quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Xavi, a melhor ideia sem contexto


"Técnico preenchia todos os requisitos e foi campeão num clube sem qualquer estabilidade

Se Koeman, pelo currículo, pouco sentido fazia, Xavi era o encaixe perfeito. Mesmo a escassa experiência não obstava ao espírito de missão. Homem da casa e produto de excelência de La Masía, pupilo e extensão de Guardiola em campo, além de estratega e líder, o regresso preenchia todos os requisitos. Os primeiros jogos deram-lhe confiança, campeonato e supertaça confirmaram expetativas. Era, aparentemente, o início de nova era no Camp Nou. Meses depois, eliminado da Taça, a dez pontos do Real Madrid e a 11 de um surpreendente Girona, e muito contestado, oficializa a saída no verão. O que falhou?
Estabilidade talvez, a diversos níveis. Inúmeras lesões em jogadores nucleares, como Gavi, cujas parecenças consigo não são apenas de nome, Ter Stegen, que entregou a baliza a Iñaki Peña, Iñigo Martínez e a estrela precoce Ansu Fati, hoje no Brighton. A falta de cultura de vitória ou de nojo às derrotas, revelada por Gundogan, e que também resulta da perda de referências. Busquets, a última, deixou herança pesadíssima para Oriol Romeu, única contratação desta época que envolveu pagamento do passe, por culpa do fair-play financeiro e da falta de fundos, após a gestão ruinosa de Josep María Bartomeu. A mudança dos jogos para o bem mais pequeno e frio Olímpico de Montjuic, que separa os adeptos do relvado com uma pista de atletismo. O Caso Negreira, com o clube em xeque por alegados pagamentos ao antigo vice-presidente da arbitragem. A forma de alguns jogadores, com Robert Lewandowski à cabeça. Coisas a mais.
Xavi diz que não é agradável ser-se treinador do Barça e, embora se tenha perdido um pouco esta época nas escolhas, tenho de concordar. Afinal, é o clube que despediu Ernesto Valverde em janeiro de 2020 depois de dois títulos de campeão e com a equipa no topo da liga. Porque isso em Camp Nou nunca chega."

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