quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A dança das cadeiras


"Na Final da Taça de Portugal de Hóquei em Patins, os olhos voltaram-se para os bancos do Benfica e do Oeiras

Diz-se que os treinadores têm sempre as malas prontas, de um momento para o outro, por sua opção ou do clube, podem ter de rumar a outras paragens. O sítio onde se começa a temporada pode não ser o mesmo onde se termina.
Na temporada ed 1977/78, Ernesto Honório, que orientava o hóquei em patins do Benfica desde Junho de 1977, pediu demissão do cargo em Novembro desse ano. A sua saída motivou o regresso de José Lisboa ao comando técnico dos encarnados, após os ter orientado entre 1971 e 1972. Nesse hiato, o antigo atleta notabilizou-se enquanto treinador, ao levar o Oeiras à conquista da Taça das Taças.
Com o Benfica a atravessar um período difícil, sem conquistar qualquer título nas duas temporadas anteriores, os métodos de Lisboa não demoraram a surgir efeito, corroborado com a vitória no Torneio de Abertura, em Dezembro. A realizar uma excelente campanha, os encarnados alcançaram a final da Taça de Portugal pela primeira vez desde que se disputava em formato de eliminatórias.
No jogo decisivo, a atenção virou-se, inesperadamente, para os treinadores. Os técnicos iriam defrontar os seus anteriores clubes. Honório mostrou-se confiante: 'Até há seis meses, era eu o orientador do Benfica. (...) Conheço bem os segredos do Benfica'. Lisboa, mais cauteloso, destacou o bom momento que o Oeiras atravessava: 'Em franca recuperação - e, na verdade, uma equipa que foi ganhar ao Porto por 1-5, e, depois, ganhou cá por 8-1, não pode ser uma equipa qualquer'. A imprensa exacerbava este confronto: 'Oeiras - Benfica. Duas grandes equipas numa luta em que os treinadores terão uma palavra muito importante a dizer'.
O mote resultou num 'Pavilhão dos Desportos cheio como um ovo. (...) O ambiente foi do princípio ao fim de verdadeira festa e euforia'. Ambas as equipas protagonizaram um excelente espectáculo, em que os encarnados revelaram no rinque as características de José Lisboa enquanto atleta: resiliência, evidenciada por Ramalhete, que, mesmo após ter levado seis pontos na cabeça, voltou ao jogo; e objetividade, com Piruças a apontar mais de metade dos golos da vitória por 6-3. Desta forma, os benfiquistas venceram um troféu que já não ganhavam desde 1962/63.
Saiba mais sobre o percurso do Benfica nesta competição na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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