domingo, 11 de fevereiro de 2024

Fernando Chalana


"NUNCA É DEMAIS RELEMBRAR O PEQUENO GENIAL

1. Vi um dos mais prodigiosos jogos da carreira do Fernando Chalana - a meia final do Euro 1984 contra a França - numa muito pequena televisão, a preto e branco, que era a que tínhamos no bar do Depósito Geral de Material de Aquartelamento, onde à época prestava serviço militar. A minha companhia, a somar a umas tantas baratas que sempre por ali tranquilamente circulavam, foi a de um soldado, que frequentemente me perguntava: "Meu Aspirante, quais são os portugueses?" Não distinguia, sequer, o Chalana do Platini.

2. Naquela altura jamais imaginava vir um dia a privar com aquele que foi para mim o maior génio do futebol do seu tempo. E menos imaginava que ele fosse uma pessoa tão simples, tão humilde, tão anti vedeta. Várias vezes, continuadamente surpreendido, me perguntei como era possível alguém tão "descarado" no relvado ser tão "apagado" fora dele. Parecia que fazia cerimónia até para falar.

3. Depois das peladinhas e dos almoços - quase sempre na Adega do Falhão, propriedade do comum amigo Jose Manuel Rolo -, vi chegado o dia de lhe realizar o sonho de ver editada a sua biografia, "Chalana, A Vida do Génio", escrita por Luís Lapão (Prime Books, 2019). O lançamento do livro foi a última grande cerimónia pública em que participou. E o quanto ele, já debilitado, gostou de se ver rodeado de todo aquele carinho, de todas aquelas atenções, de todo aquele Benfica (até o Bernardo Silva lá esteve).

4. Uma última palavra para a esposa, Cristina, e para a filha, Mariana, que tanto e tão bem o acompanharam e apoiaram no infortúnio da doença, e para Luís Filipe Vieira, que, entre outras coisas, deu ordens para que três vezes por semana o fossem buscar e levar a casa, no Estoril, para que no Benfica Campus passasse umas horas em exercícios com fisioterapeutas do clube no seu habitat mais natural: o futebol e o Benfica. Infelizmente, a pandemia (também) a isso colocou desgraçadamente um ponto final."

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