"Aproximam-se dois jogos decisivos para o futuro imediato da Seleção Nacional feminina. Para marcar presença no Europeu de 2025, na Suíça, as nossas jogadoras têm de eliminar a Chéquia num play-off em que não há segundas oportunidades, só quem vencer estará no Euro.
Cientes desse caráter decisivo, os portugueses estão a responder à chamada e tudo indica poderá estar a caminho um novo recorde de assistência. A Seleção joga pela primeira vez num grande palco, no Estádio do Dragão, e as últimas informações indicam que já foi vendida mais de metade da lotação do recinto. É o Dragão, precisamente, que detém esse recorde, na apresentação da equipa feminina do FC Porto, onde estiveram 31.093 pessoas a assistir… a um amigável. Desta vez num jogo oficial, com ingressos pagos, seria gratificante ver o estádio esgotado.
Era mais um exemplo, se dúvidas ainda persistissem, que o futebol feminino pode atrair multidões e gera cada vez mais interesse em seu redor, apresentando um potencial enorme de evolução.
Pena é que por cá não sigam o que se passa noutras ligas. Em Inglaterra, por exemplo, na última jornada, aproveitando a paragem do futebol masculino, a equipa feminina do Everton recebeu o Liverpool em Goodison Park, o Leicester jogou com o Manchester United no King Power Stadium, o Aston Villa recebeu o Crystal Palace no Villa Park, o Tottenham jogou no seu principal palco e o Chelsea levou mais de 19 mil adeptos a Stamford Bridge na receção ao Manchester City. E esta jornada não foi caso único. A equipa feminina do Arsenal anunciou que fará no total 11 jogos no Emirates, enquanto Leicester e Aston Villa farão todos os jogos da WSL nos seus principais palcos, rodando com as equipas masculinas. Bons exemplos que atraem público, atraem sponsors, proporcionam receitas para dar continuidade aos investimentos nesta área.
Já agora, e ainda por falar em Seleção Nacional feminina, é urgente perceber para onde queremos que a nossa Liga caminhe: basta olhar para convocatória para se constatar o enorme fosso entre os três grandes (Benfica, Sporting e SC Braga) e os outros… Tirando uma exceção, mais nenhuma jogadora dos restantes clubes da Liga BPI foi chamada. Ou seja, das 26 convocadas, 14 jogam nos três grandes, uma fora desse lote em Portugal e as restantes 11 estão no estrangeiro. As desigualdades tenderão a acentuar-se se não se adotarem medidas urgentes que proporcionem meios aos restantes clubes para investirem na formação e segurarem as melhores jogadoras por cá.
Está na hora.
Vamos lá, Portugal!"
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