domingo, 21 de janeiro de 2024

Rollheiser


Anúncio oficial da contratação de Benjamin Rollheiser. Médio-ofensivo, que poderá jogar em várias posições, mas creio que a intenção do Benfica, é de usar o criativo argentino, no lugar do Rafa, que como sabemos, deverá sair do Benfica no final da época!
Inicialmente estava previsto vir só no Verão, mas com o 'pedido' do Guedes para sair, o Benfica aparentemente mudou de ideias... e ainda bem que o fez! Assim, o Rollheiser poderá adaptar-se ao Benfica, sem a pressão da titularidade, já que o Rafa ainda está cá... e também irá permitir avaliar, se o Rollheiser, tem capacidade para ocupar a posição de 2.º avançado no Benfica!


Formado no River Plate, chegou mesmo a sentar no banco o Alvarez do Manchester City. Acabou por sair em conflito, foi para o Estudiantes, e agora aos 23 anos, dá o salto para a Europa.


Naquilo que vi, parece-me ser um jogador muito talentoso, mas muito diferente dos outros médios ofensivos que temos: não tem a velocidade do Rafa (como é óbvio!), mas demonstra boa capacidade de decisão, remata bem, é muito bom na pressão alta, muito lutador, sabe usar o corpo para fintar, não sendo um driblador rápido, e tem boa 'leitura' de jogo. Vai jogar com o 32 na camisola, mas é um 10, que pode jogar no meio, ou a partir das Alas...

Estava a fazer a pré-época, creio que ainda não tinha feito qualquer jogo, portanto vai demorar algum tempo, a ser utilizado, mas tenho muito expectativa para o ver...


Excelente vitória...

Mafra 1 - 2 Benfica


O Mafra até começou por cima, acabou por marcar, mas o Benfica respondeu, começou a criar perigo e quando empatámos, já mereciamos estar a ganhar! O que acabou por acontecer no 2.º tempo...
Nos últimos minutos, acabámos por defender a vantagem mínima, com muito suor, e pouca cabeça...

A equipa está mais sólida, e depois do susto no início da época, parece que estamos a caminhar para assegurar a manutenção, com alguma tranquilidade...

Nos últimos tempos, vários jogadores da B, têm sido convocados para a equipa principal, e têm inclusive ido para o banco em alguns jogos, mas muito sinceramente, no meio-campo (a zona com menos opções na equipa principal...), o Nuno Félix é neste momento o mais bem preparado para dar o salto... e o Rafa Luís aquele com mais potencial...

As Finais são para ganhar...

Belenenses 2 - 7 Benfica

Entrada a dormir, com golo sofrido aos 24 segundos, mas rapidamente a partida regressou à normalidade...
Destaque para o hat-trick do Silvestre; o bis do aniversariante Jacaré; e da dependência que a equipa demonstra das subidas do Gugiel para o 5x4...
Amanhã com um Sporting, que também não tem convencido, é um jogo de tripla, mas nos últimos tempos, temos sabido dar a volta nestes jogos mais competitivos... Terá que ser na garra!

PS: Inesperada derrota, da nossa equipa feminina de Futsal nas Meias-finais da Taça da Liga! Com um 0-0 no tempo regulamentar, acabámos por perder nos penalty's com a Novasemente, recheada de ex-Benfica! Voltámos a desperdiçar muitos remates fáceis... mas podiamos ter sido mais agressivas, desde do apito inicial...

Qualificação, mesmo com a derrota...

Pylea 32 - 31 Benfica
18-16

Depois da vitória larga na véspera, hoje, acabámos por 'gerir' em demasia, com uma eficácia no remate ridícula, e perdemos a 2.ª mão, sem nunca colocar em causa a qualificação para os Quartos-de-final da EHF European Cup... 

Inaceitável

Guimarães 91 - 71 Benfica
19-18, 22-15, 22-14, 28-24

O Benfica não pode perder um jogo por 20 pontos, contra qualquer equipa do Tugão, muito menos o Guimarães! Muito grave o que se passou esta tarde em Guimarães...

VAR: a culpa é de O.J. Simpson


"À primeira coisinha, todos perguntem por ele. Onde estava o VAR? Pois bem, está na infância.

O VAR. Essa coisa que, não me canso de repetir, é ótima para o resultado e péssima para o jogo. O maior mal necessário do futebol. É o maior ponto de discussão no campeonato português, argumento para algumas más exibições e piores resultados; troca de acusações quando a energia falha e se tem de usar um telemóvel – tudo previsto em protocolo como já se esclareceu – ou porque simplesmente um dia se falou nisto e no outro dia não.
Em Portugal, até já se viu quem defendesse o direito ao golo ilegal, simplesmente porque «o VAR não podia intervir», mesmo que a verdade tivesse ficado à vista de todos. Também já sucedeu o contrário, quando se marcou um golo ilegal e se apontou o dedo porque não se falou noutros momentos. Em suma, parece que ninguém gosta dele, o odeia mesmo, mas à primeira coisinha perguntam por ele. Onde estava o VAR?
Pois bem, a resposta a esta pergunta é simples: no futebol, está na sua infância.
O VAR existe no futebol profissional há pouco mais de meia dúzia de anos, em Portugal a tempo inteiro desde 2017/18, mas existe no mundo desde a década de 70.
Um dia, como diz a história, o responsável pela arbitragem na NFL -futebol americano – quis perceber o que se perdia para rever uma jogada em replay. Art McNally equipou-se com um cronómetro e uma câmara e assistiu ao Dallas Cowboys-Buffalo Bills. Entre outras coisas, viu uma jogada de O.J. Simpson, esse mesmo, que teria de ser revertida caso houvesse intervenção do «instant replay». Pormenor, estava-se em 1976. A primeira vez que O.J. Simpson escapou impune, apesar das provas, portanto.
A evolução da videoarbitragem deu-se a partir dali. Espalhou-se para outras modalidades, até que o maior jogo do mundo a aceitou 40 anos depois. Ao contrário que acontece noutras coisas, no que toca ao VAR, Portugal esteve sempre na frente. E por lá continua – sim, é um elogio a algo no futebol nacional.
A permissão da FIFA para se revelar o racional por trás das decisões dos árbitros é apenas e só o passo lógico - dado há muito tempo no futebol americano - e só não se percebe a demora do International Board em assumir uma prática que tem sido reconhecida como boa em todas as modalidades em que existe.
Os árbitros de futebol receberam o primeiro sistema de intercomunicação áudio em 2007/08 e desde essa altura que a medida devia ter sido aplicada. Por esse tempo, lembro-me de ter perguntado a um deles, numa ação de formação, se eventualmente daria para ligar à aparelhagem do estádio. «Afirmativo.» Então porque não explicam as decisões? A resposta foi simples: «Com estes adeptos? Isso seria ainda pior.»
Não percebi o receio na altura - talvez os árbitros não soubessem falar - como nunca percebi a demora na medida agora aplicada. Pelo menos, assim, todos conseguimos entender um pouco melhor porque é que OJ Simpson poderia ter escapado na mesma, apesar de todas as provas."

FC Porto 2024 - um ano histórico


"Ainda incerta a queda de Pinto da Costa - o velho imperador - mas mais do que certa a afirmação de André Villas-Boas como seu próximo sucessor

Há mais de quarenta anos que o FC Porto não vivia, como agora, uma razoável dúvida sobre quem vai ser o seu líder. E mais do que isso, sendo ainda incerta, no breve prazo de alguns meses, a queda de Pinto da Costa, é já uma certeza a afirmação de André Villas-Boas como seu próximo sucessor. O ano de 2024 traz, pois, ao FC Porto a clara perspetiva de ser um ano histórico, um ano transformador, um ano em que o clube lança o futuro em oposição a uma linha de continuidade de um regime já embalsamado.
Poderia ser, este, um ano de glorificação em vida do velho imperador portista. Não será, porque Pinto da Costa, agora com 86 anos, recusa-se a abandonar o trono do grande reino do Dragão. Mandaria o bom senso que, lúcido, ativo, embora com saúde debilitada, ajudasse a preparar o caminho para um futuro estável no seu clube, depois de quatro décadas de presidencialismo forte e inacessível. Não está no seu desígnio resignar o que para ele significaria desistir.
Pinto da Costa diz que não o faz porque coloca o interesse do clube à frente do seu interesse e da sua saúde. Não será verdade. Pinto da Costa pensa, eventualmente, com um fundo de razão, que afastar-se da presidência e limitar-se à passividade de uma vida de louvores e medalhas, o iria matar em pouco tempo. Não ter no dia a dia o prazer de inventar inimigos, de combater tudo e todos os que vivem fora da sua muralha, de fazer da ironia ácida uma ginástica mental seria condená-lo a uma insuportável mansidão. Não ter a rotina de subir para o autocarro da equipa, nos dias dos jogos, de aparecer como educador rigoroso e atento nos momentos de crise, de ver a equipa no camarote presidencial rodeado de uma corte fiel e submissa, seria condená-lo a uma reforma fatal. E não lhe dar o palco habitual nas televisões, nos jornais e na rádio, o poder inteiro da palavra punitiva sobre os que dele discordam, criar a admiração do seu discurso fluido, mas impiedoso, seria reduzi-lo a uma penosa insignificância, mais do que desportiva, social.
É preciso entender, neste plano bem mais alargado que o do Desporto, a razão pela qual Pinto da Costa se tornou um imperador dos tempos modernos. Não apenas porque exercia um poder absoluto no FC Porto, mas porque houve tempo em que esse poder se estendeu a toda a estrutura do futebol, a muitos e distantes clubes cujos dirigentes se tornaram seus súbditos e cujos treinadores sabiam dever-lhe gratidão. E ainda mais, porque esse poder se estendeu muito para lá do futebol, estendeu-se à classe política, ao poder do Terreiro do Paço, que ele tanto detestava, ao mundo financeiro e empresarial, que o ouvia com admiração e receio.
Mas nem os imperadores são eternos. O poder efetivo de Pinto da Costa foi-se diluindo com o desgaste do seu regime e de todos os seus pecados. Foi, pois, na convicção de que adiar a mudança seria demasiado perigoso para o futuro do FC Porto que fez da candidatura de André Villas-Boas uma candidatura viável, coerente, necessária. E necessária, em primeiro lugar, para o FC Porto, mas também para o futebol português.
Pinto da Costa diz que por alguma razão todos os seus inimigos estão com Villas-Boas. É apenas a mesma fórmula aplicada e repetida com sucesso desde há quarenta anos, mas que, hoje em dia, neste novo tempo, se torna apenas um sinal de decadência. Ninguém acredita, portistas e não portistas que viram aquela imensa onda azul na Alfândega do Porto, que se juntasse ali uma multidão de inimigos de Pinto da Costa. Ninguém acreditará nisso, mas acreditará que nas próximas eleições a escolha será entre o passado e o futuro.

Eu não votei em Leo Messi
Por razões que estão ligadas à minha vida profissional mais ativa, a FIFA escolheu-me, há alguns anos, como único jornalista português a votar no The Best. Tem mantido, certamente por elegância, esse convite. Eu não votei em Messi. Porque Messi foi, em muitos anos, o melhor jogador do mundo e eu votei nele. Como votei Ronaldo quando achei que merecia. Mas Messi não foi no último ano o melhor futebolista do mundo, muito longe disso, e o prémio atribuído descredibiliza o voto, os votantes e, pior, o futebol mundial.

O congresso do jornalismo
Decorre o V Congresso do jornalismo num tempo de profunda crise... do jornalismo. Não pretendo, obviamente, discorrer o que penso neste espaço tão pequeno, mas sempre direi que há, com o jornalismo, um problema global e com o jornalismo português um problema Portugal. Sempre fomos um país desencorajado de ler e de apreciar jornais. Numa população escassa e desinteressada, não há negócio jornalístico que sobreviva. É a partir desta cruel realidade que se devem pensar e partilhar soluções. Como se percebe, não é fácil."

Vitória justa


"O Benfica alcançou a oitava vitória consecutiva ao ganhar, por 2-0, frente ao Boavista. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Três pontos merecidos
Roger Schmidt releva o triunfo e elogia a equipa: "É sempre bom jogar no nosso estádio e vencer jogos, foi uma grande noite para nós. Marcámos dois golos muito bons, merecemos vencer o jogo e também estou muito feliz por não termos sofrido golos."
O treinador do Benfica aborda ainda a sequência de bons resultados: "Vencer jogos é bom para a confiança e é uma boa confirmação de que estamos a fazer as coisas bem enquanto equipa. Tivemos de estar sempre muito bem preparados e trabalhar arduamente como equipa. Temos de nos continuar a concentrar em cada jogo."

2. Empenhados nas vitórias
Morato sublinha que "era importante ganhar para continuar na luta pelo título" e refere que esse é o foco da equipa: "Temos trabalhado para conseguir vitórias, e que venham mais."

3. Homem do Jogo
Autor de um golo e de uma assistência, Di María foi considerado o Homem do Jogo.

4. Taça da Liga de futsal
Benfica e Belenenses encontram-se, nesta noite, nas meias-finais da Taça da Liga de futsal. O jogo é na Póvoa de Varzim, às 21h00. Mário Silva refere o cariz especial da partida: "Este jogo tem um cariz diferente, o cariz emocional e de ansiedade é diferente em jogos a eliminar. O Belenenses não tem rigorosamente nada a perder nesta competição."
No feminino, o Benfica defronta o Novasemente, também na Póvoa de Varzim, às 14h00. Alex Pinto assume a ambição de conquista: "Queremos ir buscar este troféu outra vez."

5. Embate europeu
A equipa feminina de andebol do Benfica deu um passo seguro rumo aos quartos de final da EHF European Cup. Na 1.ª mão dos oitavos de final, frente ao AESH Pylea Thessaloniki, ganhou por 44-26. O segundo jogo é hoje, na Luz, às 19h00.

6. Outros jogos do dia
Nesta manhã, a equipa B do Benfica visitou o Mafra e ganhou por 1-2. Em voleibol, as águias são anfitriãs do Castêlo da Maia (17h00). A equipa feminina de voleibol recebe o Clube K (14h30). E, em basquetebol, deslocação ao reduto do Vitória SC (15h00).

7. Benfica representado por Toni
A glória do Benfica, antigo jogador, capitão de equipa e treinador, Toni, representou o Clube nas cerimónias fúnebres de Franz Beckenbauer.

8. Casa Benfica Viseu
A BTV acompanhou as comemorações do 20.º aniversário desta embaixada do benfiquismo."

Factos...

Truncagens!

Vale tudo...

Pequeno resumo!!!

Imparáveis!!!

Tornámos difícil um jogo que podia ter sido muito fácil


"Benfica 2 - 0 Boavista

> Sem João Neves, poupado no banco, mas com Florentino. Bom era estarem os dois em campo e o Kökcü no lugar do João Mário.
> Pressão alta - que saudades -, jogadas de perigo na área do Boavista e eles, encostados lá atrás. Mas precisamos acelerar mais o jogo.
> Caímos muito de produção e o jogo está a ficar uma pasmaceira. Tínhamos que ir para o intervalo a vencer a equipa mais fraquinha que aqui passou esta época.
> Schmidt não mexeu na equipa. Mas a equipa precisa de mexidas.
> Começa o árbitro a aparecer no jogo. Golo anulado, cartões à toa, etc.
> E o Di María faz um daqueles centros que é golo (dele) ou é golo (de outro). Foi dele: assim se faz a diferença.
> Saiu o Florentino e o Benfica a perder o meio campo.
> Mais difícil jogar bem com a nossa ala esquerda sem profundidade... Otamendi a sobressair com cortes no limite. E António Silva.
> Entra João Neves para nos sossegar. E já levou uma pantufada. Porra, que parece encomenda...
> Marcos Leonardo, maravilhosamente assistido por Di María, a mostrar como é: 2-0!!! Este miúdo promete.
> E o Neres, provavelmente o melhor reforço de janeiro, voltou. Vamos!!!"

Apesar de Di María, a paralisia do Benfica é real


"O argentino, cada vez mais um artista estaticista que confia na arte do seu pé esquerdo, marcou e assistiu na vitória (2-0) dos encarnados, mas, durante muito tempo, a equipa voltou a pressionar de forma desgarrada e a ser unidimensional a atacar. Marcos Leonardo, o reforço natalício, voltou a marcar

O abominável João das Neves vinha embalado na sua residência na equipa, é obra ter 19 anos e assentar a mistura de pulga elétrica sem a bola, a saltitar freneticamente enquanto não a recupera, com um lobo de dentes afiados para as segundas, terceiras e quartas bolas que houver para disputar, raça de futebolista que com o tempo se vai aprimorando no uso que depois dá às tais bolas para fazer andar as jogadas do Benfica. Eram oito partidas seguidas a titular no campeonato uma ida à seleção nesse período e elogios de Roberto Martínez à personalidade de graúdo do miúdo-maravilha, empurrado para o banco contra o Boavista por um pancada sofrida na coxa no jogo anterior.
Ou, em linguagem de rua, por uma paralítica.
Sem ele, o Benfica contou 45 minutos do mesmo género de paralisação que mostrara no resultado enganador frente ao Rio Ave, a equipa era repetente no seu quê de letargia mesclado com o quê de desorganização quando pretendia pressionar o Boavista e essa mistura, ao contrário da carregada por João Neves, a ver de fora com as mazelas da sua monoplegia como os companheiros replicaram comportamentos perante os adversários que vestem de xadrez e têm vivido, nos últimos tempos, dias com mais negrume do que brancura, escurecidos pelos salários em atraso e de um presidente que diz que estar dois meses sem receber “não mata ninguém”.
Salpicado pela qualidade de vários bons jogadores, o Boavista equilibrou muitas vezes o tempo contado com bola porque os encarnados, além de não apertarem por aí além o conforto dos defesas centrais a iniciarem as jogadas, montavam uma pressão desgarrada no meio-campo axadrezado. Uns eram rápidos a ‘chatear’ quem tinha a bola, outros só reagiam quando o adversário mais próximo recebia um passe, às vezes marcava-se com os olhos. A qualidade do capitão ‘Seba’ Pérez, no miolo, deixava as posses do Boavista respirarem, a rapidez de pés de Luís Santos, na esquerda, desatava algumas situações com a ajuda de Tiago Santos, o maior talento em bruto dos visitantes.
Esses vários bons futebolistas, porém, não eram ligados por um coletivo capaz de avançar com posse de bola organizada mais do que duas ou três vezes na metade do Benfica, que nos poucos momentos em que logrou compactar o seu bloco na primeira fase de pressão, lá forçou o desnível para com os adversários a sobressair. Arthur Cabral rematou rasteiro (20’) na ressaca de um mau passe de Salvador Agra, extremo adaptado a lateral direito. Depois, foi Di María a curvar uma tentativa (28’) para o guarda-redes João Gonçalves provar relva para defender. Quando não era passivo e desmontado a pressionar, o Benfica provocava desconforto.
Mas, com tantas alturas de quase cada um por si, a equipa que Roger Schmidt tem ferrugenta por comparação com a oleada versão da primeira metade da época passada sofria, ainda mais, porque, com bola, também sofreu com as suas falências. Sem profundidade alguma nas alas, onde Aursnes quer combinar e associar-se à direita com um Di María de bola no pé e Morato, à esquerda, pouco se aventura a atacar o espaço vagada pela atração de João Mário ao centro, o Benfica afinal jogava com diplegia - não tinha presença atacante nos flancos, mesmo que a melhor ocasião tenha saído do único cruzamento (12’) feito pelo improvisado lateral canhoto, que três jogadores foram incapazes de desviar.
Ultradependente dos passes que Kökçü descobrisse nos meandros de um Boavista que recolhia atrás e fechava as linhas ao centro, ciente de que o maior potencial de ameaça viria dali, por onde deambulava Rafa, o Benfica emperrou constantemente as suas tentativas atacantes. Com o tempo cedo a frustrar a equipa que tem ouvidos para absorverem a impaciência das bancadas, a segunda parte teve um par de contra-ataques perigosos do Boavista que exploraram a também esburacada reação à perda de bola dos anfitriões, que nem com Florentino eram sagazes a procurar esses roubos.
Trubin já se armara em salvador (54’) quando se esticou para negar um remate em esforço de Bozenik, única intervenção do guarda-redes que foi usada pelo Benfica para despertar. Ainda com Morato e Aursnes nas laterais, o brasileiro e o norueguês projetaram-se muito mais, pisaram mais vezes relva do último terço do meio-campo adversário e, à direita, a presença do careca multiusos permitiu desviar atenções para Di María respirar melhor para se o que hoje é: um jogador de lançamentos e execuções esteticistas, a confiar como nunca no pincel de pé esquerdo para produzir arte. Usufruindo de mais tempo, o argentino olhou para a área, aos 61’, com toda a calma disponível, e tirou um cruzamento cheio de efeito, à procura de Arthur Cabral.
A cabeça do brasileiro não chegou à bola que ressaltou no relvado e enganou o guarda-redes. O 1-0 entrou direto na baliza, nem muito intencional e muito menos inspirador, mas compensador de uma mudança de atitude que capacitou o Benfica para importunar o Boavista. O golo sacudiu o jogo, animou-o. Só que nem por isso o tornou confortável para quem ganhava.
Os axadrezados esticaram-se em campo e basearam a sua reação em subir a pressão para junto dos defesas adversários, mais ainda quando Aursnes pôde viver um pouco na sua posição e Tomás Araújo, à direita, completou o pleno de centrais na linha defensiva do Benfica. O encontro partiu-se, jogou-se mais aos repelões, o plano dos encarnados continuou a parecer que desconhecia quem era e a influência que ‘Seba’ Pérez tem no jogo do Boavista e Bozenik teve bolas de remate perto da área. Mais incapaz ainda de pressionar de forma coesa, a equipa de Roger Schmidt teve hora e meia sem saber o que é estabilidade.
No reboliço dos últimos 10 minutos, os encarnados aproveitaram a desordem de um adversário a apalpar no ar a insegurança, que se lançou com tudo para a frente sem pensar nas consequências, para tentar estucar o resultado. João Mário, Kökçü e Di María, todos viram a baliza de perto após recuperações de bola e remataram para João Gonçalves se arreliar. Só Marcos Leonardo, o reforço natalício, marcaria já nos descontos (90’+4) quando o olho de Otamendi lançou uma bola longa para Di María contra-atacar rapidamente e assistir o avançado. Além do segundo golo à segunda aparição em campo, o brasileiro deixou receções vistosas e sabedoria a servir de parede para tabelar com quem está virado para a baliza.
A vitória mantém o Benfica a ver a liderança do Sporting somente à distância de um ponto, essa é a bonança a retirar de um jogo castigador para a fina técnica que o Boavista tem em Tiago Morais e para a calma organizadora de Seba Pérez. O segundo fez suar os defesas após o primeiro beneficiar no meio da pressão e reação à perda atabalhoadas do Benfica, que segue paralisado nesses momentos do jogo onde não assim há tanto tempo aprisionava qualquer adversário."

Quando um talento se está completamente nas tintas para o que tu pensas


"O jogo começa, é ele a servir, sai uma bomba da raquete como era de esperar de um tipo com 1,96 metros do chão ao cocuruto da cabeça e em quem a raquete, lá no alto, andará pelos dois metros e tal. A bola é-lhe devolvida e, à segunda pancada no encontro, Alexander Bublik faz um dócil amorti que o adversário ainda alcança, a custo, para a sua candura logo aparecer: com uma postura mole de corrida, o corpo sem qualquer pose competitiva, coloca a bola longe de Lorenzo Musetti, um talentoso tenista da nova geração que se atreve a proteger o legado da esquerda a uma mão, que acaba a correr desalmadamente em vão. Quem ganha o ponto ri-se, o sorriso é malandro.
Quando volta a servir, a pancada subsequente é outra vez um adoçar da bola para junto da rede e o amargo italiano chega-lhe ainda mais em esforço, tocando-a contra a rede. O sorriso maroto pinta a cara de Bublik. Chega ao 40-0 num ápice ao repetir a fórmula, desta vez a resposta de Musetti ao drop shot vai para fora do campo e ele não esconde o mesmo riso, de quem já conspirava a próxima. Para fechar o primeiro jogo, saca um serviço batido por baixo, gesto que era a pior das ofensas possíveis num court até há não muito tempo e faz quem está do outro lado da rede acorrer urgentemente à bola à qual se estica todo para a devolver e o conspirador, de novo casualmente, ser impiedoso perante o esforço.
No ténis da contrição imposta como doutrina ao mínimo devaneio e das regras das aparências, onde as extravagâncias devem ser suprimidas a bem de um código de conduta não escrito, Alexander Bublik acaba o ponto a alçar uma perna, esgueirar a raquete por entre os membros inferiores e inventar uma elegante tweener. “Isto foi o jogo mais extraordinário de Bublik”, ouve-se da narração, em inglês. O sorriso malandrino reaparece, ele volta ao fundo do campo e curva-se para a bancada enquanto atravessa a raquete diante da cintura. É a vénia do artista ao público para acentuar o aplauso e aumentar o ruído, até nisso o ténis consegue ser estranhamente inverso: um jogador acabou de ser brilhante, mais fora da caixa era difícil, mas a maior ovação surge só com o jogo parado, quando ele reage ao que ele próprio fez.
Reino de pouco espaço concedido a laivos de personalidade, o ténis é raro em divergentes de raquete na mão como Alexander Bublik, exatamente o tipo de jogador por quem confesso ter um fraquinho. Russo de nascença e crescido em Moscovo, maturou na fábrica de tenistas do país até entrar na vida adulta e a federação local o deixar de apoiar por haver tenistas que o ultrapassavam no rendimento e no retorno dado em campo. Sem dinheiro, deixou-se cativar pela asa aberta por um milionário do Cazaquistão apaixonado pela modalidade.
Decidido a canalizar a fortuna para dar, à força, uma cultura de ténis à nação que nem tinha courts suficientes para encher duas mãos, Bulat Utemuratov foi algo impaciente. Sem querer esperar pelos frutos das academias, dos treinadores e da prospeção que espalhou pelo território que afunilava a atenção desportiva para o futebol, as artes marciais e halterofilismo, quis cativar tenistas russos na periferia dos melhores - a troco de Utemuratov, que é como quem diz, do Cazaquistão, lhes financiar a carreira, passariam a competir sob a bandeira do país. Foi assim que Alexander Bublik trocou de alianças. É assim que um dos jogadores mais devotos ao entretenimento e com talento de sobra para o providenciar está no Open da Austrália.
Não é de esperar que o russo tornado cazaque tenha um raide de sucesso que o leve longe no primeiro Grand Slam da época, mesmo que esteja a viver um apogeu na carreira. Aos 26 anos, Bublik é o 27.º melhor tenista do mundo - no verão passado, chegou a ser o 25.º do ranking durante uma semana - e defrontará, na primeira ronda, Sumit Nagal, um desconhecido indiano situado uma centena de lugares abaixo na hierarquia. Terem sido empurrados para o court n.º 6 em Melbourne e o jogo começar às 3h20 da madrugada, hora pouco convidativa para assistir em Portugal e à torreira do sol australiano, reflete os parcos holofotes que focam no tenista que fica a dever a muito poucos em talento, mas cuja predileção para entreter o leva por caminhos pouco convencionais.
Bublik é o tenista que serve por baixo com frequência. Que tenta fechar pontos junto à rede virando a raquete ao contrário e batendo na bola com a pega. É quem tenta pancadas mirabolantes em situações de risco nas quais 99% dos jogadores optaria pela opção conservadora. “Ele tem um talento de loucos, uma mão incrível desde miúdo. Conhecemo-nos desde miúdos, ele sempre tentou esse tipo de pancadas”, disse, há uns anos e ao “New York Times”, Daniil Medvedev, um vencedor e finalista de Grand Slams que cresceu a jogar contra ele na Rússia e teve, no que é contável, um sucesso incomparável - Bublik tem três títulos ATP e outras seis finais jogadas. É precisamente isso, o que os separa, que mais encanta.
Para usar uma comparação, é mais difícil e improvável que no ténis haja um equivalente virtuoso bem-sucedido como Ronaldinho foi no futebol, vencendo tudo e sendo considerado o melhor do mundo enquanto ousava recriar-se com malabarismos onde a norma dita o dever da seriedade. Em qualquer desporto, é raro tais coisas coexistirem numa pessoa e, no ténis, o mais longe que viajámos foi à boleia da beleza de Roger Federer, que era uma anomalia capaz de bater qualquer pancada com elegância suprema e eficácia milimétrica. O suíço não se punha a fazer truques em court, nem a sua lenda se fez disso. Muito menos Alexander Bublik é um predestinado como Federer foi, a minha apologia não cai aí.
Prezo a contribuição do nouvel cazaque para o ténis porque, sem se levar demasiado a sério, não se rege pelos carris rígidos que a modalidade impõe e pouco parece pensar nas consequências imediatas - perder o ponto, ver-lhe fugir o ímpeto do jogo - de divergir num meio onde prolifera o protótipo de jogador que dispare pancadas no fundo do court, sirva como um martelo, segure a esquerda a duas mãos e seja consistente com cara robótica de concentração. Isto num circuito que também dita que quem esteja a assistir o faça com alguma supressão de entusiasmo vocal. No conteúdo, Bublik ser o terceiro tenista que mais ases tem por jogo, esta época, ou ter a maior percentagem de pontos ganhos no primeiro serviço, não é inteiramente original. A forma como integra isso numa fuga completa aos moldes é que serve para encantar.
Em Brisbane, onde jogou há semanas no torneio de aquecimento para o Open da Austrália e fez aquela série de pontos inusitada, também foi roubar uma batata frita literalmente ao pacote de um fã que assistia ao jogo mesmo ao lado do court. Não sei se lá para o meio espatifou uma raquete contra o chão, como já o fez inúmeras vezes e tão recriminado é pelos cânones do ténis. Há uns anos, quando a carreira não lhe corria tão bem, chegou a dizer que só jogava “pelo dinheiro” naquela fase, confidência que lhe foi difícil sacudir da sua imagem. Queixou-se de ser decontextualizado, mas a carapuça meio que lhe serviu por ele ser um talento que verdadeiramente só parece preocupado em divertir-se, primeiro que tudo.
Neste Open da Austrália que não tem Nick Kyrgios, outro maverick do ténis que se contentou em fazer o que lhe dá na real gana em vez de ir por onde as expectativas vindas de fora exigiam que fosse por ser dono de tamanho talento, Alexander Bublik veste a capa do divergente que a modalidade continuará a ver como excêntrico e estranho. A contas com lesões e sem pudor em mostrar a ausência de vontade em dedicar-se com tudo ao ténis, o australiano vai estar a comentar o torneio para um canal de televisão. Em campo, com um braço tatuado e só uma perna com meia até ao joelho, desengonçado na sua despreocupação com o que os outros acham que ele deveria fazer com o talento para o qual apenas ele é tido e achado, jogará o russo que agora é cazaque, para quem Daniil Medvedev arranjou a melhor descrição:
“Ele arrisca pancadas malucas talvez quando não há necessidade (...) Há tantos jogadores atualmente - incluindo eu - que pensam, ‘Se eu dizer isto, vai haver 10 comentários após o jogo a dizerem que não o deveria ter feito’. Todos pensamos nisto. Ele não.”"