"Os assobios dos adeptos no jogo da 1.ª mão, contra o Marselha, na Luz, foram, em primeira instância, um alerta que o alemão ignorou; o resultado está à vista
Se Roger Schmidt ainda tinha créditos junto de uma franja de adeptos do Benfica, perdeu-os no belíssimo Estádio Vélodrome, na quinta-feira. O Benfica não foi eliminado nos penáltis; o Benfica deixou-se ser eliminado nos penáltis depois de 60 minutos de domínio avassalador sobre o adversário na Luz e 30 minutos finais miseráveis, com o alemão sem reação à altura quando a equipa gritava por unidades frescas vindas do banco.
Não tem um mau banco o Benfica, note-se, se bem que nenhum jogador que lá esteja tenha o estatuto de que goza Di María. Uma vez que o argentino nunca pode sair, sobram ainda assim quatro substituições, o suficiente para Schmidt mexer mais cedo e sobretudo mexer bem. De um 2-0 que tinha tudo para ser um 3-0 ou um 4-0, o Benfica acabou vítima dos equívocos e hesitações do seu treinador, com Luisão a tranquilizar o alemão e a garantir-lhe que no Benfica foi sempre assim, assobios nas derrotas e assobios nas vitórias.
Foi sempre assim? Não, claro que isso não é verdade e só pode ter havido erro na tradução. Foi assim naquele jogo em particular, e justamente, porque a maioria dos adeptos fez a leitura óbvia do que estava a acontecer. O estouro físico e a confusão de ideias do Benfica potenciavam o golo do Marselha, que surgiu, ominoso, como um dado objetivamente decisivo para os franceses empatarem a eliminatória em casa e apurarem-se para a meia-final da Liga Europa nas grandes penalidades.
O coro de assobios dos adeptos do Benfica na Luz foi, em primeira instância, um alerta que Schmidt ignorou e que depois, sim, se transformou em protesto. Chegar ao fim do segundo jogo, ser eliminado, descobrir refúgio no balneário e afirmar que não tem de «justificar nada» é mais um sintoma de que o alemão vive num outro planeta."
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