quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Circuitos benfiquistas


"Em 1973, a última etapa do campeonato nacional de Karting foi organizada pelo Benfica, em Camarate

O Karting nasceu de uma brincadeira nos Estados Unidos da América, em 1956. Dois anos depois, deu lugar os primeiros passos em Portugal. No entanto, a sua adaptação territorial levou algum tempo para se consolidar. O ano de 1964 trouxe boas notícias, com a inauguração de uma pista no Porto e o início da construção de uma pista em Camarate. Foi um alívio para os praticantes da modalidade, que se diziam 'fartos de fugir à polícia sempre que queriam treinar' no único local possível, junto às docas.
Com a possibilidade de se poder praticar com maior segurança e melhor, o Karting expandiu-se em Portugal, não só desportiva como regulamentarmente. Foi nestas circunstâncias que o Benfica integrou a prática da modalidade, em 1966, dentro da secção de motorismo. Chegada a década de 1970, o Karting português tinha sido impulsionado para um novo nível depois de ter tido contactos externos, através da participação e organização de provas internacionais, que mormente se efectuavam na pista, também recente, do Estoril.
Em 1970, a imprensa regozijou-se com a criação de uma pista de Karting ao redor do Estádio da Luz, um trabalho da secção encarnada. Efetivamente, a secção do motorismo do Clube não só foi uma das duas que chegaram ao fim dessa gerência com contas positivas, como foi a que mais lucro gerou.
Com este currículo de fundo, o Benfica levou a cabo a organização da última de dez provas do Campeonato Nacional de Karting de 1973, fechando a competição com 'chave de oiro', nas vésperas de a crise petrolífera atingir o país a ter refreado a expansão do Kart luso.
O Circuito do Benfica evidenciou 'a carolice dos elementos da secção de Motorismo do Benfica', nomeadamente Daniel Serrano, Manuel Castanheira e o presidente Fernando Valério.
A prova teve um interesse especial porque havia a oportunidade de Di Lara, um dos mais afamados corredores de Karting portugueses, renovar o seu título, podendo destronar José Manuel d'Ávila, que seguia na frente da competição, o que de facto aconteceu.
Houve problemas que normalmente se encontravam inerentes a estas provas, como a invasão de público nas boxes, apesar do bom serviço dos 'fiscais de linha'. A revista Mundo Motorizado enalteceu a organização da prova como 'óptima, sendo os horários rigorosamente cumpridos e a sequência das manches rapidíssima', pois decorriam em simultâneo corridas das categorias nacional e internacional, tarefa que 'não é fácil' de gerir. A impressão geral foi boa e engrandeceu a imagem da secção Benfica.
Conheça outras iniciativas do automobilismo encarnado na área 4 - Momentos Únicos, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

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