"Tozé Marreco deixou o Gil Vicente a dois dias de jogar no Porto; Daniel Sousa foi despedido após empate na 1.ªjornada da Liga; o que fará Rui Costa a Roger Schmidt, com tanto ruído em torno deles?
Começou cedo, este ano, o baile anual dos treinadores da Liga portuguesa. E começou de forma inusitada, quando Tozé Marreco, a dois dias da visita ao Estádio do Dragão, bateu com a porta do Gil Vicente, pela qual tinha entrado a poucos jogos do final do campeonato passado, colecionando em cinco jogos os pontos suficientes para a manutenção dos minhotos no escalão principal.
Ao que se soube, o treinador vindo do Tondela vivia profundamente desagradado com a política de transferências do verão gilista e decidiu não arriscar um mau arranque de época. É que todos os treinadores sabem, por definição, qual é a primeira cabeça a prémio em caso de insucesso.
O Brasil, como o meu companheiro João Almeida Moreira explicou recentemente em jeito de aviso a Petit quando este se mudou para o Cuiabá, será dos países em que os técnicos menos tempo têm para mostrar trabalho. Portugal, porém, seja por afinidade linguística ou cultural, não anda longe. Daniel Sousa que o diga.
Ao fim de dez jogos ao comando do SC Braga, quatro deles oficiais e, nestes, sem qualquer derrota, foi despedido quase ao mesmo tempo em que falava na sala de imprensa após o empate de estreia na Liga frente ao Estrela da Amadora. E pronto, convenhamos que aqui quem tocou a música do baile já foi a parte do costume — a direção de um clube ou SAD. Deu-se no SC Braga, cujo presidente é conhecido por algumas tomadas de decisão mais impulsivas (e muitas com sucesso), mas venha o primeiro dirigente afirmar que nunca despediu, quis despedir ou pelo menos lhe passou pela cabeça despedir um treinador após um ou vários maus resultados.
Talvez se trate de uma lei não escrita da gestão desportiva em Portugal (e no Brasil). Na hora do desespero, as direções esquecem-se de quem toma as escolhas e as apregoa como fundamentadas, refletidas e estruturadas para, meses depois, colocarem os ónus dos insucessos sobre os treinadores.
Rui Costa tem resistido à tentação, e nem sequer falta quem lhe sopre ao ouvido, a toda a hora, a urgência de despedir Roger Schmidt. Em privado e em público, a começar pelas bancadas da Luz. Depois de o ter mantido no final da época passada, dispensar o alemão constituiria um sério revés na autoestima do presidente encarnado. Mas também temos uma longa tradição de votos de confiança antes das rescisões, pelo que o comunicado do Benfica a dizer que «não procura treinador» soa cada vez mais a confusão para os lados da Luz."
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