sábado, 14 de outubro de 2023

Vamos dar a volta por cima!


"Uma pausa para a Seleção Nacional é sempre pretexto para um balanço. O meu, é simples: Supertaça conquistada, 2º lugar no campeonato, zero pontos/golos e último lugar na nossa série da Champions. Depois, pode-se fazer uma análise mais fina e até poderemos sem dificuldade reconhecer que, na maioria dos jogos, a qualidade exibicional não corresponde à (propalada) valia do plantel. Pelo meio, 2 (justas) vitórias sobre um dos grandes rivais (FC Porto)!
Chegados aqui, constato que a esmagadora maioria dos comentários de jornalistas independentes tem sido altamente contundente, desancando sem piedade sobre a equipa e, principalmente, sobre o treinador Schmidt. Dando de barato a possibilidade da existência de agendas ocultas, a realidade é que, todos nós benfiquistas, sobretudo os mais velhos como eu, que fomos "formatados" em níveis de elevada exigência, temos de reconhecer a razão de muitas das que vêm sendo feitas. Estamos (estivemos) habituados durante anos a uma qualidade exibicional muito superior àquela com que temos sido brindados este ano (para não irmos mais longe, indiscutivelmente no ano passado, precisamente com o mesmo treinador) e desses padrões de exigência não podemos abdicar.
Feito este intróito, considero que se impõe a qualquer benfiquista alguma contenção nas suas críticas, sobretudo quando feitas em público. Quiçá por ânsia de protagonismo ou por razões que não compreendo, tenho constatado que paralelamente às críticas bem contundentes dos tais terceiros, jornalistas independentes, os nossos próprios escribas têm desancado sem dó nem piedade a equipa e, em particular, o nosso treinador, exigindo até que Rui Costa "puxe as orelhas" a Schmidt, desconhecendo eu se exigem que o faça em privado ou se querem mesmo que seja em público (para gáudio dos nossos adversários).
Claro que ninguém quer/deve "esconder o Sol com a peneira" e não sou eu que o farei. Temos de jogar melhor com os jogadores que temos, em particular sabendo os investimentos que fizemos! Facto indesmentível e seguramente que a estrutura diretiva já discutiu o assunto até à exaustão com o treinador. Grave seria se desconhecessem as razões, principalmente quando temos como Presidente um dos melhores jogadores de sempre que vi jogar (Rui Costa) e percebe o futebol por dentro e por fora.
De fora, leigo como sou apesar de ver futebol há mais de 60 anos, diria que não tendo o treinador desaprendido, teremos os seguintes problemas a resolver (1) o nosso estilo de jogo é demasiado standard e não temos, em diversas ocasiões, conseguido exercer indiscutíveis supremacias individuais ou coletivas; e (2) há demasiados jogadores em adaptação, a demorarem mais tempo que o previsto para se integrarem na equipa e renderem o que se espera e apostou neles. Depois, poderemos abordar a questão das lacunas no plantel perante a tardia integração das apostas efetuadas e a insistência (ou resistência) que do lado de fora consideramos excessiva de Schmidt em persistir nas soluções iniciais, não protagonizando substituições em tempo útil, de peças que, durante o jogo, os leigos como eu consideram em sub-rendimento.
Mas ainda estamos em outubro, janeiro ainda demora, pelos que estes são os nossos que temos de apoiar, de incentivar, jamais de stressar, sob o risco das críticas bem contundentes exatamente por serem provenientes de benfiquistas, alguns com notoriedade que justificaria maior recato, enervarem e inibirem as performances desportivas, principalmente aos jogadores que não têm nome conceituado. Tendo liderado equipes durante dezenas de anos e tendo estado mais de duas décadas envolvido em alta competição (andebol), sei bem quão difícil se torna "dar a volta" quando o barulho é muito e há uma enorme diferença entre desancar sem piedade, quantas vezes desconhecendo-se as circunstâncias e criticar positivamente, procurando ajudar a construir.
É público que nas últimas eleições apoiei Rui Gomes da Silva por acreditar ser importante cortar a ligação com o legado de LFV, apesar das excelentes relações pessoais, até de amizade, que sempre tive com o Presidente Rui Costa. Portanto, estou completamente à vontade para dizer que é nos momentos mais difíceis (e este é um deles) que deveremos saber demonstrar maturidade e colocar o Benfica à frente de agendas pessoais, sejam elas a antecipar as eleições daqui por dois anos ou quaisquer outras. Não se esqueçam que para a nova Champions apenas um se apura e já vimos bem o que temos de enfrentar, para além da (real) valia dos principais adversários.
Uma nota final, apenas para referir que, do ponto de vista estrutural, os últimos meses têm sido particularmente ricos em notícias, algumas até que podem ser ou vir a ser perturbantes na vida do nosso Clube/SAD, a saber (1) a aprovação das Contas com um lucro (4,2 M euros) perfeitamente marginal para a faturação que temos (284,7 M euros); (2) o facto de ainda não serem públicos os resultados da auditoria forense, embora tenham transparecido notícias que espero que se confirmem, corroborativas de que nada de ilícito foi encontrado; (3) a discussão que se perspetiva sobre a revisão dos novos Estatutos que poderá trazer fraturas entre os Sócios; e (4) a saída de DSO, após quase 20 anos, alguém que indiscutivelmente deixou uma marca notória na reorganização do Clube/SAD. Mas isto são "contas de outro rosário" e, jamais perdendo o sentido crítico construtivo, o foco atual tem de ser indiscutivelmente na procura de uma tranquilidade interna para a qual todos teremos de contribuir, fundamental no "core" da nossa atividade, e que nos proporcione as alegrias que desejamos no final da época, momento certo para se fazerem os balanços, sem a "espuma" dos percalços momentâneos, sejam eles apenas exibicionais ou também de resultados."

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