sexta-feira, 29 de março de 2024

A realidade não dá valor aos passes de consola de Kika: Benfica cai frente ao Lyon na Liga dos Campeões


"O Benfica perdeu por 4-1 frente ao Lyon na segunda mão dos quartos de final e foi eliminado da Liga dos Campeões feminina. Naquela que foi a melhor participação de sempre de uma equipa portuguesa na prova, as encarnadas foram derrubadas pela equipa com mais títulos na competição. Marie Alidou marcou o golo na visita a França

Nem todas as histórias podem ter um final feliz. Na verdade, só uma equipa vai sair da Liga dos Campeões a sorrir e há outras com bem mais responsabilidade do que o Benfica para o fazerem, uma delas o Lyon. Se quem conta um conto acrescenta um ponto, às encarnadas não faltavam palavras para narrar novos feitos. Podiam não faltar palavras, mas faltavam linhas num caderno que foi aproveitado até à margem da última folha. Escreveram-se capítulos de superação, com a inédita chegada aos quartos de final da competição, e fizeram-se promessas de que isto era só uma prequela de um futuro longe de estar perdido.
O Benfica levava para o OL Stadium uma desvantagem de um golo da primeira mão jogada no Estádio da Luz (1-2). Correr atrás é sempre correr atrás, só que contra uma equipa oito vezes campeã da Europa, deixar tudo em aberto para o segundo encontro já era meritório. Para nivelar a eliminatória, era preciso corrigir erros, o que não foi propriamente fácil. O flanco direito do Lyon voltou a ser o mais dinâmico. Kadidiatou Diani deu a Christy Ucheibe uma dose elevada de café para que a defesa do Benfica não adormecesse. Quanto mais a regressada Daniëlle van de Donk se juntava àquele lado para combinar, mais atribulada ficava a vida da nigeriana.
A comiseração de Eugénie Le Sommer manteve a baliza de Lena Pauels a zero. A meio da primeira parte, os números referentes à posse de bola eram equilibrados. A diferença estava na zona em que o jogo decorria. Mesmo nos momentos de posse, o Benfica era obrigado a permanecer no meio-campo defensivo. Por vezes, as encarnadas conseguiam descobrir as costas das centrocampistas interiores da equipa francesa treinada pela luso-descendente Sonia Bompastor. Lindsey Horan, a atuar à frente da defesa, não estancava por completo as iniciativas do emblema da Luz, mas faltava a Chandra Davidson, que rendeu a lesionada Nycole, e a Marie Alidou decidirem com sucesso.
Uma instalação mais duradoura das jogadoras de Filipa Patão perto do ataque proporcionou que Cascarino, num flash, chegasse ao frente a frente com Lena Pauels. A guarda-redes alemã, que tão bem estava a jogar com os pés, usou essa mesma ferramenta para negar o golo à internacional francesa. O Lyon estava a querer dar um murro na mesa. Acontece que a guarda-redes chilena, Christiane Endler, acertou foi mesmo em Chandra Davidson, numa saída mal calculada. Tivesse o golpe sido em cheio e provas infalíveis para a marcação de uma grande penalidade de não iam faltar.
Em vez disso, o maior crime foi cometido por Eugénie Le Sommer que roubou a trajetória daquele passe que Laís Araújo procurava que fosse ter com Lena Pauels. Depois de uma carambola, Cascarino fez o chapéu e adiantou o Lyon quando se pensava que o tempo para que algo de relevante acontecesse na primeira parte estava esgotado. Com pouco, Kika Nazareth faz muito. Pouco espaço, pouco tempo para pensar, pouca margem para dúvidas que é acima da média, não importa. A criativa, dando bom uso a esta adjetivação, viu Lúcia Alves esgueirar-se pela direita e lá colocou a bola, ignorando a probabilidade ínfima daquele passe ter sucesso. A consequência da imaginação da jogadora portuguesa foi uma reação que parecia impensável. Marie Alidou deixou o jogo empatado e a eliminatória outra vez a uma curta distância.
Se o primeiro golo de Cascarino foi oferecido, não se pode dizer o mesmo do segundo. Embalada da esquerda para o meio, a atacante encontrou numa bomba a melhor arma para bater Lena Pauels no reatar do encontro. Sonia Bompastor tinha retirado ao intervalo Eugénie Le Sommer. Mais tarde, Filipa Patão levou a jogo Jéssica Silva que não foi convocada para a primeira mão, o que, pela forma sintética como a técnica falou da ausência, deixou no ar se a treinadora e a jogadora se tinham desentendido. A versão oficial foi de que a atleta se encontrava em tratamento.
O Lyon voltou a estar perto do golo. Melchie Dumornay entrou para a segunda parte a tempo de ser uma das melhores em campo. As manobras dentro de área e as tentativas de remate de longa distância impuseram à defesa do Benfica desafios diferentes em comparação com Le Sommer. Mesmo que o resultado favorável e o agregado se tornassem mais favoráveis a cada segundo que passava, a haitiana ajudou a que Lena Pauels tenha sido uma das figuras dos quartos de final mesmo que a equipa da Luz esteja eliminada.
Já em tempo de compensação, Kadidiatou Diani dilatou o resultado e Catarina Amado marcou na própria baliza. Repense-se a ideia de que os números refletem a lógica, porque o 4-1 (6-2 no agregado dos dois jogos) deve dizer respeito ao outro jogo que não este."

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