sexta-feira, 31 de maio de 2024

Do topo à depressão


"A abertura tem contribuído para quebrar a ilusão do atleta-herói

O mundo do desporto é frequentemente associado à glória e ao sucesso. No entanto, por detrás do brilho das medalhas e das vitórias, muitos atletas enfrentam batalhas invisíveis, mas desafiantes, como a depressão. Nos últimos anos, atletas de renome têm exposto as suas lutas pessoais com a saúde mental, trazendo à luz uma questão que, por muito tempo, permaneceu nas sombras. Exemplos disso são o caso da ginasta Simone Biles que optou por se retirar de várias competições em prol da sua saúde mental. E também dos futebolistas Iniesta e Henry que falaram da sua depressão. Esta abertura tem contribuído para quebrar a ilusão do atleta-herói e mostrar que os momentos de maior glória podem ser acompanhados de sofrimento emocional.
Mas o que é a depressão? A depressão é uma perturbação mental caracterizada por uma sensação persistente de tristeza e perda de interesse em atividades que, normalmente, seriam prazerosas. Ela afeta a forma como a pessoa se sente, pensa e lida com as atividades diárias, podendo interferir na vida pessoal e profissional. Em casos graves pode levar à ideação suicida. Pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. A depressão é muitas vezes desencadeada por eventos stressantes ou por alterações químicas do organismo. É crucial compreender que a depressão é condição de saúde, não fraqueza ou algo que a pessoa possa superar por que sim, por uma questão de vontade.
Alguns estudos recentes apontam para uma prevalência de depressão entre 15% a 23% em atletas de elite. Os atletas, para além de todos os fatores que nos influenciam a todos nós, são uma população específica cujas condições os tornam uma população mais vulnerável. Por exemplo, a pressão para o desempenho de alto nível, as lesões, a exigência constante de superação, o cuidado da imagem pública, a pressão dos media, o número de transições e mudanças, o isolamento e, ainda, o final de carreira precoce elevam os fatores de risco para a depressão.
Apesar da elevada prevalência de depressão entre atletas de elite este é ainda um tema subdesenvolvido. O estigma da saúde mental, o medo de julgamento e a falta de consciencialização sobre perturbações mentais, bem como o receio de consequências negativas a nível desportivo (convocatórias, contratos...) condicionam os atletas a expor com mais frequência a sua saúde."

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