terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Craques eternos: O King e o Kaiser


"Vi uma única vez Franz Beckenbauer jogar. Foi numa visita do Bayern ao velhinho estádio da Luz, em jogo a contar para a primeira mão dos quartos de final da Taça dos Campeões Europeus.
Corria o mês de Março de 1976 e, com mais uns tantos amigos benfiquistas, apanhámos o comboio na Parede, saímos na estação de Algés e, depois, foi no 50, que tinha uma paragem na Segunda Circular mesmo em frente ao estádio, que lá chegámos. Com uma antecedência enorme, assim era na época.
O Bayern era o bicampeão europeu em título, tinha uma equipa soberba, onde pontificavam, para além de Beckenbauer, capitão de equipa, o guarda-redes Stepp Maier, os médios Uli Hoeness e Jupp Kapellmann, e os avançados Gerd Muller - o mítico "bombardeiro"! - e Karl-Heinz Rummenigge. Eusébio já não jogava no Benfica (a fotografia é de outra ocasião).
Beckenbauer personificava, como ninguém, a função de líbero, jogando recuado em relação à linha de defesa, para poder dobrar os companheiros, sendo dele, depois, a responsabilidade de sair a jogar - aliás, nunca vi, até hoje, algum defesa tratar tão bem a bola como ele, ficando na memória de todos a forma como colocava, com precisão única, a bola à distância.
Tinha um estilo muito próprio, deslocava-se sempre de cabeça levantada, com a leveza e a elegância de um príncipe. Não me recordo - e acompanhei-o muito mais vezes através da televisão - de o ver fazer uma falta rude sobre um adversário.
Na Luz, o bicampeão europeu Bayern geriu tranquilamente o jogo e regressou a Munique com um empate a zero. Lá, no estádio Olímpico, é que foi o diabo: golearam-nos por 5-1. Haveriam de renovar o título europeu, batendo nas meias-finais o Real Madrid e na final os franceses do Saint-Etiénne.
Jamais esquecerei o maior líbero da história do futebol mundial, o "Imperador" Franz Beckenbauer. Foi depois um treinador e dirigente de enorme sucesso também.
RIP FRANZ BECKENBAUER!"

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