quarta-feira, 10 de abril de 2024

Cemitério de treinadores campeões?


"DISCUTIR O TREINADOR SEM DISCUTIR O BENFICA? ESSE É O CAMINHO... 

.. mais direto para continuarmos alegremente a ganhar de vez em quando e a enterrar treinadores campeões. (Este post e as observações que se seguem não pretendem fazer a defesa de ou o ataque a Roger Schmidt. Leiam.)

1. Nas últimas 5 épocas (incluindo esta, porque estou a dá-la como perdida, tomara ter que vir aqui dar a mão à palmatória) o Benfica ganhou uma liga. A última Taça de Portugal que ganhámos foi em 16-17 (Rui Vitória) e a última Taça da Liga em 15-16 (Rui Vitória também).

2. Quais as razões para termos tão pouco sucesso com tão grande investimento? Foi tudo culpa dos treinadores e só dos treinadores? Não é hora de analisar o que é que há de comum em todos estes falhanços desportivos para procurar evitar repeti-los?

3. Colocar as culpas num só homem - o treinador - é fácil, mas permite que todos os outros responsáveis pelo insucesso - direção, estrutura, jogadores, etc. - "passem" pelos pingos da chuva. Vamos continuar a repetir o erro?

4. Tal e qual aconteceu com Vitória e Lage, a situação de Schmidt está a chegar a um ponto de não retorno tal que conduzirá inevitavelmente à dispendiosa porta de saída. Treinadores a sair do clube sem honra nem glória, depois de nos terem conduzido a títulos de campeão, começa a tornar-se uma má imagem de marca do Benfica.

5. Foi fácil, muito fácil, imolar Rui Vitória e Bruno Lage, como agora Roger Schmidt, na fogueira da opinião pública benfiquista, mas, com isso, não se cuidou de refletir sobre o que os tinha conduzido ao insucesso depois do sucesso.

6. Pergunta-se: o que foi feito internamente para os defender nas fases mais difíceis? Ou para os ajudar - ou até "obrigar" - a corrigir erros quando as coisas não seguiam pelo caminho que levava ao sucesso? O que foi feito para, escorraçados os treinadores, evitar cair nos mesmos erros com o seguinte?

7. O Benfica transmite a ideia de que é um clube "novo rico", aburguesado, que vive no luxo e perdeu o indispensável inconformismo que é próprio das culturas vencedoras perante as derrotas. Como recuperar aquilo a que nos bons velhos tempos em que éramos hegemónicos chamávamos de "mística"?

8. Aprender com o passado para melhor preparar o futuro é uma prova de inteligência. Eu convidaria o Rui Vitória e o Bruno Lage para ajudarem nessa hipotética, mas imprescindível, reflexão. Hoje, mais a frio, devem bem saber identificar:
A) os fatores que os levaram ao sucesso;
B) as razões que os conduziram ao insucesso depois do sucesso - principalmente estas interessam muito aprofundar.

9. Este posto faria mais sentido ser publicado no final da época. Acontece que na semana passada perdemos o apuramento para a final da Taça e praticamente as hipóteses de revalidar o título. É hora de por tudo em causa. Tem a palavra Rui Costa."

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