quarta-feira, 17 de abril de 2024

Paz!


"Esta palavra anda cada vez mais nas bocas do mundo, num tempo em que a guerra, sua oposta, parece tomar conta do planeta e suplantar a razão humana. É essa a realidade infeliz que nos enche televisores e invade com imagens de violência as redes sociais, mas paz não é apenas a ausência da batalha, paz é sinónimo de bem-estar, desenvolvimento e harmonia com o que nos rodeia de humanidade e natureza. Paz é, e foi sempre, sinónimo de justiça. Por isso e conceito convive mal com a pobreza, com a miséria, a xenofobia e todas as formas de discriminação, mas vive bem com as mais nobres atividades humanas, como o desporto!
Houve um tempo, não muito distante, em que o fantasma da guerra nuclear pairou sobre toda a humanidade, suspensa no conflito latente entre os grandes blocos que dominam o planeta. À falta de melhores palavras para descrever a situação, declarou então o mundo encontrar-se numa guerra fria porque, embora se não gastassem balas nem tiros de canhão, era bem evidente a frieza de ameaça catastrófica de mais uma guerra global, mas superior em grau e devastação às grandes guerras do séc. XX.
Hoje, perante a guerra que se reinventa e perpetua, negando-nos a tão desejada paz, aprendemos que há muitas formas de lutar, e uma delas é fazer tudo ao nosso alcance para a evitar. E para isso, para evitar a guerra onde todos os povos sofrem, mesmo os ditos vencedores, é preciso lançar pontes de entendimento, compreender e aceitar os outros e sobretudo resolver diferendos pela negociação e pela diplomacia no respeito pelos adversários, ainda que inimigos.
É aqui que o desporto, e por maioria de razão o futebol, com os seus valores e capacidade de lançar pontes mesmo em tempo de guerra como historicamente se comprovou tantas vezes, pode ser usado como uma arma benévola e uma incomensurável mais-valia na construção da paz."

Jorge Miranda, in A Bola

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