sexta-feira, 4 de outubro de 2024

4-0 Noite com direito a página de ouro no livro do grande Benfica europeu


"Há várias maneiras de ganhar na Champions: com mais ou menos sofrimento, ou a controlar o resultado, por exemplo. O Benfica preferiu iluminar a Luz com fogo de artifício e os 4-0 souberam a pouco…

Mais de 62 mil pessoas foram testemunhas presenciais de uma das melhores exibições europeias do Benfica dos últimos anos, frente a um adversário que é famoso pela coesão defensiva e cinismo atacante. Foi uma avalanche de futebol encarnado, que soterrou o Atlético de Madrid, e o deixou de braços caídos, a pedir a hora, desejoso de regressar a casa e esquecer o pesadelo que viveu no Inferno da Luz, e provavelmente aliviado por o estrago não ter sido maior, ou não tivesse o Benfica construído três oportunidades para chegar à ‘manita’ já em tempo de compensação.
Contra uma equipa ‘colchonera’, que vinha de empatar com o Real Madrid, e se armou num 3x4x3 que se transmutava rapidamente em 5x4x1, Bruno Lage inovou. Aliás, é para isso que o treinador serve, para encontrar soluções para os problemas que lhe são colocados.
E o Benfica tinha, declaradamente, duas fragilidades: a primeira era a falta de capacidade defensiva de Di María, na direita, e a segunda era a ausência de unidades na zona central da defesa, quando o adversário povoava esses terrenos. Contra o Atlético de Madrid, Lage colocou Di María como vagabundo na frente de ataque, e ordenou a Aursnes que se ocupasse do apoio a Bah; e fez descer, sempre que necessário, Akturkogku, formando uma linha de cinco na defesa, que permitia a Carreras (portentosa exibição) atuar como terceiro central.
Tapados os buracos e preenchidos devidamente os espaços, foi a vez da inspiração entrar em campo, e logo aos 13 minutos, após um roubo de bola de Di María, Aursnes serviu Akturkogku, que fez o primeiro dos encarnados. Atónitos, os ‘colchoneros’, nunca perceberam muito bem se deviam fazer pressão alta, se deviam esperar a meio-campo, viram-se quase sempre em inferioridade numérica nos duelos setoriais, limitaram-se a soltar Griezmann para o papel de playmaker, mas nem Alvarez, que já deve ter saudades da chuva de Manchester, e Correa, foram incisivos, e foi sem admiração que chegaram ao intervalo sem nenhum remate enquadrado, e a agradecer ao seu santo protetor o facto de Pavlidis não ter feito o 2-0 aos 45+3, quando a bola saiu a beijar suavemente o poste esquerdo da baliza de Oblak.

FUTEBOL DE LUXO
Após o intervalo, Simeone, que já tinha trocado, aos 33 minutos Llorente por Molina, decidiu ser dramático, tirou três pesos-pesados, Koke, Griezmann e De Paul, e procurou refrescar o miolo com Gallagher e Serrano e o ataque com Sorloth. Em vão. Aos 51 minutos o internacional inglês pisou Pavlidis dentro da grande área ‘colchonera’ e Di María fez o 2-0, levando a Luz ao rubro e aplicando uma machadada dolorosa no ânimo dos espanhóis.
E o 3-0 só não chegou logo a seguir (55) porque Angelito foi egoísta e não deu o golo a Akturkogku. Mas os dados estavam lançados e Lage respondeu à entrada de Simeone (por Alvarez) com um novo fôlego no ataque, com Amdouni. Mas, entre os 60 e os 70 minutos o Benfica baixou de produção, Di María e Akturkogku pagaram o preço da intensidade altíssima a que jogaram, e foram precisas as entradas de Rollheiser, para a direita e Beste para a esquerda (à frente de Carreras), para a equipa arrancar para uma reta final empolgante e produtiva: Bah fez o 3-0, após canto de Beste, aos 75 minutos, os olés começaram a ecoar na Luz porque, logo a seguir, o Benfica começou a trocar a bola a uma velocidade vertiginosa, e quando Kokçu marcou, de penálti (falta sobre Amdouni) o 4-0, o estádio dos encarnados estava transformado num vulcão que gritava, «só mais um, só mais um.»
E transformado num vulcão que gritava, «só mais um, só mais um.» E não houve só mais um porque a sorte bafejou os madrilenos em três ocasiões. Acabava assim uma noite europeia do Benfica que não ficou a dever nada a outras jornadas gloriosas do clube da Luz, no seu longuíssimo historial nas provas da UEFA. Com fogo de artifício e champanhe, como deve ser sempre que se assiste a espetáculos superlativos."

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