terça-feira, 3 de outubro de 2023

O jogo


"Não, não é mais um jogo. Não, não são apenas 3 pontos. Trata-se de muito mais do que isso. Este é 'o' jogo. É dessa forma que, do lado de lá, o preparam. Da mesma forma teremos de o fazer, sob pena de esbarrar num romantismo que pode ser-nos fatal.
Seria embaraçoso recordar as estatísticas dos Benficas-FC Portos das últimas décadas. É verdade que, em muitos deles, tivemos razões de queixa da arbitragem. Mas noutros, em demasiados, tivemos razões de queixa de... nós próprios.
O Benfica encontra dificuldades diante de equipas taticamente fechadas e rigorosas. O FC Porto tem-se revelado especialista em bloquear e não deixar jogar os adversários. No plano físico e atlético também partimos quase sempre em desvantagem. Isto pesa particularmente nos confrontos diretos, e explica, em parte, a fria escuridão dos números. Depois, há o plano mental. Nós tentamos jogar futebol. Eles jogam a vida, a raiva, o ódio, os complexos, e tudo o que conseguem enfiar na cabeça dos seus jogadores.
Não acuso, e muito menos defendo, qualquer tipo de violência. Passa-se tudo dentro das nossas cabeças, e das deles. Ou, melhor, nas cabeças dos nossos jogadores e nas dos deles. E aí, olhando uma vez mais para as estatísticas, creio que temos muito que trabalhar.
Há que resgatar, do fundo da alma, uma atitude guerreira, no melhor sentido da palavra. De levar para o campo a nossa matriz identitária mais profunda, que não é a da nota artística, mas a do espírito operário com que nascemos, com que, de campo às costas, pusemos termo à era dos Violinos e, mais tarde, chegámos a campeões da Europa - ainda sem Eusébio nem Simões.
Mal se realizou o sorteio, olhei para esta data. Falei disso aqui. Este é 'o' jogo. Vale 6 pontos. E é inaceitável perdê-lo. Todos, no campo e nas bancadas, devemos estar cientes disso."

Luís Fialho, in O Benfica

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