quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Até quando?


"Eis a pergunta que legitimamente poderemos fazer quando, de forma sistemática e num movimento de onda, o racismo teima em emergir nos recintos desportivos. Desta vez foi num jogo da liga italiana de futebol entre a Udinese e o Milan. A vítima foi o guarda-redes do Milan, Mike Maignan. Perante os insultos racistas, o atleta, juntamente com outros companheiros, abandonou o encontro em sinal de protesto. Um sentimento solidário foi gerado à volta de Mike e até Gianni Infantino, presidente da FIFA, veio pedir uma mão pesada para os clubes cujos adeptos têm atitudes racistas.
Apesar da legislação de combate ao racismo no desporto, em quase toda a Europa, ser bastante clara e assertiva, com sanções disciplinares e penais, ao que parece não é suficiente para dissuadir os adeptos destas atitudes nefastas e que destroem o espírito desportivo. O que está em jogo é a proteção da dignidade da pessoa humana e dos valores que fundaram a democracia ocidental, bem como o ethos desportivo, sem o qual não se pode celebrar o jogo. Enquanto o jogo for entendido como "combate", uma trincheira entre "nós" e "eles", o adversário como "inimigo", o árbitro como "gatuno", a violência e o racismo, neste caso, serão a parte visível desta "cultura invisível" de entendermos o jogo através de uma forma primitiva de vencer e não olhar a meios de "destruição" do outro.
Por isso, acreditamos que o caminho será formar, sensibilizar e educar para uma nova cultura das virtualidades do jogo, em que o valor que deve nortear, neste fito, a todos os agentes desportivos, dirigentes ou pais, será o valor da resiliência."

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