domingo, 29 de setembro de 2024

Benfica - escrever direito por linhas tortas…


"Escrevo este texto antes do jogo com o Gil Vicente, acabando de ouvir pela enésima vez a conferência de imprensa de Lage nos telejornais, demonstrando uma alma que desconhecia e a quem "tiro o chapéu". Lembrou por demasiadas vezes (e muito bem!) que Rui Costa deve ser tratado por terceiros, em particular pelos jornalistas, por "Presidente" e reiterou o espírito de união que tem de existir no balneário e que anseia como base de trabalho.
Merece ter sorte, tanta quanto os benfiquistas na escolha dos seus dirigentes, onde falhamos há demasiados anos e a visibilidade destes erros se demonstra pela incapacidade de vincar uma hegemonia que a capacidade única de gerar receitas em Portugal tornaria como natural. Pois do que isso, é que por este caminho iremos assistir à recuperação dos nossos rivais, com riscos de gerar hegemonias que demorarão anos a inverter pelas lógicas desportivas de acesso à Champions.
Ontem as Contas foram "chumbadas" pelos Sócios numa Assembleia Geral com cerca de 1100 presenças. Gostaria de conhecer em detalhe a votação, em particular o peso que as Casas tiveram nesta votação, porque tenho o "feeling" de que a derrota terá sido imensamente mais expressiva do que os números de de 53/47 indicam.
Do fim para o princípio, acrescento que foram bem "chumbadas" por uma série de fatores, mas começo por referir algo aparentemente contraditório: salvo uma reserva dos auditores que o Conselho Fiscal olimpicamente ignorou porque nem lhe faz menção expressa no seu relatório quando aprova as Contas, tudo me leva a concluir que as Contas até estarão certas (com o ajustamento proposto pelos auditores da Mazars).
Então porque sustento que as Contas foram bem "chumbadas"? Por razões "políticas"? Um pouco por aqui, porque revelam um descontrolo de gestão, uma incapacidade de "cortar a direito", uma incapacidade de adequar o Clube (e a subsidiária SAD) às receitas geradas, como foi amplamente referido por diversos Associados durante a Assembleia. Neste aspeto, o discurso de Jaime Antunes foi (na minha opinião) altamente infeliz, porque se preocupou demasiadamente a explicar as razões, todas elas ponderosas, dos incrementos dos custos, qual inevitabilidade com que a Direção se confronta.
Começa aqui a maior parte da minha discordância sobre as Contas que refletem algo que se passava la atrás, neste caso há cerca de 3 meses, entretanto decorridos. A mensagem deveria ser de preocupação pelo caminho seguido, de transmissão reiterada da vontade de trilhar novos caminhos, nunca de uma imagem de conformismo e incapacidade de mudança, sustentada em vendas de jogadores da SAD, pelo impacto brutal que a equivalência patrimonial tem nos resultados do Clube.
Aqui chegados, passo a explanar a minha principal discordância sobre a apresentação das Contas e que sustentam a minha tese de que foram bem "chumbadas": ninguém apresentou as Contas Consolidadas e o Conselho Fiscal igualmente nada refere sobre a necessidade da sua apresentação. Claro que as Contas separadas do Clube são importantes, mas as Consolidadas são as essenciais para se aferir da real situação económica do Universo benfiquista. Desaparecem as transações e saldos intercompanhias, fica o essencial da informação, aquela que verdadeiramente deveria interessar.
Dito isto que parece irrelevante para a esmagadora maioria dos Associados, apraz-me registar o nível em que a Assembleia decorreu. Apupos e/ou aplausos refletem um Clube vivo, um Clube com Associados envolvidos na sua vivência, o que é sinal de esperança para um futuro melhor, com mais vitórias desportivas, essencialmente no "core" da sua atividade que é o futebol profissional, a começar já com o Gil Vicente. Acrescento também que essas vitórias, da forma sustentada que todos almejamos, só se conseguem com uma visão de futuro, sustentada no equilíbrio económico e financeiro que tem de ser o desiderato dos atuais e futuros dirigentes."

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