terça-feira, 25 de junho de 2024

'Droit au but'


"Jogadores que falam de assuntos que não futebol incomodam muita gente

Quis o destino que as eleições francesas se tenham atravessado em cheio nos trabalhos da seleção gaulesa durante o Euro 2024. O destino e os jogadores, que chamaram a si as responsabilidades de cidadão que muitas vezes lhes estão retiradas por apenas falarem com os pés. Ora esta profissão permite que façam isso e muito mais, como nos recentes dias deram provas Marcus Thuram - que tem um forte exemplo no pai Lillian -, Kylian Mbappé e Aurelien Tchouaméni, que apelaram ao voto nas eleições legislativas antecipadas que o presidente Emmanuel Macron convocou depois da subida da extrema-direita nas eleições europeias (decorrerão a 30 de junho e 7 de julho). Mais, apelaram ao travão aos extremos. «Acima de tudo somos cidadãos e creio que devemos estar ligados ao mundo que nos rodeia. Espero que tomemos a decisão certa e que continuemos orgulhosos de usar esta camisola. Não tenho qualquer desejo de representar um país que não corresponde aos nossos valores», disse Mbappé. Seguramente ele e os dois companheiros já ouviram várias vezes que nem franceses deviam ser, por isso a tomada de posição ganha ainda mais força.
Recordei a participação de Cândido Costa no programa Taskmaster – estamos à espera da próxima temporada, ok? – em que muitas vezes sublinhou que queria sacudir o estereótipo do jogador burro. O que, tenho pena, por vezes é espalhado pelo próprios, como o guarda-redes espanhol Unai Simon que disse que Mbappé e companhia deviam limitar-se a falar de futebol; também Jordan Bardella, líder do partido de extrema-direita União Nacional (RN), dispensou as «lições de moral» dadas pelo «multimilionário» Mbappé a pessoas que não têm a sorte de viver em residências ultra protegidas por agentes de segurança». Claro, não lhe dá jeito que figuras tão populares apelem a um voto útil junto dos jovens a quem têm acesso todas as semanas com os pés, mas agora por casualidade também no Euro, onde se calhar falam mais para imprensa do que no resto do ano nos clubes.
Droit au but é a divisa do Marselha, um excelente jogo de palavras entre direito ao golo e direto ao assunto. Foi isso que fizeram estes jogadores. Agora que o PSG já ficou para trás, creio que Mbappé não se vai importar que a use."

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