quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Um novo começo


"1. Tiago Gouveia foi o homem do jogo na última sexta-feira no Estádio da Luz. É certo que viu o jogo do banco, não foi lançado em nenhum momento para o despique com o Farense e, assim sendo, não tocou na bola, não fez fintas nem arrancadas, nem assistências letais, nem marcou golos. Mas foi o homem do jogo. Como foi possível uma coisa destas?

2. Sim, foi possível. Tiago Gouveia não entrou em campo, mas entrou valentemente em cena naquele minuto em que a bancada se virou contra o treinador vociferando e arremessando objetos na direção de Roger Schmidt por discordância com as substituições efetuadas quando o Benfica perdia por 0-1 e o relógio avançava sem piedade.

3. Teria sido fácil para Tiago Gouveia ter permanecido na sua zona de conforto, sentado no seu lugar no banco de suplentes sem esboçar um gesto enquanto o seu treinador era abusivamente tratado pela bancada. Optou por saltar do seu ugar mal aquele triste motim se iniciou. Correu disparado em direção ao público e com gestos largos e enérgicos pediu para que se acabasse imediatamente com aquelas manifestações que só fizeram mal ao Benfica. Voltou para o banco quando os ânimos, por fim, serenaram, e foi do banco que assistiu ao golo de Rafa que permitiu ao Benfica chegar ao empate e aos subsequentes desperdícios que não consentiram uma vitória mais do que merecida.

4. Há momentos na vida de um clube de futebol em que todos jogam, mesmo os que não jogam.

5. O presidente do Benfica jogou no dia seguinte e foi claro: 'É com este treinador que vamos continuar a conquistar títulos'. Rui Costa reconheceria ainda a existência de 'uma campanha sem precedentes' contra o treinador do Benfica, o que é uma grande verdade porventura tratada displicentemente pelo nosso clube. Começou em Agosto com o caso Vlachodimos, cuja saída lhe foi imputada como se fosse o treinador o responsável máximo pelas opções e as urgências do último mercado de verão. Fez bem o presidente do Benfica em aparecer em público a defender o seu treinador, que, na verdade, não é apenas o 'seu' treinador, mas o 'nosso' treinador.

6. Quatro dias depois dos incidentes no jogo com o Farense foi o Benfica jogar a Salzburgo o seu destino europeu. Temia-se que a equipa sucumbisse ao peso dos últimos resultados - três empates consecutivos e a perda da liderança da Liga nacional - e ao peso dos acontecimentos de sexta-feira passada. Não foi isso que aconteceu.

7. Na Áustria carimbou-se o apuramento para a Liga Europa com uma belíssima exibição a que faltaram apenas mais golos. E agora? Agora é continuar nesta senda positiva nas competições internas e externas. Acreditem que, todos juntos, será mais fácil."

Leonor Pinhão, in O Benfica

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