quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Benfica mais exigente


"O Benfica está a operar uma discreta revolução no seu plantel, que abrange um duplo objetivo: aliviar o peso do orçamento com a dispensa de elementos que não justificaram uma relação prolongada e projetar o futuro, conseguindo a contratação de alvos que são encarados como investimentos seguros e de longo prazo.
Em teoria, estará tudo a ser bem pensado, mas é natural que a família encarnada se interrogue acerca dos motivos que conduziram à necessidade da administração fazer agora o que devia ter feito no final da última época, de modo a proteger a atual dos sobressaltos por que tem passado.
É verdade que, por muito que se pense, nunca se consegue prever tudo. As lesões, por exemplo, não pedem licença para entrar. No entanto, a questão central tem a ver com o plano de contratações, não podendo fugir-se à posição de lateral esquerdo em que emerge a ideia-de Grimaldo ter deixado o lugar embruxado. Alguma coisa correu mal num processo em que, obrigatoriamente, há responsabilidades a partilhar, desde quem sugeriu até quem decidiu.
Penso ser um erro arrastar a solução de recurso encontrada com Morato, porque é um remedeio de fraca consistência, pouca velocidade e que estreita o futebol ofensivo da equipa, simplificando o trabalho das defesas opositoras, como ficou demonstrado diante do Boavista, apesar de o brasileiro ter tido um desempenho elogiado pela crítica, como recompensa pelo esforço.
O problema existe. Por isso, foi sem surpresa que o jovem espanhol Álvaro Carreras (20 anos), será este o seu nome profissional, aterrou em Lisboa e Roger Schmidt imediatamente o integrou na convocatória, sinal de que o próprio treinador sente a urgência de o mais depressa possível equilibrar a estrutura, que o mesmo será dizer alargar a frente de ataque.
Situação semelhante à do avançado Marcos Leonardo (20 anos), que bem ele começou, tal como se compreende a chegada nesta janela de mercado do extremo argentino Benjamin Rollheiser (23 anos), previsível sucessor de Di María.
Em sentido contrário, o Benfica, apostando numa política que me parece ser a correta, ao elevar o grau de exigência para quem o representa, prescindiu de jogadores que não acrescentaram valor, designadamente Jurásek e Gonçalo Guedes, tendo este esbanjado, talvez, a última oportunidade para um dia regressar.
Outro caso resolvido, porque, do meu ponto de vista se tratava de um caso, foi o de Chiquinho. Sei que há muito boa gente que ainda recorda o golo que ele marcou ao Gil Vicente, na 30ª jornada do campeonato 22/23, já no sprint final para alcançar o título 38, mas, em rigor, o jogador precisava de exibir mais atributos para justificar um lugar no plantel. Pelo contrário, além de bloquear uma vaga aos jovens do Seixal, pecou por excesso de vulgaridade, embora estivesse convencido de ser incompreendido, de tal maneira que, na despedida, em vez de agradecer o privilégio de vestir a camisola da águia, disparou uma ameaça velada, porque «havia muito para contar». Nem um pingo de humildade, mas, por gentileza, destacou «as memórias e os bons momentos».
É assim a vida. O Benfica pecou por ter demorado a tomar esta decisão de o dispensar, mas na volta do correio recebeu a resposta, que não foi de agradecimento.
De referir que no último jogo do Benfica, entre titulares e suplentes utilizados e não utilizados, como os adeptos tanto apreciam, a academia do Seixal esteve muito bem representada.

Abençoado Carlos Carvalhal que vai resolvendo os seus problemas e os do Olympiakos, recorrendo ao mercado português que muito bem conhece e ajudando quem procurou a sua colaboração.
Fran Navarro, que prometeu muito no Gil Vicente e se apagou no FC Porto, está confirmado e talvez David Carmo, despromovido à equipa B do dragão, poderá ter em Carvalhal o colinho que Conceição não lhe deu.
Também André Horta, a lidar mal com a forte concorrência no SC Braga, e com 26 anos, precisa de um novo desafio para se afirmar ou continuar a ser uma eterna promessa, tal como Chiquinho, um jogador que pensa que é o que não é, sem se dar conta que nunca passou de suplente cada vez menos chamado a jogo.
É um desafio curioso para Carvalhal, um treinador competente e que muito admiro, mas sem feitio para aturar as manias de alguns dirigentes da lusa paróquia. Emigrou, fez o seu caminho, construiu a sua independência e voltou às origens para gravar a passagem quer no Rio Ave, quer no SC Braga, ao serviço do qual conquistou a Taça de Portugal, em 2021.
No entanto, poucos meses mais tarde, deu-se a separação, por solicitação do próprio Carlos Carvalhal, segundo a versão oficial, por ter manifestado o desejo de abraçar novos projetos. Como este, na Grécia."

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