quarta-feira, 24 de julho de 2024

O valor de ser o mais antigo


"Como sócio mais antigo entre os benfiquistas, de 1956 e 1979, Luís Joaquim Gato foi o segundo mais duradouro nesse posto

Qualquer instituição que se forma com amor e dedicação prezará pelo respeito e orgulho da sua história, como se nas raízes da fundação estivesse a fonte para o sucesso, presente e futuro. É neste principio que se honram e distinguem os sócios n.º 1. No Benfica, entre as 13 individualidades que se posicionaram como a mais antiga entre a população associativa, descobre-se Luís Joaquim Gato (1887-1979), que viveu toda a sua vida em Benfica.
Tinha 18 anos quando, em 26 de Julho de 1906, foi sócio fundador n.º 5 do Grupo Sport Benfica, juntamente com António Sobral Júnior, Luís Carlos de Faria Leal e outros 12 elementos. Destacou-se como atleta de ciclismo, participando em duas provas, classificado em 3.º lugar na prova dos 25 quilómetros e vencendo outra de cinco quilómetros, em 16 de Agosto de 1908. Também alinhou no futebol encarnado, sobretudo na 2.º categoria, com a qual se sagrou campeão de Lisboa duas vezes.
Entre 1906 e 1911, exerceria como secretário e relator do Conselho Fiscal, e como vice-secretário da Direção. Viria a apresentar demissão em 1914, mas foram poucos os anos em que não teve o título de associado encarnado, voltando a ser admitido em 1919. Em 1952, readquiriu o seu número antigo.
Reconhecido pelo seu valor e correção, foi um 'amável e valioso' sócio que contribuiu, não só como testemunho vivo, mas como fomentador de uma paixão do desporto e do Benfica ao longo do século XX. Para Luís Gato, custa-lhe a crer ser possível, mas 'o dia mais feliz da vida', foi a inauguração do Estádio da Luz, no qual se viu desafiado em lágrimas, ao lado de Luís Carlos de Faria Leal e de José Neto.
Com o falecimento do primeiro, em 1956, Luís Gato tomou o lugar como sócio n.º 1. Ao contrário do que acontece hoje, essa transição dava-se somente nas atualizações de número de sócios, o que aconteceu em 1958.
Apoiante de profissionalismo, recordava com orgulho estar envolvido no Clube desde os seus primeiros tempos, quando pagava 30 tostões de quotas. Lamentava não ter sido distinguido com o título de Sócio de Mérito, mas afirmava ter 'muita honra em acabar os dias a pagar os trinta escudos'. Quando Ferreira Queimado foi eleito presidente da Direção, em 1977, ofereceu-lhe a quota. No fim, dizia, o que é 'preciso é que o Benfica ganhe, o resto não interessa'. Viveu uma vida cheia de amor pelo 'seu filho querido', o Benfica, que seguia de perto na Rua Cláudio Nunes, como um exemplo para a massa associativa. Conheça outros sócios n.º 1 do Benfica na área 16 - Outros Voos, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

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