"O repto é ousadíssimo e, bem sei, quase impossível de concretizar, mas a verdade é que cada passo dado no sentido de lutarmos por um jogo mais leal e justo é sempre melhor do que vários percorridos em sentido oposto.
Refiro-me, como já terão percebido, à prática recorrente que alguns atletas incorrem, a de tentar enganar toda a gente simulando lesões, infrações e até agressões que nunca aconteceram, que nunca sofreram, que nunca sentiram.
Começa a ser hora de refletirmos a sério sobre este problema, que na minha opinião tem apenas um nome: batota.
É batota sim, tal como é batoteiro todo e qualquer desportista que deliberadamente invente estratagemas para retirar dividendos imerecidos, à custa do prejuízo injusto da equipa adversária e dos seus profissionais.
Pensem nisso.
Até que ponto é que o desporto pode permitir que um atleta desvirtue de propósito todos os seus valores e essência, só para ‘sacar’ um penálti ou levar à expulsão de um colega de profissão? Mas isto fará sentido para alguém?
Infelizmente as leis de jogo (ainda) não permitem exibir cartão vermelho direto aos batoteiros credenciados, mas hoje os árbitros têm fortes recomendações para serem implacáveis no combate a todo e qualquer tipo de simulação grosseira. Cabe-lhes a responsabilidade de fazer cumprir essas diretivas desde o primeiro minuto de jogo.
Às vezes a melhor forma de sensibilizar é punir. Mas o combate a este tipo de expedientes rasteirinhos não deve começar aí, pelo fim.
É fundamental que esses jogadores - os mais propensos à invenção e criatividade teatral - percebam que a sua qualidade técnica e competência tática não aumenta com atitudes menores. Pelo contrário. Apenas coloca em risco uma carreira meritória, cheia de talento e triunfos, sujeitando-os a rótulos que jamais lhes sairão da pele. Valerá a pena?
Além deles, o papel dissuasor dos seus treinadores é fundamental! Eles devem funcionar como uma espécie de tampão às más práticas, impedindo que recorram padronizadamente a artimanhas artificiais. Não o contrário, nunca o contrário.
Um jogador a sério, um craque dos pés à cabeça, um desportista de verdade, só cai se não conseguir manter-se de pé. Só sofre se a dor for real. Só verga se algo o derrubar.
Quando se diz que “ na Premier League eles não fazem isto”, é porque os primeiros a condenar esse tipo de palhaçadas são os adeptos e estrutura técnica. O próprio clube.
Futebol não é teatro. Nunca foi.
É preciso respeitar o jogo, as suas regras, os seus atores e a essência que lhe está subjacente, mesmo que isso implique perder, porque quem perde assim, ganha sempre no fim.
Na Liga Portuguesa já todos referenciámos jogadores que incorrem reiteradamente neste tipo de práticas. Todos sabemos quem são, quais são e onde jogam. Não nos enganemos com hipocrisias. E entre os que foram para outras paragens e os que agora chegaram a esta, não faltam formas de identificar ‘jogadores-mergulhadores’ e ‘jogadores-atores’, embora a prova maior venha sempre dos próprios, ao continuarem a brindar-nos com cenas que dão vergonha alheia.
Respeito máximo por todos os enormes profissionais da bola, respeito zero por aqueles que querem vencer enganando tudo e todos. Não lhes deem tréguas. E não permitam que o futebol se transforme num circo.
Mais importante ainda: nunca se deixem levar pela cantilena do “ isto faz parte do jogo, ele só fez o papel dele”.
Não faz, nunca fez nem pode continuar a fazer."
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