"As contas do FC Porto são obviamente más. Não vou alongar-me porque, além da conclusão evidente de leigo, há gente com muito mais talento para explicar números, perigos e possíveis consequências, ainda com o 'fair-play' financeiro fresco na memória de todos. Além disso, o tema dos prémios dos administradores, apesar de não cair bem quando anexado a relatório tão negativo, diz respeito, primeiro, a acionistas e associados. A verdade é que o momento não é bom e haverá sempre quem se lembre de que também se lidera pelo exemplo, porém aos restantes interessa, sobretudo, alertar para os riscos de um caminho que teima em enfraquecer um dos mais resilientes e bem-sucedidos representantes do futebol português nos contextos europeu e mundial.
A causa do descalabro financeiro, já esperado depois de tantas notícias recentes a dar conta da obrigatoriedade de vender – os 47,25 milhões remanescentes de Otávio, como se sabe, ficaram para o próximo exercício; e só chegaram 7 milhões do Union Berlim por Diogo Leite (5,7 milhões depois de deduzidos os gastos com a operação) –, prende-se com a falta de mais-valias realizadas com transferências. Além disso, já com um plantel muito fragilizado, os dragões tiveram de investir mais de 33 milhões em Iván Jaime, Nico González, Alan Varela e Fran Navarro. Não sobra assim tanto e esse nem é o maior problema.
Olha-se para o plantel e o potencial de grandes negócios baixou. Taremi aproxima-se do final de contrato, restam (os muito difíceis de substituir) Diogo Costa, Pepê e Galeno, uma vez que as lesões de João Mário e Evanilson terão arrefecido o interesse no seu potencial. Cabe a Sérgio Conceição agarrar na equipa ainda ‘mais abaixo’ e reconstruí-la com mais um objetivo, que no final acabará por torná-lo inimigo de si próprio: será importante elevar jogadores ao estatuto de possível grandes vendas. Ou seja, criar ‘combustível’ para, também financeiramente, manter a máquina a andar."
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