nuno Santos ousar curvar a bola para sobrevoar o guarda-redes, mas, estirando-se com a mão do lado contrário ao visado pelo médio, desviou-a com estilo para canto; quando foi batido, projetou-se de cara à poça castanha na pequena área para bloquear outra tentativa, a meias com Morato, e ver o ressalto ir à esperteza de Tomás Ribeiro que forçou um penálti. Crendo ser possível alcançar o pontapé limpo de Tiago Silva dos 11 metros, Trubin encharcou-se então mais um pouco, em vão, no 1-0 para o Vitória.
O jogo mal entrara no quarto de hora prévio ao intervalo e, de repente, era sacudido por quem mais se adaptara à intempérie. Presumivelmente sedento, mais ainda, com a hipótese de superar o rival minhoto no 4.º lugar do campeonato, o embalado Vitória, ganhador de nove das últimas 12 partidas, precipitava-se contra o Benfica sem vergonhas. O senhor da boina encharcada bem avisara, cuidado com os ‘Silvas’ e qualquer jogador vimaranense levanta a cabeça à procura de onde andava Jota, lá pela direita, para lhe retribuir a correria com uma bola metida no seu caminho - pelo ar, por vezes de qualquer maneira e até sem antes olharem. Não importava, sinceramente.
Porque senhora mãe natureza assim o exigia e Álvaro Pacheco, durante muito tempo, era o treinador que parecia ter acertado no recado dado à equipa. Com tamanha chuvada, era imperativo vergar as intenções às circunstâncias e não tentar viver acima delas, como o Benfica que Roger Schmidt fez regressar à fórmula Supertaça. Sem um avançado declarado e devolvendo Fredrik Aursnes ao repovoado meio-campo, os encarnados tiveram uma parte a trocar passes curtos, ter a bola com calma e a quererem jogar um futebol de rodriguinhos que seria engolido pela chuva.
Os de Guimarães adaptavam-se à lei dos elementos e tinham chegadas sucessivas à área, sobretudo pela direita, Jota era um diabo aquático e André, o outro dos Silvas, por lá também se desmarcava quando era preciso um chuto mais imediato lá para a frente. O golo vitoriano fez os jogadores do Benfica verem o óbvio, nos minutos seguintes deram menos toques na bola, deram-lhe ações mais diretas, quando Di María a tinha já se via outros a correrem para a frente, havia que tirar proveito do quaterback só de pantufa esquerda. E foi depois de uma bola parada que o argentino, de trivela, rapidamente devolveu a bola à área onde Rafa empatou, mas sem que isso estancasse o caudal do jogo.
O equipamento de Trubin ficou a pingar água lamacenta outra vez, forçado por um cabeceamento do central Tomás Ribeiro, mas optou pela parcimónia de energia quando Nuno Santos, antes de o Vitória regressar a transbordar de genica para a segunda parte, tentou arquear outro remate à distância. Plantado e imóvel, o guarda-redes ucraniano viu o que seria inevitável, pouco depois, pela relva, pintar-lhe o céu da visão devido à incapacidade do Benfica em ceder à inevitabilidade.
Nem com Arthur Cabral entrado de modo à equipa ter um alvo no ataque, ou com as garras de Florentino que substituiu o molde de jogador que é Kökçü, médio carente de um tapete impecável para as suas características se verem, os encarnados se transmutaram numa versão mais adequada ao estado do campo. O pesado terreno continuou escancarado às investidas do Vitória e do seu tubarão de serviço, Jota Silva, que se fartava de dar às barbatanas. Incansável, nem a torrencial molha perturbava o penteado do Grealish à portuguesa que infernizou a vida a Morato, pela direita.
Seria ele, a precisar de recuperar o fôlego assim que a bola entrou, a caçar a bola passada por Bruno Gaspar e a passar rasteira à área onde André Silva, com o exterior do seu pé esquerdo, antecipar-se a Otamendi e tocar a rosca rasteira que deu a volta a Trubin. O segundo golo recompensava a equipa que se adaptava para sobreviver, a evolução das espécies humanizada num hectare de relva perante quem teimava em insistir no mesmo.
Reflexo de um treinador, em tempos recentes, a dar ares de ignorar o que as equipas adversárias têm para oferecer, o Benfica pareceu menosprezar as condições do relvado e rever-se em desvantagem no resultado só tarde, muito tarde lhe arrancou uma reação digna do pantanal onde decorria a partida. Salvos os primeiros minutos do jogo, em que os encarnados tentaram fazer as coisas com alguma rotação, só quase no fim, quando já nem chovia, se renderam a transformar as jogadas numa mesma versão: Florentino e João Neves roubavam bolas, arranjavam forma de libertar Di María, na direita, e o argentino lá se inventava maneira de bater os seus cruzamentos venenosos, imunes à meteorologia.
Assim encontrou a cabeça de Arthur Cabral, entre tantas na área, quando soaram as 90 badaladas. Foi mesmo tarde e os descontos serviram para o Benfica acentuar a estratégia de lançamentos longos para a área perante a falta de plano de jogo jogado que fosse possível de executar, reconheceu-o Roger Schmidt no final, algo estranhamente - porque, durante o tempo quase inteiro, os seus jogadores agarravam-se à bola com temor de a perderem e tentavam combinações de passes curtos a que o pesado relvado chamava um figo.
A cegueira de quem não quer ver foi encravando o Benfica, que nem quis limpar os olhos aos 64’, quando o descuidado Borevkovic, a acudir à bola fugida do seu pé, atirou-se às canelas de Florentino com a sola da chuteira como pára-choques. O cartão vermelho pareceu apenas um aguaceiro, uma pequena gota a juntar aos decilitros que afogavam o relvado. Excetuando a cabeçada de Arthur Cabral, o Benfica manteve-se incauto e disforme, sem se adaptar à miséria verde que tinha sob os pés e até foi Jota Silva, antes de um esgotamento o fazer pedir a substituição, a fugir pelas traseiras dos centrais e ver a perna estendida de Trubin negar-lhe a felicidade. A chuva também alagou a sua apatia - só aos 76' cometeu uma falta na segunda parte.
Empatado onde a época passada perdeu, o trejeito do Benfica em pouco querer saber das circunstâncias que lhe fogem ao controlo salvou um ponto em Guimarães que impediu a ultrapassagem do Sporting, coxo de um jogo. Ainda encharcados, no desfecho-se ouviu-se Jota dizer que o Vitória “perdeu dois pontos” e Álvaro Pacheco louvar a “mentalidade de campeão” dos seus jogadores - não perdem há 10 jogos -, desabafo esperado de uma boca que fala inglês com sotaque alemão. Seria a impor-se neste tipo de intempérie, onde o que resta é fazer o que for preciso, que um candidato ao título mostraria ao que vai."

Adversário difícil, campo difícil, foram dois pontos à vida


"Guimarães 2 - 2 Benfica

Antes do jogo
> Depois de um magnífico almoço na Casa do Benfica de Famalicão, organizado pelo amigo José Manuel Oliveira, festejei aqui o título de 14-15, conquistado depois de um empate a zero.
> Faz agora precisamente 12 anos que perdemos pela última vez no D. Afonso Henriques. Para hoje, porém, adivinha-se um jogo muito complicado: o Porto salvou-se aqui com uma exibição inspiradíssima do Diogo Costa e o Sporting perdeu.

Durante o jogo
> Apostei com os companheiros de viagem no mesmo onze do jogo com o Gil. Enganei-me: equipa sem ponta de lança é equipa de tração atrás? Poucos treinadores deixam de fora um ponta de lança que vem de uma série de jogos a marcar.
> Coroa no relvado em memória de Féher. Momento emocionante. Começou. Relvado encharcado. Vamos Benfiiiicaaaaaaa.
> Meia hora e o Benfica a jogar neste relvado como de costume, de pé para pé, sem conseguir chegar à área deles com jogadores suficientes. Perigo pouco e só de bolas paradas.
> Fumos no relvado e da nossa bancada não se percebe nada do que se passa na área do Benfica. Só sabemos que foi penalti e golo deles pela reação das bancadas.
> Que assistência do Di María, toma Rafa, que és rápido, é só empurrar. Não tiveram tempo para saborear e gerir a vantagem.
> Bola rola cada vez menos. O Schmidt que mude esta forma de jogar para a segunda parte, isto é jogo para operários de fato de macaco e o meio campo para onde vamos jogar está uma lástima.
> Tino a Arthur. Para mim com 45 minutos de atraso.
> Três cantos num minuto. O Di María que as meta também ao segundo poste.
> 2-1 para eles aqui de baixo das nossas barbas. Golo simples, fácil. Ganhar este jogo vai ser tarefa para super homens.
> Entrada assassina sobre o Tino. 25 minutos com um a mais. Arrisca, Schmidt! Isto só vai lá com jogo direto. Mete outro avançado. Eles vão defender o resultado.
> Demorou mas já lá está o Marcos Leonardo. E saiu o Morato. Óbvio.
> Continuamos a jogar com a bola no relvado, sem criar perigo. E o tempo a passar. Falta quase nada... > Di María assiste, pelo ar, só ele, Arthur lá para dentro..
> Só 6 minutos? Já não deu para nada. Adversário difícil, campo difícil, dois pontos perdidos. Liderança nem à condição, mas a Liga não acabou hoje."