"Entre a estratégia falhada na Champions e o clássico na Liga, Bruno Lage conseguiu a desejada reação do Benfica e chegou a uma vitória histórica sobre o rival e até puxou dos galões de campeão perante um tema polémico.
O Benfica vinha de uma derrota que tinha deixado dúvidas e insatisfação nos seus adeptos. Mais do que os números do resultado, ou os dados estatísticos do jogo, eram as sensações transmitidas pela equipa que causavam apreensão.
Perder por um em Munique não é catastrófico; perder as ideias da «fórmula Lage», aquela dinâmica e identidade que pareciam já estar adquiridas, não era bom augúrio para receção ao Futebol Clube do Porto – que se gaba de obter bons resultados na Luz - no primeiro clássico da época para o Benfica.
O que se viu, no entanto, foi um Benfica mais perto da sua melhor versão – para usar uma expressão cara ao treinador – do que do cinzentismo demonstrado na Alemanha. Acima de tudo, um Benfica muito melhor do que o adversário.
Mais uma vez, os números não contam tudo, num daqueles jogos que podem valer mais do que apenas três pontos. O Benfica está a um passo de chegar ao segundo lugar - quando acertar o calendário - e passou uma mensagem categórica aos rivais: tem qualidade e capacidade de reação; tem armas para lutar pelo título; tem vontade de vencer. E Bruno Lage até fez bem em poupar jogadores a meio da semana, tendo em vista este duelo.
Bruno Lage que, provavelmente, nem quereria ficar duas semanas sem jogar, mas sim tentar cavalgar a euforia do momento e estabilizar uma dinâmica vencedora. O mesmo Bruno Lage que, apesar de ter acabado de conseguir a maior vitória do Benfica sobre o FC Porto em 60 anos, optou por não ser exuberante após o jogo. Foi contido, falou no já gasto mas quase obrigatório «jogo a jogo» e até revelou que vai fazer um jogo treino com o Mafra. Se estava a vibrar por dentro não o deixou transparecer.
Ainda assim, puxou dos galões do seu passado na Luz quando questionado sobre um tema mais polémico – o arremesso de tochas por parte dos adeptos benfiquistas, que até pode ter afetado a concentração dos seus jogadores – para lembrar que já foi campeão nacional com o Benfica.
Seja como for, o Benfica vai para a paragem internacional com a confiança reforçada. E, como sublinhou o treinador, a depender apenas de si mesmo para chegar ao primeiro lugar."
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