Mauro Xavier, in Record
terça-feira, 28 de novembro de 2023
Ambições e Irritações
"Não sou diferente da maioria dos benfiquistas, que, creio, sonham com o regresso de Bernardo Silva. Só peço uma coisa a todos os envolvidos: acordem-me quando o sonho for concretizável
Falsas partidas e recomeços
Estamos à porta de dezembro e eu só tenho duas certezas: a primeira é que ainda não vi o Benfica atingir o nível exibicional que sinto que nos é devido; a segunda certeza é que ainda não desisti de acreditar que esse futebol pode voltar. Talvez um mercado de janeiro invulgarmente bem conseguido, ou quem sabe uma compressão do espaço e do tempo possa produzir um acontecimento singular na história recente do Benfica, que é o de um treinador do clube ter duas vidas no período de vigência do seu contrato de trabalho - geralmente vão-se abaixo uma vez e acabam despedidos, o que é também difícil de censurar num clube cuja identidade é definida antes de mais pela capacidade de vencer.
Depois de termos ultrapassado o Sporting de forma épica e eliminado um muito bem organizado Famalicão, há mais uma sensação de recomeço no ar. Sinto que já aqui estive esta época, e que esta espécie de ânsia tem algo de irónico quando constatamos que o Benfica segue em primeiro lugar na principal competição que disputa, mas o facto é que precisamos de ser mais convincentes. Os próximos dias e semanas têm todos os ingredientes para isso: dois jogos na Liga dos Campeões que podem devolver alguma dignidade na competição, e um calendário daqui até ao Natal que pode afirmar ou reforçar a liderança da liga. Quem sabe Roger Schmidt não tem uma surpresa preparada para o que falta desta época?
Quem não seria feliz a celebrar uma Liga Europa que atire a primeira pedra
Num mundo repleto de maus políticos e de aprendizes, é sempre bom quando alguém responde sem rodeios a uma pergunta que dispensa rotundas. Rui Costa não hesitou nas palavras quando lhe perguntaram pelo desempenho na Europa: um falhanço. A palavra escolhida pelo presidente do Benfica é usada poucas vezes no clube, felizmente, mas é bom que um dos principais responsáveis pelo que de bom e mau venha a acontecer esta época evite esconder-se em desculpas que seriam mais confortáveis. Podia ter optado por lamentar o bom momento de forma dos adversários, podia ter vociferado contra as arbitragens, podia ter dito muitas coisas para evitar chamar a esta fase de grupos aquilo que foi. Não o fez e por isso tem a minha simpatia. Acho que é importante e salutar que Rui Costa utilize o capital de confiança de que dispõe, não para mistificar, mas para falar com sinceridade aos adeptos.
Talvez um dia mais tarde tenhamos que debater os motivos que tornaram esta Liga dos Campeões uma prestação inversamente proporcional à da época passada, vulgo desastre, mas não me parece que isso deva acontecer na semana em que se discute uma vaga na Liga Europa. Podia ser melhor? Todos sabemos que sim, mas encontrem-me um Benfiquista que diga que não celebraria uma Liga Europa no museu do clube e eu próprio pedirei satisfações a essa pessoa. Aplica-se aqui a máxima que deve guiar o Benfica: seja quando for e onde for, todos têm que aparecer para trabalhar e deixar tudo em campo. Enquanto houver um troféu para conquistar ou três pontos para vencer, não há mais nada para discutir.
O toca e foge de Bernardo Silva
Receio vir a ser mal recebido, mas já me cansa um bocadinho ver um jogador que tanto gosto de ver jogar, e que geralmente tem coisas interessantes para dizer sobre a modalidade, brincar a esta espécie de toca e foge com o Benfica.
Tenho a certeza que Bernardo Silva não o faz por mal, mas de cada vez que o ouço dizer que gostava de um dia regressar ao Benfica pergunto se fez tudo para que isso acontecesse nos últimos anos. A resposta é, evidentemente, não. Nem tinha que o fazer. Compreendo que o tempo de um futebolista não é igual ao de muitas outras profissões, e aceito sem problema que alguém opte por maximizar a sua prosperidade e garantir a segurança financeira das gerações seguintes. Mas, se assim for, não será melhor deixar os perpétuos regressos de um filho pródigo para quando forem uma possibilidade concreta e iminente? Não sou diferente da maioria dos benfiquistas, que, creio, sonham com o regresso de Bernardo Silva ao Benfica. Só peço uma coisa a todos os envolvidos: acordem-me quando o sonho for concretizável.
O leilão de João Neves
Manchester United prepara-se para decidir se quer fazer uma proposta. Real Madrid terá acompanhado o parto e observou todos os jogos do atleta desde os infantis, mas ainda não está preparado para bater a cláusula de rescisão. Bayern Munique estuda a possibilidade de enviar um segundo observador para acompanhar o primeiro observador, que já terá adquirido um T1 no Alto dos Moinhos por forma a facilitar o acompanhamento mais próximo do jogador. Jorge Mendes não sei quê. Fulano que joga com João Neves na seleção diz que já meteu uma cunha, sicrano que joga FIFA online com João Neves diz que o atleta poderia ter optado por uma carreira em e-sports. Fabrizio Romano afirma que a tia de um fulano que uma vez esteve com o João Neves numa festa de aniversário no Kidzania, quando ambos ainda queriam ser camionistas, garante que o jogador não vai sair antes do final da época, salvo se alguém bater a cláusula de rescisão, e parece haver quem esteja disposto a bater a cláusula de rescisão, designadamente em vários países, ainda que nenhum clube esteja preparado à data de hoje para avançar com uma proposta em janeiro, preferindo eventualmente aguardar pelo final da época para formalizar uma abordagem, que poderá ser em dinheiro ou envolver jogadores.
Nota-se que estou farto dos leilões públicos dos meus futebolistas favoritos? Enquanto adeptos do maior clube português e de um dos maiores clubes do mundo, será que podemos organizar alguma espécie de boicote a todo este folclore e garantir que o miúdo é feliz no Benfica e nada mais? Ou será que preferimos patrocinar este festival de desinformação na sarjeta das redes sociais, com vendas antecipadas a cada hora? Depois admirem-se quando alguém diz que os jovens da formação têm medo de ser vendidos. Pudera, se até nós ajudamos à festa."
Schmidt não é Guardiola
"Catalão foi contratado pelo Bayern, arranjou professora e falou alemão na apresentação
No fim de abril de 2012, Pep Guardiola comunicou que não seria mais o treinador do Barcelona, depois de ter conquistado duas Ligas dos Campeões, duas Supertaças Europeias e dois Mundiais de Clubes. Em meados de janeiro do ano seguinte chegou a acordo para treinar o Bayern de Munique e, em junho, na conferência de Imprensa de apresentação no novo clube, perante uma multidão de jornalistas, falou em alemão.
Quando deixou o Barcelona Guardiola disse que não tinha nenhuma proposta de outro emblema e que iria tirar um ano sabático para refletir sobre o passado de sucesso e preparar-se para desafios futuros igualmente exigentes. A partir da altura em que chegou a acordo com o Bayern a sua principal preocupação foi aprender a língua alemã, da qual não conhecia uma palavra, como confessou. Foi viver para Nova Iorque, contratou uma professora e a 24 de junho de 2013, na cerimónia de apresentação, perante uma plateia de quase três centenas de representantes de órgãos de comunicação, falou em alemão durante parte da conferência.
Como Pep não é Schmidt, nem Roger é Guardiola, cada qual vê as coisas à sua maneira. O catalão respeitou a identidade do clube bávaro, em que a língua materna é única entre dirigentes e funcionários. O alemão prometeu fazer um esforço quando chegou, mas ano e meio depois chegou-se a uma situação desagradável e que colide com a grandeza do Benfica. A chamada estrutura devia ter-se protegido, de modo a evitar cenários pouco profissionais, e o próprio Roger Schmidt, podendo recusar expressar-se em português, tem a obrigação de, pelo menos, dizer o básico e entender muito mais do que isso. De certeza que ganha o suficiente para contratar uma professora sem afetar o seu orçamento familiar…
Champions a zero
O jornalista Nuno Paralvas assinou a crónica do jogo Benfica-Famalicão, em BOLA, e criou um título que, em cinco palavras, resume de forma feliz a história do jogo e o desempenho da equipa encarnada. «Contas feitas: cinco minutos à Benfica», entre o autogolo de Riccieli e o golo de Rafa com a expulsão de Otávio de permeio.
Tudo espremido, de significativo é o que se destaca do trabalho coletivo de quem lidera a classificação da Liga sem ter ainda a casa arrumada, como este jogo mostrou.
A equipa continua mal arrumada e João Pedro Sousa, um treinador com quem nunca falei mas que muito aprecio, foi bom conselheiro ao suscitar problemas e identificar ruídos na organização encarnada que precisam ser eliminados antes de um jogo de muita responsabilidade, amanhã, frente ao Inter, do Grupo D da Liga dos Campeões, em que o Benfica ocupa o último lugar, sem pontos e um mísero golo marcado, continuando a atormentar os adeptos com a eventual repetição da vergonha de 2017/2018.
Pagar o que se paga a Schmidt só para consumo interno parece-me excessivo, nem acredito que tivesse sido contratado só para isso, porque, em entrevista ao canal do clube, em setembro último, Rui Costa afirmou que este plantel é melhor e não custa mais um euro. Disse também que, na época passada, ficou «o amargo de boca de não termos ultrapassado os quartos de final da Liga dos Campeões». O mesmo Rui Costa que há uma semana, na gala Quinas de Ouro da FPF, teve o cuidado de endereçar a Roger Schmidt muito do mérito pela conquista do título 38. O presidente acredita no seu treinador e este, certamente, sente-se com saber e competência para lhe retribuir essa prova de confiança com mais títulos importantes, intramuros e, principalmente, no espaço da UEFA. São realidades incomparáveis, sem dúvida, mas parece-me que Schmidt, embora conhecendo a história da águia, ainda não foi capaz de avaliar a sua real dimensão.
Moura/Jurásek
Em novembro de 2020, na sétima jornada do campeonato, o SC Braga, treinado por Carlos Carvalhal, venceu o Benfica, por 3-2, com dois dos golos bracarenses apontados por Francisco Moura, um jovem que surpreendeu e deixou a sua marca. Pouco depois, uma lesão grave obrigou-o a prolongada paragem.
Este sábado, na Luz, voltou a destacar-se, por querer ser feliz outra vez no palco em que se projetou. Não deixa de ser intrigante o descuido dos clubes mais abastados em relação às nossas camadas jovens. Neste caso, sendo António Salvador um presidente que vê mais depressa e mais longe do que a maioria, leva-me a acreditar que algum motivo haverá para ter cedido metade do passe de Moura ao Famalicão, a preço de amigos.
Grimaldo saiu e na Luz alguém decidiu gastar catorze milhões em Jurásek, um lateral que ainda não justificou a loucura que se pagou por ele, embora tenha dado sinais de não ser tão mau quanto dizem. Por outro lado, nem sei se Francisco Moura terá estrutura mental para suportar a pressão de um grande clube, como o Benfica. Bizarra é esta discrepância na avaliação de jovens futebolistas, em nítido prejuízo do mercado interno. Porquê ir lá fora quando temos cá dentro igual ou melhor e mais barato? David Carmo foi uma estranha exceção. São os mistérios do futebol…"
Barcelona, momento e dragão
"Existe uma janela de oportunidade para que o FC Porto vença o Grupo H da Champions
Sem menosprezar o Barcelona, que nas últimas duas edições da Liga dos Campeões não conseguiu ultrapassar a fase de grupos, o emblema culé não deixa de ser um colosso e uma referência na melhor competição de clubes do mundo. Mas a verdade é que a equipa de Xavi Hernández, que possui no plantel grandes futebolistas, tem mostrado, ao longo da época, estar ainda muito longe do equilíbrio próprio dos conjuntos de excelência. A este handicap, que se traduz amiúde num jogo partido e em problemas sérios do ponto de vista defensivo, acresce que os blaugrana atuam em casa emprestada, um belíssimo estádio Olímpico de Montjuic, que não tem a imponência nem causa o medo cénico próprio de Camp Nou, que está em processo de remodelação.
Juntando a estes dois fatores um terceiro, que é a proverbial consistência dos dragões nas provas europeias, não será demais afirmar que o FC Porto entra hoje em Montjuic com francas hipóteses de sair de lá como primeiro isolado no Grupo H da Champions. E esta não é uma questão de somenos, porque se passar a fase a eliminar é um bálsamo para as finanças e um acréscimo de prestígio para qualquer clube, a vantagem de terminar na frente é imensa, já que o adversário nos oitavos será um dos segundos classificados, evitando assim uma série de tubarões.
O FC Porto está, pois, perante uma janela de oportunidade que se abre em Barcelona, e que surge num momento particularmente conturbado na vida do clube. Sérgio Conceição, e bem, tem tentado a todo o custo manter o Olival fora da guerra pré-eleitoral - que tem incluído algumas cenas hardcore - a que se tem assistido. Mas como um clube também é feito de estados de alma, muitas vezes voláteis mas sempre a levar em linha de conta, qualquer resultado, especialmente da principal equipa do clube, não deixará de ter reflexos no animus portista.
É verdade que aquilo que estará em causa nas eleições de abril de 2024 vai muito para além da conjuntura provocada pelo futebol, para o bem ou para o mal, para um lado ou para o outro. Mas, antes ainda de se conhecer o milagre financeiro anunciado por Pinto da Costa, e que deverá - palavra do presidente - ter resultados práticos até ao fim deste ano, este jogo, em véspera de uma Assembleia Geral que se antevê escaldante, vai ter consequências que irão para lá do que acontecer dentro das quatro linhas."
A atualidade em revista
"Só uma base forte e bem trabalhada permite alcançar mais e maior qualidade no topo
Parece ter pernas para andar a ideia de Arsène Wenger em relação à lei do fora de jogo. O conceituado treinador francês, agora um dos homens fortes da FIFA, defende que um jogador em posição atacante só deve ser sancionado se todo o seu corpo estiver adiantado em relação ao do adversário. Se coincidirem, ainda que minimamente, a infração não deve ser assinalada.
Duas notas rápidas sobre esta ideia: a primeira para sublinhar que partiu de um agente desportivo relevante que não pertence à arbitragem, o que só reforça a importância de envolver todos os intervenientes do jogo neste tipo de discussões; a segunda para referir que, a ser aplicada, não terminará com a controvérsia habitual em redor de decisões milimétricas, mas permitirá oferecer ao jogo aquilo que ele tem de mais apelativo e entusiasmante: os golos. É que deste modo haverá uma redução substancial do número de infrações assinaladas, o que beneficiará a equipa que ataca (não esqueçamos, foi sempre foi esse o espírito da Lei 11).
Claro que nas situações em que a coincidência dos corpos de defesa e atacante for ínfima (os tais 2, 3 cms), haverá sempre discussão, mas o número de vezes em que isso acontecerá será inferior ao que vemos hoje.
Vamos esperar para ver se as coisas mudam. A próxima reunião técnica do IFAB deverá acontecer em março. Só nessa altura é que saberemos que propostas e alterações serão aprovadas para a nova época.
A outro nível, está a ser equacionada (e testada) a possibilidade de se introduzirem as chamadas expulsões temporárias no futebol, tal como já acontece noutras modalidades. A ideia é introduzir a aplicação de castigo momentâneo ao jogador culpado de conduta irresponsável, suspendendo-o durante determinado período (10% a 15% do tempo total de jogo). Em estudo estão ainda formas de combate mais feroz às perdas de tempo, se bem que a paragem do cronómetro está por enquanto afastada.
Também os jogadores que insistam em rodear o árbitro questionando-o sobre as suas decisões, passarão a ser alvo de ação disciplinar. Essa função deverá caber só ao capitão, em tom e modo apropriados.
João Pinheiro e a sua equipa (assistentes Bruno Jesus e Luciano Maia) dirigem hoje o Argentina-Alemanha, meia-final do Mundial de sub-17, na Indonésia. O árbitro internacional português arbitra assim o seu quarto jogo na prova, após Panamá-Marrocos e Japão-Argentina (fase de grupos) e Marrocos-Irão (oitavos). Notícia fantástica para a arbitragem portuguesa, que premeia a qualidade do melhor árbitro português da atualidade.
A reboque do que fez recentemente a UEFA, a Federação Portuguesa de Futebol (e/ou o seu Conselho de Arbitragem) lançou recentemente a campanha Faz Parte do Jogo, iniciativa de âmbito nacional que visa recrutar árbitros de futebol. A ação nasce da necessidade, há muito detetada, de aumentar o quadro de árbitros em Portugal. O trabalho amador e tantas vezes hercúleo levado a cabo pela maioria das associações de futebol tem agora apoio de peso, uma campanha bem planeada, cujos resultados serão contributo valioso para a classe.
Há não muito tempo, o número de árbitros no ativo não chegava aos quatro mil, estando abaixo dos registados em... 1998! Esse é um cenário inaceitável, face à evolução que o jogo teve e ao aumento de condições e meios que entretanto a arbitragem passou a dispor.
A entrada de novos árbitros e a capacidade em segurá-los na função são os maiores desafios que o setor enfrenta no presente. Só uma base forte e bem trabalhada permite alcançar mais e maior qualidade no topo. É quase matemático, só não vê quem não quer."
Perguntar não ofende...
"... pelo menos é o que diz o velho adágio popular. Mas será mesmo assim?
Há muitos, muitos anos, alguém veio ter comigo com aquele ar de pessoa que tem sempre qualquer coisa para dizer sobre tudo, e disfarçou uma opinião (depreciativa, diga-se) sob a forma de pergunta. Pergunta essa que evidentemente, não foi colocada por curiosidade. Foi feita com intuito de provocar, na melhor das intenções. Depois de ter levantado a questão, a mesma pessoa que a fez (com um ar de indignação) retracta-se dizendo "Perguntar não ofende!"
Não?
Eis então algumas formas de (não) ofender, sempre num tom interrogativo.
1. A maneira mais óbvia é também a mais simples: rearranjar as palavras de forma a que a afirmação passe a interrogação.
"E se te fosses #%*@ seu grandessíssimo #%*@?"
Simples. Eficaz.
2. Não havendo destreza mental para rearranjos de palavras, há o método mais básico de todos: pensa-se num insulto qualquer, seguido de confirmação.
"Tu és uma besta… não és?"
Muito útil naquelas situações em que "pensamos alto", e toda a gente se vira para nós com ar surpreendido.
3. Outra hipótese de insultar através da interrogação, é revelar que se suspeita de qualquer coisa, ou que há uma dúvida que nos assola. Nestes casos, as questões começam normalmente com um "É impressão minha", ou "Eu não tenho a certeza, mas...".
"É impressão minha, ou maquilhaste-te às escuras?"
"Eu não tenho a certeza, mas o bigode não é uma característica masculina?"
4. Para quem não se quer esforçar, há sempre as clássicas...
"O médico deixou-te cair à nascença?"
"Onde é que andavas quando Deus distribuiu a inteligência?"
5. Ofender em forma de questão também pode ser uma arte, quando não se faz qualquer referência à pessoa em causa (convém não ser muito rebuscado, porque o objectivo final é que se apercebam que foram ofendidos):
"Alguém quer uma pastilha?" (repetir a mesma pergunta 3-3 minutos olhando a pessoa nos olhos)
"Já chegámos ao Carnaval?"
"Preferem que fale mais devagar?"
Não é fácil responder a estas pessoas, e de uma maneira que seja proporcional ao que te disseram. É que em fracções de segundo, tens de ter em conta o ambiente e local onde estás, as pessoas que te rodeiam, o impacto que teve em ti (etc etc) e decidir:
Devo ofender de volta?
Deverei demonstrar que não me afectou?
Respondo fisicamente?
Apliquemos agora este conhecimento ao que se passou após o jogo com o Sporting CP. Roger Schmidt foi interpelado por um jornalista (cujo historial não é desconhecido pelos adeptos) que tinha claramente uma opinião. A opinião era que o Benfica não tinha merecido vencer o derby. E como previamente mencionado neste post, fez o que muitos jornalistas fazem hoje em dia: disfarçar opiniões sobre a forma de pergunta.
É uma pergunta que só tem 2 respostas: sim, ou não. Respondendo afirmativamente, o treinador do Benfica iria indicar duas coisas: que o Benfica não mereceu o resultado (o que obviamente levaria os jornalistas a perguntar se era uma crítica aos jogadores, um elogio ao adversário, e/ou um elogio à arbitragem), e atribuir o mérito a terceiros (por exemplo, dizer que foi o Sporting que perdeu o jogo, algo que por coincidência, foi afirmado pelo treinador do Sporting mais tarde). Roger poderia ter respondido também com um simples "não", mas é aí que vem à baila o contexto da pergunta, enquadrando com o que a CS tem escrito/falado esta temporada, e contrastando com o tratamento dado pela mesma CS a outros treinadores.
Podemos aqui dissertar sobre a real obrigação deontológica de um(a) jornalista, esquecendo que a larga maioria que cobre eventos desportivos tem a sua própria cor clubística. Mas o que se seguiu foi um ataque da comunicação social à reacção de Roger Schmidt, descontextualizando por completo o que se tinha passado até ali, e o histórico do indivíduo que fez a questão (alguém sequer mencionou episódios passados do repórter? alguém trouxe à esfera da opinião pública as palavras que ele falsamente colocou na boca de Rui Vitória para provocar Jorge Jesus?)
Enfim... o ditado continuará a ser difundido, e muitos continuam a escudar-se com o adágio popular para provocar e ofender. Mas tenho uma teoria, da qual estou plenamente convicto. É que se perguntar não ofende, responder também não mata!..
..a não ser que tenhas licença de porte de arma."
Os resultados são frutos de escolhas: o comportamento antidesportivo, de forma subjetiva, do tricolor carioca
"É nítido que existem aspetos muito superficiais e prejudiciais ao Flamengo no campeonato, levando em consideração principalmente o verdadeiro UFC que tivemos o desprazer de presenciar no jogo do Palmeiras vs Fortaleza, onde apesar de uma clara agressão entre os jogadores, nada foi feito.
Seriam esses atos singelos que passam despercebidos ao silêncio mais importantes do que podem parecer num primeiro momento? Com certeza! Principalmente porque a massa Flamenguista tem limite de voz ativa, precisando usar mais as redes sociais para os seus manifestos ganharem maior proporção.
Mas e a decisão dos titulares do Fluminense em não jogarem contra o Palmeiras? A desculpa dada para a escolha é a relva sintética. Então eu pergunto, se ela pode ser tão prejudicial, por que é permitida e utilizada em diversos estádios?
Neste momento, a tendência é que o Tricolor tenha jogadores poupados deste tipo de confronto por diversos motivos, entre eles, o "temor" de atuar no relvado sintético. Seria essa considerada uma ação antidesportiva?
De que adianta um campeonato que contabiliza pontos corridos, mas é minado jogo a jogo, partida a partida, seja por uma expulsão, ou um "corpo mole". Isso descredibiliza o futebol brasileiro e coloca ainda mais em cheque um campeonato que há tempos já tem sido considerado bastante duvidoso, gerando um efeito em cadeia que atinge todas as camadas do desporto.
Entendemos que a hegemonia do Flamengo é um risco à homeostase de um campeonato concorrido, mas, ainda sim, temos exemplos dos efeitos de um jogo feito com garra, veja Portugal e Espanha que só ganham dois e um bem ocasionalmente? Faz parte do futebol jogar o que puder para vencer, sempre vencer independente das circunstâncias, um limite bem tênue entre desporto e ética.
Quanto vale uma melhor classificação do Fluminense financeiramente e moralmente para o tricolor carioca? Ou o que seria dito nos bastidores entre e mafioso verdão aos tricolores? E os adeptos, onde ficam nessa equação?
Vamos precisar assistir às cenas dos próximos capítulos no próximo jogo e entender melhor como a decisão do Fluminense poderá ser o que vai definir o tamanho do apoio que terão no mundial, resultados são frutos de escolhas."
Entre o Famalicão e o Inter de Milão
"Roger Schmidt, ainda agastado com o incidente com um jornalista da RTP após o Benfica-Sporting, decidiu não comparecer na sala de imprensa, a seguir ao Benfica-Famalicão. Fez mal das duas vezes. Fez mal, da primeira vez, quando esqueceu que uma conferência de imprensa é um espaço onde uns perguntam e os outros respondem. E quem responde tem, até, o direito inalienável de dizer «não respondo.» E fez mal ao dar parte fraca (e não forte), remetendo-se ao silêncio depois de eliminar o Famalicão.
Na primeira situação, quando lhe foi perguntado se o resultado, frente aos leões, tinha sido melhor que a exibição, o treinador do Benfica passou ao lado da oportunidade de dizer que concordava com o jornalista, porque era impossível fazer melhor do que os três pontos da vitória, enquanto qualquer exibição, em tese, pode sempre ser melhorada. Na segunda situação, não esteve à altura do emblema que representa.
Mas fossem estes os maiores problemas de Roger Schmidt, e o sono do técnico alemão seria melhor. A questão de fundo é que o Benfica ainda não encontrou o equilíbrio necessário. Percebe-se que a equipa está mais solta, mostra uma capacidade pressionante mais condizente com as necessidades de um candidato ao título, mas ainda tem alguns buracos que, ou consegue remendar, ou fazem a embarcação ir ao fundo.
No jogo com o Famalicão esteve à vista de todos como se abriram avenidas na direita benfiquista, onde Aursnes faz o que pode e Di María pouco defende, por onde Francisco Moura e Puma Rodríguez lançaram o pânico na área encarnada. Se Schmidt não resolver esta questão, equipas como o Inter, já esta semana, capitalizarão com outra eficácia as facilidades dadas. E voltou a constatar-se a ausência de presença na área contrária do ataque benfiquista (que não será sentida da mesma forma contra os nerazzurri, sendo que 90 por cento dos jogos do Benfica não são contra o Inter, mas contra equipas com autocarros), perdido em cantos e cruzamentos para ninguém, até ser salvo por um autogolo.
Estes, sim, são os problemas que devem ter resposta no mercado de janeiro. Se o Benfica tiver noção daquilo que urge corrigir, estará muito mais perto de conseguir a boa solução. Se entender que está tudo bem, então o futuro será mais incerto..."
O caso de Casper Tengstedt
"Só existem dois modos das equipas portuguesas valorizarem os seus plantéis e, dentro dos seus patamares próprios de interesses (desportivos e não outros), conveniências (de clube e não outras) e realidade económica conseguirem o melhor dos dois mundos, comprar barato e bom para depois vender caro e melhor. Parece uma fórmula simples e até pouco original, que pode ser seguida por qualquer clube do mundo que não faça do negócio puro e duro a sua prioridade de existência. Mas a verdade é que mesmo conhecendo o segredo, poucos conseguem beneficiar dele.
Há dois fatores essenciais para chegar ao sucesso. O primeiro é a qualidade da prospeção. Tem de ser necessariamente lenta e rigorosa, paciente e profissional. Há uma sensibilidade própria naqueles que têm por função a descoberta de talentos. São garimpeiros do futebol. Podem passar semanas, meses e anos a peneirar à procura do brilho escondido num jovem jogador de futebol. O maior dos exemplos que podemos apontar é o de Aurélio Pereira que, recentemente, foi homenageado na Gala da FPF. Nem sempre foi devidamente valorizado, mesmo no seu clube de sempre, o Sporting, mas, hoje, é reconhecido e seguido por todos os clubes nacionais.
O segundo fator de sucesso é o da qualidade da formação do homem e do jogador numa perspetiva una e indivisível. Ajudar a formar um caráter, um sentido de vida, uma superlativa valorização do mérito, a convicção de que não há sucesso sem esforço, sem suor, sem sofrimento são aspetos essenciais ao crescimento de um futebolista profissional e, assim, à concretização de uma estratégia de enriquecimento da qualidade do plantel de um clube.
Importante ainda que se diga, no que respeita à prospeção de talentos, que não devem existir fronteiras. No futebol, o mundo é sempre global e sendo importante a descoberta de jovens valores nacionais, não deixa de ser igualmente importante a descoberta de jovens talentos sejam eles de que nacionalidade forem.
O caso de Casper Tengstedt é paradigmático. Um jovem internacional das seleções jovens da Dinamarca que surge no Benfica numa fase ainda inicial de evolução, mas que tem vindo a afirmar potencialidades que justificam a sua escolha. Não é ainda, obviamente, Gonçalo Ramos, mas é bem possível que venha a ser o seu sucessor."
Tricampeões nacionais
"O Benfica é campeão nacional de corta-mato longo pela 25.ª vez, a terceira consecutiva. Este é o tema em destaque na BNews.
1. Excelente prestação
Domínio benfiquista na 100.ª edição do Campeonato Nacional de corta-mato longo. O Benfica sagrou-se campeão nacional, e Edward Zakayo, atleta do Clube, venceu a prova. Etson Barros, o 3.º classificado, foi o melhor português em prova e ganhou os títulos nacionais individuais em absolutos e Sub-23. André Pereira e Duarte Gomes, também do Benfica, chegaram em 4.º e 5.º, respetivamente.
2. 100 jogos
Florentino completou, frente ao Famalicão, a centena de jogos pela primeira equipa do Benfica em competições oficiais. "Tinha o sonho de fazer um jogo pela equipa principal. E hoje, ao ver que já consegui alcançar esta marca dos 100 jogos, creio que é algo memorável para mim", afirma.
O jovem formado no Benfica Campus, campeão nacional duas vezes de águia ao peito, agora só pensa em vencer na próxima partida com o Inter: "Vamos entrar com a maior ambição, que é para ganhar o jogo."
3. Infelicidade no dérbi
Em futebol no feminino, o Benfica recebeu o Sporting e sofreu um desaire, perdendo por 1-3. Filipa Patão lamenta a forma como o jogo decorreu e deixa uma palavra de alento para a equipa: "O jogo esteve constantemente parado, com faltas. As jogadoras foram irrepreensíveis na forma como lutaram na segunda parte. Há que melhorar e evoluir. Independentemente do resultado, continuamos em primeiro e só dependemos de nós."
4. Outros resultados
No hóquei em patins, a visita ao Riba d'Ave não correu de feição, com o resultado a cifrar-se no 2-1 para a equipa caseira. As equipas femininas de andebol, basquetebol e voleibol obtiveram vitórias. E os Sub-17 ganharam na deslocação ao campo do Vitória de Setúbal (1-3).
5. Desempenho meritório
Na estreia europeia do Benfica nas competições europeias de polo aquático no feminino, as águias chegaram à fase final e disputaram o bronze, perdendo o jogo com o ZAVK Mladost por 13-14.
6. Partida europeia
Amanhã há embate com o Nantes, na Luz, a contar para a EHF European League. O início está agendado para as 19h45.
7. Ronda de Elite
O Benfica procura, nesta semana, no Kosovo, garantir o acesso à final four da UEFA Futsal Champions League. Mário Silva define claramente o objetivo benfiquista na competição: "É uma prova que já vencemos e andamos à procura de tentar vencer novamente. A primeira coisa que temos de conseguir atingir é a final four, para depois tentar vencer a competição.""
É assim a vida!
"Benfica ganha 10-0 :
❎ "Uma humilhação ao adversário"
❎ "Devia rodar a equipa e parar de marcar golos"
Sporting ganha 8-0 :
✅" Sporting respeitou o Dumiense ao não abrandar e ao golear o seu adversário"
É assim a vida!! As opiniões mudam dependendo a cor da camisola!! Azia continua..."