quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Sócio, proprietário e atleta


"António de Faria Leal teve uma passagem modesta pelo clube, mas deixou igualmente a sua marca na história encarnada

No início dos anos 20 de século passado, o Benfica vivia entre campos. Estava na iminência de sair do Campo de Benfica e, em simultâneo, tratava da construção do seu novo campo de jogos, nas Amoreiras. Em 1923, deixou de disputar desafios de futebol da equipa principal na sua 'casa', passando a usar campos emprestados, e foi nesse ano que arrancou com uma importante campanha de angariação de fundos monetários para as obras do Campo das Amoreiras: os Títulos de Propriedade, aprovados em Assembleia Geral, na sessão de 4 de Fevereiro.
António de Faria Leal foi um dos sócios que adquiram um Título de Propriedade. Natural de Almeirim, nascido em 13 de Junho de 1909, era estudante quando foi admitido como sócio do Benfica, com 15 anos. Dois anos depois, tornou-se sócio titular ao adquirir o Título de Propriedade n-º 959, emitido em 26 de Junho de 1926. Esse  documento integra a coleção de Luís Carlos de Faria Leal, antigo presidente do Clube, que era seu irmão, e foi doado ao Centro de Documentação e Informação do Sport Lisboa e Benfica. Com este Título, tinha direito a:
'1.º - 50% na redução na cotisação de Sócio;
2.º - Um lugar de bancada, permanente e gratuito, no campo de jogos desta agremiação;
3.º - Uma parte proporcional no património social, ou seja, uma parte do valor produzido pela venda dos bens móveis e imóveis no caso de dissolução do Sport Lisboa e Benfica, segundo o seu Estatuto'.
Em1928, António de Faria Leal foi atleta de polo aquático pelo Benfica, integrando a equipa da 3.ª categoria em quatro jogos, entre 1 de julho e 4 de agosto. Foi demitido de sócio em março de 1942, regressando ao Clube 30 anos depois, com 63 anos. Era oficial do exército e foi associado do Benfica até 1985.
Ao tornar-se sócio, sócio titular e atleta, António Faria  Leal tornou-se parte da história do Benfica, à semelhança dos milhares de outros sócios que o procederam e seguiram, pois o associativismo é a pedra basilar do Clube. É um exemplo de um sócio que teve uma passagem mais modesta pelo Clube, mas cujo nome perdurou graças à preservação da documentação e si associada.
Saiba mais sobre o associativismo  na área 16 - Outras Voos, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Lídia Jorge, in O Benfica

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