sábado, 11 de maio de 2024

Pagar para jogar à bola (sim, é sobre o cunhado de Paris Hilton)


"Courtney Reum viu num clube português um negócio, mas também quer brincar à bola

Se ainda não sabe sobre quem estou a escrever hoje, sim, é o cunhado de Paris Hilton. A socialite norte-americana entrou no futebol português por via do antigo Vilaverdense, agora Lank, pequeno clube de Vila Verde, no distrito de Braga, que viu num grupo canadiano a oportunidade de sobreviver. Agora, com a equipa masculina a descer de divisão e a feminina a tentar sair do último lugar, os funcionários e os adeptos do clube temem pelo futuro.
O Vilaverdense, agora Lank, já foi notícia por salários em atraso e por mudar de casa várias vezes. Mas o que realmente chamou a atenção foi a contratação de Courtney Reum, um empresário norte-americano de 45 anos, que nunca foi jogador profissional. Só recentemente, na apresentação oficial, o próprio disse ao que vinha: além de querer ser jogador, quer investir. Na verdade, ele prefere dizer «construir», mas é mesmo de investir que se trata.
Três dias depois desta afirmação, que supreendeu um total de zero pessoas, Courtney Reum estreou-se mesmo como jogador, na Liga 2, na partida que confirmou a descida do Vilaverdense. Aos 86 minutos do jogo contra o Torreense, o empresário entrou, perante o delírio das dezenas de amigos que convidou a estarem presentes no Estádio Municipal de Coimbra - nos camarotes, claro, que bancada é coisa de pobre. Sem desconfiar da alegria natural de ver um amigo a realizar um sonho - eu prefiro dizer investimento, mas vamos manter desta vez o sonho -, recordo que a equipa estava a escassos minutos de descer de divisão. Suspeito que nas letras pequeninas do contrato, alguém se tenha esquecido de mencionar: não deve celebrar uma entrada em campo quando a equipa está a passar por um dos piores momentos que o futebol (não soccer) proporciona.
A falta de noção da entourage de Courtney Reum foi de imediato compensada pelo excesso de noção do treinador, Sérgio Machado. No final deste jogo, disse que teve de pensar mais como pai do que como treinador, tomando decisões contra os seus princípios. Nas entrelinhas, percebemos o que estava em causa: o Vilaverdense, agora Lank, depende destes investidores estrangeiros para sobreviver e ter de jogar com um empresário de 45 anos que nunca foi profissional não é uma opção, é uma obrigação.
Courtney Reum tem muito dinheiro e, se tudo correr bem, ajudará este pequeno clube de Vila Verde a ultrapassar as dificuldades e reerguer-se. Quando se bate no fundo, não é o melhor momento para se ser esquisito, bem sei. Mas se o empresário está a pagar para se divertir um bocadinho com o futebol (que aqui em Portugal sempre é melhor do que nos EUA), enquanto traz conhecidos para festejarem no pior momento possível, então talvez alguém o possa aconselhar a juntar-se àquelas peladinhas semanais que todos temos com os amigos. Se é para brincar, sempre fica mais em conta. Boa sorte para o Vilaverdense!"

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