terça-feira, 14 de maio de 2024

Sistema tácito: o enigma Conceição


"As posições do treinador durante a campanha eleitoral do FC Porto podem ter peso decisivo na conversa com Villas-Boas após a final da Taça de Portugal; as duas partes vão medir os prós e os contras...

Há uma grande incerteza em torno da continuidade (ou não) de Sérgio Conceição no comando técnico do FC Porto. O treinador renovou dois dias antes das eleições por quatro anos, um vínculo que, segundo ele e Pinto da Costa, já estava alinhavado há muito, isto depois de ter dado um abraço ao presidente cessante na cerimónia de apresentação da sua recandidatura no Coliseu do Porto.
Sérgio Conceição sempre disse publicamente que não queria ser trunfo eleitoral, mas a verdade é que acabou por ser usado como tal na antevéspera do ato eleitoral. O facto de não ter marcado presença na tomada de posse — com o argumento de que à mesma hora havia treino — não caiu bem junto do novo elenco diretivo. O primeiro frente a frente entre ambos decorreu de forma cordial, com o técnico e os próprios jogadores a mostraram-se agradados com a mensagem de ambição que passou a todos em pleno balneário do Olival.
Mas, na realidade, a verdadeira conversa que André Villas-Boas e Sérgio Conceição vão ter está agendada para depois da final da Taça de Portugal, seguramente com o novo presidente já com plenos poderes da SAD. A questão agora é perceber a sensibilidade que existe de ambos os lados para um entendimento. Por um lado, se Villas-Boas releva todas as decisões tomadas pelo técnico durante a campanha em apoio a Pinto da Costa; por outro, se o próprio Sérgio Conceição está disponível para perder todo o poder que tem nesta altura na área do futebol profissional, abrangendo não apenas a equipa principal, mas também os bês e os sub-19.
A estrutura preconizada por André Villas-Boas para um FC Porto revigorado implica mudanças profundas e importará perceber se Sérgio Conceição está imbuído do mesmo espírito de uma equipa renovada que acaba de entrar no clube, tendo como superiores hierárquicos o espanhol Zubizarreta e também Jorge Costa.
A questão do salário do treinador inspira igualmente um cuidado sensível, pois André Villas-Boas entende que um treinador do FC Porto, face às debilidades financeiras que o clube atravessa, não pode auferir 7 milhões de euros brutos anuais.
Em suma, há muita pedra por partir na dita reunião que os dois portistas terão até ao final do mês. Sérgio Conceição tem sido associado aos italianos do Milan, já terá na sua cabeça uma decisão praticamente tomada, mas só a comunicará após o final da temporada. Há muitos adeptos que anseiam ver os dois a trabalharem juntos, mas a questão é se os interesses de ambos vão ao encontro do bem comum que se chama FC Porto..."

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