sexta-feira, 27 de outubro de 2023

O novo ninho da águia em Lisboa


"Benfica muda a iniciação para o Estádio Universitário; recupera infraestruturas e tem um novo e amplo espaço

Três jovens com menos de 13 anos correm com urgência. Não será pelas nuvens negras que ameaçam chuva inclemente que pouco tardará, nem pelo temor nervoso de atraso para um compromisso, talvez acelerem, apenas, pela alegria e pelo entusiasmo inocentes de quem vai fazer o que gosta — só jogar futebol. Com a camisola do Benfica e num relvado artificial que ainda conserva o brilho que será castigado, com o tempo, pelos elementos. Em sentido contrário caminha outra criança equipada à Sporting, nem dela dão conta. O mais alto dos três só abranda quando lhe sugerem que será um futuro defesa-central. Que não, é avançado!
O treino da equipa sub-13 do Benfica, orientada por Pedro Lameiro, está a começar, no Estádio de Honra do Estádio Universitário (EU), em Lisboa. É provável que quem por lá vai jogar, fazer umas fintas ou umas defesas, marcar ou evitar um golo, ainda não se tenha dado conta da honra e privilégio de que é depositário. Ainda bem, são crianças, antes de qualquer projeto para ser Bernardo Silva, João Félix ou João Neves. É, no fundo, também esse o princípio orientador do futebol de iniciação do Benfica.
As águias, em Lisboa, têm, agora, um novo ninho, no Estádio Universitário. Crianças e jovens ainda não gozam de todos os confortos anunciados no início de fevereiro, com pompa e circunstância, na assinatura de um contrato de parceria entre o Benfica e a Universidade de Lisboa (UL), que proporciona aos encarnados a concentração no EU de toda a atividade de iniciação, dispersa, nos últimos anos, pelos Pupilos do Exército e Casa Pia, também pelo sintético do Estádio da Luz e até por Monsanto. Já devia estar tudo a reluzir desde agosto, mas as obras, como tantas vezes acontece, por diversos motivos, atrasaram-se. Não faltará muito até estarem concluídas e, neste momento, já quase toda a atividade de iniciação do Benfica decorre no coração de Lisboa, com melhores condições do que nunca.

€2,1 milhões/10 anos
O Benfica investe pouco mais de €2,1 milhões para utilizar durante 10 anos algumas infraestruturas do EU. Em marcha está um projeto de requalificação de campos e edifícios. O Estádio de Honra já tem um relvado artificial de última geração, certificado pela FIFA e World Rugby, a nova iluminação LED já cintila, falta concluir a renovação dos balneários, a recuperação da cobertura e a requalificação dos espaços para apoio administrativo do edifício principal. Nos campos 3 e 4, mesmo ao lado da piscina olímpica e dos campos utilizados pela iniciação do Sporting, a instalação da relva artificial está perto do fim, a construção das bancadas mais demorada. E faltará, ainda, a iluminação LED.
Estão em fase avançada, ainda, a requalificação dos polidesportivos 2 e 3, cujo cimento será substituído por relva artificial de última geração, novas tabelas, redes de proteção e iluminação LED; e a construção de dois espaços para a prática de Cage Football, futebol numa espécie de jaula, atividade que os encarnados desenvolviam em Monsanto.
O Benfica deixa os polos dos Pupilos e da Casa Pia por necessidade de expansão que não estava salvaguardada naqueles espaços. São mais de 180 jogadores até aos 13 anos que vão crescer num novo ninho com a esperança de passar, mais tarde, para o Seixal. Quase 60 funcionários do Benfica vão tratar deles.

Iniciação para competição
A iniciação do Benfica e os respetivos Centros de Formação e Treino espalhados pelo País não se confundem com as escolas do Benfica «com caráter lúdico e recreativo» que se desenvolvem no Estádio da Luz. São já escalões com o crivo apertado do departamento de prospeção. São já crianças e jovens nos quais o Benfica identificou talento para desenvolver e potenciar com o objetivo de integrar a equipa A do clube.
«Aqui não vão estar as escolas de futebol. Continuam no Estádio da Luz. É um conceito diferente. Para as escolas, não recrutamos, os jovens inscrevem-se. É um conceito mais inclusivo. Mesmo aqueles com menos aptidão têm espaço para jogar. Aqui (iniciação Estádio Universitário) estamos no patamar daqueles que escolhemos para um desenvolvimento mais orientado para o futebol de formação», explica Pedro Mil-Homens, diretor geral da formação do Benfica.

Mais João Neves
Pedro Lameiro, treinador dos sub-13 do Benfica, 10.ª época nos encarnados, identifica depressa as vantagens da passagem da iniciação do Benfica, de armas e bagagens, para o EU. Nos Pupilos do Exército, logo de início, recorda, «havia um só campo para todas as equipas ao mesmo tempo», as condições «melhoraram» depois da parceria com a Casa Pia, apesar de o material «andar de um lado para outro». A transição para o EU está praticamente concluída e as condições, apesar de as obras ainda não terem acabado, «já estão perto da excelência». «Não é que fossem más antes», sublinha.
Pedro Lameiro, 36 anos, conta que a metodologia do Benfica evoluiu, como a sociedade, nos últimos anos e diferencia-se, entre outras coisas, por introduzir blocos de futebol, dança ou motricidade infantil. Dessas atividades falarão, noutras edições, Pedro Mil-Homens e Rodrigo Magalhães, coordenador técnico da formação. No escalão sub-13, assinala o treinador, verifica-se «a transição para o futebol 11» e, nesse «salto», já se dá atenção «à situação de jogo», ou seja, «há a introdução do nível tático, que não acontecia noutros escalões, com tanta frequência».
Quando Pedro Lameiro chegou ao Benfica «João Neves era dos benjamins», mas o técnico trabalhou mais com gerações depois de 2005, com jogadores como Rafael Luís ou João Veloso, médios dos juniores. Recorda, ainda assim, que João Neves era «um jogador diferenciado», pelas características que ainda hoje são facilmente identificadas, como «intensidade, entrega ao jogo, capacidade de trabalho, profissionalismo e qualidade».

«Há aqui jogadores que faremos chegar à equipa principal»

O treinador não evita um sorriso a pergunta de A BOLA. Haverá na equipa dele mais algum João Félix ou Bernardo Silva. «Não, mas haverá outros certamente. Há aqui jogadores que faremos chegar à equipa principal», dispara, com confiança, antes de entrar no relvado para orientar o treino.

Iniciação (Lisboa) - 12 equipas, 186 jogadores
2 equipas Sub13 — 36 jogadores
2 equipas Sub12 — 30 jogadores
2 equipas Sub11 — 30 jogadores
3 equipas Sub10 — 29 jogadores
Traquinas A — 28 jogadores
Traquinas B — 20 jogadores
Petizes — 13 jogadores

Staff - 36 Treinadores (12 treinadores, 18 treinadores adjuntos e 5 treinadores de guarda-redes e 1 treinador analista)
1 Coordenador Técnico
2 Subcoordenadores
1 Secretário Técnico
1 Coordenador administrativo
10 Fisioterapeutas
2 Psicólogos
1 Nutricionista
2 Técnicos de equipamentos"

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