sexta-feira, 12 de julho de 2024

João Neves — na vontade o futuro


"De pouco valerá Rui Costa acenar com nova proposta de renovação se o jovem decidir sair

A um mês do pontapé de saída da nova época, ou seja da primeira jornada do campeonato, o plantel do Benfica, como das restantes equipas, está longe de estar fechado. Contratados o médio Leandro Barreiro e o avançado Vangelis Pavlidis, no caso do grego uma tentativa óbvia de encontrar alguém com as características mais adequadas ao que pede o jogo de Roger Schmidt, depois de Arthur Cabral não ter correspondido às expectativas, falta ainda um lateral-esquerdo, que não deverá demorar muito a chegar à Luz, para ser titular, e um lateral-direito para competir com Alexander Bah. Podemos todos identificar outras fragilidades e necessidades no grupo, mas essas são, para já, as prioridades do Benfica.
Como qualquer clube português que depende da venda dos melhores e mais valiosos por muitos milhões para manter equilibrado o modelo de negócio, o Benfica vai mesmo perder alguns jogadores. Rui Costa já foi confrontado com propostas para as transferências de João Neves e António Silva, seguramente outras mais elevadas chegarão à Luz, mas sem o valor que o Benfica considerará justo. Não foi pouco dinheiro: €60 milhões pelo médio e €35 milhões pelo defesa-central.
João Neves é mesmo o elefante na sala de estar do Estádio da Luz, considerando que o Benfica está disponível a vender o passe de António Silva para ficar com o médio. Rui Costa já lhe ofereceu um novo contrato, dobrando o salário para um milhão de euros limpos, mas a verdade é que o jovem não aceitou. Não poderemos evitar concluir que não sentiu nesse valor o reconhecimento que considera justo, sobretudo quando outros companheiros ganham bastante mais do que isso. Foi um mau começo para quem quer a muito custo que João Neves fique pelo menos mais uma época.
Rui Costa sabe, melhor do que ninguém, por ter negociado contratos na qualidade de jogador e presidente, que estará condenado a perder João Neves no momento em que ele for sensível a uma proposta financeira e desportiva que o Benfica não lhe poderá oferecer. Não é preciso recuar muito. Enzo Fernández foi insensível a todos os argumentos para continuar na Luz depois do Mundial e de uma oferta do Chelsea. Nem sequer parou para pensar na promessa de que teria a porta aberta para deixar a Luz menos de seis meses depois, no fim da época. E saiu em janeiro. Gonçalo Ramos, como Rui Costa reconheceu, já não estava com a cabeça no Benfica desde que recebeu uma oferta do PSG. E saiu sem sequer jogar a Supertaça com o FC Porto.
O futuro de João Neves está, pois, na vontade dele. Se sair os efeitos na equipa são imprevisíveis, isso obrigará o Benfica a substituí-lo, mas os efeitos emocionais nos sócios e adeptos são fáceis de adivinhar – será, não obstante as melhores explicações, considerado um fracasso do Benfica, da Direção, de Rui Costa. Kika Nazareth e João Neves são, provavelmente, os mais queridos da nação benfiquista. A primeira saiu por uma «proposta irrecusável». O segundo poderá ser confrontado com o mesmo."

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