quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Mais um dia normal no futebol português


"Aconteceu no Sporting, mas poderia ter acontecido em qualquer outro grande clube de Portugal: um comunicado oficial para contestar a arbitragem de um jogo alheio ser publicado mais rápido do que um para repudiar mais um caso de racismo e xenofobia.
Alguns vão dizer que o texto sobre os erros no Rio Ave-FC Porto já estava pronto. Havia uma «programação» para seguir, talvez. Outros, como sempre, vão ignorar os timings e apelar para os mesmos insultos usados para atingir o brasileiro Otávio Ataíde.
A divulgação das ofensas sofridas pelo jogador do Famalicão, na sequência do duelo com o próprio Sporting, surgiram minutos antes de (mais uma) contestação pública sobre a condução de uma partida em que os leões, pasmem, nem sequer fizeram parte.
Onde está a sensibilidade? E o foco? É assim que a roda gira no atrasado futebol português. As prioridades estão muito bem definidas. Não é de hoje, aliás. Longe disso. Basta olharmos para trás e notarmos tamanha impunidade diante de incontáveis acontecimentos preconceituosos.
Quando a questão é rivalidade e, sobretudo, arbitragem, são horas e horas de discussão, notas oficiais e mais notas oficiais, murros na mesa atrás de murros na mesa e, obviamente, pedidos de punições severas. A revolta é geral, independentemente da cor clubística.
Agora, quando a cor em questão é a de um jogador, o que vale quase sempre é o bom e velho discurso político nas redes sociais e televisão. Vez ou outra surgem umas faixas de protesto antes de a bola rolar. Hora ou outra optam por multas sem vergonhas de míseros euros."

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