quarta-feira, 15 de novembro de 2023

O maior espetáculo do mundo


"O dérbi foi expoente da montanha russa de emoções que só o futebol desencadeia

Todos aqueles que não conseguem perceber o futebol como fenómeno que arrasta multidões, independentemente de serem ricos ou pobres, de esquerda ou de direita, da cor de pele, da religião ou das opções de género - dando corpo ao slogan «todos diferentes, todos iguais [na paixão pelo beautiful game]» - deviam ser convidados a ver o dérbi de ontem, expoente da montanha russa de emoções que só o futebol é capaz de desencadear. É, do ponto de vista sociológico, fascinante constatar como pessoas heterogéneas são capazes de formar uma massa homogénea em torno de um emblema, que se envolve num jogo de desfecho sempre incerto. E como se viu no Benfica-Sporting, estamos perante um jogo, em que entram fatores aleatórios, impossíveis de rastrear cientificamente, para desgosto de alguns cristãos novos que andam sempre cheios de certezas absolutas sobre matérias relativas.
Quanto ao jogo, e sem querer entrar em detalhes, que encontrará superiormente descritos na crónica do Vítor Serpa, apesar da vitória, Roger Schmidt tem mais razões para preocupações que Rúben Amorim, simplesmente porque está longe de ter sedimentado um modelo de jogo, ao contrário do seu colega de profissão. É curioso, do ponto de vista da análise, constatar como bastaram duas peças terem ido para outras paragens - Gonçalo Ramos e Alex Grimaldo - para que a casa edificada em 2022/23 pelo treinador alemão, pura e simplesmente tenha ruído, sendo necessária uma reconstrução que parece longe de estar terminada. Ontem, Schmidt, pelo menos, teve o mérito de ter abandonado um sistema que pedia jogadores que não tem. O que só os próximos jogos dirão é se, ao mesmo tempo, finalmente percebeu que o Benfica precisa de presença constante na área, e que só será capaz de derrubar defesas coriáceas se tiver em campo agitadores como Gonçalo Guedes, que desmontam peça a peça qualquer autocarro. Pelas circunstâncias do jogo, nomeadamente a expulsão de Gonçalo Inácio aos 51 minutos, o Sporting, a vencer por 0-1, viu-se forçado a baixar linhas no quarto de hora final, que nunca seriam ultrapassadas, como foram, se o Benfica não utilizasse a sua artilharia pesada, demasiadas vezes deixada fora das batalhas."

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