quinta-feira, 23 de novembro de 2023

A involução da espécie no planeta dos macacos (ou o 11 titular contra a agressão)


"1. Dos Princípios
28 de setembro de 1893: é fundado o Foot-Ball Club do Porto
8 de outubro de 1893: primeiro jogo do Foot-Ball Club do Porto (contra o Clube de Aveiro)
2 de agosto de 1906: refundação do clube, agora dotado de natureza eclética e tendo por emblema uma bola azul com as iniciais “FCP”
1934/35: o FC Porto vence a primeira edição do Campeonato Nacional da Primeira Divisão
27 de maio de 1987: o FC Porto conquista o seu primeiro grande título internacional em futebol (a Taça dos Clubes Campeões Europeus)

2. Macacos me mordam!
Em 1859 Charles Darwin desvelou ao mundo um livro que se revelou, de modo imediato, como um atentado científico de efeito revolucionário, o qual atendia pelo seguinte título: “A Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural, ou Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida”. Recorde-se que esta obra é reconhecida, ainda nos dias de hoje, como a base da biologia evolutiva.
A tese de Darwin defende, em síntese, que as formas de vida evoluem ao longo das gerações por meio de um processo de seleção natural. Mais postulou Darwin que na história da humanidade (e dos animais também) “aqueles que sobrevivem são os que gozam de maior capacidade de adaptação à mudança”. E não, portanto, os mais numerosos, valiosos ou poderosos.

3. Macaco de feira só dança quando vê dinheiro no chapéu
Em 1886, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844 - 1900) publicou a sua primeira grande obra acerca da moralidade, intitulada “Além do bem e do mal”. E logo no ano seguinte, aprofundando a mesma temática, escreveu um novo livro para a posteridade: “Genealogia da moral”.
Em legado deixou-nos, entre inúmeras outras, a seguinte lição: "Há homens que já nascem póstumos.”

4. Cada macaco no seu galho!
Em 1945 o escritor inglês George Orwell publicou uma obra intitulada “Animal Farm" (ou, na versão portuguesa, “O Triunfo dos Porcos”), na qual se conta, com recurso a figuras de animais que retratam as fraquezas humanas, uma história de corrupção e traição. O propósito subjacente era demolir um paraíso de essência totalitária. A revolta dos animais da quinta contra os humanos é liderada pelos porcos Bola-de-Neve (Snowball) e Napoleão (Napoleon). Estes animais anunciam querer criar uma sociedade justa. Ideal. Perfeita, enfim. Mas a natureza das coisas é o que é. E não pode deixar de o ser. Assim, Napoleão, seduzido pelo poder, afasta Bola-de-Neve e estabelece uma nova ditadura. (uni)pessoal. Tão corrupta quanto a sociedade humana.

5. Macaquinho de imitação
Em 1973, o cientista austríaco Konrad Lorenz (1903-1989) foi premiado com o Nobel de Fisiologia / Medicina, constituindo tal distinção um tributo de óbvio reconhecimento do mérito inerente aos seus estudos profundamente inovadores no âmbito da ciência que tem por objecto o comportamento animal - a Etologia.
Em 1963, ou seja, uma década antes do galardão da academia sueca, Konrad Lorenz editou aquela que talvez possa ser percebida como a sua mais relevante obra: “A Agressão - Uma História Natural do Mal”. Diz o autor:
«A conclusão evidente é que o amor e a amizade devem compreender toda a humanidade e que devemos amar todos os nossos irmãos humanos sem discriminação.
(…)
A nossa razão é perfeitamente capaz de compreender a sua necessidade e a nossa sensibilidade é capaz de apreciar a sua beleza. E no entanto, tal como somos feitos, somos incapazes de lhe obedecer.”

6. Dos Meios
5 de agosto de 2002: inaugurado o Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia
16 de novembro de 2003: inaugurado o Estádio do Dragão
23 de abril de 2009: inaugurado o Dragão Arena, pavilhão para as modalidades de hóquei em patins, basquetebol e andebol
28 de setembro de 2013: inaugurado o Museu do FC Porto

7. Vá pentear macacos!
Em 1958 o aclamado escritor Desmond Morris (1928) publicou o best-seller “O Macaco Nu”, um estudo original sobre o comportamento humano e animal. E em 1985 apresentou “A Tribo do Futebol”, obra que descreve esta modalidade como a contrapartida moderna do padrão primitivo de caça, enunciando uma explicação para o papel cada vez mais importante do desporto na sociedade moderna.

8. Um, dois, três, macaquinho do chinês!
O macaco é um dos animais do ciclo de 12 anos que aparece no Zodíaco oriental, cabendo-lhe o papel de nono signo do horóscopo chinês. Já ao Dragão corresponde o quinto signo daquele, sendo considerado pelo Zodíaco como superior a todas as demais criaturas. O portentoso e magnífico Dragão do universo mítico foi adoptado como símbolo majestático por inúmeros soberanos. Daí que esteja presente em tantas culturas. Tanto no ocidente como no oriente. Aqueles que nascem no ano do dragão são reconhecidos por desgastar os chifres do destino. E talvez também todas as variedades de macacóides, parentes e afins.

9. Macaco velho não mete a mão!
Os gorilas são mamíferos primatas que compartilham entre 98 a 99% do respectivo DNA com os seres humanos. Aliás, na ordem evolutiva, todos os grandes primatas, como os gorilas, os chimpanzés ou os orangotangos, pertencem à mesma linhagem dos macacos do velho mundo. O que é prova bastante para se concluir que os 2% do DNA que separam os humanos destas espécies animais são mais relevantes do que os 98% de código genético comum. Dito por outras palavras: entre o macaco e o Homem não há nenhum putativo processo de evolução, antes sim de disrrupção. Quer dizer, concluindo: ao Homem o que é humano, assim como à besta o que é bestial.

10. A brincar, a brincar, vai o macaco à banana
Com o propósito de realizar uma experiência sobre o comportamento animal, uma equipa de investigadores científicos enclausurou cinco macacos numa jaula. No meio desta tinham já previamente colocado uma escada e, no seu topo, um cacho de bananas. Quando qualquer um dos macacos subia a escada com o intuito de as apanhar, os investigadores automaticamente disparavam um jacto de água gelada contra os outros quatro que permaneciam no chão e que nada haviam feito.
Depois de certo tempo, sempre que um macaco tentava subir a escada, os outros agarravam-no logo e agrediam-no, para evitarem o seu próprio castigo. Até que, a certa altura, já nenhum dos macacos dava sinal de persistir na pretensão do fruto proibido.
Os investigadores procederam então à substituição de um dos macacos originais por outro novo. A primeira coisa que este fez, naturalmente, foi dirigir-se à escada, directo às bananas. Mas prontamente ficou bloqueado pelos demais, que quase o lincharam. Depois de algumas sovas, o novo integrante do grupo acabou por renunciar em definitivo ao desejo de saciar o seu apetite. De seguida, um segundo macaco foi trocado e o fenómeno repetiu-se, nos mesmos exactos termos, ponto por ponto, sendo de sublinhar que o primeiro substituto participou com notório entusiasmo e assinalável zelo na aplicação das sevícias infligidas ao novato. Um terceiro macaco foi trocado. E de novo com iguais resultados. A seguir, idêntico processo ocorreu com o quarto. Finalmente, também o último dos macacos do elenco original foi substituído. Os investigadores ficaram, assim, com um grupo de cinco macacos que nunca, jamais, vez alguma, tinham sido castigados com um jato gelado. Porém, continuavam a agredir quem tentasse alcançar as bananas.
Se se perguntar a algum deles a razão para tal comportamento com toda a certeza que a resposta será esta: “Isso não sei. Mas as coisas sempre foram assim. É a lei.”

11. Dos Fins
Na pretérita noite de 14 de Novembro, uma pérfida horda de famigerados gorilas, desatinados como possessos, infligiu, de modo cobarde e vil, ao honorável e venerando FC Porto, emérito triunfador de múltiplos títulos nacionais e internacionais, em diversas modalidades e diferentes escalões, a mais dolorosa e degradante, vergonhosa e humilhante, derrota sofrida nos mais de cento e trinta anos da sua excelsa história, ou seja, desde 28 de setembro de 1893.
A remontada segue em breve! E os macacos serão deportados do estádio para o seu habitat natural - a selva."

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