sexta-feira, 3 de maio de 2024

Benfica: Mourinho, obviamente


"Seria imprudente, para não dizer irresponsável, se Rui Costa não estivesse a considerar José Mourinho para substituir Roger Schmidt

Rui Costa está cada vez mais perto de tomar a decisão mais difícil da sua presidência. Se não a tomou já. De uma ou outra forma os benfiquistas já dela deveriam ter conhecimento. É o elefante na sala de estar do Benfica. E ignorá-lo só alimenta, entre sócios e adeptos, uma incerteza sufocante e aflitiva sobre o futuro próximo do clube, quanto mais sobre o médio ou longo prazo.
Fala-se, claro, de Roger Schmidt, cujo contrato com o Benfica se estende até 2026, um ano a mais da duração do atual mandato do presidente. Porque, como disse Rui Costa, e bem, o treinador é mesmo o projeto. Basta pensar no Manchester City e em Pep Guardiola, no Liverpool e em Jurgen Klopp, no Sporting e em Rúben Amorim, no PSG e nos inúmeros treinadores queimados nos últimos anos, para se perceber que, afinal, quase tudo em qualquer clube depende de quem está à frente da equipa. É, como uma vez disse António Guterres, fazer as contas.
O presidente do Benfica não estará, seguramente, agarrado ao contrato generoso que ofereceu a Schmidt, porque há sempre forma de rasgá-lo sem os encargos financeiros, qualquer coisa como €16 milhões incluindo impostos, de mais dois anos de duração. Já aconteceu com outros treinadores e esse expediente já foi considerado pela SAD. Nem Rui Costa poderá estar refém de reações mais ou menos coléricas de adeptos insatisfeitos para decidir se Schmidt é ou não o homem certo, no lugar e momento certos, para continuar na Luz.
Seria imprudente, para não dizer irresponsável, se Rui Costa não considerasse outras opções. Se não falasse ou mandasse falar alguém em nome dele com outros treinadores que estão ou possam estar disponíveis. E um deles é só José Mourinho.
Tomemos por certa a palavra de Mourinho, que andará lixado por lhe andarem a falar do Benfica. Talvez esse barco, para Rui Costa, já tenha partido, quando ali por inícios de março, depois da derrota com o Sporting na primeira mão da meia-final da Taça de Portugal e da humilhante goleada sofrida no Dragão com o FC Porto, estivesse em porto seguro, preparado para uma nova viagem.
Poderá ser exagerado dizer, como ainda por Inglaterra alguém vai dizendo, que Mourinho é o Muhammad Ali dos treinadores, pelas disruptivas afirmações e promessas e capacidade de prová-las e cumpri-las. Fê-lo no FC Porto, no Chelsea, no Inter, no Real Madrid, no Manchester United, não o deixaram fazer no Tottenham ou na Roma.
Na espuma de uma atualidade em que não há tempo para refletir sobre todas as circunstâncias, em que é mais fácil e cómodo evitar qualquer análise, dá-se o caso de um dos melhores treinadores de sempre estar a pagar mais pelas consequências de um julgamento de personalidade do que pelo trabalho que entrega.
O clube que contratar Mourinho, sabe-se, fica com o pacote completo — o génio do futebol e, provavelmente, algumas reações irascíveis.
Não seria apenas imprudência mas também incompetência se Rui Costa estivesse a desconsiderar a possibilidade de substituir Schmidt por Mourinho. Qualquer equipa que receba o treinador português voará como uma borboleta e picará como uma abelha."

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