segunda-feira, 8 de julho de 2024

Cristiano Ronaldo


"Daquela tarde de junho de 2001 ao adeus de Portugal ao Euro-2024 diante da França — nem CR7 está acima da equipa das quinas; que todos os problemas da carreira de João Félix fossem penáltis falhados; sonhar ser Pepe

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Viajar através do arquivo digital de A BOLA é um dos meus passatempos favoritos, oportunidade para voltar a lugares onde fui feliz, páginas e páginas de notícias, reportagens e entrevistas que escrevi, algumas que ficaram na memória, outras, a maioria, que só depois de confirmar a assinatura reconheço como minhas. Um destes dias tropecei na página 30 da edição de 20 de junho de 2001, uma quarta-feira. Junto ao célebre País a duas colunas — apelidado de pesadelo a duas colunas por quem tinha de preencher aquele espaço com uma série de breves — dava-se destaque à fase final do Nacional de juniores.
A abrir um Belenenses-FC Porto (1-3), escrito pela pena do Nuno Raposo, em rodapé um Benfica-Leixões (5-1), que acompanhei no Campo n.º 3 do antigo complexo da Luz. Assisti ao desafio ao lado de um então técnico das seleções jovens, o professor Silveira Ramos, e lembro-me de estarmos a conversar sobre a Seleção, à data a disputar a qualificação para o Mundial 2002. Quando falámos de pontas de lança — eram Pauleta e Nuno Gomes as principais opções de António Oliveira, o selecionador nessa altura — recordo-me como se fosse hoje da primeira vez que ouvi o nome de… Cristiano Ronaldo.
«Há um miúdo madeirense no Sporting que vai ser o melhor avançado português», assim sentenciou o meu parceiro de conversa, tão convicto na previsão sobre o futuro daquele jovem de 16 anos que disse para mim mesmo que ia ficar atento para perceber se teria razão. Na época seguinte, 2001/02, Ronaldo começou a ser chamado por Laszlo Boloni para trabalhar com os seniores do Sporting, em 2002/03 participou em 31 partidas e em 2003/04 estava nas mãos de Alex Ferguson no Manchester United.
Pouco mais de 23 anos após me ter sido apresentado por Silveira Ramos — longe de pensar que se tornaria não só o melhor avançado como também o jogador mais brilhante da história do nosso futebol —, Ronaldo despediu-se, sem glória, do sexto Europeu da carreira. Com 212 internacionalizações e 130 golos, senhor de (quase) todos os recordes, CR7, marca planetária que continua a render milhões não só ao próprio como a todos a que está associada, faz hoje mais falta à Federação Portuguesa de Futebol do que ao onze da Seleção. Se tem lugar entre os melhores 26 jogadores portugueses? Continua a ter.
Se reúne condições para ser titular? Em alguns duelos, sim, a fase de qualificação para o Euro 2024 foi um bom exemplo; noutros, como se constatou neste Euro, claramente já não, apesar de vivermos uma fase em que escasseiam avançados goleadores — há Gonçalo Ramos, Diogo Jota, André Silva, Jota Silva ou Dany Mota, sabe a pouco...
No Mundial 2022, Fernando Santos cometeu o pecado mortal de sentar Ronaldo no banco e a corda partiu do lado do engenheiro ao tentar mudar a estrutura sob o princípio de que o craque já não justificava o estatuto de indiscutível. Agora, Roberto Martínez decretou que era ele e mais 10, sem procurar encontrar no eixo ofensivo as soluções que testou noutras zonas do campo. Ronaldo adora a Seleção, nunca lhe virou as costas, mas, a caminho da ternura dos 40, é imperioso que perceba — tal como Roberto Martínez... — que ninguém, nem ele, está acima da equipa das quinas.

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João Félix falhou um penálti no desempate com a França e Portugal disse adeus ao Euro 2024. Duríssimo para ele e todo um País, não vale a pena afirmar o contrário nem evocar para atenuar a desilusão o nome de grandes figuras — ainda agora Messi atirou por cima frente ao Equador na Copa América mas Emiliano Martínez voltou a salvar a Argentina — que erraram o alvo em cenários idênticos. Que todos os problemas de Félix nesta altura da carreira fossem penáltis desperdiçados.

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Em criança sonhava ser número 9 letal ou um 10 mágico que pegava na bola e fintava o mundo. Se fosse hoje sonharia ser central, como Pepe."

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