quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Sorteio...


Dia de Sorteio da Champions... Noutros tempos, calculava todas as probabilidades, as melhores e as piores possibilidades, mas hoje, mais velho, mais experiente, já estou convencido que muito provavelmente o Benfica vai ter o sorteio mais complicado de todas as equipas portuguessas! Tem sido assim, em mais de 90% das ocasiões, e o facto do Benfica estar no Pote 1, pouco importa!!!

Pote 1
- Man. City
- Sevilha
- Barcelona
- Nápoles
- Bayern Munique
- Paris SG
- BENFICA
- Feyenoord

Pote 2
- Real Madrid
- Man. United
- Inter Milão
- Borussia Dortmund
- At. Madrid
- RB Leipzig
- CORRUPTOS
- Arsenal

Pote 3
- Shakhtar Donetsk
- Salzburgo
- PSV
- AC Milan
- SP. BRAGA
- Lazio
- Estrela Vermelha
- Copenhaga

Pote 4
- Young Boys
- Real Sociedad
- Galatasaray
- Celtic
- Newcastle
- Union Berlim
- Antuérpia
- Lens

Pessoalmente, gostaria de evitar o Real, o Arsenal, o Man United e o Inter, assim sobra o Borussia, o Leipzig ou o Atlético!
No Porte 3, a equipa a evitar é claramente o AC Milan (Lazio também se reforçou bem...), sendo que as preferidas são o Shakhtar, o Estrela Vermelha e o Copenhaga!
No Pote 4, a evitar o Newcastle... não me importava jogar contra o Antuérpia, o Young Boys ou mesmo o Lens que perdeu vários jogadores... O Gala é uma viagem longa, o Union Berlin será sempre jogos muito intensos e com o 'azar' que temos com os Alemães preferia evitar...

Regresso (II)!!!

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Rafa...


"O Rafa é frequentemente alvo de entradas duríssimas por parte dos adversários, as quais raramente são sancionadas disciplinarmente. E quando o Rafa reclama... recebe em troca um cartão amarelo.
A perseguição constante que ele enfrenta atingiu níveis surreais na época passada - e, infelizmente, parece que continuamos com a mesma tendência: estamos apenas na 3.ª jornada e ele já viu dois cartões amarelos!
O contraste torna-se ainda mais evidente quando comparamos com jogadores como Eustáquio, Pepe e Namaso, verdadeiros virtuosos na arte de distribuir lenha em campo, e que, ainda assim, conseguem a notável proeza de terminar a temporada com menos cartões amarelos do que o Rafa.
Esta é a dinâmica que caracteriza a Liga do Pedro Proença e do Fontelas Gomes: prioriza a proteção dos lenhadores cheios de «rassa» em detrimento do espetáculo, da elegância e do talento mais refinado."

Apesar de parecidos, não são iguais...!!!


"Durante muitos anos, para a cartilha portista, este lance com Carrilho, nunca na vida seria penalti.
Nasceu até a teoria de que João Pinheiro é um árbitro amigo do Benfica. Os Benfiquistas muito protestaram e foram apelidados de "chorões", por não ter sido marcado.
O que mudou desde então?"

Líderes!!!


"A Liga Batatoon é a segunda com menos tempo útil de jogo e a com mais faltas, amarelos e vermelhos por jogo, entre os principais campeonatos europeus, segundo dados apresentados pela UEFA.
Para o palhaço que manda no circo, "A Liga nunca inspirou tanta confiança"! Desde que o Calor da Noite e o Sporting Banca de Portugal ganhem todos os jogos, está tudo impecável!
Ninguém, mas absolutamente ninguém quer saber desta merda!"

O comunicado do CA já saiu?

Regresso desejado


"O anúncio de novo empréstimo de Gonçalo Guedes ao Benfica é o tema em destaque na BNews, na qual também são abordados outros assuntos da atualidade benfiquista.

1. Gonçalo Guedes continua de águia ao peito
Benfica e Wolverhampton finalizaram novo acordo de cedência temporária, válido para 2023/24, de Gonçalo Guedes ao clube que o formou.

2. Forte apoio
A lotação do Estádio da Luz para o embate com o Vitória de Guimarães está esgotada (sábado, 20h30). Existe a possibilidade de reabertura das bilheteiras em caso de devolução de ingressos por parte do adversário e caso seja ativado o mercado secundário. Espera-se, como tem sido habitual, um Estádio da Luz repleto de fervorosos benfiquistas no apoio à equipa.

3. Golo do Mês
Está escolhido o golo de agosto. Os Benfiquistas votaram maioritariamente no golo de Di María frente ao FC Porto, o primeiro dos dois obtidos pela equipa na Supertaça conquistada brilhantemente.

4. Chamadas internacionais
Bah, Aursnes e Schjelderup estão convocados para os trabalhos das suas seleções. Recorde-se que já eram conhecidas as chamadas de outros cinco elementos do plantel.

5. Os Benfiquistas com as Inspiradoras
Foi grande a afluência de adeptos à sessão de autógrafos protagonizada por Andreia Faria, Andreia Norton, Jéssica Silva, Marta Cintra e Anna Gasper. A ação teve lugar na Benfica Official Outlet – Strada, em Odivelas. Entretanto, estão à venda os bilhetes para a meia-final da Supertaça, que opõe Benfica a Braga (sábado, 15h00, no Benfica Campus).

6. Supertaça para ganhar
Benfica e Sporting discutem o troféu de Supertaça de futsal na sexta-feira, às 19h45, em Sines. Os bilhetes estão esgotados.
Mário Silva e Afonso Jesus garantem que a equipa está focada na obtenção do triunfo. O treinador conta com o apoio dos Benfiquistas: "Estaremos muito e bem apoiados em Sines. É isso que espero, e a nossa retribuição maior vai ser em atitude e comportamento dentro de campo." E o futsalista lembra que é "o primeiro troféu do ano desportivo e que nós, Benfica, queremos conquistar".

7. Início da pré-época
As decacampeãs nacionais de hóquei em patins já preparam a nova temporada."

Mais um dia normal no futebol português


"Aconteceu no Sporting, mas poderia ter acontecido em qualquer outro grande clube de Portugal: um comunicado oficial para contestar a arbitragem de um jogo alheio ser publicado mais rápido do que um para repudiar mais um caso de racismo e xenofobia.
Alguns vão dizer que o texto sobre os erros no Rio Ave-FC Porto já estava pronto. Havia uma «programação» para seguir, talvez. Outros, como sempre, vão ignorar os timings e apelar para os mesmos insultos usados para atingir o brasileiro Otávio Ataíde.
A divulgação das ofensas sofridas pelo jogador do Famalicão, na sequência do duelo com o próprio Sporting, surgiram minutos antes de (mais uma) contestação pública sobre a condução de uma partida em que os leões, pasmem, nem sequer fizeram parte.
Onde está a sensibilidade? E o foco? É assim que a roda gira no atrasado futebol português. As prioridades estão muito bem definidas. Não é de hoje, aliás. Longe disso. Basta olharmos para trás e notarmos tamanha impunidade diante de incontáveis acontecimentos preconceituosos.
Quando a questão é rivalidade e, sobretudo, arbitragem, são horas e horas de discussão, notas oficiais e mais notas oficiais, murros na mesa atrás de murros na mesa e, obviamente, pedidos de punições severas. A revolta é geral, independentemente da cor clubística.
Agora, quando a cor em questão é a de um jogador, o que vale quase sempre é o bom e velho discurso político nas redes sociais e televisão. Vez ou outra surgem umas faixas de protesto antes de a bola rolar. Hora ou outra optam por multas sem vergonhas de míseros euros."

Em Barcelos, não deu Galo


"Num clube que é, simultaneamente, um dos maiores do mundo, radicalmente democrático e vivido com uma paixão absoluta que a comunicação social amplifica, qualquer incerteza é, imediatamente, um potencial tsunami.
Muito se tem especulado sobre a instabilidade, a indefinição e as possíveis saídas e entradas no plantel. Com a dificuldade extra do treinador em lidar com um plantel mais enriquecido e em definir o seu onze que na época anterior parecia óbvio desde o primeiro dia.
Neste contexto o jogo de Barcelos tinha um potencial de risco elevado e um deslize seria muito comprometedor pelos efeitos que poderia gerar. Felizmente, a equipa não permitiu que isso acontecesse. O Benfica apresentou-se bem, dominou completamente o jogo durante cerca de 60 minutos e chegou com naturalidade ao 2-0, com destaque para Rafa e Di María. Só que, a seguir, consentiu o golo do Gil e a equipa intranquilizou-se e esteve perto de dar galo. Ao contrário de algumas opiniões que vi, Schmidt mexeu bem e valeu a entrada de Musa para repor a tranquilidade e a justiça no marcador.
Uma vitória muito importante sobretudo quando, na próxima jornada, o Benfica recebe na Luz um dos grandes do Minho, o Vitória de Guimarães que, neste momento, é líder. Lidera a par dos crónicos rivais do Benfica que, neste fim de semana, voltaram a ser bafejados pela arbitragem com expulsões perdoadas a Gyokeres do Sporting e Eustáquio do F. C. Porto, para além de uma grande penalidade muito duvidosa, no jogo de Vila do Conde.
Ao contrário da expulsão de Musa no Bessa: situações iguais, decisões diversas."

Benfica, não é preciso panicar


"O ano passado foi tudo muito claro desde o princípio. Um 4-2-3-1 com Florentino e Enzo no meio, Rafa, João Mário e Aursnes (ou Neres) na frente e Gonçalo Ramos como referência atacante. Na baliza também não havia dúvidas e na defesa também não. Gilberto começou como titular, mas havia a noção clara que Bah acabaria por se superiorizar e depois aconteceu apenas a surpresa de Morato se lesionar e António Silva pegar de estaca. Logo desde os primeiros jogos da pré-temporada, Roger Schmidt estabilizou este onze e usou e abusou dele. E bem, porque o arranque de época do Benfica foi em alta rotação. Também assim teria que o ser à conta das duas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões.
Depois durante o ano surgiu apenas o desafio de colmatar a saída de Enzo Fernández em janeiro. Schmidt testou Aursnes, mas o rendimento do «bacalhau» não foi o mesmo, apostou em Chiquinho e pareceu resultar (até as bancadas da Luz acharam piada), mas em boa hora surgiu João Neves mesmo nas jornadas finais para ajudar a segurar um barco que passava por águas perigosas. Mas tudo fica bem quando acaba bem. Com um onze estabilizado o ano todo, o Benfica foi campeão. Apesar de ter ficado curto nas taças nacionais e deixar a sensação de desgaste na parte final (quando já sonhava em ir ainda mais longe que os 1/4 de final na Champions), reforçando a ideia que o Benfica precisava de mais soluções fortes no banco e maior rotação do seu treinador.
Já em janeiro tinham chegado Guedes, Schjelderup e Tengstedt para reforçar o recheio do plantel e é também nesse prisma que mesmo surgindo Di María, o Benfica resiste a não abdicar de nenhum dos médios ofensivos que já tinha.
Só que este ano está tudo um pouco mais complexo e duvidoso. Pela primeira vez na era Roger Schmidt, sentimos que o alemão não está seguro do que está a fazer. Há indefinição na baliza. Vlachodimos foi afastado por uma má exibição (e porque, sejamos francos, nunca foi fenomenal), Samuel Soares tenta fazer pela vida e Trubin aguarda pela sua oportunidade. O Benfica precisava mesmo que o ucraniano fosse o Oblak de 2013/14. Nos primeiros jogos dessa mítica temporada, também no início o Benfica sofria vários golos com Artur e depois chegou o esloveno e fechou a cadeado a baliza do Benfica. Trubin vai acabar por ser o titular e será muito importante que confirme todos os elogios que lhe fazem. Que pegue de estaca. Se não, o Benfica tem um problema na baliza.
Também há indecisão na lateral esquerda. Grimaldo era um esteio nessa posição nos últimos largos anos e agora o Benfica está órfão dele. As primeiras sensações de Jurásek não foram boas e entretanto lesionou-se. Ristic até começou a titular contra o Porto na Supertaça, mas não saiu mais do banco. Há algo que nos escapa, porque nos poucos minutos em campo, nunca pareceu assim tão mau jogador. E à conta disso andamos com Aursnes a jogar adaptado a essa posição, o que, pese a qualidade e o voluntarismo do nosso querido «bacalhau», é um claro equívoco. Perdemos o seu talento lá na frente e torna-se num jogador limitado pelas circunstâncias.
Também há dúvidas no meio-campo. Kökçü parece intocável (deveria ser? Mesmo tendo custado 25 milhões? Não há dúvidas da sua qualidade, mas ainda parece em busca de adaptação a novo contexto) e, ao seu lado, Schmidt vai hesitando entre Florentino e João Neves. E mais à frente? Novas questões! Di María diz que não gosta de sair, David Neres já faz má cara ao banco, João Mário é a extensão do treinador no campo, mas procura recuperar a melhor forma do ano passado e só Rafa continua a voar, mesmo que aqui e ali continue a desesperar os adeptos com o seu «end product». Schjelderup aparentemente já percebeu que pouco jogará e terá pedido para sair.
E o ponta-de-lança? Também aí Roger tem dores de cabeça. O ano passado era muito óbvio: Ramos o titular, Musa o suplente. Mas este ano Musa entrou bem, só que teve a expulsão. Comprou-se Arthur Cabral, que até agora pouco mostrou. E até Tengstedt veio baralhar um pouco as contas, porque parecia que já nada contava e afinal foi o herói improvável na vitória sobre o Estrela da Amadora.
O Benfica é um barco gigantesco e tudo em si é ampliado. Para o bem e para o mal. É por isso que no bem surge muitas vezes a sensação de euforia e no mal surge a sensação de crise e pânico. Até porque os nossos adversários (e não inimigos, expressão horrível que Pinto da Costa tantas vezes usa nos seus habituais discursos contra os moinhos de vento do centralismo) estão sempre, quais abutres a rondar presas feridas, desejosos de atiçar o fogo no clube da Luz. Mas é importante os benfiquistas terem cabeça fria e parar um pouco e respirar fundo.
Schmidt já mostrou o ano passado a sua competência. O Benfica tem o mais forte e recheado plantel do futebol nacional. Tem uma massa associativa incomparável. Nas três primeiras jornadas ganhou duas e perdeu uma, num daqueles jogos que acontecem uma vez em 20. E conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira, dando um amasso ao seu maior rival na segunda parte (aquele que se diz tantas vezes contra quem tem complexos mentais). Amasso esse que só acabou pouco destacado, porque Pepe e Sérgio Conceição chamaram a si os holofotes com um descalabro mental na parte final. Fossem todas as "crises" dos clubes estas, hein? Problemas de abundância no plantel, um troféu já conquistado e um início de campeonato que não tem sido perfeito, mas nada põe em causa.
O que é importante é Schmidt estabilizar o seu onze, provavelmente lançando Trubin na baliza, resolver a questão do lateral esquerdo e acreditarmos na subida de forma de Kökçü e Arthur Cabral. Isso aliado a nova casa cheia na Luz contra o Vitória de Guimarães na próxima semana e o Benfica tem tudo para voltar a fazer muito boa temporada.
Problemas de plantel? Problemas a sério era quando outro técnico alemão que tivemos, Jupp Heynckes, tinha que decidir se punha a lateral direito Okunowo ou Rojas. Se punha no meio-campo Uribe ou Machairidis. Agora Florentino ou João Neves, Di Maria ou David Neres? Prefiro muito mais esta vida de rico."

O «presente» da Arábia a Infantino


"E se o «clube» mais beneficiado com o tsunami futebolístico da Arábia Saudita for a FIFA?
O Financial Times fala mesmo em «presente».
Mas, e primeiro, os Big 4 da Pro Liga financiados pelo Fundo Soberano Saudita. Onde estava este cash em 2022? Creio ser uma boa pergunta. Não existia para a Indústria do Futebol. Neste ponto, CR7 tem razão. Este movimento alucinante de fundos inicia-se com a sua transferência.
O segundo ponto será o «emagrecimento» de planteis demasiado XXL: Chelsea e PSG são ótimos exemplos, mas o essencial (fora do relvado) são as diferenças de receitas entre a UEFA (e a sua Champions) e a Premier League (e o seu «campeonato mundial» de clubes).
O Financial Times avança com números que eu sinceramente desconhecia, tal é a diferença de faturação comercial, por exemplo.
Não se trata de uma novela de Agatha Christie mas, e simplesmente, unir o útil e o agradável: o Projecto 2030 cria uma «nova» Arábia Saudita, Zurique alarga potencial incalculável de receitas e inclui o ainda vago e verdadeiro Campeonato do Mundo de Clubes - que Infantino tem há muito em vista.
Não foi por acaso que o Mundial Feminino obteve um impacto inesperado (para alguns). A FIFA promoveu de uma forma exemplar está «nova» competição.
E será a Arábia Saudita o palco do mundial 2030? O impacto do caso Rubiales poderá ser decisivo. Aparentemente, a poucos anos do anúncio oficial, algo de importância político-social e existencial está a acontecer.
Mas, e com certeza, notaram a imediata preocupação da candidatura espanhola (não ouvi falar de Portugal estes dias), sinal que Madrid vai tomar conta do «castelo»!
E Infantino já faz contas... (to be continued)"

O Mundial, Espanha, Inglaterra e Portugal: o único caminho é para cima


"É claro que ouvir Gianni Infantino anunciar que o Mundial de 2023 gerou 525 milhões de euros são excelentes notícias, mesmo vindas do homem que pouco depois sublinhou que as mulheres devem escolher “as batalhas certas” - diga-nos, por favor, senhor presidente, quais são então as lutas que valem a pena, nós mulheres não sabemos.
Todos esses milhões querem dizer que a FIFA já não perde dinheiro a organizar o Mundial feminino, o que deve satisfazer o departamento financeiro lá nos escritórios na Suíça mais do que qualquer outra coisa, mas centremo-nos nas coisas boas.
Os tais 525 milhões de euros significam que o interesse no futebol feminino não pára de crescer e são sintoma de algo ainda mais importante: o Mundial de 2023 foi o Mundial da verdadeira globalização do futebol feminino, um Mundial de surpresas, com estreantes competitivos a baterem o pé às antigas potências, em que Portugal, um dos debutantes, também fez o seu pequeno-grande estrondo, ficando a meros 12 centímetros de eliminar a equipa bicampeã mundial, os Estados Unidos. Passar o Mundial de 24 para 32 equipas não lhe retirou competitividade - e nisso há que tirar o chapéu à FIFA -, apenas aumentou a montra: hoje, já muitas raparigas podem sonhar em serem futebolistas, tenham estudado numa universidade norte-americana, nascido numa cidade da Suécia ou num bairro pobre do Haiti. E isso vale mais do que qualquer milhão.
E, também por isso, este é ainda o Mundial da mudança de poderes. Antigas potências como Alemanha, Brasil ou Canadá ficaram-se pela fase de grupos. Os Estados Unidos, que caíram nos oitavos de final, tiveram a sua pior participação de sempre. Talvez estas seleções não estejam piores. Mas quando o investimento chega ao futebol feminino, seja onde for, a evolução é frenética e isso é lindíssimo de se ver.
Não é por isso de estranhar que a final de domingo tenha sido jogada por Espanha e Inglaterra, que há 10 ou 15 anos estavam longe de ser favoritas ao que quer que fosse, apesar da rica história de futebol que tinham as costas. A Inglaterra apostou numa reformulada liga em 2011, que em 2018 se tornou profissional. Quase todos os grandes clubes ingleses têm equipa feminina e a liga local é provavelmente a mais forte do planeta. Com a aposta da federação e dos clubes chegaram os patrocinadores, o dinheiro das transmissões televisivas. Nada é por acaso.
No caso de Espanha, que sai da Austrália/Nova Zelândia como nova campeã mundial, a evolução foi ainda mais célere. As seleções jovens iam conseguindo resultados muito interessantes dos Mundiais e Europeus de sub-17, sub-19 e sub-20, com finais e vitórias, mas a seleção principal só se estreou em Mundiais em 2015. O selecionador era Ignacio Quereda, que esteve à frente da equipa inacreditáveis 27 anos, o que diz muito da (nula) ambição. Só a ação das jogadoras depois desse Mundial, exigindo mudanças no corpo técnico e na preparação das equipas, tirou Espanha do marasmo: o país que nos anos anteriores havia ganhado dois Europeus e um Mundial a nível masculino, dava 1% do seu orçamento para o futebol feminino.
Espanha seguiu o exemplo inglês em 2021, profissionalizando uma liga que já tinha no Barcelona uma força em crescimento exponencial a nível europeu. Muitos clubes ajudaram, mas na Catalunha o talento espanhol floresceu, as raparigas que tanto brilhavam nos Europeus e Mundiais jovens começaram a ter oportunidade de o demonstrar no plano sénior. E a seleção nacional, que em 2015 não ganhou qualquer jogo e em 2019 se quedou pelo primeiro jogo a eliminar, venceu à terceira tentativa.
Nem tudo é linear e o conflito entre jogadoras e Jorge Vilda, treinador que sucedeu a Quereda, diz-nos que para as mulheres será sempre mais difícil. O selecionador que até há bem pouco tempo exigia que as jogadoras dormissem de porta aberta e a quem muitas delas não reconhecem qualidade técnica também sai vencedor, o que é agridoce. Cada vitória das futebolistas sai-lhes muito cara. É possível que Mapi León e Patri Guijarro não sejam hoje campeãs mundiais porque as mudanças operadas pela federação espanhola depois de, há um ano, quinze jogadoras se terem recusado a ser convocadas por não concordarem com a abordagem da equipa técnica, foram, para si, insuficientes.
É para tudo isto que se deve olhar deste lado da fronteira. O bom e o mau. É preciso dar a oportunidade às futebolistas de falarem. Elas sabem quais são as batalhas certas, não precisam que ninguém lhes diga. Também foi da revolta delas, em 2015 ou em 2022, que nasceu este título mundial espanhol em seniores. É preciso mais investimento, lembrar que boa parte dos clubes têm feito a sua parte e que muitos outros não conseguem, para já, dar mais. É preciso estar mais vezes nos Mundiais e Europeus de jovens, onde Espanha é hoje crónica candidata: Portugal tem apenas três participações nestes torneios, 2014 e 2019 no Euro sub-17 e 2012 no Euro sub-19. Quando Jéssica Silva pediu e falou em continuarmos a dar-lhes a mão, no regresso da Nova Zelândia, é também por isto: tal como Espanha em 2015, temos aqui a oportunidade de investir e investir e volta a investir, clubes, Estado, FPF e privados, para estarmos permanentemente nestes palcos e utilizarmos todo o nosso potencial, que é imenso. O estado atual do futebol feminino, como vimos neste Mundial, não se compadece com marchas-atrás, com olhares para baixo. O único caminho é para cima. Espanha, entre tantos conflitos, demorou três Mundiais para chegar ao topo. Imaginem até onde podemos nós chegar."

Acabou-se, mas acabou o quê, exatamente?


"A meritocracia é um chavão de metal moldado nas fornalhas deste século e do anterior para dar chão à escalada das pessoas na vida profissional e manter-lhes a cenoura diante dos olhos. É útil e conveniente acreditarmos que os frutos das nossas capacidades vão valer, por si só, recompensas que nos melhorem a qualidade de vida. A meritocracia, porém, também desvia as atenções do esforço ou do stress - no caso dos mais rendidos à roda dentada do trabalho a todo o custo - que mastigam tanta gente, ou para a bajulação, a interesseirice e as pessoas-sim que muitas vezes servem para os realmente melhores de entre todos nós serem ultrapassados. É mais frequente do que raro vermos os de maior capacidade estagnarem na vida enquanto são fintados por gente que prefere as portas das traseiras para ir subindo.
Crer que só depende de nós irmos chegando mais além no mundo laboral é acreditar que um superior hierárquico, na dúvida entre o mais apto, capaz e provado, ou um seu menor em todos os fatores, mas que se ri efusivamente das piadas do chefe e lhe satisfaz, sem pensar, qualquer vontade no trabalho, vai olhar somente para as capacidades factuais e descurar os fingimentos forçados para massajar o ego de quem nos pode fazer subir na vida. Na sexta-feira, com o seu cabelo espetado no ar e olhar penetrante, Jorge Vilda aplaudiu o discurso do seu chefe e ao seu lado, também sentado, o careca Luis de la Fuente bateu uma palma contra a outra quando a pessoa a quem respondem na cadeia de comando disse que não se demitia.
Qual surpresa, então, quando a coluna vertebral dos treinadores das principais seleções da Real Federação de Futebol Espanhola, há horas recostada no assento da Assembleia Geral Extraordinária de onde o aplaudiram, canalizou neurotransmissores para as suas mãos dedilharem as declarações escritas com que criticaram o presidente da entidade que lhes paga o salário, mas só quando a FIFA o suspendeu “preventivamente” no seguimento do processo disciplinar que já lhe tinha instaurado. Abeirado da falésia, com apenas os mindinhos a sustê-lo do empurrão institucional, político e social para o abismo, aí os selecionadores optaram por ir contra quem nem um dia antes optaram por ovacionar, de pé.
No provável verão mais bem-sucedido da história do futebol espanhol, quando as mulheres conquistaram um inédito Mundial e os homens ganharam a Liga das Nações, dois treinadores que chegaram ao cargo em situações similares à lupa da opinião pública - com dúvidas em relação ao seu currículo e capacidade para exercerem os respetivos cargos - jogaram uma cartada semelhante. Viram Luis Rubiales agarrar os seus próprios testículos ao lado da Rainha de Espanha e uma das filhas, em Sydney, na tribuna do estádio onde, no relvado, depois agarrou, com ambas as mãos, na face de Jenni Hermoso, futebolista que beijou nos lábios sem consentimento, mas nada disseram quando o presidente da federação chamou “idiotas” aos seus detratores, “palermices” às críticas ao seu comportamento e “falsas feministas” às pessoas que apoiam a vítima que sugeriu como culpada.
Esses treinadores aconchegaram-se no silêncio, refastelados no aplauso que deixaram perante a gravação das câmaras, também quando Rubiales se recusou demitir devido ao que descreveu como um “pico”, ou um coloquial ‘bate-chapas’ traduzido para português. Quando a federação lançou um comunicado forense (entretanto apagado) a desmentir Jenni Hermoso e a defender-se com imagens da posição dos pés do dirigente para a acusar de mentir. E quando toda a equipa técnica da seleção feminina (11 pessoas) se despediu, em bloco, alegando ter sido obrigada a sentar-se na primeira fila do auditório, para freguês ver, durante o discurso em que Rubiales começou por justificar o seu agarrar de genitália à emoção sentida para com Jorge Vilda, o treinador que agora está, literalmente, sozinho.
“Emocionei-me muito, a tal ponto de perder o controlo e levar a mão ali, quando a tua primeira reação após ganhar o Mundial foi virares-te para a tribuna e apontares para mim”, enterneceu-se o então ainda não-suspenso dirigente para com o seu subordinado a quem providenciou respaldo, com unhas e dentes, quando o treinador enfrentou o protesto de 15 futebolistas há um ano, decididas a renunciarem à seleção enquanto não vissem mudanças para melhor na federação: cresceram, no fim de semana, para mais de 80 futebolistas espanholas se recusam em aceder a qualquer convocatória enquanto não houver “mudanças reais, tanto desportivas como estruturais”. Por esta altura, já clubes espanhóis, futebolistas masculinos, capitãs das melhores seleções femininas e atletas espanhóis medalhados noutras modalidades criticavam Luis Rubiales.
Só depois de tudo isto se leu de Jorge Vilda uma crítica ao “comportamento impróprio” do presidente da federação, “sem dúvida inaceitável” e que “não reflete em absoluto os princípios e valores” defendidos pelo treinador “no desporto e na vida em geral”. Quem antes aplaudiu, de pé, a meia-hora de discurso em que Rubiales se defendeu, atacando, condenou depois “sem paliativos qualquer atitude machista, afastada de uma sociedade avançada e desenvolvida”. No mesmo dia, sábado, Luis de la Fuente, o primeiro dos dois a levantar-se para o ovacionar, censurou também “sem paliativos” o “comportamento errado e fora do lugar” do presidente, dizendo que as suas ações “não respeitaram o mínimo protocolo que se deve seguir nos atos de celebração e não são edificantes, nem apropriados para uma pessoa que estava a representar o futebol espanhol”.
O aplauso e a crítica não se distinguem pela corda-bamba, não é por uma nesga, há um oceano de diferença entre eles. Um dia bastou para o par de homens que selecionam e treinam os e as melhores desse futebol se aperceberem que já iam tarde para atenuarem um próprio ato que escolheram ter na cara do seu chefe.
Luis Rubiales é dono de funções como vice-presidente da UEFA, reeleito há meses para o comité executivo da entidade ainda recolhida ao silêncio, que nada disse sobre o caso, mas é publicamente apoiante da candidatura conjunta de Espanha, Portugal e Marrocos para acolherem o Mundial de 2030. A Federação Portuguesa de Futebol tão pouco se pronunciou oficialmente, nos seus canais e pelos seus dirigentes, quanto a tudo o que se tem passado do lado de lá da fronteira (à hora a que vos escrevo, nenhuma respondeu aos pedidos de reação enviados pela Tribuna Expresso). Em Espanha, as futebolistas que más línguas da pré-História acusam de estarem a fazer barulho por nada, começaram um movimento sob a égide de um “#SeAcabó” já muito partilhado que, para desgraça do seu feito, fez a ressaca da conquista do Mundial focar-se quase inteiramente nesta polémica.
Mas acabou exatamente o quê? Criticarmos só quando as condições para se criticar ficaram mais fáceis? Precavermos os nossos interesses antes de nos atravessamos publicamente por valores que vendemos como maiores do que tudo? Elas, as futebolistas espanholas, estão dispostas a renderem-se ao desvio do holofote para criticarem até às últimas consequências Luis Rubiales, a estrutura federativa da qual ele é o cume e um modus operandi geracional que está a ofuscar a tremenda conquista que conseguiram nos relvados, enquanto as caras das seleções nacionais de um país se pareceram preocupar primeiro com quem assinou os seus contratos de trabalho."