domingo, 21 de abril de 2024

O FC Porto não voltará a ser o mesmo


"As duas listas têm como prioridade lançar ‘uma nova era’ porque ambas têm a noção de que o FC Porto não pode continuar a adiar o seu futuro; 'Porque hoje é sábado', a opinião de Vítor Serpa

No final de Março, ou seja, há menos de um mês, Pinto da Costa confirmava uma recandidatura anunciada, ao mesmo tempo que declarava a sua intenção de não precisar de fazer campanha. Apenas continuaria a fazer o que sempre fez - avisou - visitar com regularidade as casas do FC Porto espalhadas pelo país.
Nessa altura, o ancestral presidente portista ainda não esperava a força, a dinâmica e a crescente popularidade de André Villas-Boas, que começaram a fazer perigar a sua continuidade numa presidência com mais de quatro décadas. As circunstâncias obrigaram Pinto da Costa a fazer o que não desejava: ações de campanha sistemáticas, mudanças radicais numa equipa fianceira que o acompanhou demasiados anos e sucessivas intervenções públicas que se tornaram ziguezagueantes e que tanto atacavam diretamente o principal candidato da oposição, como o protegia na sua condição de verdadeiro portista, que se teria deixado influenciar por um perigoso bando de inimigos do clube.
Ao longo dos seus 42 anos de presidente do FC Porto (quase metade da sua vida) nunca tinha visto Pinto da Costa tão preocupado. Certamente continuará a acreditar que o sentido de gratidão dos sócios portistas acabará por lhe dar a vitória eleitoral, mas, inteligente como é, saberá que esta campanha agitada e a indiscutível capacidade de sedução de Villas-Boas no setor mais jovem, menos radical, e na ampla camada de sócios e adeptos que querem um FC Porto mais moderno, mais internacional e capaz de sustentar um projeto de ampla dimensão nacional e não apenas sujeito à visão pequena de um regionalismo redutor, que o tem caracterizado, deixará marca inapagável e abrirá, definitivmente, e sem margem de recuo, um projeto de grande transformação do clube. Daí que, independentemente do resultado das eleições, o FC Porto nunca mais volte a ser o mesmo clube fechado nas suas muralhas, lutando sozinho contra o resto do mundo, até porque a grande participação de um amplo setor que passou a sentir-se representado e a ter voz ganha, agora, um estatuto e uma importância que não pode voltar a ser desvalorizada e muito menos tida por irrelevante.
Pinto da Costa ou André Villas-Boas? - eis a pergunta que só será respondida dentro, precisamente, de uma semana. Mas a verdade é que a grande transformação do FC Porto já começou. Pode ser mais lenta se Pinto da Costa ganhar e levar o seu mandato até aos 90 anos de idade, e pode ser mais rápida se o André Villas-Boas assumir, desde já, a presidência do clube.
Não deixa de ser curioso que a campanha de ‘Todos Pelo Porto’, que propõe a continuidade de Pinto da Costa, assinale como objetivo prioritário «lançar o FC Porto para uma nova era». Tendo em vista a continuidade de uma liderança de 42 anos, poderá parecer uma contradição óbvia, mas, na verdade, tem a convicção tática de que os adeptos e sócios do FC Porto só se poderão mobilizar em torno de uma ideia de mudança, mesmo que seja uma mudança na continuidade.
‘Só Há um Porto’ - o lema da campanha de Villas-Boas - não precisa, tanto, de assinalar a mudança, porque todo o movimento que propõe o antigo treinador portista para a presidência é, em si mesmo, uma assinalável mudança transformadora.
A ideia de absoluta necessidade de mudar é, pois, assumida pelas duas listas e pelos movimentos que as suportam. E assim sendo, porquê, ainda, um a proposta de continuidade de Pinto da Costa? Por uma razão essencial. Há, no universo portista, um indisfarçável medo de pensar o FC Porto sem o seu líder histórico.

Dentro da área
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O Benfica foi eliminado em Marselha e falha as meias finais da Liga Europa. A decisão foi tomada nos penaltis e, dito assim, não é, propriamente, um escândalo. Mas os números não dizem o mais importante: 1.º: o Benfica perdeu, na Luz, uma oportunidade evidente de resolver a eliminatória por falta de atitude; 2.º: a equipa foi hesitante e condicionada por sinais preocupantes de um treinador sem ambição; 3.º: foi visível que já nem os jogadores confiam em si próprios e isso mesmo ficou demonstrado na desastrosa marcação dos penaltis.

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