segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Era de uns, agora é de todos


"28 anos após o sucesso de Mandela e Pienaar, ‘Springboks’ chegaram ao tetra em França...

Terminou ontem, no Stade de France (onde já fomos tão felizes...), a décima edição do Campeonato do Mundo de râguebi, a tal modalidade de que se diz ser para brutos mas é jogada por cavalheiros. Foram 50 dias de espetáculo de altíssimo nível e intensidade insuperável, onde testemunhámos uma participação histórica dos Lobos, e que teve, na final a revalidação do título pela África do Sul, após um duelo épico e equilibrado (12-11) com a Nova Zelândia. Foi a reedição da decisão de 1995, jogada em Joanesburgo, onde a cumplicidade entre Nelson Mandela e o capitão dos Springboks, François Pienaar (um dos brancos que, por boas razões, tem direito a fotografia no Museu do Apartheid, no Soweto), criou condições para que a nação do Arco-Íris fosse uma realidade.
Volvidos 28 anos, os sul-africanos já conquistaram a Taça Webb Ellis por quatro vezes, e no país de Madiba o râguebi deixou de ser a coutada de uns para ser a paixão de todos. Mas, independentemente destas considerações que misturam história, sociologia, desporto e política, o râguebi tem sido uma escola que, entre muitas outras virtudes, tem servido para explicar ao mundo como deve ser feita a boa utilização dos meios eletrónicos na arbitragem, conjugando-os com a ideia de transparência, e obtendo um resultado final que, não sendo infalível, é inspirador.
Mas o râguebi também segue tendências do futebol, o que, neste mundo globalizado, não tem nada de estranho. A FIFA, já a partir de 2026, vai acolher 48 seleções na fase final do Mundial que será disputado no México, Estados Unidos e Canadá. Há razões económicas poderosas na base desta ampliação, mas há também há a convicção de que esta é a forma mais eficaz de, rapidamente, subir o nível médio da modalidade. Dentro de quatro anos, quando a Austrália acolher o Campeonato do Mundo de râguebi, serão 24, mais quatro do que as 20 que estiveram em França, a participar na fase decisiva de um evento que em termos de audiências televisivas é dos mais fortes a nível planetário. Para Portugal, que vê as suas possibilidades de voltar a esta competição aumentadas, são boas notícias. Mas para o râguebi em geral, também. Afinal, a ideia de democratizar as participações em fases finais, que o futebol assumiu e o râguebi agora acolhe, ajudará ao crescimento de muitas seleções."

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