segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Desporto e Violência


"… O que nos espanta não é a violência é sim a ignorância das suas causas, consciente ou inconsciente, e a inacção de alguns responsáveis.

A violência dos campos desportivos não se pode eliminar com uma simples vedação “de arame farpado”. Longe disso! O que é necessário é eliminar as causas que podem originar, e originam, a violência como expressão de indignação. A arbitrariedade, a prepotência e o desrespeito pelas normas estabelecidas levam à indignação e podem conduzir na verdade à violência. Reprimir a violência de forma insensata pode conduzir a uma violência ainda maior, ou seja, de grau superior. Daí a sermos apologistas a que a autoridade só se pode fazer respeitar quando ela própria sabe respeitar e não evoca a sua força como meio de coacção. Confundir espectáculo desportivo com educação física pode levar, de facto, no futuro a crises muito graves e tanto mais quanto maior for a confusão. É óbvio. Mas ela persiste, e a julgar pelos acontecimentos passados e presentes poderemos afirmar que persistirá no futuro!
… O que nos espanta não é a violência é sim a ignorância das suas causas, consciente ou inconsciente, e a inacção de alguns responsáveis.
O que a violência pode significar para além de ser uma forma de protesto, é que efectivamente a ordem estabelecida está sistematicamente a ser posta em cheque mercê de causas que têm a sua origem em decisões tomadas no passado. Quer dizer, as pessoas estão hoje a sofrer os efeitos de causas que tiveram a sua origem em conjuntura bem diferente da actual. Pode, pois, dizer-se que a crise que se verifica é de adaptação de processos à actual conjuntura, entendendo-se aqui por conjuntura os problemas políticos actuais a que o Governo, ou o poder, tem de dar solução satisfatória. Simultaneamente, é-lhe oferecida, na retaguarda, uma “imagem” de imobilismo, de ancilose, de desmoralização e até de oportunismo e de desonestidade por parte de certas entidades particulares e oficiais.
… Mas depressa se esquecem as causas para avaliar apenas os efeitos e criticar de modo severo o que se passa no presente.
Desde a violência poética, que a nada conduz, até à violência organizada e sistematizada que tem por objectivo a essência do fenómeno político, que é a luta pela aquisição, uso e manutenção do poder, passando até pela violência teórica de carácter pacifista estilo Proudhon, podemos encarar tal fenómeno como que uma busca desesperada, uma forma de exteriorização, de uma nova ideologia em formação e que tenta encontrar uma forma viável com efeito útil. Daí os protestos sistemáticos, a oposição sistemática a tudo, a contestação permanente, as reivindicações constantes e por fim a violência como o último recurso para chamar à atenção e não como qualquer resolução de qualquer problemática."

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